Na segunda Ericka não sabia o que sentia. Estava ansiosa por conta da transfusão a tarde, um pouco temerosa. Luan lhe dissera que provavelmente ela ficaria até a madrugada de terça com uma agulha na veia. Era horrível só de pensar. Mas ela preferia pensar nisso a pensar no fato de que nesse dia ela completava 29 anos. Ela não tinha nada para comemorar, não depois dos seus 15 anos em diante. Ao invés de celebrar a vida, nessa data ela celebrava a morte. A morte de sua mãe.
Seguindo as recomendações de Luan ela resolveu não pensar no assunto para não se agitar. Tomou um banho demorado e escolheu uma roupa básica para se vestir. Calça jeans e blusa de cetim rosa bebê, sapatos baixos e cabelos presos como sempre. De costume, naquele dia, todos os anos, ela se vestia de preto, mas esse ano, ela tinha pelo menos um motivo para comemorar: Sua nova vida.
Estranhando que nenhuma das serviçais subiu para lhe chamar Ericka desceu. E não acreditou no que via.
A sala de jantar estava toda decorada com balões, laços, fitas e flores. A mesa com doces, chocolates e um bolo que ela achou enorme. Ao lado Dora, Maria e Luan.
-FELIZ ANIVERSARIOOOO !!! -Disseram todos sorridente.
Ericka: Gente...
Ela não coneguiu terminar a frase. Estava emocionada. Depois dos seus quinze anos, era a primeira vez que alguém se lembrava do seu aniversário e comemorava com ela.
Tentou não chorar mais foi em vão.
Luan percebeu e foi até ela.
Luan: Está tudo bem? -Perguntou suavemente.
Ericka: Está... -Respondeu enxugando o rosto- Agora está...
Luan: Feliz aniversário. - Disse sorrindo e lhe entregando um pacote com um laço prata.
Ericka: Não... Precisaava de tudo isso... -Murmurou pegando o pacote.
Sorrindo ela abriu o pacote e se deparou com uma gargantilha de brilhantes. Ela o olhou de sombrancelhas erguidas.
Luan: Sim. -Sorriu carinhosamente- Sao verdadeiros.
Ericka: Luan! -Ela ralhou. Depois o abraçou- Eu adorei! Obrigaada, mas não precisaava gastar tanto!
Luan: Minha maior recompensa e te ver sorrindo e feliz. -Disse ao se afastar- Isso me basta.
Ele enxugou o rosto dela que sorriu o abraçando novamente.
Ericka: Obrigaada. -Sussurrou
Luan: Mas não sou só eu que tenho presentes. -Disse a puxando pela mão e a levando até Dora e Maria.
-Feliz aniversario dona Ericka! -Disseram mostrando os presentes.
Ericka: Muito obrigada meninas, mas o dona eu dispenso. -Elas riram se abraçando.
Sorrindo ela abriu os embrulhos. Um relógio e um perfume.
Ericka: Eu amei... Obrigada!
Luan: Muito bem, muito bem. Agora vamos comer. Lembre-se que você não pode se agitar ok?
Ericka: Você é o culpado. -Brincou se sentando na cadeira que ele puxou para ela- E eu não deveria estar de jejum?
Luan: Não no seu caso. -Informou enquanto puxava cadeiras para Dora e Maria- Você deve estar alimentada para não desmaiar durante a transfusão que será bem... Longa.
Ericka: Nem me lembre.
Luan: Mas você só poderá comer até
às duas da tarde. Assim terá um intervalo de 5 horas exatas de jejum.
Ericka: Então minha transfusão começará as sete?
Luan: Exato.
Ericka: E você não vai se sentar? -Perguntou sorrindo ao vê-lo parado ao lado da sua cadeira.
Luan: Digamos que... Hoje eu serei o seu modormo -Disse as fazendo rir com uma cara engraçada- De vocês três!
Ericka se divertiu horrores ao lado de Luan, Dora e Maria em sua festa improvisada que se prolongou até o almoço. Ela riu dos casos de Dora, das piadas de Maria e das caretas e palhaçadas de Luan. Se esqueceu do seu passado e de tudo que sofrera nele e se deixou levar ao lado de Luan. Trocaram olhares, apertos de mãos e várias vezes se abraçavam entre risos e palhaçadas.
Após o almoço eles foram para a sala assisterem filme do qual Ericka não sabia dizer do que se tratava porque sua atenção estava toda voltada para Luan que não saia do seu lado por um só minuto e isso não a incomodou e nem a amendrontou como acontecia no começo e como aconteceria se fosse qualquer outro homem. Ela gostou de estar ao lado dele, de conversar, sorrir e rir com ele. Porém as seis horas da noite a ansiedade retornou e junto com ela o nevorsismo.
Ericka se arrumou e como Luan pediu fez uma pequena mala com seu pijama, uma outra peça de roupa e alguns itens pessoais como escova de dentes e colinos.
Às seis e meia Luan desligou o carro no estacionamento da clínica.
Luan: Nervosa? -Perguntou olhando para o painel do carro.
Ericka: Muito. -Confessou.
Luan: Não precisa temer. Pense que será como tomar suco de groselha só que... Pela veia!
Ela deu um sorriso fraco.
Ericka: Eu não gosto muito de... agulhas, e ficar com uma cravada na minha mão até de madrugada não é nada confortante. Que bom que você vai estar comigo. -Confessou tímida. Luan ficou em silêncio e ambos se olharam- Você... Não vai estar... -Disse vendo seu olhar de desculpas.
Luan: Me perdoe...
Ericka: Tudo bem. -Mentiu. Era óbvio que ela se importava. Sem ele ao seu lado seria horrível aquela transfusão.
Luan: Não foi por escolha, eu garanto -Se apressou em dizer- Eu quero muito estar ao seu lado mas apareceu uma reunião com os acionistas da clínica de última hora.
Ericka: Tudo bem Luan. -Disse desviando o olhar- Compreendo que é seu dever. Meu caso não é tão importante assim.
Luan: É sim! -Ele hesitou mas depois pegou na mão esquerda dela- Até mais importante que os outros.
Ela olhou para as mãos e deu um meio sorriso. Luan desceu e dando a volta abriu a porta para ela.
Luan: Vou te levar até o quarto. -Disse pegando a bolsa dela.
Eles subiram em silêncio no elevador. Luan se sentindo impotente por não poder ficar ao lado de Ericka. Até tentou cancelar seus compromissos mas em vão.
O elevador parou na ala dos quartos e ele a conduziu até o quarto 35 onde duas enfermeiras arrumavam os equipamentos.
Ericka: Já vai começar? -Perguntou parando na porta sem olhá-lo.
Luan: Não. Você vai poder se trocar e depois ficará em repouso por meia hora. Só depois será inserida a agulha -Explicou.
Ericka: A agulha... -Repetiu sombria- Eu... Eu acho que quero desistir... Não vou conseguir tanto.
Luan: Vai... Você vai. -Disse suavemente- Não precisa temer Ericka -Tentou acalmá-la- Depois da primeira hora você se acostuma e a agulha não incomoda.
Ericka: Eu não quero. -Repetiu com voz contrita.
Luan: Mas você precisa. -Ele pegou em uma de suas mãos- Seu caso ainda é urgente, eu já te expliquei.
Ericka: Eu sei... Mas sem você pra me distrair eu vou me deixar levar pelas minhas lembranças... Você como um bom observador já deve ter notado que-
Luan: Acalme-se Ericka, não pode estar agitada.
Ericka: Não quero terminar o dia lembrando de coisas que quero esquecer... -Fechou os olhos para expulsar as lágrimas que chegavam- Eu gostei tanto desse dia... De passar meu aniversário com vocês... Não quero dormir com a imagem... dele... ou deles... -Ela sussurrou as últimas palavras.
Luan suspirou e a puxou para um abraço. Ela o abraçou sem hesitar o que o fez dar um meio sorriso.
Luan: Força... Coragem! -A encorajou- Eu sei que você consegue... Não olhe para trás mais. Olhe para a frente, para o seu futuro. Sua vida nova.
Ela assentiu. Respirou fundo algumas vezes e então se afastou. Luan estendeu a mão e enxugou os olhos dela com o polegar. Ela sorriu.
XXX: Dr. Santana. -Uma das enfermeiras se aproximou