Alec entrou no carro de Magnus, em silêncio. Ele ouviu Magnus dando a volta e entrando, sentando ao seu lado. Alec suspirou fundo, ele deixou algumas lágrimas caírem.
- Você está bem? - Magnus perguntou. Alec balançou a cabeça negativamente. - Espere um minuto.
Magnus ligou o carro e Alec lhe olhou confuso. Magnus dirigiu por alguns minutos parando em um lugar vazio, onde não tinha nenhuma pessoa. Alec olhou para ele e Magnus sorriu adoravelmente.
- Pronto. - Magnus disse. Alec levantou uma sobrancelha confuso, ele olhou para os lados sem ver nada além de becos e prédios silenciosos. - Pode chorar. Eu sei que não iria querer chorar na vista de seus familiares.
Alec sentiu seu coração se aquecer. Como poderia Magnus lhe conhecer tão bem em tão pouco tempo? Como ele poderia saber que ele queria chorar? Alec respirou fundo. Ele sentiu algumas lágrimas começarem a descer.
De repente, todos os sentimentos estavam expostos, ele sabia disso. Ele sentiu soluços saírem de sua garganta e chorou. Alec nunca tinha chorado tanto, ele sentiu seu rosto todo ficar molhado com suas lágrimas. Após um tempo, ele sentiu a mão de Magnus tocar a sua. Foi um toque tão calmo que fez no mesmo instante as lágrimas de Alec cessarem, ele suspirou alto parando de chorar e respirou fundo. Ele sentiu o dedo de Magnus fazer carinho em sua mão e sorriu.
- Está tudo bem agora. - Magnus disse calmamente. - Você pode chorar mais, se quiser.
Alec sorriu, talvez Magnus ao seu lado seja a única coisa boa que ele tinha no momento. Alec virou seu rosto para Magnus e viu os olhos dele sofrerem ao verem os de Alec, vermelhos e tristes.
- Está tudo bem. - Alec disse após um tempo. - Eu não quero mais chorar.
Magnus sorriu. Alec assim como Magnus fez um carinho na mão dele e o viu sorrir logo depois.
- Posso perguntar algo? - Alec disse. Magnus lhe olhou confuso porém respondeu que sim.
- Por que você se importa? digo, por que está me ajudando? - Alec disse, ele viu Magnus pensar calmamente e quando ele demorou pra responder Alec voltou a falar. - Por que você, tendo 25 anos se importaria com um garotinho com 16 anos a ponto de tentar fazê-lo ter paz o suficiente pra chorar?
- Eu... - Magnus começou, ele olhou para as suas mãos e franziu o cenho - Eu não sei. Talvez... eu... eu não sei.
Magnus parecia estar sendo sincero. Alec balançou a cabeça concordando. Se ele não sabia por que continuar a perguntar? Magnus parecia tão confuso nessa situação quanto Alec.
- Eu sei que você quer uma resposta mas, de verdade Alexander, eu não sei porque eu me importo tanto com você. - Magnus disse. - Eu apenas... me importo.
- Tudo bem. - Alec disse por fim. Magnus sorriu. - Eu meio que entendo.
- Talvez isso seja estranho, na visão de outras pessoas, por causa da minha idade, muitos julgariam e não apenas por causa da idade mas... eu não consigo controlar meu coração em se importar. - Alec não soube direito o que tudo significou, porém, ele sabia que seja o que fosse ele não podia deixar tomar conta de seus pensamentos. Era de Magnus que estava falando, do cara que virou seu mundo de cabeça pra baixo, do cara que havia lhe levado em um lugar apenas para chorar porque ele se importava. Do cara que poderia fazer com que a família toda de Alec o odeie, que poderia fazer com que o pai de Alec até o expulsasse. Ele não tinha pra onde ir, não poderia arriscar. Se o pai de Alec apenas soubesse o que ele realmente pensa de Magnus...
- Tudo bem. - Alec falou novamente. Magnus pareceu magoado com a resposta simples, mas logo em seguida deu um sorriso fraco, como se ele soubesse tudo que Alec pensava e isso era uma das coisas que Alec gostava sobre Magnus. Ele não forçava demais, ele parecia entender a situação de Alec. Ele parecia saber o que Alec sente por ele mas ele não puxa tão forte, ele não obriga Alec a falar nada, ele faz Alec se sentir confortável, seguro.
- Talvez eu devesse lhe levar para a escola agora..
- Não! - Alec o interrompeu, quase em um grito. - Eu não... quero ir assim, com os olhos vermelhos... Não quero ir para a escola.
Magnus sorriu, ele não tinha certeza se era apenas por isso que Alec não queria ir mas... Ele gostava da ideia de ficar mais tempo com ele.
- O que você quer fazer então? - Magnus perguntou. Alec deu um pequeno sorriso.
- Eu... meu pai não deixa que eu saia muito de casa, sabe, filho mais velho tem que mostrar ser respeitoso e tudo mais. - Alec disse, Magnus balançou a cabeça concordando. - Eu queria... Bem, como eu tenho aula o dia todo, eu teria que ficar o dia todo fora...
- Tudo bem, Alexander... - Magnus o interrompeu. - Eu posso passar o dia todo com você.
Alec sorriu.
- Primeiro, eu gostaria de ficar aqui mais um tempo. Depois, eu não sei. Eu só queria ficar em paz... com você. - Magnus sorriu, ele não tinha como evitar o sorriso em seu rosto.
- Eu gosto de como isso soa. - Magnus disse, Alec sorriu, com as bochechas vermelhas. - Posso perguntar uma coisa?
Alec lhe olhou um pouco apreensivo, ele tinha medo do que Magnus iria perguntar. Ele não podia deixar que seus sentimentos ficassem a mostra, ele não poderia se entregar aos seus desejos.
- Pode... - Alec disse com a voz um pouco quebrada. Alec odiava sentir-se assim. Tão quebrado e tão entregue. Ele conhecia Magnus a tão pouco tempo, por que diabos estava sendo tudo tão intenso? Por que Magnus parecia compartilhar os mesmos sentimentos que Alec? E por que tudo parecia tão difícil?
- Por que parece que... Eu te conheço a minha vida toda? - Alec sentiu seu coração acelerar. Era um sentimento mútuo. Alec tinha certeza disso. Magnus era tão perfeito, Alec até surpreenda-se com isso. Ele era o cara perfeito, mas Alec achava que não é o certo para ele, não poderia ser. Magnus merecia mais.
- Eu não sei. - Alec falou simplesmente. - De qualquer maneira isso seria estranho porque você é 9 anos mais velho que eu.
Magnus gargalhou um pouco e Alec riu junto com ele. Ele olhou para Magnus e viu seus olhos fecharem enquanto ele ria e Alec sentiu seu coração gritar por ele, mas ele tinha que resistir. Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, Alec estava tão em paz que nem percebeu o tempo passando. Magnus continuava a seu lado e mesmo que Alec não estivesse mais o tocando ele sentia-se seguro.
- Eu não sei como minha relação com Isabelle ficou desse jeito. Não sei como nós nos perdemos. - Alec falou, doía pensar em tudo que havia vivido com a irmã e notar que nunca mais sería da mesma forma.
- Alec... Ela tem apenas 15 anos. - Magnus disse, compreensivo. - Bem, eu sei que você tem apenas um ano a mais que ela, mas... Ela está se descobrindo agora. Eu passei por isso, ela quer sentir que faz parte de algo, que é aceitada. Ela não faz por querer.
- Mas dói. - Alec confessou. Ele amava a irmã, sempre amou e agora estava a perdendo. - Eu sinto que estou perdendo tudo que eu sempre amei...
- Mas você ganhou a mim. - Magnus disse, com uma voz calma, uma voz de deixou Alec cheio de paz. Ele não sabia realmente o que tinha com Magnus, como se sentia-se, mas ele sabia que tinha algum tipo de afinidade com ele, Magnus lhe deixava feliz apenas por estar ao seu lado, apenas por estar presente, apenas por existir. - Talvez não seja muito comparado ao o que você perdeu mas saiba, Alexander, que sempre que você precisar de um ombro pra chorar, você terá a mim. Eu não vou te deixar.
Alec sorriu, ele estava feliz. Sentia como se o ar estivesse tão limpo e ele não tinha dificuldade nenhuma em respirar. Sentia-se livre.
- Na verdade, é muita coisa sim. - Alec falou, sorrindo e com as bochechas coradas. - Você realmente é muito para mim Magnus.
Ele sorriu, tão adorável. Alec não achava que Magnus poderia ser tão adorável até ver esse sorriso no rosto dele. Ele ficou com certeza que estava caindo cada vez mais por Magnus.
- Então... - Magnus falou devagar, ele estava tímido, Alec achou isso extremamente fofo. - Você meio que não deixou eu terminar meu café da manhã...
Alec lhe olhou.
- Será que podemos ir comer algo? - Magnus perguntou. Alec riu baixo.
- Desculpa por isso... - Alec disse. - Vamos, eu também estou com fome.
Magnus sorriu e ligou o carro. Alec esticou seu braço e ligou a rádio. Ele sorriu quando uma música qualquer animada começou a tocar, Magnus riu e olhou para Alec vendo ele abrir a janela do carro e colocar a cabeça pra fora enquanto cantarolava a música.
Magnus sorriu e acelerou o carro, vendo que não tinha nenhum outro carro por perto. Alec riu alto e aumentou o volume da música. Os dois ficaram assim por alguns minutos até que chegaram em uma lanchonete. Alec saiu do carro sorrindo e com os cabelos bagunçados do vento. Magnus sorriu para ele, com os olhos brilhando, ele parecia tão llivre, tão em paz quanto Alec, os dois entraram na lanchonete ainda sorrindo.
- Olá! - Disse um garoto loiro vindo na mesa deles. Ele vestia um uniforme vermelho e seu crachá tinha o nome "Kit". - O que vocês vão querer?
Os dois pediram hambúrguers e milkshakes. Magnus sorriu para Alec quando o garoto saiu com seus pedidos anotados.
- Você realmente está com fome, não é? - Alec disse rindo de Magnus.
- Me desculpe Alexander, mas você é o único culpado por isso. - Magnus disse olhando para Alec.
- É... Eu sou. Mas você não precisava ter vindo comigo. - Alec disse com um sorriso no rosto. - Então, tecnicamente eu não sou o único culpado.
- Okay, você venceu. - Magnus disse. - Alexander... Antes de eu vir para a sua casa, você passava por esse tipo de coisa sempre?
Alec sentou-se ereto na mesa enquanto brincava com seus próprios dedos.
- Não, nem sempre. - Alec falou. - Eu e Izzy éramos melhores amigos. Eu não sei o que aconteceu com ela. Jace e eu sempre ficávamos juntos e agora ele só pensa na Clary e eu só penso em ahn... - Ele parou arregalando os olhos, quase que falou o que não devia.
- Só pensa em quê? - Magnus perguntou levantando uma sobrancelha. Alec sabia que não poderia responder o resto da frase com "em você" então, ele respondeu outra coisa, que também era verdade.
- Bem, em tudo. Em quem eu sou, e em como meus pais ficariam desapontados. - Alec disse. Kit voltou com os pedidos deles, colocando os dois na mesa.
- Bem, você não pode esconder o que sente pra sempre. - Magnus falou. Ele atacou seu hamburguer e Alec riu dele o achando totalmente adorável.
- Eu posso... Tentar. - Alec disse. Magnus o olhou com tristeza nos olhos mas apenas deu de ombros.
Alec pegou seu hambúrguer e começou a comer ele, em silêncio. Ele às vezes olhava para Magnus e sorria. Ele era terrivelmente sexy e ao mesmo tão adorável. Alec tinha certeza que Magnus era a pessoa que mais passava por sua mente. Em apenas poucos dias, poucas conversas, Alec sentia que Magnus o conhecia mais do que qualquer um de seus familiares.