A Tempo [completa]

By JulietGeorgia

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A tempo. Locução musical que significa devolver uma peça ao andamento inicial, depois de aceleração ou retard... More

One Shot to the Brain
Right Back at the Eye of the Storm
Welcome to Breaktown
I Don't Even Know Her Name
Don't Go Saying That You're Ok
The Sky Is Falling All Over Again
And I Waited for You (Conteúdo Adulto)
I Feel the Heat on the Rise (Conteúdo Adulto)
Until the Sun Falls from the Sky
Can't Stop, Can't Break
Do You Want to Be My Own?
Here We Go Around Again
Dive into the Endless Dark and Deep
The Fabric Is about to Fray
A Little Back and Forth Lately
Don't Go Telling Me Lies Tonight
Go If You Wanna Go (Conteúdo Adulto)
Tell Me that You Love Me
The Passion's Burning High (Conteúdo Adulto)
The Day that Our Love Died
It Must Be the End of the Road
You and Me and Us and Now

We Can Dance All Night

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By JulietGeorgia

Estou parada há meia hora na frente do espelho, esperando que o zíper do meu vestido suba sozinho. Ele é preto, godê, com um grande laço branco preso atrás da cintura. A decoração do casamento vai ser inteira em preto e branco.

Exatamente como a minha situação agora.

Se tenho alguma sorte nisso tudo, é o fato de Paul estar tão escolado na matéria "Trauma de Pittsburgh" que nem cogita em me confrontar sobre o assunto Taylor. Deve ser a única coisa boa de me comportado como essa louca, transtornada e histérica por quase dez anos. O máximo que ele fez foi jogar alguns verdes, tentando descobrir sobre o que estávamos conversando quando ele chegou. Dei zero audiência para essa tentativa, e Paul desistiu. O que acho maravilhoso, pois está suficientemente complicado lidar com a bola de basquete que se instalou na boca do meu estômago e não me deixa mais comer ou respirar direito.

O jantar de ontem à noite, o tradicional jantar do ensaio de casamento, foi um tormento sem fim. Enquanto tentava dar a menor atenção possível a Paul, cuja face já não consigo mais olhar sem ter enjoo, coitado, precisava conter minha tristeza pelo jeito como Taylor me tratava, alternando indiferença e desprezo. Pensando agora, prefiro o desprezo, porque significa que ele ainda sente alguma coisa, qualquer coisa.

Estou repassando alguma memória do evento da noite, parada como uma estátua, com as costas de fora, quando Jake entra inadvertidamente no quarto.

_ Layla! Desculpa!

Ele tampa os olhos e vai saindo.

_ Ei, Jake. Me ajuda com esse zíper, por favor.

Eu escuto como minha voz sair monótona e baixa, como uma gravação de mim mesma. E ele parece perceber também. Eu não sei o quanto Taylor contou pra ele dos últimos acontecimentos ou se contou alguma coisa. Não me importa, eu só quero a ajuda dele porque preciso diminuir o contato entre eu e Paul. O pensamento da mão do meu noivo _me contorço ao pensar nisso_ fechando meu vestido me dá ânsia. Me sinto uma pessoa horrível. Eu devo ser mesmo pavorosa por dentro. Pobre Paul, está sendo traído das piores formas possíveis, e eu fazendo pouco-caso dele.

Jake se aproxima e sobe o fecho. As mãos dele são assustadoramente grandes, mas delicadas. _Pronto. Você está linda, Lay. - ele aperta meu ombro de leve.

Sinto a cachoeira se formar na beira dos meus olhos, mas me recuso a fazer isso com Jake. Ele vai se casar em cerca de uma hora, e eu não tenho esse direito. Engulo o choro e sorrio. _ Você está maravilhoso! Estou tão feliz por vocês.

Graças a Deus, vou com Ellie e não Paul para o local da cerimônia. Ela, sensacional e generosa, tenta falar comigo sobre tudo o que está acontecendo, mas não deixo. Me proibi de fazer isso com ela.

A cerimônia é linda. Ela está incrível, Jake chora como uma manteiga derretida. Taylor é a visão mais bonita que já presenciei em um altar. Ele olha pra mim uma vez só, na troca das alianças. Tem algo de dor no olhar dele, mas quem desvia o rosto sou eu, pois lembro que ele mesmo já passou por esse momento e não foi comigo. Esse pensamento me mata um pouco. Apenas na hora dos cumprimentos, me permito chorar. As lágrimas se dividem entre a felicidade pela minha melhor amiga, que merece tudo de mais maravilhoso que a vida pode oferecer, e a sensação de que nosso amor é impossível e acabou. De novo.

Durante a primeira hora e meia da recepção, medito e reflito comigo mesma sobre o que posso fazer. Terminar com Paul e dar um escândalo a essa altura não é mais uma opção, meus amigos não precisam disso. Decido tentar colocar em prática meus dotes de atriz e ser o mais simpática e animada que conseguir. Não vai ser muito, mas vai ter que servir. Assim que sair dessa cidade horrível, vou colocar minha vida no lugar. Terminarei esse embuste de noivado e seguirei em frente, do jeito que der.

Estou olhando distraída para a taça de champanhe que acabou de ser cheia e para a bandeirola amarela dos Pittsburgh Steelers que há na mesa dos noivos. Jake é louco por futebol americano e exigiu alguma coisa do seu time do coração na cerimônia. Segundo o script, vamos ouvir os votos dos dois e brindar. Mas é a voz dele que eu escuto. Minha espinha se endireita, eu me arrepio.

_ Queria fazer um brinde. - aplausos. - Prometo que serei muito breve. Mas meu irmão Jake merece minhas palavras. - mais aplausos. Ele pigarreia e respira fundo. - Eu só... - ele hesita, eu seguro a respiração. - Só queria dizer que sou um cético. Eu sou. Mas casais como vocês, Jake e Ellie, me fazem acreditar que, em alguns casos, o amor existe e é isso tudo que dizem. Saúde! - ele levanta a taça.

Eu praticamente não consigo mover meu braço para o brinde. Alguns casos. Não o nosso, claramente. Me sinto rachar e quebrar. Fica muito óbvio para mim que a única coisa que manteve minha sanidade nesse tempo todo foi o ódio que criei dele. Quero esse ódio de volta, mas não sei mais nem onde procurar. Estou derrotada, e é esse fracasso que me dá a clareza doída de que a minha fraqueza foi parcialmente responsável pela nossa separação.

Eleanor e Jake dançam apaixonados na pista. Taylor tem razão, eles são o exemplo mais bonito de sucesso amoroso que eu conheço. Antes que consiga raciocinar, já está na hora da dança dos padrinhos. Eu me levanto. Não estou preparada para dançar com ele.

Taylor anda na minha direção e estende a mão para mim. Não olho para ele. O toque das nossas palmas coincide com os primeiros acordes da música. E eu sou acometida pela coragem que não tive tantos anos antes. Eu quero lutar por esse amor, e não vê-lo desmoronar como um castelo de areia. Outra vez. Taylor passa a mão pela minha cintura. Ergue minha mão direita com sua esquerda. Descanso meus dedos no seu ombro.

We have both been here before
Knockin' upon love's door
Begging for someone to let us in

Não somos bons dançarinos, apenas nos mexemos ao som da música, uma canção melancólica que eu ajudei a escolher e agora me arrependo.

Mas eu tomo uma decisão. Eu tenho dois minutos, se tanto. Escorrego a mão que repousa na sua clavícula para o lado e o trago pelo ombro para mais perto de mim. Sinto o corpo de Taylor retesar e, então, relaxar, como se quisesse se acostumar à nossa proximidade.

_ Tay... - eu começo e espero que ele proteste, mas ele não faz nada. - Eu te amava. Eu nunca amei ninguém assim. Mas eu admito que não tive forças para lutar pela gente.

_ Não coloca nas suas costas uma coisa que você não podia controlar.

Knowing this we can agree to keep each other company
Never to go down that road again
My beloved one, my beloved one

A compreensão dele me atinge como um trem. _ Eu queria ter podido.

_ A gente não pode controlar tudo, Lay. As coisas acontecem.

Ele diz isso, e eu sei que está fazendo um mea-culpa, novamente, pela morte do meu irmão.

_ Eu coloquei em você um peso impossível. Sinto muito não ter acordado a tempo, muito.

_ Eu não sei o que você quer que eu diga.

_ Eu fui atrás de você, Tay.

Ele olha pra baixo, sem acreditar, acho. _ O quê? Quando?

Your eyes shine through me
You are so divine to me
Your heart has a home in mine

_ Você se lembra daquela noite que dormimos juntos, depois que terminamos?

Ele volta a fitar o horizonte, mas seus dedos se espalham pela minha lombar e ele me puxa mais para perto quase que imperceptivelmente. _ É impossível esquecer.

Eu dou uma risadinha e coloco seu cabelo atrás da orelha. Não tenho mais o menor pudor. Não quero saber se 249 pessoas, mais Paul, estão olhando o que estou fazendo.

_ Uns dois meses depois, eu fui atrás de você.

We won't have to say a word
With a touch all shall be heard
When I search my heart it's you I find
My beloved one, my beloved one, my beloved one

_ Como assim, Layla? Nós nunca mais nos vimos depois daquilo. Do que você está falando?

É agora. É o momento em que eu acabo com tudo. Comigo, com ele, com tudo. Tomo fôlego.

_ Eu tinha decidido que a gente devia tentar. Mas você estava com outra pessoa.

You were meant for me, I believe you were sent to me from a dream straight into
To my arms
Hold your body close to me
You mean the most to me

Ele olha para mim com uma careta de incompreensão. _ Outra pessoa? Eu não tive outra pessoa até meses depois de você desaparecer sem avisar ninguém!

_ Mas você estava com outra pessoa. Eu vi.

_ Eu nunca te traí, Layla. Nunca.

_ Eu não estou falando que foi traição. Disse que te vi com outra pessoa. E aquilo acabou comigo.

We will keep each other safe from harm
My beloved one, my beloved one, my beloved one

A música termina, e Taylor perde a paciência. Ele me solta e para na minha frente, com um olhar acusatório. _ Você tinha terminado comigo! Você tinha partido meu coração. E eu nem sei o que é isso que você está falando.

  O ódio. Uma pontinha dele nasce de novo bem no vazio do meu ventre. Como ele ousa achar que eu ia inventar uma coisa dessas. 

_ Eu não ia mentir sobre isso!

Como eu ia mentir sobre o que quase me matou?

_ Eu cansei. Você vai me contar o que aconteceu. E vai ser agora.

Eu não espero que ele aja assim. Meu Taylor, tão contido e gentil, não faria isso. Mas aquele Taylor está perturbado. Ele agarra meu braço e me arrasta entre as pessoas até a área do banheiro, que, por sorte, está vazia. Taylor me solta com força e eu olho incrédula para a marca vermelha que ele deixou. Não machucou nem doeu. A marca é leve. Mas não consigo acreditar que ele tenha feito aquilo. Pior, que eu tenha gostado daquilo. Estou definitivamente maluca. Nada mais faz o menor sentido.

_ Vai, Layla. Fala. Que história é essa de outra pessoa?

Foda-se. Vai ter que ser agora.

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