Série Família de Marttino - L...

By MnicaCristina140

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As garotas De Marttino sempre foram criadas com muito amor. Giulia e Beatrice são primas, amigas e sonhadoras... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5

Capítulo 3

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By MnicaCristina140


Feliz aniversário Andrea sua linda, toda sorte e sucesso sempre. Parabéns!!!

Para Cinthia, Jussara, Lorreyne, Paty, Nath, Lylla, Bárbara, todas as apaixonadas por nosso De Marttino, Obrigada meninas.

   Giulia

— Por que temos que voltar nesse assunto? – Reclamo quando a mala está finalmente fechada. O minúsculo apartamento de Manoela foi palco de uma semana muito divertida em que passamos as três juntas. Agora é hora de voltar para casa.

— Escuta a gente, conhecemos você. Vai por tudo a perder em trinta segundos.

— Manoela, não tem nada, isso foi há mil anos, eu era uma adolescente, superei, sabe que sim. – É mentira e elas sabem e eu também, mas quem sabe repetindo eu acabe acreditando.

— Superou mesmo, foi o tio anunciar que tinha contratado Bruno que ela fez a mala e me arrastou para Nova York, teria ido a Sibéria se pudesse.

— É mentira, Manoela, não de ouvidos a Bea, eu vim apenas para te ver, não fugi, não... só... ok, eu vim fugir um pouco. – Suspiro, me encosto nas almofadas com os pés sobre o colchão.

— Tira o pezinho que moro sozinha, ninguém lava mais minhas coisas. – Manoela empurra meu pé. – Escute suas experientes primas, nada de arrumar namorado imaginário.

— Nunca vão me deixar esquecer esse momento?

— Nunca. – Elas dizem juntas num ataque de riso. Inimigos são desnecessários quando se tem primas. – Giu, você é linda, adulta, solteira, eternamente solteira e virgem, começo a sentir pena de você. – Manoela diz e corre para me agarrar e encher de beijos. – Linda, muito linda, a mais linda de todas nós, então não tem que ser insegura.

— Já expliquei mil vezes, não é sobre minha aparência, eu sei quem eu sou, sei que não sou mais a menina de aparelho e óculos, embora eu goste mais dos óculos que das lentes.

— E fica linda dos dois jeitos. – Bea continua.

—Eu tenho meus sonhos, só isso.

— Entendemos. – Manoela avisa me deixando, ela vive pendurada, é carente toda vida.

—Sonhos com o príncipe encantado. – Bea me lembra e dou de ombros. O que tem demais, não gosto de pensar em ficar por aí me envolvendo sem sentimentos. É meu jeito.

—Talvez ele não exista. – Manoela me diz com alguma preocupação. – Quer dizer, não o cara perfeito para você. Esse existe, Afonso é meu cara perfeito, mas está longe de ser um príncipe.

— Falo de sentimentos, do coração fora do ritmo, de perder a fala e ficar com a cabeça rodopiando e borboletas no estômago. – Elas ficam sorrindo a me olhar, sei que sonho, sei que só ele foi capaz de produzir isso. – Bruno, só com ele senti isso, eu... não sei como aconteceu ou o porque aconteceu, mas sempre foi pensando nele que senti essas coisas.

— Lembra do seu primeiro beijo? – Bea pergunta me fazendo uma trança.

— Lembro. Péssimo.

— Pensou nele? – Manoela se deita com a cabeça no meu colo, meus dedos afagam os cabelos lisos.

— Todas as meninas do colégio já tinham beijado, minhas amigas ficavam me incentivando, insistindo, me sentia meio idiota, travada, fui na festa meio que obrigada, lá... vocês sabem, elas pressionando, eu me sentindo boba e infantil, Guido era legal, foi... pensei no Bruno, sonhava com um beijo de amor e foi só um beijo. Não gostei.

— Depois beijou o Miguel, lembra? No primeiro ano de faculdade? Ficaram juntos duas vezes. Achou chato, insistiu e achou chato mesmo assim. – Bea me lembra.

—Tenta beijar uma menina para ver se gosta. – Manoela incentiva, olho para ela depois de revirar os olhos. – Foi só uma ideia.

— Sei do que gosto, o que me atrai, mas isso não quer dizer nada. Por que sinto que só mesmo apaixonada, só quando amar alguém de verdade é que vou poder... ser feliz no amor.

Manoela se senta, ajeita seus cabelos bagunçados por meu carinho, Bea se junta a ela, as duas de frente para mim.

—Vamos ser claras estamos aqui reunidas para aconselhar nossa pupila, você claramente precisa de ajuda. Chega de passado. – Manoela me alerta.

—É. O Bruno voltou, não foi à toa, tem que ser o destino.

— Não vou fazer nada do jeito de vocês. Não somos mais adolescentes. Eu sei me comportar. – O olhar que elas trocam me desanima. – Ele deve ter namorada, noiva, quem sabe até esposa e filhos? Tem vinte e oito anos agora. Então...

— Ela sabe tudo dele! – Manoela provoca e Bea ri.

— Puxe assuntos além do trabalho. – Bea me pede.

—Nada de jeans e camiseta, dane-se que é ruim de trabalhar, temos nossas prioridades e seduzir o gato é a principal delas.

— Não fica pensando muito antes de cada frase, parece que você é gaga de tanto que se enrola na frente dele. – Beatrice continua os conselhos.

—Ah! Uma boa, vão dividir a casa, então se esquecer da presença dele e andar pela casa com camisola sexy é bom.

— Bate na porta dele no meio da noite e diz que ouviu barulho e está assustada, goste das mesmas coisas que ele, no mais, seja você mesma.

Agora sou eu a ter um ataque de riso, elas são péssimas conselheiras e irônicas também, faça tudo que não tem nada a ver com você e por fim, seja você mesma.

— Vocês são ridículas e não vou fazer nada disso. Aliás, temos que pegar um avião em breve, Beatrice, já está pronta?

— Estou. – Ela se atira na cama, fecha os olhos um momento. – Mais um mês e inauguro minha clinica no vilarejo, acham que será um fracasso?

—Por que seria?

—Lugar pequeno, mas quando penso em ficar longe de todos... morar em Florença não combina comigo.

— Nenhuma de nós tem potencial para ficar rica. – Manoela se deita ao seu lado. – Uma veterinária, uma jornalista e uma vendedora de flores.

— Pelo menos você teve sorte no amor. – Me deito ao lado delas, todas olhando para o teto.

— Vão ter sorte também. – Ela deseja, rimos as três encarando o teto.

— Tinha certeza que essa coisa de vizinhos não duraria nem uma semana, mas estão indo bem.

— Adoro morar sozinha, adoro que namoro o vizinho, adoro que ele sabe consertar chuveiro e vazamento e sempre lembra de comprar açúcar, adoro pagar todos esses favores com sexo selvagem.

Eu sempre me choco, é a Manoela e sei como ela é e o quanto é livre, mas ainda me choco por que nunca diria algo assim, mesmo brincando.

Sempre vou ser uma boba romântica, uma sonhadora que espera demais da vida, que vai acabar solitária cuidando de sobrinhos e tudo por que idealizei um amor que eu sei que não tem retorno, Bruno é um homem, é lindo, vivido, inteligente e nunca vai deixar as coisas se misturarem, eu nunca vou deixa-lo perceber como me sinto e ele vai ser meu eterno primeiro amor e apenas isso.

Primeiro e único, a verdade é que nenhum homem me tocou o coração e não acho que vá acontecer.

— E se der certo? – Salto da cama, elas se sentam quando percebem minha tensão. – Se a vida profissional der certo e o Bruno ficar... ficar para sempre trabalhando comigo, se meu negócio de flores funcionar e ele se tornar meu eterno administrador?

— Agora me confundiu. Não é esse o plano? – Manoela e Beatrice se olham. Ando pelo quarto.

— Ele lá, morando no mesmo lugar que eu, a empresa crescendo, nós dois trabalhando juntos e então ele arruma uma namorada, depois de dois anos se casa com ela, eles têm dois filhos, os garotinhos me chamam de tia Giulia e a esposa dele, inocente, pensa que somos amigas e eu... eu tenho que conviver com isso.

— Como ela é?

— Quem? – Manoela faz cada pergunta.

—A esposa imaginária, fale mais sobre ela, Freud deve ter uma boa explicação.

— Pode acontecer, admitam.

— Não, não pode acontecer, não vai acontecer. Ele sempre teve uma queda por você. Não achamos isso, Manoela?

— Achamos, Beatrice. E achamos que você pode simplesmente demiti-lo se acontecer, não é obrigada a ter uma vida infeliz, mas também pode acontecer de você ser a esposa, ou alguém ser o seu marido e ele ficar assistindo por anos a sua felicidade. Alguém conta essa história triste para o Austin, daria um livro.

— Vocês não me ajudam, é sério. Eu devia ser a sonhadora boba e vocês deviam me alertar. Não, ficam me iludindo.

— Essa conversa não começou com alguém dizendo que tinha superado? Me refresque a memória, Manoela.

— Você está sempre certa, Beatrice, foi assim que começou.

— Duas bobas. – Volto a me sentar com elas. – Ideia estupida, Fabrizio é o culpado, quero registrar isso, Beatrice. Fabrizo é o responsável pela volta do Bruno, seu próprio irmão.

—Vou ligar para agradecer. – Ela avisa e ganha uma careta de desgosto.

— Temos que ir. – Bea me lembra depois de olhar o celular. – Manu, chama um taxi.

— Sim, adoro isso em Nova York. Quando voltam?

— Acho que é sua vez de ir para a Itália, nenhuma das duas vai ter tempo para isso.

— Afonso quer ir no mês que vem, ele está tão integrado a família que sente mais saudades que eu, mas nem consigo sentir saudades, o Leo me chama dez vezes por dia. Ciumento.

— Preocupado, ele tem os traumas dele, ciumentos são os meus irmãos, mas o Leo é outra coisa.

—Pode ser, talvez esteja certa, no fim eu gosto, pronto, o taxi está a caminho.

Trocamos um longo olhar desanimado, nos abraçamos longamente, abraço triplo como sempre, Manoela nos ajuda a descer com as malas, viemos com mochilas, mas quem resiste a umas comprar em Nova York, foi a melhor semana do ano.

Por um tempo me esqueci de tudo, não pensei em como minha vida está seguindo por um caminho que acho que não sei lidar.

Claro que podia dizer não ao Fabrizio, exigir outra pessoa, mas não consegui, pensei no Bruno, em quanto ele merecia essa oportunidade e também na chance de vê-lo de novo, apagar a imagem romântica que fiz de nós. Me senti tão corajosa na hora, mas quando Fabrizio avisou que ele tinha aceitado a proposta mesmo sem saber detalhes eu apenas corri para perto de Manoela e arrastei Beatrice comigo.

Mais despedidas antes de entrar no taxi. Manoela fica acenando. Ela está tão feliz. Afonso foi um amor conosco, nos levou para jantar duas noites, dançar, mas de resto, deu espaço para ficarmos mais juntas, eles tem esse jeito diferente de viver, não, eles vivem como todo casal jovem deve viver, os outros De Marttinos é que se complicam e se enroscam sem pensar.

Beatrice aproveita parte da viagem para ler sobre seu projeto, eu durmo um pouco, leio, escuto música, cada minuto que passa sinto mais medo do reencontro.

Matteo e Maria nos esperam no aeroporto, minha sobrinha em casa com meus pais. Não vou ficar, minhas coisas já estão em Bellomonte, estive por dois dias lá antes de Fabrizio convidar Bruno e eu partir apressada.

—Que saudade, irmãzinha. Tudo bem em Nova York?

— Tudo, cadê a Laura?

— Com a vovó. – Maria me abraça.

Beatrice vai ficar mais uma semana em Florença, ela está comprando as coisas para a clinica e trabalhando na propaganda com meu pai e o Luigi.

— Não podemos demorar, o voo atrasou e a Laura tem que mamar. – Matteo avisa ajeitando as malas no carro e partimos. – Levei o Bruno tem dois dias para Bellomonte. – Ele me olha pelo retrovisor. Busca mudanças em meu comportamento, mas aprendi a guardar minhas emoções. – Está bonitão.

—Solteiro? – Beatrice pergunta.

—Matteo não perguntou. – Maria reclama. – É uma "pomba lesa" mesmo.

—Podemos falar de outra coisa? Como foi tudo por aqui?

— Igual, tudo como sempre, todos seguindo suas vidas, Andy grávida, acho que já está no sexto mesmo, o resto como sempre. Vivendo.

— Parece que fiquei tanto tempo fora. – Aviso, ele sorri de novo pelo retrovisor.

— Vai ser estranho pensar em você morando lá, vai sentir minha falta irmãzinha?

— Todo domingo estão na Vila, não vai dar tempo.

Chegamos em casa perto das cinco, mamãe acaba de chegar do trabalho, usa seu vestido elegante com saltos, ela é uma executiva de alto nível, os cabelos presos num coque, o rosto impecavelmente maquiado depois de um dia longo de trabalho. Ganho abraços e beijos, papai chega em seguida, mais abraços e beijos, mas tenho que partir. Matteo quer voltar antes de escurecer.

— Vai dar tudo certo. – Papai me abraça. – Vejo você no fim de semana, não desista no primeiro problema.

— Não vou, sei que tenho chances, é o que sei fazer, o que amo fazer.

— Ótimo. Estou orgulhoso. Veja se aproveita para se divertir um pouco. Namorar é bom.

—Podia ser como o tio Filippo, ele nunca me constrangeria dizendo algo assim.

— Não. Ele faria isso de muitos outros modos, eu devia aproveitar e te entregar a lista de recomendações que ele fez a você, mas vou poupa-la do vexame.

Mamãe me abraça. Ajeita meus cabelos, sempre carinhosa, me quis muito, mas eu demorei a chegar como ela sempre diz, vim quando eles não tinham mais muitas esperanças. Um presente.

—Tão crescida. – Ela brinca. – Sorte, qualquer coisa é só correr para casa que te dou colo e uma caneca de chocolate quente.

—Obrigada aos dois, por tudo, sem vocês... obrigada. – Os abraços com medo de chorar, depois partimos apenas eu e Matteo.

— Vou te deixar direto em Bellomonte e retornar. Assim que chegar aviso.

— Sempre esquece e tenho que te ligar.

Conversamos sobre Laura, suas pequenas mudanças, a amizade dela com Violleta que só existe na cabeça dele e do Luigi, são dois recém-nascidos que eles insistem ser muito ligadas.

Quando Bellomonte surge meu coração dispara, não tenho a menor ideia de como me comportar quando saltar. Levo uma mala com as coisas que comprei em Nova York, sonhos, e medos, apenas isso. Começar uma nova vida.

Tem uma parte de mim que é pura ansiedade, tem orgulho também, é um sonho de menina que estou realizando. Essa família faz isso, investem em sonhos, todos nós temos nossos sonhos levados muito a sério, isso é especial e se um dia eu tiver uma família é assim que vou cria-los.

Quando o helicóptero baixa eu não sei como agir, Matteo nem desliga os motores, as hélices ainda giram quando beijo seu rosto e salto.

Ele sobe de volta antes que me afaste demais. O vento diminui e então vejo Bruno caminhando em minha direção.

É ele, o mesmo Bruno do meu imaginário, os mesmos olhos escuros, cabelos castanhos, camisa xadrez, porte atlético, alto e bonito como sempre foi.

Meu coração a mil, a boca seca, ele se apressa, coloco a mala no chão sem saber o que fazer quando ficarmos frente a frente. Quanto mais se aproxima, mais percebo o sorriso.

Uso um vestido amarelo, sapatos baixos e cabelos soltos. Não pensei em me arrumar para causar alguma impressão especial, devia. Mordo o canto da boca e então ele me estende a mão.

—Giulia. – Aperto sua mão e tudo em mim reage, é ele ainda, sempre foi e sempre vai ser o único e podia chorar de angustia. Os olhos dele presos em mim, penetrando minha alma e me deixando nua. Como se ele pudesse ver meus sentimentos e é a nudez mais assustadora.

— Bruno? – O tom de pergunta, eu sou mesmo ridícula, como se não me lembrasse dele. Idiota, sempre estragando tudo.

—Sim. Tudo bem? Cheguei tem dois dias.

— Eh! Eu... eu.. fico gaga, não. – Balanço a cabeça, sabia que elas iam bagunçar minhas ideias. – Fico agradecida, por ... você sabe.

— Na verdade, não sei. – Ele sorri.

— Por ter aceito o trabalho, é um desafio.

— Adoro desafios. – Ele garante, lindo, da até medo de me distrair demais admirando.

Depois do silencio constrangedor causado por mim, já que ele esperava que desse continuidade ao assunto e eu só... calei atrapalhada, meu rosto queima, me abaixo para erguer a mala no exato instante que ele tem a mesma ideia e trombamos, ele é forte e com o toque nos ombros eu me desequilibro, dou um passo em falso e ele me ampara.

— Desculpe.

—Não, eu que causei... estávamos indo pegar a mala ao mesmo tempo, ai trombamos. – Sim, agora narro acontecimentos sem qualquer necessidade, como se fazer papel ridículo fosse minha religião.

— Carrego a mala, por favor. – Ele pega a mala, está mesmo pesada, não para ele que não parece ter dificuldade em carrega-la. – Fez boa viagem?

—Fiz. Você... já se instalou?

— Ultimo quarto do corredor a direita, eu realmente não sabia que quarto era o seu, achei que não era muito feminino, então escolhi.

—Primeira porta. – Aviso. – A direita também, eu... eu escolhi por que pareceu confortável. – Era o quarto principal da casa e eu não sabia que a dividiria com mais alguém.

A casa está toda aberta, as cortinas balançando, o chão limpo, tudo perfumado, não a deixei assim, olho para ele, Bruno dá de ombros.

— Estava... querendo me ocupar. – Ele me conta. Diga alguma coisa engraçada, inteligente, diga alguma coisa burra, sem graça, diga alguma coisa, apenas. Nada, só um sorriso de lado e mil perguntas travando minha garganta.

Atravessamos a casa, ele sobe ao meu lado a longa escada de madeira de lei, mais velha que vó Pietra, talvez mais velha que o pai dela.

Abro a porta apressada, ele deixa a mala no chão, ao lado da cama, me sorri mais uma vez e minha mente viaja para os sonhos de toda uma vida, nós dois e um quarto, engulo em seco.

Bruno parece alcançar meus pensamentos, ou talvez seja meu rosto queimando, ele simplesmente parece se tocar e caminha para fora do quarto. Eu o sigo, feito uma boba sem saber o que fazer começo a descer com ele e estamos os dois na sala.

— A senhora que manda, patroa. – Ele brinca. – Reunião?

— Ahm? Eu.. não eu só... reunião? Para que? Ah! Claro, trabalho, sim, nós podemos... começar amanhã? Viajei longas horas, estou... só quero um banho e cama.... – O que ele vai pensar? – Sozinha, dormir.

Ele ri, estou pelo menos divertindo o cara, que ótimo. Respiro fundo, chega de ser a garotinha atrapalhada, seja objetiva como sua mãe, Giulia De Marttino.

— Começamos amanhã, quero ouvir suas ideias e expor as minhas, correr nosso terreno e então discutimos a metodologia. Pode ser?

— Perfeito. Eu preparei uma refeição, se quiser...

— Sim. – Mesmo com vontade de me esconder eu aceito. – Vou gostar de cozinhar, então no futuro... quer dizer, se quiser... não precisamos comer juntos.

— Tinha pretensões de ficar no vilarejo e vir todas as manhãs trabalhar, foi o Fabrizio que insistiu que eu ficasse na mansão, mas se é um problema para você, Giulia, posso partir agora mesmo.

— Atropelo as palavras. – Digo sem graça. – Não sempre. – Só com você por que é perfeito demais e fico confusa. – Estou ansiosa e nervosa com toda essa mudança de vida. Sabe que sempre morei em Florença com minha família.

—Sei. – Ele ainda parece magoado. – Está tudo bem, eu trabalhei para o Bellomonte, é difícil me surpreender.

— Foi o contrário, desculpe se me expressei mal, quis dizer que está em casa, que pode preparar suas refeições e comer e circular e usar a casa como quiser e não precisa se sentir preso a mim.

— Certo. – Ele olha em volta, a noite começando a chegar. O silencio entre nós dois. – Vou começar a fechar todas essas mil portas e janelas, depois... te encontro na cozinha. Se quiser comer minha comida.

— Pode ser, eu vou tomar um banho e... volto.

Ele não se move, não para de me olhar, é lindo, faz tudo em mim parecer vivo, cada músculo, célula, tudo vivo. Nem consigo respirar e então, giro nos calcanhares e corro escada acima como se fosse a garotinha de sete anos correndo pelas escadas de casa. Quase posso ouvir os apelos dos meus pais para não correr e ralar os joelhos numa queda. Fecho a porta do quarto atrás de mim, me encosto nela e respiro ofegante. Eu ainda sinto tudo aquilo. Igualzinho a garota tola de quinze anos. Isso vai mesmo ser difícil. 


(#BoaNoite)

pessoas lindas, amanhã segunda-feira, não termos capítulo, volto na terça-feira o mais cedo que puder. OBRIGADA!!!

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