Hall of Fame ✅

By ohlulis

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Sky Howard gostava dos flashes, tapetes vermelhos e de estampar capas de revistas. Em uma cidade que vive pel... More

0. Be our guest
Prólogo
1. Backstage
2. Front Row
4. Stay
5. Broken Family Portrait
5.1. New Affair?
6. Safe Inside
7. Stole the Show
8. Shame on Me
9. Sky Full of Stars
10. Hold Me Close
10.1 Things they said about her
11. Fire Breather
12. Won't You Stay?
13. Quelqu'un m'a dit
14. Mess
15. Eyes for You
16. I'll be a storm
17. Masks
18. Memories on the Ground
19. Heal
19.1. Rumors
20. And you say that it's hard
21. You're Somebody Else
22. Forgiveness
23. Sirens
23.1. Picture Perfect
24. Bridges
25. The Last Fall
25.1. Dear Benjamin,
26. Empire
26.1 And I was like 'why you're so obsessed with me?'
27. With The Lights Out
Epílogo: Curtains Down
extra: happily ever after

3. All of the lights

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By ohlulis

Desde que ela colocou os pés no começo do tapete vermelho, todas as atenções estavam presas em si.

Era quase como se não houvesse mais ninguém naquele painel de inauguração que não fosse Sky Howard. Todas as câmeras estavam apontadas em sua direção, todos os fotógrafos gritavam seu nome na esperança de ganhar alguma atenção e todas as outras pessoas que posavam, como ela, viravam o rosto para observá-la.

Por esse motivo, ela se esforçava para parecer o mais tranquila possível. Trocava o peso do corpo entre as pernas vez ou outra, mudava de posição quando todos os flashes já haviam sido disparados em si e oferecia um sorriso quando se sentia confortável para assim fazer.

Tudo tinha que estar perfeito. Desde seus cabelos loiros delicadamente preso em um coque bagunçado, até o batom vermelho que usava e o vestido de grife liberado especialmente para ela.

E não era como se Sky Howard precisasse de muito para estar perfeita. Bastava um meio sorriso ou um carão poderoso que a renderia mais capas do que ela poderia acompanhar e estaria tudo certo.

Não achou que teriam tantas câmeras naquela inauguração, mas não odiava a atenção que estava ganhando. E, como tinha aprendido com seus pais desde que tinha apenas 6 anos, não havia nada que envolvesse o nome da família Marlowe e não fosse grandioso.

O sobrenome Marlowe em Nova Iorque significava uma dinastia. Era quase como os Grimaldi de Mônaco ou a família real britânica, salvo o fato de que eles não possuíam sangue azul.

Nem precisavam.

Tinham construído um império com base na rede de hotelaria e aplicações da bolsa de valores. Ultrapassando os Hilton, Four Seasons e qualquer outro nome forte na rede, que tinha perdido espaço para o crescimento dos Marlowe.

A inauguração do hotel localizado na quinta avenida em Nova Iorque tinha parado completamente a cidade. Os que não tinham recebido o convite dourado pelo correio tinham que se contentar em apreciar a entrada do enorme edifício, feita de pequenos tijolos de cor clara e um jogo de vidros escuros que não permitiam a visibilidade da parte de dentro.

Além do enorme e luxuoso letreiro preto iluminado com luzes douradas que formavam o sobrenome de uma das famílias mais conhecidas do país e grandiosa rede de hotéis e resorts.

Sky, porém, não precisava se preocupar em assistir a inauguração transmitida por um canal fechado na televisão ou atualizar as redes sociais repetidas vezes em busca de notícias de quem estava presente na enorme festa e o que estavam vestindo.

Ela era uma das sortudas com o convite dourado em mãos e o seu nome escrito na lista. Já que, segundo um título de uma das milhões de matérias que tinham envolvido seu nome nos últimos meses, não havia festa sem o sorriso travesso e os comentários afiados de Sky Howard.

— Eles já estão falando de você — Mika falou assim que Sky saiu do painel, rolando a tela do celular com os dedos. — Falando muito e seu nome já está nos trending topics do Twitter só com uma aparição. Oh, God...

Sky se posicionou atrás da amiga para tentar ler o que ela via na tela, sorrindo orgulhosa assim que os primeiros comentários de pessoas importantes começaram a ser colocados em evidência.

A maioria era positivo e frisava como ela parecia bem no primeiro evento público após semanas de férias na Grécia. Poucos criticavam sua maquiagem ou sua escolha de design, mas esses faziam parte da minoria que dificilmente chegavam aos olhos de Sky. Tinha que confessar que os primeiros tinham sua atenção.

— Não sei como você aguenta — Gale comentou chamando a atenção das duas mulheres ao seu lado, com as mãos escondidas no bolso da calça social. — Eles são como abutres te rodeando.

O tom frio que ele usou quase foi suficiente para tirar o sorriso do rosto da loira, que logo se transformou em uma tímida risada.

Ela ainda não sabia explicar porque gostava tanto de estar embaixo dos holofotes. Gostava de ver a devoção que os fotógrafos tinham para conseguir fotos suas, do desespero dos críticos que escreviam para revistas usando seu nome e da importância que tinha ganhado assim que seus seguidores foram aumentando e seu nome ficando mais famoso.

Sky só gostava e não se via vivendo de outra maneira.

— Aprenda comigo, Gale — ela falou, mordendo o lábio inferior e passando as mãos pelo smoking Hugo Boss que o homem usava, desamassando-o. — Eles são abutres. E você sairá ileso se der a eles exatamente o que eles querem.

Gale negou, mantendo o olhar preso no rosto de Sky por mais tempo do que o saudável, deixando que uma curta risada escapasse dos seus lábios. Não havia argumentos suficientes para serem usados contra Sky Howard e ele sabia bem disso.

A atenção de parte da festa estava nos três quando eles começaram a andar, buscando pela mesa nove que a cerimonialista que havia na entrada da festa tinha dito que os nomes deles estavam. Em alguns momentos até alguns celulares eram apontados em sua direção para conseguir uma foto que receberia milhares de curtidas assim que fosse postada.

Por um lado, parecia exagero.

Por outro, era totalmente condizente a fama que os três carregavam, com os nomes frequentemente sendo usados nas revistas de fofocas e digitados na busca rápida do Google.

Sky Howard era a blogueira do momento. Não havia uma pessoa que cruzasse o olhar com o dela e não a reconhecesse das fotos do Instagram ou do seu blog pessoal, criado dois anos antes e que acumulava tantos prêmios quanto a estante de troféus de Cristiano Ronaldo ou Lionel Messi.

Com nove milhões de seguidores nas redes sociais e mais um generoso número de acompanhantes do seu blog, todos os presentes queriam vê-la in persona. Checar se o cabelo dela era tão loiro quanto nas fotos, se suas unhas eram tão bem feitas quando pareciam nos posts e se sua pele era mesmo brilhosa como se parecia pelos Candids feitos pelas ruas de Nova Iorque.

Noventa e nove por cento das pessoas não ficavam desapontadas quando a conheciam pessoalmente, apesar de fugirem dos olhos escuros que pareciam a uma ponto de destroçá-los apenas com um olhar.

Ao seu lado estava Gale Langbroek.

O loiro tinha um rosto menos conhecido que o dela, mas um nome tão famoso quanto. A música que tocava na maior altura pelo sistema de som da festa tinha seu nome nos créditos e a quantidade de segundos olhares femininos que ele recebia era assustador.

Talvez fosse pelo seu porte atlético, pelo seus poucos cachinhos loiros bagunçados, seu maxilar marcado ou pelo charme norueguês que ele sempre dizia ser herdado da sua mãe. Com um pouco mais de proximidade, talvez fosse pelo ambiente gélido que rondava o jovem e estourado DJ, escalado para os maiores festivais de música do país e com o histórico de parcerias mais desejado dos últimos anos.

Do outro lado, Mika Lavoei.

Iniciante de frente as câmeras, mas experiente e talentosa por trás delas. Seu nome era colocado de lado ao de grandes lendas quando se tratava de fotografia e sua influência era tão grande que seus contratos iam da semana de moda de Nova Iorque até um editorial completo da Vogue. Não havia uma pessoa sequer que não a questionasse o motivo dela ter escolhido ficar atrás das câmeras enquanto tinha uma beleza estonteante para estar de frente a elas, totalmente evidenciada pela pouca maquiagem que usava em cima da pele negra e da naturalidade dos seus cabelos cacheados.

Os três eram completamente diferentes, mas tinham a sorte de se encontrarem no mundo vasto da fama e pelas calçadas de Manhattan. A notoriedade dos seus nomes explicavam os segundos e terceiros olhares que recebiam enquanto andavam pela festa, tão comuns que eles nem mesmo os percebiam.

Ter a vida deles era quase como andar frequentemente embaixo dos holofotes.

— Eu achei que você estivesse trabalhando hoje — Sky comentou assim que os três pararam de frente ao bar, pegando uma taça de Champagne de um garçom apressado. — A atração da noite ou algo assim.

— Eu sou e eu estou trabalhando, mas eu só começo depois do discurso de abertura da família Marlowe e da apresentação da Orquestra — Gale explicou, agradecendo com um pequeno sorriso assim que um garçom entregou uma taça a ele. — O que seria o trabalho sem um pouco de diversão, ugh?

Levantou a taça em direção as duas mulheres antes de levá-la aos lábios, fazendo Sky rir e Mika rolar os olhos antes de focar sua atenção em encontrar mais alguns conhecidos no lugar.

Sky fez o mesmo, se esforçando para encontrar um rosto conhecido no meio da inauguração, se contentando em trocar rápidos sorrisos com pessoas que ela definitivamente já tinha visto uma vez ou outra no seu feed do Instagram.

Quando era menor, Sky sempre se perguntava o que acontecia por trás das cercas altas que rodeavam os lugares escolhidos para festas famosas ou inaugurações imperdíveis para quem estivesse debaixo dos holofotes.

A pequena Skylar jurou a si mesma que um dia seria ela ali, dando entrevistas na entrada sobre o que vestia, sendo alvo dos incontáveis flashes e tomando goles pequenos de Champagne, sua bebida menos favorita desde que tinha feito idade suficiente para comprar álcool legalmente, em taças de cristal.

Alguns anos depois, ela sabia exatamente o que acontecia naquelas festas, já que tinha perdido a conta de quantos convites haviam chegado pelo seu correio.

Em suma, você se diverte com os falsos elogios de pessoas que vão te criticar assim que você der as costas a elas, experimenta aperitivos desconhecidos e oferece sorrisos para todo mundo que cruzar a sua frente. Se der sorte, haverá algum DJ famoso que vai animar a pista de dança quando passar das três da manhã e o álcool já tiver feito o seu efeito. No meio, provavelmente um discurso chato que permite ao convidado checar todas as redes sociais, atualizar as suas com algumas fotos e jogar seu nome na busca do Google para saber exatamente o que falam sobre você.

Sky tinha que admitir que tudo parecia bem mais legal quando ela tinha doze anos e uma imaginação criativa. Com vinte e seis, ela sabia que era tudo sobre aparências e conversas fúteis.

E aquela era a sua vida, não que ela estivesse reclamando.

— Eles fizeram uma bela festa, não é mesmo? — Mika falou, arqueando as sobrancelhas. — Eu vi garrafas de Dom e Grey Goose, acho que iremos nos divertir o suficiente.

— A família tem mania de grandeza — Gale comentou sem realmente pensar nas palavras que saiam de sua boca, de uma forma que elas pareciam azedas a ele. — Com cada pequeno detalhe. Não sei porque você está surpresa.

— Eu não estou — Mika retrucou, empurrando-o levemente. — Por que você parece tão emburrado? Esse não é o clima de uma festa.

Sky concordou silenciosamente, tomando mais um gole do seu Champagne enquanto via Gale dar de ombros antes de voltar a falar.

— Eu estudei com o filho mais novo de James Marlowe — explicou, sem olhar diretamente para nenhuma das mulheres a sua frente. — Ele é um cara bom. Seu pai, pelo contrário, estava a um ponto de deixá-lo maluco naquela época, então é meio estranho tocar para ele e celebrar a união da família perfeita hoje.

Havia não apenas um pingo, mas um litro de repulsa no tom dele quando terminou de falar. Sky arqueou as sobrancelhas em surpresa, sabendo que a situação deveria ser realmente bem complicada para Gale fazer um comentário daqueles.

— Por que você aceitou tocar, então? — Sky questionou, juntando as sobrancelhas. — Você nunca faz o que não quer.

— Eu não aceitaria, mas foi um pedido de um amigo.

— Deve ser um bom amigo para você aceitar fazer isso — Mika comentou, bebendo mais um gole do seu copo. — De qualquer forma, o cara é um babaca mas nós temos taças de Dom e doses de Grey Goose aqui então nós podemos nos focar nisso e esquecer de tudo mais? Essa é provavelmente a festa do ano.

Sky e Gale trocaram um longo olhar antes que Mika pudesse sorrir, deixando sua taça na bandeja de um garçom que passava com pressa e abraçando o pescoço dos dois amigos, guiando-os para onde ela sabia que estava localizada a mesa dos três.

E ela estava certíssima quando falara que aquela seria a festa do ano, cravando a estrela dourada da família Marlowe no meio da quinta avenida, eternizando aquele dia como uma festa perfeita que fora produzida meticulosamente para ser assim.

•••

Foram necessários três músicas, trinta minutos de apresentação da Orquestra Philharmonic de Nova Iorque e três discursos da família Marlowe para que Gale Langbroek fosse chamado para subir no palco.

Ele se despediu com um beijo na bochecha das duas mulheres que estavam ao seu lado, sendo idolatrado assim que se fez visível aos convidados do evento. Não havia dúvidas de que ele era um dos maiores sucessos musicais dos últimos dois anos e sua calma invejável contribuia para que ele sempre se mantivesse no topo.

Não demorou muito para que Sky pedisse licença e deixasse a mesa que dividia com Mika, com a desculpa de que precisava de um drink.

Ela, noventa por cento das vezes, adorava receber atenção. Adorava que os homens não conseguiam desviar os olhos do seu sorriso perfeitamente alinhado e da bajulação gratuita que a seguia por todo lugar.

Naquela ocasião especial, ela estava completamente incomodada com a forma que os homens que tinham sido apresentados por Mika a olhavam, em um misto de admiração e superioridade que a enojava.

Além de claro, se parecer como se estivesse de frente ao cartão dourado que garantiria a eles os holofotes das câmeras que eles pareciam tanto ansiar.

Margarita, por favor — ela murmurou para um garçom que passou pela sua frente, aproveitando o momento tranquilo para retirar o celular da clutch que carregava e checar suas redes sociais.

Perdeu de três a cinco minutos ali, e foi só depois de enjoar do seu feed do Instagram, que se resumia a pessoas que ela já havia cumprimentado na festa, que ela percebeu que a bebida ainda não estava em sua frente.

Apoiou seus cotovelos no balcão, ficando nas pontas dos pés do salto que usava para que pudesse ficar ainda mais alta e se fazer visível.

Sky até poderia aceitar que sem seus saltos era fácil passar despercebido pela loira de 1,60. Mas isso não era desculpa, partindo do pressuposto de que ela estava, pelo menos, quinze centímetros mais alta enquanto calçava maravilhosos Louboutins que acabariam com os dedos dela até o final da noite.

Excuse me, eu pedi por uma Margarita e... — ela tentou falar uma segunda vez, mas o outro homem também passou por ela como se não houvesse ninguém ali.

Desejou que tivesse pelo menos um terço da atenção que recebia na mesa que estava sentada no bar, puxando uma grande lufada de ar para dentro de seus pulmões para que pudesse colocar sua cabeça no lugar, seguindo praticamente todas as instruções que recebera nas suas aulas de yoga.

Mas não havia paciência o suficiente para uma mulher que estava morrendo por uma Margarita.

Era mais ou menos como pedir que ela ficasse calma em uma grande liquidação da Yves Saint Laurent. Ou que guardasse seus cartões em um lançamento da coleção de outono da Chanel.

— O que aconteceu com todos os garçons dessa festa? — Sky grunhiu, apoiando-se no balcão do bar. — Oi? Alguém pode me atender, por favor? Uma Margarita não é pedir muito, pelo amor de Deus.

Ela nem sequer percebeu, mas seu braço encostava no ombro de um homem que tinha o olhar perdido nas garrafas que enfeitavam a parede oposta aos dois e se divertia com o pequeno escândalo que ela armava.

Como se aquilo fosse o ponto alto da sua noite.

— Que péssimo atendimento — continuou, puxando o ar para voltar a falar. — Será que alguém...

Antes que ela pudesse continuar, o homem que estava ao seu lado empurrou a taça de vidro preenchida por uma bebida desconhecida para frente dela, apertando as têmporas.

— Pegue — murmurou, sem levar o olhar a ela. — Whisky. Os garçons estão todos ocupados e isso é o máximo que você vai conseguir agora.

Sky arqueou as sobrancelhas, parte confusa e a outra incomodada, e resolveu sentar-se no banco de estofado preto que estava vazio ali. Apoiou seus dois cotovelos no balcão, dando uma boa e demorada olhada no homem ao seu lado.

Ele chamava atenção.

E Deus, como ela sabia que Mika teria um comentário afiado na ponta da língua se estivesse do seu lado. Provavelmente perguntaria como aquele homem conseguia sua atenção depois de todos os outros que ela tinha cumprimentado pela noite.

Mas que estava a diferença.

Ele não tinha um topete perfeitamente penteado e molhado de gel como noventa por cento dos homens ali, nem usava barba como os famosos do Instagram. Na verdade, ela desconfiara que ele só tinha passado os dedos pelos fios escuros quando saíra do banho e a barba rala que preenchia seu rosto se parecia como falta de tempo.

E, no milésimo instante que ele resolveu se virar para olhá-la, Sky conheceu os olhos azuis escuros que, naquela iluminação, se pareciam com duas pedras de ônix.

Não conseguirá desviar sua atenção da figura dele a partir daquele momento.

Só se questionava o que ele fazia ali, parecendo estar completamente fora da sua zona de conforto, bêbado demais para manter os olhos completamente abertos, mas sóbrio o suficiente para manter sua boca fechada após um bom número de copos de Whisky.

— Não vai beber? — ele questionou, apontando para o copo que estava entre os braços da mulher.

— Não sou uma grande fã de whisky — Sky respondeu, escorregando o copo novamente para a frente dele. — Mas obrigada, de qualquer forma.

O homem deu de ombros, olhando por alguns instantes para o desenho no copo e os gelos que flutuavam no líquido antes de levantar o braço.

Skylar pensou em adverti-lo que tinha feito isso pelos últimos minutos e não recebera nem um segundo olhar dos garçons que a tratavam como um fantasma, mas assim que Ben fizera, um dos bartenders do bar parou em sua frente.

— Mais, Ben? — perguntou, fazendo Sky cruzar os braços em irritação. — Não acha que já está bom pela noite?

— Não é para mim, Jason — respondeu, mostrando o copo ainda cheio. — Ela quer uma Margarita. Pode ser?

O tom usado na conversa fez com que Sky percebesse que havia uma relação de amizade entre os dois, principalmente levando em conta o pequeno aceno em concordância que ele deu, sem levar o olhar para ela por nem um segundo.

Definitivamente não estava acostumada.

— Qual é o segredo? Eles nem me olharam quando eu chamei... — murmurou, assistindo um pequeno sorriso aparecer nos lábios de Ben, como o garçom o chamara. — Não ria, você me viu aqui pelos últimos dez minutos e não fez nada. Poderia ter evitado isso se tivesse me ajudado mais cedo.

— Eu vou levar isso como um 'obrigada'. Por nada.

As bochechas dela ficaram vermelhas, e não sabia dizer se era de vergonha ou irritação. Desviou o olhar de Ben, apoiando a mão no queixo e esperando sua bebida em silêncio enquanto sua mente estava a mil.

Ele nem sequer tinha olhado duas vezes para ela e, no momento, Sky não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim.

Enquanto todas as atenções estavam em Gale, que agitava a festa do palco, ela aproveitou para se sentar em uma das cadeiras altas do bar, percebendo que não havia ninguém ali além dela e do homem calado ao seu lado.

Pode descansar os pés que já latejavam pelo salto, tendo plena certeza que quem dissera que Louboutins eram confortáveis era um grande mentiroso. Tirou o espelhinho da bolsa para checar a sua maquiagem, esfregando os lábios para espalhar o batom que ainda estava intacto e dar uma segunda olhada nos seus cabelos.

Suas bochechas doíam do sorriso forçado que ela exibia desde o primeiro momento que pisou no tapete vermelho e ela estava aliviada que não havia ninguém ao seu redor para que ela precisasse fingir que era a pessoa mais sorridente da face da Terra. Era bom descansar os pés, as bochechas e não precisar fingir perfeição para todos que estavam ao seu redor.

— Você parece à beira de um colapso nervoso — o homem falou, sem realmente encarar Sky. — Deveria respirar um pouco.

Sky não conseguiu evitar a expressão de surpresa que surgiu em seu rosto, pigarreando alto em seguida. Não era como se alguém pudesse enxergar suas olheiras arroxeadas por trás da maquiagem cara que ela tinha no rosto, resultantes de noite mal dormidas em prol a várias reuniões de negócios espalhadas por mais cidades do que ela poderia nomear.

Todos ao encontrá-la, tinham elogiado seu cabelo loiro perfeitamente domado em cachos naturais ou dito como ela parecia mais bronzeada após suas férias de verão.

Ben pareceu ter enxergado mais que isso.

— Só cansada — admitiu, ainda sem ganhar a atenção do homem ao seu lado, dando um rápido gole na bebida vermelha que tinha recebido. — Não acredito que tenhamos sido apresentados antes, sou Sky Howard.

Não que ela achasse que ele não a conhecia, mas preferiu pela cordialidade e se sentiu levemente frustrada ao observar que o semblante dele não se alterou. Não que ela estivesse esperando uma comemoração ou algo do tipo, mas se sentiria vitoriosa com um meio sorriso.

O que, obviamente, não recebeu.

— Benjamin Elliot. Ou a pior companhia possível que você pode ter para essa festa. Cheers?

Ele levantou o copo de Whisky em direção a ela assim que a Margarita fora posta em sua frente no balcão, fazendo Sky deixar um sorriso escapar dos lábios antes de brindar com ele.

Não iria massagear seu ego, mas seu sarcasmo era infinitas vezes mais agradável que a companhia que ela tinha previamente.

— A pior companhia possível para se ter sóbria — Sky completou a fala dele, tirando o copo de Whisky das suas mãos e tomando um gole.

— Achei que não gostasse — Ben comentou, com um sorriso vacilante nos lábios que a fez sorrir junto.

— Eu acho que preciso de algo mais forte que minha Margarita por agora.

Ben se limitou a sorrir, vendo-a tomar mais um grande gole do seu copo antes de devolvê-lo, fazendo uma careta antes de beber um pouco da sua própria bebida.

O silêncio que seguia parecia extremamente cômodo para quem desejava, pela primeira vez em muito tempo, estar no seu apartamento, debaixo de grossos lençóis e com todas as cortinas fechadas.

Queria tirar os sapatos que machucavam seus pés, se livrar do vestido que apertava seu corpo e os malditos grampos que tinham colocado em seus cabelos.

Mas, acima disso, queria conhecer Benjamin Elliot e sua dose pura de sarcasmo.

Well, eu não acredito que alguém venha a uma festa desse tipo com o objetivo de ficar tão íntimo do bartender que ele sabe seu nome — Sky quebrou o silêncio, virando-se até ficar de frente a Ben. — Então o que te traz aqui?

— Trabalho, basicamente — Benjamin respondeu, fitando o nada a sua frente. — E você se surpreenderia na quantidade de festas que eu fui com esse mesmo intuito. O bartender é uma das melhores companhias para a noite, Sky.

Ela não percebeu de primeira, mas adorou como seu nome soou com o sotaque indiscutivelmente inglês e não se conteve em estudar o rosto do homem ao seu lado.

Ben podia sentir o olhar dela queimar em si, de uma maneira que o fazia ter vontade de retirar o smoking que vestia por cima da camisa branca e se livrar da gravata borboleta que parecia deixá-lo sem ar.

Depois de algum tempo assim, ele deu o braço a torcer pela sua curiosidade e olhou diretamente para a mulher ao seu lado, que ganhou cor nas bochechas assim que percebeu que havia sido pega no flagra.

Ele deixou que seu olhar viajasse pelos braços dela até chegar em seu nariz empinado, suas bochechas bem marcadas com blush e os fios dourados que escapavam do coque que prendia seu cabelo.

— E você? Qual sua desculpa para estar acompanhando um cara que passou metade da festa encarando as bebidas e provando cada uma delas?

As bochechas de Ben levantaram em um pequeno sorriso que Sky pode perceber pelo canto do olhar, sorrindo minimamente ao alcançar o seu objetivo secreto de retirar o semblante pesado que ele tinha.

— Trabalho, basicamente — ela o copiou, sorrindo em seguida. — Eu não poderia deixar de vir, mas não consigo lembrar da última vez que dormi por doze horas seguidas. Invejo todos que estão na pista de dança, mas só o pensamento de levantar daqui me causa dor.

— Você poderia deixar de vir — Ben falou, voltando o olhar para ela. — Se você não está se sentindo bem para ir a uma festa, não vá. Cuide um pouco de si mesma antes disso.

Aquelas eram palavras que Skylar já tinha escutado uma vez ou outra de Mika e Gale, que sabiam exatamente quantas horas por noite ela dormia e quanto tempo ela dedicava ao seu blog pessoal e aos trabalhos que fazia. Enquanto todos achavam que era fácil postar algumas fotos e ganhar muito com isso, Sky dedicava quase vinte horas do seu dia para trazer um conteúdo interessante que continuasse a atrair visitantes de todo mundo.

— Isso é um conselho?

— Se servir...

Ben levou o copo mais uma vezes ao lábios enquanto Sky continuava com os olhos presos em seus feições, deixando que um grande sorriso escapasse dos seus lábios ao receber aquelas palavras gentis que alguém que não a conhecia.

— Serve... E eu acho que pra você também, não parece divertido passar o resto da noite aqui sozinho — murmurou baixinho, sorrindo amigavelmente antes de terminar a bebida que restava em seu copo em apenas um gole. — Então acho que o mais lógico seria que nós dois nos levantássemos e fossemos para casa.

— Palavras sábias.

Só aplicando o seu conselho sábio.

Ben assentiu minimamente com as palavras dela antes de levantar-se da cadeira que estava sentado, oferecendo a mão para que Sky pudesse fazer o mesmo. Ela aceitou a mão dele sem pensar duas vezes, sorrindo em agradecimento assim que se colocou em pé.

Ficaram frente a frente e foi apenas nesse momento que o silêncio ficou completamente desagradável entre os dois. Sky só sabia olhar para os olhos azuis dele e para as pequenas ruguinhas no canto deles, provavelmente de sorrir. Até desejou que ele fizesse isso, apenas para confirmar sua hipótese.

— Essa é a nossa deixa — Sky falou, pigarreando para sua voz soar mais firme. — Foi um prazer.

Benjamin apenas assentiu e sorriu, sem precisar usar nenhuma palavra para fazer Skylar entendeu que também tinha sido bom para ele.

Ele deixou que ela andasse na frente, com uma das mãos segurando o tecido do vestido longo que por pouco não encostava no chão. Podia observar as sandálias altíssimas dela e sua mente confusa pelo álcool parecia formar três imagens simultâneas da mulher.

Skylar Howard parecia tão confiante enquanto andava que assustava qualquer um que cruzava o seu caminho. Ele, mesmo sem ver seu rosto, podia apostar que ela estava séria, com o olhar afiado que parecia cortar o ar a sua frente.

Ela assustaria qualquer um, mas não ele.

Não Benjamin Elliot que era terrível para lidar com seus próprios problemas, mas um detetive nato para identificar os dos outros. E sentado naquele bar com a companhia mais inusitada da vida para aquela festa, ele tinha visto mais que a garota de ouro que tinha uma vida dos sonhos em Nova Iorque.

Porque era o que ele gostaria que acontecesse com as pessoas com quem cruzasse em sua vida, definida por carregar um nome que ele nunca escolhera ter.

Para o inferno seu pai e seu discurso moralista que seria o ponto alto da noite, com direito a uma fotografia cheia de sorrisos amarelos de uma das famílias com o nome mais forte de Nova Iorque. Não estava escrito no contrato que ele assinara para produzir a festa que ele deveria assistir o circo que James Marlowe provavelmente criaria em mais uma inauguração.

Por isso se levantou logo atrás de Sky, atravessando a festa no encalço dela quando percebeu um passo em falso dado pela loira bem em sua frente.

Primeiro ele pensou que tinha sido pelos enormes saltos que ela usava, mas assim que a segurou por um dos cotovelos percebeu que todo o corpo dela estava despencando sem um pingo de força para se levantar.

Passou o outro braço pela cintura da loira, suspendendo-a no ar e percebendo que ela estava completamente desacordada em seu colo, checando o pulso radial com uma das mãos e verificando se a sua respiração estava regular, ações aprendidas em aulas de primeiros socorros que ele tivera alguma vez na vida.

Olhou para suas feições relaxada de Sky e suspirou pesadamente, traçando o caminho até a saída de emergência do local de festa que ele sabia que não estaria rodeada de fotógrafos.

Ben tinha imaginado milhares de finais terríveis para aquela noite em família que parecia fadada ao fracasso, mas dividir um táxi com a garota de ouro de NY desacordada em seus braços não era nem de longe um desses.


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