Série Corações Feridos: Não m...

By RayhBennett

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VOLUME IV Para melhor entendimento, aconselho ler: 1 - Corações Feridos; 2 - Você nunca estará só; 3 - O seu... More

Não me esqueça
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Catorze
Quinze
Novidades
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
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Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Epílogo

Sete

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By RayhBennett

Melissa

Os últimos meses podem ser resumidos em uma única palavra: trágicos. Coisas ruins acontecendo sem parar e assustando todo mundo. Primeiro o acidente de Valentina, que acabou lhe roubando todos os seus sonhos de se tornar uma grande bailarina. Aquele dia foi a primeira vez que vi Jeremy chorando e o medo estampado em seus olhos. E após saber como ele a tinha visto, eu compreendia perfeitamente o seu desespero. Ali não era o doutor que estava presente e sim o homem que temia perder a mulher amada.

Felizmente, dos males, Valentina sofreu um dos menores e não corre nenhum risco de vida. Só desejo que ela se recupere o mais rápido possível e volte a ser a menina cheia de vida que sempre foi. Posso não saber como ela se sente por não poder mais dançar profissionalmente, todavia, imagino como me sentiria se não pudesse mais operar um paciente. É angustiante a sensação de impotência e só o tempo para cicatrizar as feridas visíveis e invisíveis. Mas como seu próprio nome sugere, Valentina é forte e dará a volta por cima.

O outro que nos deu um grande susto foi o tio Damon. O infarto que ele sofreu, quase causa um ataque em toda a família. O estresse e o sedentarismo foram os principais agravantes de seu estado de saúde. Eu tive tanto medo quando soube que ele tinha sido internado por causa de um ataque cardíaco. Tio Damon é como um segundo pai, um grande amigo, aquele que sempre me deu os melhores conselhos e me meteu em grandes encrencas por causa de suas invenções nada convencionais. Por culpa dele, ganhei meu primeiro grande castigo aos oito anos de idade. Tudo porque puxei a peruca de um cliente baixinho e barrigudo, que estava querendo comprar um prédio que tio Kai estava vendendo na época. Tio Damon tinha dito que o homem usava uma peruca e eu fiquei curiosa para ver se a cabeça dele brilhava, então, na minha inocência de criança, puxei a peruca loira e ainda gritei:

"É igual a do Marinheiro Popeye." Foi uma confusão sem tamanho. O homem gritando impropérios, papai morrendo de vergonha, tio Kai tentando acalmar os ânimos e eu achando engraçado o ataque do senhor com sua careca brilhante.

No final, a empresa perdeu um importante cliente, tio Kai não pareceu se importar muito, já que depois, escondido do papai, me pagou um sorvete de morango. Já papai, me deu um sermão daqueles e o pior castigo de todo o universo. Foi tão cruel, que até vovô Giuseppe teve pena e tentou me consolar, o que não surgiu muito efeito, pois, tudo o que eu queria era brincar com meu melhor amigo e depois de quatro dias de castigo, eu estava tão triste, que tive febre emocional e só melhorei quando papai apareceu com Gabriel em meu quarto.

Porém, quem acha que aprendi com isso, está redondamente enganado, porque graças a tio Damon e suas colocações nada convencionais, perguntei à uma irmã do vovô Giuseppe, porque a chamavam de viúva negra. A mulher virou uma fera, bradou aos quatro ventos que eu era uma mal-educada, insolente e que deveria estar em um colégio interno para meninas, pois quando crescesse, eu me tornaria uma desordeira sem o menor senso de respeito pelos mais velhos.

Só anos depois compreendi que o apelido viúva negra, era por causa dos nove maridos, que tinha enterrado. No total, ela teve quinze maridos até falecer há quatro anos.

Arrasto-me pelos corredores do hospital sentindo-me um verdadeiro trapo humano, como se tivesse sido atropelada por um rolo compressor. A mochila pesa como se eu carregasse o mundo nas costas e sinto como se estivesse mesmo carregando. Qualquer um que trabalhe 24 horas seguidas em um hospital, tendo que atender casos atrás de casos, além de aguentar uma doutora Collins mais insuportável que o normal, gritando e lançando olhares mortais, estaria exatamente como estou.

A doutora Collins precisa de um namorado para derreter seu coração de gelo e fazê-la pegar fogo. Aposto que ela ficará menos rabugenta e muito feliz em dar uns amassos. Será que ela tem casos sem compromissos por aí? Duvido. Ela é muito intransigente para aceitar casos de uma noite só.

A mulher não fica feliz por nada e nem mesmo nos parabenizou por termos saído bem no Congresso de Chicago. Ela apenas nos lançou olhares de desdém antes de exigir que cada um fizesse um relatório minucioso de todas as tarefas desenvolvidas nas palestras em que participamos.

"Desculpe..." Peço assim que trombo em alguém e forço um sorriso ao me deparar com olhos azuis intimidades.

"Preste atenção por onde anda, garota." Doutor Davis esbraveja e segue seu caminho arrancando olhares e suspiros femininos.

Definitivamente, ele e a doutora Collins dariam um belo casal de azedos.

Agradeço o amado silêncio ao chegar em casa. Sem um pingo de coragem para nada, como apenas um misto quente com um copo de suco de laranja e após um banho quente, jogo-me em minha cama e instantaneamente caio em um sono profundo sem sonhos.

Acordo sete horas depois, apenas porque meu estômago resolveu protestar de fome e minha bexiga cheia reclamar exageradamente. Observo meu reflexo no espelho do banheiro e me acho tão cheia de olheiras e abatida. Meu cabelo está uma bagunça e se alguém entrasse no banheiro agora, poderia facilmente me confundir com A Loira do Banheiro em uma versão mais bonita.

Tomo outro banho para espantar a preguiça e passo meus amados cremes de pele. São os únicos mimos dos quais não abro mão, pois amo andar cheirosa. Se eu amo abraçar gente cheirosa, então, tenho que andar cheirosa para ser abraçada também. Tempos desses li no Facebook: Gaste menos com maquiagem e bebidas. Invista mais em desodorantes. Concordo perfeitamente com essa frase.

Visto meu roupão rosa, que mamãe nunca esquece de colocar amaciante de lavanda e saio do banheiro. Meus pés se prendem ao chão e levo as mãos à boca para impedir um grito ao vê-lo parado próximo à janela aberta, enquanto observa o céu de fim de tarde.

Está tão alto quanto eu me lembrava, os cabelos um pouco maiores e mais bagunçados que o normal. Quando ele se vira e abre aquele sorriso de covinhas nas bochechas tão conhecido, minhas pernas finalmente acordam e corro ao seu encontro. Gabriel me acolhe em um abraço apertado e sinto as lágrimas finalmente caírem.

Um mundo de emoções conflitantes me invade, porém, o alívio ao tê-lo de volta é infinitamente maior.

"Senão parar de chorar vai ficar tão murcha quanto um maracujá." Aperto ainda mais os meus braços ao seu redor quando Gabriel beija meus cabelos.

"Eu senti... tantas... saudades." Encosto a cabeça em seu peito e fecho os olhos. "Não faz... ideia de como... foi ruim... sem você aqui."

"Voltei para ficar Melissa." Ficamos abraçados por longos minutos e quando já estou mais calma, afasto-me de Gabriel. "É impressão minha ou você ficou mais pequena?"

"Você que não para de crescer. Parece que comeu fermento." Passo as mãos pelo meu rosto, na tentativa que enxugue mais rápido. "Quando chegou? Por que não me avisou? Isso não se faz, Gabriel Mikaelson. Sabia que meu coração é fraco e não aguenta emoções desse tipo? Eu poderia ter caído dura e você se sentiria culpado pelo resto da sua vida."

Gabriel ri alto e segura minhas mãos entre as suas. Elas são quentes e grandes como sempre foram, trazendo aquela conhecida sensação de segurança.

"Decidi fazer uma surpresa. Nem minha família sabia. Mamãe e Milena choraram. Gael não chorou, mas o longo abraço que me deu, mostrou o seu amor por mim." A lagartixa albina, como carinhosamente chamo aquele loirinho fofo, é um amor de rapaz. A garota que ganhar seu coração será muito abençoada. "Papai está só alegria. Quase não me deixou sair de casa. Só quando eu disse, que vinha te fazer uma surpresa, ele deixou."

"Ainda não consigo acreditar que está aqui depois de séculos. Não deve mais sumir pelo mundo e deixar a família assim... jogada para escanteio." Ganho um revirar de olhos e não me importo, porque estou muito feliz para pensar em qualquer outra coisa, que não seja no meu melhor amigo, aqui, pertinho de mim outra vez. "Temos tantas coisas para conversar."

Meu estômago ronca alto, lembrando-me da fome monstrousa que me acordou. Gabriel me lança um olhar engraçado e aponta para o meu closet.

Estou morrendo de fome. Acho que as lombrigas já estão comendo umas as outras. Só isso explica essa guerra em meu estômago.

Após vestir uma blusa vermelha e um short jeans qualquer, encontro Gabriel mexendo no celular. Pelo sorriso discreto, ele deve estar se divertindo com alguma coisa. Isso me lembra que meu celular deve estar jogado em algum canto do quarto no modo silencioso. Ethan com certeza vai me cobrar dez dólares para encontrá-lo facilmente. Meu querido irmãozinho é mestre quando o lance é conseguir me arrancar dinheiro.

Sobre a minha cama há uma grande caixa e corro rapidamente ao seu encontro ao perceber que é um presente.

"Não precisava se incomodar. Quero dizer, precisava sim. Sabe como eu amo ganhar presentes." Rasgo o bonito papel vermelho, ansiosa para saber o que ganhei.

"Quando vi, pensei imediatamente em você." Gabriel diz sentando ao meu lado. "Acho que agora você não terá mais a desculpa para perder suas coisas."

"Uau!" Maravilhada é como estou ao ver o encantador porta-jóias de um rosa delicado. Passo os dedos levemente pelas pequenas pedras brilhantes, que adornam as laterais e a tampa do porta-jóias. Por todos os detalhes, percebo, tratar-se de um peça artesanal. "É... lindo. Deve ter custado uma fortuna."

"É uma peça única e antiga. O vendedor disse que foi feita no século XIX por um pobre artesão, que apaixonou-se pela filha de um grande e poderoso burguês." Já posso até imaginar a linda história, na qual o casal deve ter fugido para viver um grande amor. Casaram e foram felizes até o final de suas vidas. "Deve estar fantasiando uma linda história de amor com final feliz. Mas não foi bem assim, porque o artesão foi assassinado uma semana depois de ter concluído a peça. Ele e a jovem estavam fugindo quando foram encontrados pelos capangas do noivo dela. Os dois foram mortos. No entanto, dizem que o porta-jóias foi feito com tanto amor, que no dia em que encontrar seus verdadeiros donos, eles se tornarão uma só alma."

"Nossa!" É a única coisa que consigo dizer. Uma história tão bonita e ao mesmo tempo tão triste; um amor brutalmente interrompido. "Vou cuidar muito bem dela." Prometo ao colocar a peça cuidadosamente sobre a cama. "Obrigada. Realmente adorei. Já falei que estou feliz por você ter voltado?"

"Dezenas de vezes." Gabriel me estende a mão e me puxa para ficar em pé. "Agora vamos matar o que está te matando. Dona Jenna estava terminando de preparar um daqueles deliciosos pães de ervas, que só ela sabe fazer." Meu estômago ronca alto mais uma vez ao sairmos do quarto e o cheiro de pão fresquinho invadir meu sentido olfativo. "Depois teremos uma importante e longa conversa senhorita Salvatore. Me contará exatamente o que aquele desgraçado fez, que estilhaçou seu coração."

Agora sim eu sei que Murilo estará terrivelmente encrencado. Não que eu ligue para aquele patife, quero mais que ele se ferre por toda a arrogância e egoísmo. Quem me preocupa é Gabriel. Conheço-o suficientemente bem para saber que por baixo de toda a camada de calmaria que ele carrega, quando se trata de defender as pessoas amadas, o lado negro do tio Klaus, meio que vem à superfície.

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porquê

Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi, vem dos meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Quem acolher o que ele tem e traz
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei
Vendo em você
Explicação
Nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

(Pra você guardei o amor)

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