Te Amarei em Silêncio (Amostr...

By LunaBrandon

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LIVRO RETIRADO PARA PUBLICAÇÃO! Este livro ficou completo na plataforma até o dia 27/02/18. Neste momento, e... More

Série: Entregue a Você - Volume I
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 04
Capítulo 05
Eu Te Dou Meu Amor na Amazon! ♥

Capítulo 03

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By LunaBrandon


Capítulo 03

"E estou de joelhos confessando

Que eu sinto meu eu se render

Cada vez que eu vejo o teu rosto (...)".

My Confession (Josh Groban).

Sarah Jordan

Embora eu tenha tentado escapar do jantar com ele, foi inevitável.

Meia hora depois, eu estava sentada numa mesa privada no restaurante de um hotel próximo à sede da empresa. Sozinhos e frente a frente, eu mais uma vez me vi sufocada com a situação. Tentei me concentrar na versão instrumental de My Confession de Josh Groban que tocava suavemente ao fundo do ambiente, mas nem isso foi o suficiente para me distrair dos olhares dele. Era como se eu fosse um enigma ao qual ele tentava desvendar.

Fome era uma coisa que eu não tinha, mas para não passar mal eu me obriguei a comer sendo guiada incessantemente pelos olhares de um Edward Grayson extremamente observador.

Realmente, eu não entendia o porquê ele fazia isso comigo.

Não podia ser natural a maneira como ele me olhava, era de propósito.

Já era torturante demais ter de atuar na frente dele para que não transparecesse o que eu sentia, e eu ainda tinha que lidar com aqueles olhos que pareciam enxergar através da alma. Porque ele me observava como se estivesse tentando desvendar um mistério?

Definitivamente eu me sentia confusa perto de Edward.

— Esta melhor? — ele me pergunta um momento mais tarde após nós terminarmos o nosso jantar, enquanto o garçom retira nossos pratos.

— Estou — respondo. — Não precisava de tudo isso, eu poderia muito bem ir para casa.

— E correr o risco de você quase desmaiar e bater com o carro? — ele arqueou as sobrancelhas. — Nem pensar. Sua segurança em primeiro lugar.

O garçom nos oferece sobremesa e eu recuso assim como Edward, enquanto olho para o relógio em meu pulso. Droga, já era quase oito horas da noite.

— Você não para de olhar pra esse relógio — Edward notou. — Esta atrasada para alguma coisa? — pergunta com curiosidade.

— Não exatamente — dou um gole na minha taça de água.

— Deixe-me adivinhar — ele sorri de lado. — Enquanto está aqui comigo, deveria estar com o seu namorado? — ele arqueou uma das sobrancelhas.

Eu quase engasguei com a água, provocando em Edward uma risada — que ele tentou disfarçar com uma tossida.

Graças a Deus o restaurante estava vazio.

— O que? Não, claro que não — neguei. — Eu só estou preocupada com a minha mãe — explico.

Eu quase não via Julia, e nos raros dias em que ela estava em casa no período da noite, eu gostava de ficar conversando com ela. Além de Faith, ela é a única pessoa que eu tenho para poder conversar de verdade. Minhas colegas da época da faculdade não eram a mesma coisa, para falar a verdade, eu sempre me considerei meio antissocial, a garota que preferia os livros ao invés de um happy hour após as aulas.

É impressionante como isso pode afastar as pessoas de você, como se somente pelo fato de você preferir um bom livro, ao cair na noite para beber, fizesse de você um ser de outro planeta.

— Seu namorado deve me odiar por prendê-la até tarde no escritório — Edward fala olhando diretamente para mim, e mais uma vez tenho a sensação de que ele esta me observando, tentando desvendar algo.

Foi a minha vez de dar risada.

— Bem, talvez ele o odiasse... — concordo. — Mas como eu não tenho um, não vejo problemas — sem conseguir olhar nos olhos dele, fito minhas mãos.

Se ele soubesse a verdade...

Não existe espaço no meu coração para outro homem. Não é uma escolha, é algo que aconteceu sem a minha permissão, sem que eu sequer percebesse o que estava acontecendo.

— Então você esta sozinha? — indaga.

— Sim, estou há algum tempo — dou de ombros bebendo mais um gole de água para tentar acalmar minha tremedeira. Onde é que ele estava querendo chegar com isso?

— Mas você já teve um namorado, então? — pergunta.

— Uma vez. No último ano do colegial, eu e um amigo de infância resolvemos tentar a sorte, mas não deu certo e um pouco antes de eu começar a trabalhar pra você nós nos separamos — explico.

— Porque não deu certo? — quis saber.

Lembrar-me de Riley era sempre algo complicado.

Eu não queria magoá-lo, mas também não podia enganá-lo. Sinto falta do meu amigo, mas ele queria algo que eu não podia dar e ficar com ele significava ser infeliz e fazê-lo infeliz.

— Riley queria mais do que eu podia oferecer a ele. Eu estava no primeiro ano de faculdade quando ele me pediu em casamento. Ele havia recebido uma proposta irrecusável para trabalhar na Inglaterra e queria que eu fosse com ele, queria construir uma vida e uma família ao meu lado. Eu estava com medo de machucá-lo, então pedi um tempo pra pensar — dei um suspiro e continuei: — Depois conclui que eu estaria machucando ele ainda mais se eu não fosse sincera. Não era justo com ele. Eu disse não ao pedido de casamento e nós nos separamos. Essa é a história.

— Então você estava com medo de compromisso? — questiona olhando seriamente para mim.

— Não, não era isso — respondo. — Ele queria algo a mais que eu jamais poderia dar a ele.

— O que é?

— Amor — sussurro, fitando o bordado da toalha de mesa. — Simplesmente amor de uma mulher por um homem. Eu não o amava e ele sabia disso.

— Sarah, você ainda é tão jovem... será que não foi por isso que não deu certo? — questiona, e quando olho para ele percebo que seus pensamentos estão tão distantes quanto os meus.

— Não, não foi por causa disso — respondo convicta do que estou falando. — Não era ele que eu estava destinada a amar, acho que assim posso dizer — dei um meio sorriso tentando disfarçar a pontada de dor que toma conta de mim.

Eu estava falando com o homem que eu amava sobre amor. Um homem que sendo meu chefe ou não, jamais iria retribuir o que eu sentia por ele. Havia alguma maneira daquilo se tornar ainda mais doloroso?

— E você já encontrou essa pessoa que você esta destinada a amar? — sua voz não passava de um sussurro no ar. Olho para Edward que me fita seriamente, aguardando uma resposta.

— Não, eu não encontrei — minto olhando para baixo. Eu não conseguia olhar nos olhos dele.

Sinto o sangue correr mais rápido sob as minhas veias com o aperto que se alastra por meu peito.

Tudo o que eu mais queria era poder me libertar desse segredo que eu guardava no meu coração, mas eu sabia que não podia e jamais o faria. Edward jamais saberia o que eu sentia por ele, porque mesmo que não houvesse impedimentos, mesmo que ele não fosse casado e meu chefe, nós ainda assim éramos diferentes demais.

Sob os olhos da sociedade eu sempre seria a garota pobre, a pistoleira interesseira. E ele o príncipe encantado que estava levando um golpe.

Bem, a vida não é um conto de fadas e a maldade é algo que nós vemos com muita frequência, sei disso por experiência própria desde a infância.

— Então você ainda vai encontrar essa pessoa, mas tome cuidado — alerta. — O coração não se engana, mas a razão sim. Então lhe aconselho que antes de achar que aquela é a pessoa destinada a você, pare e deixe-se ser guiado pelo que você sente, assim você terá certeza se realmente ama aquela pessoa, ou se é apenas ilusão, a influência das pessoas a sua volta às vezes pode fazer com que você se engane.

Olho para ele e tenho a sensação de que há algo de estranho em seu olhar, algo que eu não tenho palavras para descrever. Um sentimento escondido.

Seus olhos verdes haviam mudados de cor, estavam num tom de azul escuro e cinzento — ou talvez fosse apenas o reflexo das luzes do ambiente.

— Bom, às vezes eu acho que é o oposto — sussurro.

Ele sorri.

— Não é — disse. — Confie em mim.

Suas palavras puseram um fim a nossa conversa.

Edward insistiu em pagar a conta do restaurante alegando mil e umas coisas sobre cavalheirismo e foi simplesmente impossível argumentar. Ele me acompanhou até o carro no estacionamento da empresa.

Já era tarde e o prédio estava deserto.

— Obrigada. Por tudo — agradeci a Edward desativando o alarme do carro.

— Não há de que, Sarah — ele abre um meio sorriso. — Nos vemos amanhã, então?

— Claro — sorri. — Boa noite — digo a ele, abrindo a porta do carro, mas paro quando ele se aproxima.

— Sarah, por favor, espere — Edward murmura de repente, com uma expressão indecifrável. Era como se estivesse preso em um dilema.

— O que foi? — pergunto com o coração disparado.

— É sobre a viagem que eu teria de fazer para a Itália... — começa a dizer, mas eu o interrompo.

— Está tudo organizado, não se preocupe — o tranquilizo. — Como solicitado, você irá embarcar durante a madrugada de sexta para sábado.

— Não é isso — balança a cabeça. — Eu sei que Faith esta de férias e que o correto seria que você ficasse aqui enquanto eu estou no exterior, mas se para você não tiver problemas, eu gostaria que viesse comigo.

— O que? — indago confusa. — Mas por quê?

— Sarah, eu vou precisar da ajuda de alguém confiável com todas as reuniões que terei e neste momento, só consigo pensar em você — justifica. — Por favor, venha comigo.

— Meu Deus, Edward, amanhã já é sexta feira — lembrei. — Esta muito em cima da hora para mandar todas as informações para companhia aérea e até onde eu sei só iria você, seu irmão e mais uma acompanhante — suspiro. — E como eu vou justificar isso para o fiscal tão em cima da hora? Ele vai querer a minha cabeça numa bandeja, sabe como eles são — murmurei temerosa.

Edward sorri.

— Eu sei, mas não se preocupe com eles — deu de ombros. — Se disserem alguma coisa, peçam para me procurar. Querem eles gostem ou não, eu sou o CEO e eles não têm poder sobre mim. Se você for será atendendo ao meu pedido. Não há o que eles dizerem, basta que você diga sim e o resto eu resolvo.

— Tudo bem — concordo com um suspiro. — Se você precisa de mim, eu vou.

— Ótimo — sorriu amplamente. — Por favor, não se preocupe com nada. Só arrume as malas para passar o fim de semana na Itália e deixe o resto comigo — murmura.

— Tudo bem.

— Então, nos vemos amanhã? — ele indaga com um sorriso.

— Sim — dei um meio sorriso, surpresa com o rumo das coisas.

O que diabos está acontecendo hoje?

— Boa noite, Sarah — ele sussurra e dá as costas indo para algum outro lugar do estacionamento.

Com as mãos tremulas e respirando fundo, saio da empresa, percorrendo as ruas de Calgary com cuidado redobrado na direção.

Edward era definitivamente a minha perdição, ele conseguia desestruturar o meu mundo com apenas um olhar.

Já passava das dez da noite quando estacionei meu carro no meio fio em frente de casa.

Cansada, ando a passos lentos em direção à porta, mas assim que a abro, congelo no lugar em que estou.

Havia anos que eu não via aquela senhora de cabelos grisalhos, olhos castanhos e pele sedosa, embora prejudicada pelo tempo.

— Vovó Grace! — exclamo surpresa.

— Sarah, mia neta querida — murmura com o forte sotaque italiano. Ela deu um sorriso colocando a xícara de chá em cima da mesinha e abre seus braços. — Andiamo, dê um abraço em sua nonna.

Fechando a porta, ando a passos lentos até minha avó.

— Quanto tempo — sussurro quando nos abraçamos, mais por educação do que por vontade própria.

— Sim, já faz anos desde a última vez que eu vim para Calgary. Sua prima Esther me convidou para o casamento dela e eu vim para a cerimônia que será em poucos dias — falou.

— Querida, você demorou á chegar, já estava começando a ficar preocupada — minha mãe disse vindo da cozinha com uma bandeja com bolo e para minha surpresa, Esther veio atrás dela carregando consigo uma jarra de suco.

— Esther, você também esta aqui — murmurei, impossibilitada de esconder o desgosto e a repulsa em minha voz.

Eu tinha muitos motivos para não gostar da presença de minha avó e minha prima em minha casa.

— Claro que estou prima. Olhe só pra você, como esta diferente! — Esther murmurou com um sorriso debochado. — Não se parece em nada com aquela garotinha desleixada da época do colégio, vejo que não tem mais aqueles óculos enormes e aquelas olheiras debaixo dos olhos por ter dormido pouco a noite. Olhe para você, aprendeu a usar maquiagem!

— Sim, Esther. Muitas coisas mudaram nos últimos anos, mas outras nem tanto — como meu ódio por você, eu poderia ter acrescentado.

— É estou vendo — ela deu uma risadinha cínica.

— O que veio fazer aqui, vovó? — perguntei virando-me abruptamente para a senhora sentada no sofá.

— Bem, eu vim visitar minha família — ela murmurou ao mesmo tempo em que um risinho irônico escapava por meus lábios quando ela pronunciou a palavra família.

Minha mãe arregalou os olhos ao observar minha reação.

— Quem é a senhora para se referir a minha mãe e a mim como membros da sua droga de família, sendo que quando ela mais precisou de ajuda, você a negou? — praticamente cuspi cada uma daquelas palavras.

Quando meu pai nos abandonou na rua da amargura, minha mãe não tinha para onde ir e pediu ajuda a minha avó Grace, e ela lhe negou dizendo que minha mãe havia sido idiota e imprudente e que era tão imprestável que nem para segurar o marido servia.

Se não fosse meu tio Marcus, não sei o que teria sido de nós.

Ele foi à única visão de pai que eu tive em minha vida e todos os dias eu agradeço a Deus por tudo o que ele fez por nós. Marcus havia pagado os meus estudos, todos os cursos de idiomas que eu havia feito haviam sido custeados por ele. Meu tio via potencial em mim, toda vez que eu estava pra baixo e pensava em desistir dos estudos por causa do horror que eu tinha de enfrentar no colégio, ele me dizia para levantar a cabeça e seguir em frente, pois eu era uma garotinha guerreira e que todo o sacrifício que eu estava fazendo iria valer a pena no final.

Ele estava certo.

Hoje eu tenho um bom emprego, trabalho para uma das maiores empresas do mundo e amo o que eu faço. Toda a dor deixou marcas, marcas essas que me fortaleceram e fizeram de mim a mulher eu sou hoje. Mas perdoar o que minha avó fez e tudo o que os meus "parentes" fizeram para mim e para minha mãe, é algo que eu não consigo. É como um buraco negro em meu peito que me suga para o espiral de tristeza.

Algo que nenhum foco de luz que haja na minha vida, é o suficiente para iluminar.

Isso se chama rancor, mágoa... Eram dois sentimentos ruins com os quais eu nunca soube lidar, eu havia tentado, mas nunca consegui superá-los desde a infância.

— Sarah querida... — minha mãe comaça a dizer, mas eu a interrompo.

— Por favor, pare mamãe! — pedi. — Se for para defender Grace ou Esther, me poupe. Como a senhora pode receber essas duas como se nada nunca tivesse acontecido, como se ela não tivesse nos feito mal?

Havia muita compaixão e bondade nos olhos de minha mãe. Elas não mereciam isso, principalmente minha avó.

— Ora, ora, ora... Parece que minha prima aprendeu a se defender — Esther murmura e minha mãe fecha a cara.

— Esther, se for para você ferir minha filha, a porta da rua é serventia da casa — minha mãe falou.

Esther arqueia as sobrancelhas.

— Não estou fazendo nada demais titia, só estou observando as mudanças da minha querida prima Sarah — disse destilando veneno.

Respiro fundo.

Se eu ficar ali, irei acabar perdendo o juízo a sair aos tapas com Esther.

— Não se deve permanecer no passado, querida Sarah — minha avó murmura. — Não me arrependo em nada do que eu fiz, pois no final das contas, vocês não precisaram de minha ajuda.

— Esta errada — digo a ela. — Nós precisávamos sim de sua ajuda, eu era uma criança e minha mãe uma mulher que havia acabado de ser abandonada pelo marido e você disse coisas horríveis a ela, negou-lhe ajuda quando ela precisou. No entanto, sua filha nunca lhe negou nada. Durante todos esses anos, todas as vezes que você precisou dela, ela lhe estendeu o braço. Se Marcus não tivesse nos ajudado, não sei o que teria sido de nós.

— Mas no final das contas tudo deu certo — minha avó disse. — Olhe para você, Sarah — ela me olha de cima a baixo. — Está vestida como uma dama da alta sociedade, trabalhando para um dos maiores empresários do mundo. Não pode reclamar de nada, afinal, você chegou ao topo.

— Sim, eu cheguei ao topo — concordei. — Mas cada conquista que eu tive em minha vida, foi por mérito meu e de minha mãe, pois batalhamos muito para chegarmos onde chegamos. Enfrentamos muitas coisas, então tudo o que temos hoje é mérito nosso. A senhora não tem nada a ver com isso. Cada batalha, cada obstáculo que nós enfrentamos foi com muito esforço, pois quando nós mais precisamos de sua ajuda você a negou.

— Você esta mais petulante do que eu me lembrava, Sarah — observa minha avó. — Onde esta aquela menininha com olhos tristes e assustados que eu conheci? Onde esta a pequena la belle de jour da família?

La Belle de Jour era o apelido que meu pai havia dado para mim quando eu era criança.

Minha mãe detestava aquele filme, mas meu pai o amava e eu sempre assistia com ele. Eu era apenas uma criança inocente, mas hoje que eu tenho bom senso o suficiente, eu sei o porquê ele dizia isso.

O filme retrata a história de uma linda mulher, bem casada e completamente insatisfeita com o marido, que se prostitui à tarde e que somente com homens estanhos consegue chegar ao clímax do prazer. Ele maltratava a minha mãe e dizia que ela não prestava assim como a mulher do filme.

Lembro-me vagamente de ele dizer que eu seria como ela no futuro, com a La Belle de Jour, e me lembro de outras coisas também, mas prefiro deixar no canto mais escuro das minhas lembranças.

Respiro fundo, tentando manter a calma.

— Bem, a senhora vai se levantar com as próprias pernas e dar o fora da minha casa, ou eu terei que fazer isso a força?

— Ora, esta nos expulsando prima? — Esther pergunta ironicamente.

— Sim, estou — respondo de cabeça erguida. — E você será a primeira que eu irei arrastar para fora pelos cabelos se não sair da minha frente agora.

— Tente então — desafia.

Quando estou prestes a avançar para cima da vagabunda, minha mãe repousa as mãos no meu ombro.

— Não faça isso, filha — ela murmura com lágrimas escondidas por trás de seus brilhantes olhos azuis. — Não se rebaixe a tal nível.

— Mãe... — começo a dizer, mas ela me interrompe virando-se para Grace e Esther.

— Eu recebi vocês duas na minha casa com a maior educação apesar de tudo, mas vocês não merecem minha atenção — falou. — Então, sendo assim peço que se retirem.

— Isso é modo de falar com sua mama, Julia? — murmurou, fingindo estar espantada.

— Você não merece o meu respeito, Sra. Banks.

Dito isso, minha mãe saiu do meu lado e abriu a porta gesticulando para a rua.

Minha avó se levanta e Esther a ajuda.

Para mim, as duas eram verdadeiras cobras traiçoeiras e de pessoas assim eu quero distância.

— Você irá se arrepender de ter feito isso conosco — minha avó murmura a minha mãe e se vira para mim. — E você também pequena la belle de jour.

Eu poderia muito bem tê-la mandado ir à merda, mas preferi manter a compostura.

— Nunca — murmuro.

Esther me lança um olhar sombrio, mas não me deixo abater.

Assim que as duas saem pela porta, minha mãe fecha a porta e a tranca dando um suspiro aliviado.

— Querida, por favor, me desculpe — minha mãe me abraça e eu deito a cabeça em seu peito. — Se eu soubesse que iria ser assim, não as teria recebido.

— Mãe, a senhora não teve culpa, mas eu não podia deixá-las ficar em nossa casa como se nada tivesse acontecido — murmuro sentindo-me exausta.

— Elas continuam sendo horríveis, mas fiquei orgulhosa de você, querida — minha mãe sorri para mim. — Desta vez você não se deixou abater, as enfrentou como uma verdadeira mulher. Uma mulher linda e forte.

— Não sou mais aquela menininha — murmuro. — Não deixarei que elas me firam novamente.

— Eu sei, e agora eu vejo isso — ela dá um beijo em minha bochecha. — Esta cansada, filha? Quer que eu esquente o jantar para você?

— Não, eu jantei fora hoje — digo a ela sem dar muitos detalhes. — Só estou cansada. Quero tomar um banho e cair na cama.

— Tudo bem, vá descansar — disse. — Irei arrumar umas coisas e logo vou dormir também.

— Okay. Boa noite, mãe — dou um beijo em seu rosto.

Subi para o meu quarto e deixei minha bolsa em cima da cama, peguei uma camisola branca no armário, uma lingerie e fui para o banheiro antes passando no pequeno armário do corredor e pegando uma toalha.

Após tomar um banho relaxante e lavar meus cabelos com meu shampoo favorito de jasmim, eu me sentia bem melhor. Minha mãe já havia ido dormir e a casa estava com todas as luzes apagadas, num profundo silêncio. Desci para cozinha e fiz um chá de erva cidreira para mim e depois voltei para o meu quarto, deixando apenas a luz do abajur acesa.

Encostada nos travesseiros, permito-me relaxar um pouco.

Havia sido um dia exaustivo, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Eu havia tido muito trabalho, principalmente com as emoções a serem controladas. Tudo havia sido uma verdadeira loucura.

Mas a melhor parte havia sido a minha noite.

Eu nunca havia estado sozinha com Edward em lugar algum fora da empresa, exceto se contasse a festa de final de ano, mas de qualquer modo, havia sido uma experiência nova.

Tanto como um CEO, quanto como apenas um amigo jantando ao meu lado, ele parece ser a personificação do príncipe encantado dos contos de fada. Só que nesse caso eu não sou a plebeia que irá se tornar a princesa e terá finalmente o seu 'felizes para sempre'.

Nessa história eu sou apenas uma personagem coadjuvante.

Será que é verdade aquele ditado que diz que nós sempre amamos aquilo que não podemos ter?

Porque se for, eu estou literalmente encrencada.

Pensando sobre isso acabei adormecendo.

Acordei sobressaltada e quando olhei no relógio já eram seis horas da manhã.

Merda!

Eu tinha pouco tempo pra me arrumar e com toda a confusão de Esther e minha avó aqui em casa, acabei me esquecendo de arrumar minha roupa para o trabalho. Levantei-me da cama, fui para o banheiro fazer minha higiene matinal e voltei para o quarto indo até o closet.

Peguei minha meia-fina 7/8 fumê, uma saia preta de cintura alta e uma camisa de cetim azul escuro no armário.

Vesti-me rapidamente e calcei scarpins pretos indo para o banheiro. Quando me olhei no espelho e vi minha imagem refletida, comecei a comparar meu cabelo com a de um desenho animado.

Hoje eu estou literalmente encrencada.

Joguei água no rosto, tratei da pele, fiz uma maquiagem simples e clara, e depois cuidei do meu cabelo rebelde. Umedecendo um pouco o meu cabelo e penteando junto com um creme, optei por deixá-lo solto agora que ele estava bem comportado. Liso e com pequenos cachos nas pontas.

Eu amava o corte todo repicado do meu cabelo, mas tinha de admitir que às vezes por causa dele meu cabelo parecia o ninho de passarinho. Fazer o que?

Quando voltei para o quarto meu celular estava vibrando em cima da mesinha.

O atendi sem nem olhar no visor para ver quem era.

— Alô? — saudei.

Bom dia, Sarah — Edward murmurou com aquela voz que fazia meu coração disparar.

— Edward — murmurei surpresa. — Bom dia, está tudo bem?

Não como eu gostaria que estivesse — ele deu um suspiro do outro lado da linha. Sua voz demonstrava cansaço.

Era incrível como com o passar do tempo eu aprendi a reconhecer suas emoções até mesmo através de sua voz.

— O que aconteceu? — perguntei.

Não dá para falar por telefone. Você ainda esta em casa? — quis saber. Estranhei sua pergunta, mas respondi.

— Sim, por quê?

Quando você chegar aqui eu te explico tudo. Mas por enquanto o que eu peço pra você é que não venha sozinha pra empresa hoje, não é seguro — ele falou me deixando com o coração apertado.

— Como assim não é seguro? — indaguei.

Fique calma e somente venha para a empresa. Eu encaminhei meu motorista particular para ir lhe buscar e no máximo em dez minutos ele estará na porta da sua casa — falou.

— Tudo bem — concordei assustada. — Mas você sabe onde eu moro?

Eu nunca havia dito a ele onde eu morava.

Sim, eu peguei na ficha de funcionários — respondeu.

Claro, ele é o CEO.

Óbvio que ele tem acesso a esse tipo de informação com o pessoal do setor de recursos humanos.

— Okay.

Te espero aqui — falou. — E, por favor, tenha cuidado quando chegar ao estacionamento.

— Pode deixar — garanti. — E você também, seja cauteloso com seja lá o que esta acontecendo.

Eu serei — garantiu e eu pude ouvir o sorriso em sua voz. — Até logo.

— Até — murmurei despedindo-me dele.

Agora eu realmente estava aflita.

Terminei de me arrumar a jato e desci para a cozinha. Comi uma maça sem realmente sentir o gosto dela e escovei os dentes. Quando fui até a janela da sala deparei-me com uma luxuosa Mercedes preta, com os vidros totalmente insulfilmado. Havia um homem alto e moreno encostado na porta do lado do motorista, de costas para mim.

Aquele deveria ser o motorista de Edward.

Pego minha bolsa, visto meu sobretudo preto por cima de minha roupa e saio de casa trancando a porta, uma vez que minha mãe já havia saído para trabalhar.

O motorista percebe minha presença e se vira de frente para mim, fico surpresa em reconhecê-lo.

— Smith? — indago.

— Bom dia, Srta. Jordan — ele murmura abrindo a porta de trás para que eu entre.

— Bom dia — respondo educadamente.

Ele fecha a porta e dá a volta no carro, assumindo o seu lugar como motorista.

Quando ele liga o motor e coloca o carro em movimento, não aguento conter minha curiosidade e começo o questionário em busca de respostas.

— Fiquei surpresa em ver que era você o motorista que o Sr. Grayson havia encaminhado — digo a ele. — Sempre pensei que fosse segurança da empresa.

— Eu sou segurança sim, Srta. Jordan, mas não da empresa e sim do Sr. Grayson e de sua família. Faço parte da equipe de segurança pessoal da família Grayson há algum tempo e na ausência do braço direito do meu chefe, assumo o comando. Segurança ou motorista, tudo o que o Sr. Grayson precisar, eu serei — explicou.

Equipe de segurança pessoal?

Deus, como alguém consegue viver com guarda costas atrás do tempo todo? Ou melhor, porque alguém iria querer isso? Tudo bem que Edward e toda a família Grayson são famosos, mas daí chegar a ter guarda costas? Que tipo de situações ele já deve ter passado para chegar a isso?

— Mas eu sempre o vi como uma espécie de segurança no estacionamento da empresa.

Ele sorri discretamente através do retrovisor.

— Isso é apenas uma forma de se misturar, a Srta. Jordan, e acredite a senhorita se surpreenderia em saber quantos dos funcionários da empresa na verdade são seguranças disfarçados.

— Mas se tudo sempre foi um disfarce, porque hoje as regras estão sendo quebradas? — questiono confusa.

— O Sr. Grayson me deu ordens expressas para que somente ele lhe explicasse a situação. Desculpe-me, mas não posso falar a respeito — o tom sério de sua voz me fez entender que eu não conseguiria nada até encontrar meu chefe.

Se Edward queria falar comigo pessoalmente e explicar a situação, é por que a coisa é séria.

Mais alguns minutos se passam até chegarmos à empresa. Smith para o carro em frente ao elevador do estacionamento, e um homem abre a porta do carro. Quando olho para ele, tenho outra surpresa.

Era Adam Benson.

— Bom dia, Srta. Jordan — cumprimentou-me acenando a cabeça enquanto entravamos no elevador e esperávamos Smith estacionar o carro.

— Bom dia, Sr. Benson — sorri. — Por favor, não me diga que você também é...? — não termino minha pergunta, mas ele entende.

— Sim, eu sou — limitou-se a responder.

O quanto havia passado despercebido por meus olhos durante os últimos três anos?

Smith entra no elevador e digita uma combinação no painel que fez com que o elevador fechasse as portas e descesse alguns andares ao invés de subir. O display mostrava que estávamos três andares abaixo do solo.

O que mais havia nessa empresa que eu não sabia?

As portas se abriram para um corredor iluminado, porém estreito. Smith pede para que eu o acompanhe junto com Adam e me guia pelo corredor. No fim dele havia portas duplas feito de metal negro, daquele tipo que nem mesmo uma granada estouraria de tão grossa.

Quando ele as abre revelando uma sala secreta, fico chocada.

Parecia que eu havia acabado de entrar num daqueles centros de comando de segurança daqueles filmes de ação produzidos em Hollywood. Havia várias pessoas checando as gravações das câmeras de segurança nos gigantescos telões e o modo como eles conversavam entre si era confuso, claramente eles estavam conversando em códigos. O ambiente era claro, limpo e os computadores eram de ultima geração. Olho ao meu redor tentando me familiarizar com o ambiente e no fundo da sala eu vejo Catherine e Hayden conversando entre si, enquanto Edward parecia estar dando ordens para alguém.

Ele olha para o lado de relance e então no mesmo instante caminha até mim.

— Sr. Grayson, nós trouxemos a Srta. Jordan como pediu — Smith murmura ao meu chefe.

— Obrigada, Smith — agradece. — Agora, vocês dois podem voltar para seus afazeres — Edward instrui seus seguranças e então olha para mim com um sorriso que me faria suspirar se eu não estivesse tão preocupada, assustada e curiosa para saber o que estava acontecendo. — Sarah, desculpe se te assustei quando te liguei mais cedo.

— Tudo bem — digo a ele, tentando tranquilizá-lo. — Eu só fiquei preocupada. O que esta acontecendo?

— Para resumir, a empresa foi invadida de madrugada e nós não sabemos com que propósito ou se os invasores ainda estão escondidos em algum lugar — explica. — Ninguém entra ou sai deste lugar sem autorização.

— Meu Deus, mas machucaram alguém? — questiono.

— Os seguranças da noite foram rendidos, pela gravação das câmeras foi possível ver quando os criminosos usaram um tipo de gás que fez com que eles desmaiassem — suspira. — Porém não conseguimos visualizar o rosto deles ainda, meu pessoal está trabalhando no tratamento de imagens para ver se conseguimos ampliar com a qualidade necessária para ter pelo menos um retrato falado.

— Presumo que já tenham chamado à polícia — digo a ele.

— Sim e já encaminhei o caso pra cede dos Estados Unidos também — murmura.

— Por quê? — questiono confusa.

— Digamos que temos um acordo com o governo americano e tenho motivos para acreditar que eles estarão bastante interessados no que aconteceu aqui hoje — disse sem dar muitos detalhes.

Mesmo confusa, decidi deixar para lá.

— E os demais funcionários da empresa? — pergunto. — Como esta sendo o procedimento?

— Bem, a entrada principal da empresa esta lacrada pela policia e com parte da equipe de segurança da empresa. Já pedimos reforços da empresa contratada para tomar conta do edifício e eles já estão a caminho — respirou fundo e continuou. — Os seguranças estão barrando todos os funcionários e pedindo para que eles retornem a suas casas. Ninguém pode entrar para que a cena do crime não seja alterada.

— E os seguranças, estão bem? — perguntei.

— Sim, eles já foram encaminhados para o hospital para todos os exames necessários, e no momento o pessoal da pericia esta recolhendo possíveis matérias da cena e evidencias, porém, não encontramos no circuito de câmeras a hora em que os criminosos deixaram o prédio, por isso o cuidado redobrado. Hoje, só quero no prédio pessoas de confiança.

Puxei o ar e soltei com força.

Quanta informação num dia só!

— Bom, tem algo que eu possa fazer? — pergunto.

— Sim, você tem a minha agenda no seu smartphone, certo?

— Sim — confirmo. — O que precisa que eu faça?

— Por favor, desmarque a nossa viagem para Itália e remarque para daqui duas semanas — pede. — Também preciso que desmarque os meus compromissos dos próximos dias.

— Pode deixar — murmurei.

Edward me guia para um canto isolado das demais pessoas, onde eu poderia fazer minhas ligações em paz. Pego um bloco de anotações na bolsa e uma caneta para poder tomar nota qualquer coisa que fosse necessária. Com todas as minhas anotações guardadas e ligações feitas, pude respirar um pouco aliviada desde a hora em que recebi a ligação de Edward.

Ontem minha avó e minha prima aparecem, e hoje a empresa onde eu trabalho é invadida. Estou tendo uma semana maravilhosa!

— Bom dia, Srta. Jordan — Catherine saudou parando de braços cruzados na minha frente. Eu estava encostada na parede ao lado de uma mesa.

— Bom dia, Srta. Evans — respondo educadamente.

— Hoje as coisas aqui estão bem agitadas, não? — ela murmura para mim observando as pessoas em ação. Todos trabalhando, correndo contra o tempo para recolherem informações.

— Sim, muito agitadas, mas no mal sentido — digo a ela.

— Pois é, Hayden está inquieto hoje, tentando ajudar o irmão, imagino — murmura pesarosa. — Coitado de meu namorado, não tem um momento de sossego!

Ouvi bem?

Hayden Louis Grayson, namorado de Catherine?

— Srta. Evans, perdoe-me, mas eu ouvi bem? — perguntou surpresa. — Você esta com Hayden Grayson?

Então a megera estava namorando o Diretor Financeiro da empresa?

As palavras de Faith ecoaram na minha cabeça...

"Catherine era a melhor amiga de Tatiana, esposa de Edward, e algumas pessoas dizem que ela era apaixonada por ele. Quando ele escolheu Tatiana ao invés dela, brigou com a amiga e ficou profundamente ferida com isso (...)".

Se Catherine era apaixonada por Edward, como poderia estar com o irmão dele?

Bom, pode ser que afinal ela tenha superado. Isso é bom.

Quem dera eu tenha essa sorte!

— Sim, já tem alguns meses — responde. — Ele é um amor, e sempre quis algo comigo desde a época da faculdade, mas eu nunca dei bola — gabou-se com um sorriso de satisfação. — Eu estava sozinha e resolvi dar uma chance a ele.

— Bem, espero que sejam muito felizes juntos, Srta. Evans.

— É, veremos no que vai dar — ela dá de ombros, enquanto observa Edward que conversa ao telefone, caminhando em nossa direção.

O modo como ela o olha deu a resposta para minha silenciosa pergunta.

Não, ela não o superou.

Ela esta com o outro irmão por falta de opções. Ela o olha com cobiça e eu sinto o sangue ferver em minhas veias.

— Estevan, eu preciso de você aqui em Calgary o mais rápido possível, as coisas saíram do controle. Por favor, assim que ouvir esta mensagem, me retorne — ouço Edward murmurar enquanto se aproxima de nós. — Olá, Srta. Evans — cumprimenta educadamente.

— Olá Sr. Grayson — ela lhe dá um sorriso muito grande para ser formal, porém, para o meu deleite, ele não dá atenção para ela, mas sim para mim.

— Conseguiu resolver tudo? — questiono enquanto observo Catherine Evans se afastar.

Ela não teria a atenção dele. Satisfeita, não consigo deixar de sorrir.

— Sim, eu consegui — respondo. — Deu algum trabalho em explicar pros Italianos a situação, mas eles aceitaram adiar os negócios.

Edward deu um breve sorriso.

— O que é que você não consegue? — indaga brincalhão.

— Estou começando a achar que jamais acabarei com a criminalidade — brinco com um sorriso.

— Não dá para ser perfeito, não é mesmo? — ele sorri, mas antes que eu possa responder, Smith se aproxima cortando nossa conversa.

— Sr. Grayson, os policiais e a equipe de segurança querem ter acesso ao andar da presidência — informa. — Precisamos que o senhor ou alguém nos acompanhe até lá.

— Tudo bem, eu vou — murmura.

— Espere um minuto — peço e ambos olharam para mim. — Já sabem se os criminosos ainda estão no prédio?

— Infelizmente, ainda não — Smith disse.

— Então como vocês vão tirar o CEO de um lugar seguro e levar para outro onde ele estará vulnerável? Ele é alvo fácil e não sabemos com que intenção a empresa foi invadida. Se ele sair, será a oportunidade perfeita para um ataque, podem pegá-lo como refém — murmuro me lembrando das aulas sobre segurança que meu tio Marcus havia me dado na adolescência.

Ele havia trabalhado como policial durante muitos anos e era um dos melhores no que fazia.

Edward e Smith me olharam espantados.

— Como sabe de tudo isso? — Edward indaga abismado com a minha reflexão.

— Meu tio era policial — explico. — Ele me assinou atirar e dentre outras coisas sobre segurança.

— Pelo visto ele lhe ensinou muito bem, Srta. Jordan — Smith murmura surpreso.

— Escute, eu sei que é errado, mas é necessário — Edward murmura seriamente para mim.

— Me deixe ir no seu lugar — ofereço. — Eu conheço essa empresa como a palma da minha mão e numa situação de risco, eu sou menos valiosa do que você para um bandido.

Ele revira os olhos e puxou os cabelos num claro sinal de nervoso.

— Não vou te colocar em risco!

— Edward, você tem uma empresa e uma família pra cuidar e, mais do que isso, você é o CEO — lembrei. — É a alma deste lugar, não pode se arriscar.

— Nem pensar, você ficará aqui — ordena. — Por favor, Sarah, não faça objeções quanto a isso.

— Não, eu vou junto — digo, ignorando seu pedido.

— Tudo bem, vamos os dois então — ele cede, afinal, nossa discussão não iria nos levar a lugar algum.

Acompanhados de seus seguranças pessoais e mais dois seguranças da empresa fortemente armados, saímos da sala principal e fomos para o elevador. Edward digita uma combinação de números no painel e as portas se fecham, fazendo com que o elevador comece a subir. Por um momento, tive a sensação de que a cada andar que subíamos a tensão aumentava.

Quando as portas finalmente se abrem fazendo um irritante ding, Adam e Smith saem na frente com armas nas mãos, enquanto Edward e eu os seguimos, com os outros dois seguranças atrás de nós formando uma barreira de isolamento.

— Por favor, verifique a sala de reuniões, a copa e a sala do Sr. Grayson — Smith murmura para os seguranças. Eles obedecem a suas ordens, e assim que eles saem da sala de Edward, posso respirar aliviada.

— Está tudo limpo — Adam murmura ao mesmo tempo em que o cenário se transforma.

Eu levei uma fração de segundo para entender o que estava acontecendo, mas quando um dos seguranças que eu não sabia o nome me agarrou pelo pescoço e apontou uma arma para mim, tudo ficou muito claro.

Por reflexo, Adam puxa Edward para trás dele ao mesmo tempo em que ele gritava o meu nome.

— Bem, eu acho que não — o bandido disse apontando a arma em direção a minha costela. — Deem um passo em falso e esta bonequinha pagará com a vida dela.

Com aquelas palavras o medo me assolou.

Eles não eram seguranças, havíamos caído em uma armadilha.

Nós estávamos nas mãos dos criminosos que haviam invadido o prédio.

— Solte a garota — Adam pede com a arma apontada em nossa direção, assim como Smith.

O outro segurando ao qual eu não sabia o nome, também fazia parte do esquema, pois estava ao lado do cara que estava apontando a arma pra mim.

Edward olha em meus olhos.

Suas íris verdes transmitem segurança e ferocidade, era como se ele tentasse dizer com olhar aquilo que não podia colocar em palavras naquele momento: mantenha a calma.

— O que vocês querem? — Edward pergunta sem tirar os olhos de mim.

— Queremos o HD Mestre com todos os arquivos e transações dos últimos seis meses da empresa — um dos bandidos pronuncia. — Nós queremos todas as informações que somente o CEO e essa bonequinha aqui possuem.

Todos os conselhos e ensinamentos de defesa vieram em minha mente naquele momento e por impulso, eu deixei a minha bolsa cair de meu ombro distraindo o cara que mantinha a arma para mim. Ciente de sua distração, eu o golpeio no estomago o mais forte que consegui, tentando enfraquecê-lo.

Enquanto ele pragueja me chamando de vadia, seu comparsa me segura pelo braço e me joga no chão. Eu caí de mau jeito em cima de meu braço, ao mesmo tempo em que um grito agoniado escapa por meus lábios devido a sua brutalidade. Neste momento, todo o resto se tornou apenas um borrão.

Ouço Edward gritando o meu nome, sinto seus braços protetores a minha volta, e então um som ensurdecedor de tiros ecoa.

— EDWARD NÃO! — é a única coisa que tenho tempo para gritar antes que manchas de sangue comecem a surgir no corpo do homem que amo, enquanto ele me protege no calor de seus braços.

O homem que eu amo havia sido ferido!

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