Não sei por que o fiz. Quando Lilly me falou no jantar e pediu ajuda para contactar as pessoas que ela queria presentes, a minha mente só conseguia pensar em Tess.
Tinha Victoria sentada ao meu lado e eu só conseguia pensar noutra mulher.
- Vou a uma reunião à baixa, depois de almoço. Posso telefonar a alguns. - Sou tão hipócrita. Por que estou a sê-lo?!
- Ótimo! Podias ir à Lounge falar com elas.
- Quem são elas? - Inquire Victoria.
- A Tess e a Mathilde. ― Esclarece Lilly.
- Por que não lhes ligas tu, Lilly?
Olho de uma para outra e sorrio. - Se quiseres, podes acompanhar-me à reunião. Ficas na sala de espera e depois vais comigo à Lounge.
Victoria fita-me e sorri. - Dispenso esperas enfadonhas. Mas estou a precisar de fazer umas comprinhas. Talvez vá à Lounge, renovar aquilo que tanto gostas de me tirar do corpo.
Lilly levanta-se. - Não tenho idade para isto.
Não gosto de deixar a minha irmã desconfortável quando está na minha casa. Não quero que sinta a necessidade de sair de um espaço que quero que sinta que também é dela.
Espero até que Lilly desapareça para dentro da casa de banho e viro-me para olhar Victoria, elegantemente sentada no sofá, com as pernas ao longo do mesmo.
- O que foi isto?
- O quê, meu querido?
- Estás com ciúmes?
Ela deixa escapar um riso e levanta-se. Aproxima-se de mim e coloca as mãos, uma em cada braço da cadeira vitoriana onde estou sentado. Baixa o rosto até este estar mesmo à minha frente.
- É para ter?
- Sabes bem que não.
Ela sorri. - Então nenhum tem que se preocupar seja com o que for.
- Não gosto destas insinuações, Victoria. Nunca tiveste com o que te preocupar, e eu não sou tua propriedade para me controlares.
Ela limita-se a sorrir. Ergue-se e volta a sentar-se onde estava.
- Espero não ter de começar a preocupar-me agora. Ela não é de se jogar fora, mas muito cuidado com aquilo que fazes.
Bufo um riso e levanto-me.
- Inacreditável. - Murmuro.
Por muito que esteja a ser honesto com ela, sei que também estou a agir entre linhas. A minha mente só conseguia esperar pelo momento em que Lilly me dissesse para ir à Lounge falar com elas. De alguma forma Tess não me sai da cabeça e eu não consigo esquecer os seus sorrisos e como eles me fazem esquecer de como se pensa.
Entro na cozinha e deito um pouco de sumo de laranja para um copo.
- Não te metas em problemas, maninho. - Murmura-me Lilly.
- Do que estás a falar?
- Do teu interesse pela Tess.
- Já falámos sobre isso, Lilly. Ela parece uma pessoa interessante, com quem poderias falar durante horas sobre diversos assuntos. Apenas isso.
- Existe uma barreira muito frágil entre esse interesse e o outro.
Ergo as mãos em descrença. - Por quem me tomas, Lilly?! Até parece que sou algum predador sexual.
- És homem.
- Comprometido.
- E?
- E?!
- Mikael, eu gosto muito de ti e só quero o que for melhor para ti. Estares num relacionamento que muito provavelmente vai acabar em casamento e ficares encantado por uma amiga minha, isso não é o melhor para ti.
- Meu Deus! Que bicho de sete cabeças.
- Como queiras. A Mathilde está quase de férias. Tenta saber se está cá para o jantar.
Saio da cozinha e não encontro Victoria na sala. Num ponto Lilly tem razão. O meu relacionamento com Victoria é sério. E ficar encantado pela Tess não é bom para mim.
Victoria aparece na sala.
- Vens comigo? - Pergunto-lhe num timbre meloso.
- Para dizeres que te estou a sufocar? Não.
Puxo-a pelo braço e pouso as mãos na sua cintura. Victoria olha para o lado. Não se atreve por um segundo a olhar-me nos olhos. - Não fiques assim. É uma parvoíce. - Desvalorizo a situação sabendo que estou lixado ao ponto de ter-lhe de mentir.
Victoria olha-me. - Mikael, não podes ser bipolar comigo. Diz-me o que queres e eu...
- Eu quero-te na minha vida. Quero a minha vida contigo. - O seu olhar abre. - Não faz sentido duvidares ou estares com ciúmes só porque socializo com as amigas da minha irmã.
- Precaução.
Sorrio. - Eu sei que sou muito valioso para me perderes, mas...
Ela bate-me com o punho direito no peito. - Idiota.
- Au. Isso doeu.
- Vai doer mais se me estiveres a passar a perna.
Gargalho. Observo os seus olhos com atenção e sinto que são parte dos meus. Coisa estranha para uma pessoa sentir.
- Então... vens comigo?
- Não. Já tinha combinado almoçar com a Bianca.
- Jantamos?
- No meu restaurante favorito?!
Assinto. - No teu restaurante favorito.
O seu sorriso abre e sinto que o peso na consciência se tornou mais leve.
Saio de casa com confiança.
Entro na Loungerie e o meu coração volta a trair-me quando a vejo de costas, a falar com Mathilde.
Mathilde ergue o olhar e fita-me abrindo um sorriso.
- Mikael! Estás a tentar ser cliente regular?
Esboço um sorriso culpado. Agora não sei se foi boa ideia ter vindo. Para quem nunca metia os pés neste tipo de loja, agora passo cá a vida. Meu Deus! Sou tão óbvio!
- Olá, Mathilde. Tess. - Tento cumprimentá-la com a maior naturalidade que consigo, mas penso que a voz me traiu. - Queria falar convosco.
- Tenho uma cliente, vai falando com a Tess. Volto já.
Tess vira-se totalmente para mim e a simplicidade com que me olha desarma-me.
- Algum problema?
Por que pensa que existe um? - Não, nada disso. - Apresso-me a dizer. - Como sabes o Kyle voltou ontem para casa e a minha irmã quer fazer um jantar.
- A Lilly adora organizar jantares.
Deixo cair o rosto para olhar o chão porque, por algum motivo estúpido não consigo olhá-la muito tempo seguido. Deixo escapar um riso. - Pois adora.
- Precisas de outro paraquedas?
A gargalhada sobe pela garganta e não consigo contê-la. É espontânea. E quando volto a olhar para ela, ela sorri. Que saudades dos seus sorrisos.
- Não. Desta vez só preciso da... - Merda. - Precisamos da vossa presença. - Limpo a garganta. - A minha irmã disse que a Mathilde vai de férias, então...
- Sim, vai. Quando é o jantar?
- Seria amanhã. Os pais do Kyle estão cá, a minha irmã não conseguiu convencê-los a dividir o filho com alguns amigos.
- A Mathilde vai viajar amanhã.
- E tu? - Pergunto sem pensar duas vezes.
- Eu?
- Sim. Vais conseguir ir? - Por que estou a tornar isto pessoal?
Tess olha-me por instantes. - Conheci o Kyle há alguns dias, não sei se...
- Mas és amiga da minha irmã há mais tempo. - Tento manipular a situação, tal como fiz com a minha irmã. Devia ter ido para Direito em vez de Arquitetura. - Sabes o quão ela gosta de vocês.
Ela afirma. - Vou tentar ir.
- Podes falar com a Mathilde?
Volta a mover a cabeça afirmativamente. - Era só isso?
- Sim. - Não. Na verdade, queria convidá-la para almoçar. Queria voltar a fazê-la sorrir como quando a conheci.
- A Lilly podia ter-nos ligado, para falar sobre o assunto.
Sinto-me confrontado. Talvez ela não esteja a gostar da ideia de me ter presente no seu dia-a-dia. Para ser sincero, até eu estou assustado comigo mesmo.
- Não larga o Kyle por nada. Ela pediu-me que tratasse das coisas.
- Tens o meu número.
Sinto o olhar abrir. Não esperava de todo esta reticencia da sua parte. E mais uma vez, sinto falta da inocência com que falámos no primeiro dia. - Pois tenho. - Ficamos em silêncio por alguns segundos e eles demoram horas para passar. - Bom, era só isso. A Lilly depois entrega o colar à Mathilde. - Digo desiludido.
Tess não se manifesta e saio da loja. O que esperava eu com este forçar encontros e conversas? Devia ganhar juízo.
Tenho uma reunião num escritório a algumas ruas da zona de comércio. Paro num restaurante para almoçar e sigo para lá.
Quando a reunião termina regresso ao trabalho.
Passa pouco das dezanove horas quando estou despachado e decido passar pela casa da minha irmã para ver como está Kyle.
- Que cara é essa?! Eu é que quase morri e tu é que apareces com essa cara de defunto?!
- Cansado. Ainda há quem trabalhe.
Kyle bufa e fecha a porta. O médico pediu-lhe que usasse uma cadeira de rodas durante a primeira semana para que o esforço não fosse em demasia.
- Cansado estou eu! Tenho mais calos agora do que quando estava solteiro.
Gargalho.
- Idiota.
- Pelo menos já não parece que vieste de um velório.
Expiro. - Tens alguma coisa que se beba?
- Não posso beber álcool. Nada me impede de o ter em casa, retardado.
Fito-o.
- Estás drogado?!
- Já viste a quantidade de droga que a tua irmã me obriga a consumir?! Nem sei como ainda não saí pela janela para ver se voava.
Fico perplexo. - O que te fizeram?!
Kyle ri. - Nada. Estou a meter-me contigo. Senta-te aí, vou buscar duas cervejas sem álcool.
- Pelo menos chegas à prateleira onde elas estão. - Pressiono os lábios assim que acabo de falar, porque a vontade de rir está presa na minha boca.
Kyle fita-me. - Não sei como a tua irmã te atura.
- Nunca ouviste dizer que as mulheres namoram sempre alguém semelhante à figura masculina mais próxima a elas?
- E essa serias tu?
Ergo o rosto. - Não se vê logo?
Kyle dirige-se para a cozinha. Algum tempo depois regressa com duas cervejas no colo.
- Não te custa, deslocar com a cadeira pela casa?
O seu semblante fica sério.
- Habituei-me rápido. Parece que estou a gozar.
- E como te sentes?
- Bem. O susto já passou.
- A minha irmã quase teve um avc naquele hospital. Se te tivesse acontecido alguma coisa, não sei como ela iria reagir.
Kyle sorri emotivo. - Não aconteceu. É o que interessa. Ela não se livra de mim tão cedo.
Ficamos em silêncio. Tenho uma necessidade urgente de falar sobre a confusão de Victoria, mas não tenho coragem de direcionar o foco da visita para os meus problemas.
- Hey, a Lilly disse-me que a Victoria está cá.
Afirmo. - Bom timing.
- Referes-te à Tess?
Fito-o. O coração disparou pelo seu nome.
- O quê? Não! Achas? Nada a ver.... Estava a falar do...
Ele sorri. - Agora metes-me nessa história?
Interrogo-o com o olhar semicerrado. - Quem teve o acidente?
O riso de Kyle inunda o espaço.
- Estás a falar comigo, não com o vizinho que não sabe ponta de um corno da tua vida.
- Qual o contexto?
- Podes falar comigo. Eu sei que a Tess mexeu contigo. Está na cara. Toda a gente percebeu o clima entre vocês no jantar na tua casa.
- Tinha acabado de a conhecer, Kyle.
- E?! - Questiona desvalorizando o assunto.
Rio. - Tu e a minha irmã parece que se juntaram num complô.
- Estamos a falar de homem para homem, Mikael.
Suspiro.
Abro a boca para falar, verbalizar o que sinto, mas volto a fechá-la. Repito o processo algumas vezes até que ergo o rosto e vejo Kyle olhar-me com compaixão.
- Eu não sei o que se passa. - Confesso. - Eu só consigo pensar no dia em que a conheci. Na inocência da nossa conversa. Na espontaneidade. Na simplicidade. Eu não conseguia pensar. Sentia-me o miúdo mais feio da escola a falar com o mulherão do último ano. Foi um nervosismo que parece comer-nos as entranhas, mas que nos deixa viciados na sensação. - Bufo um riso. - Estou a ficar obcecado, e isso está a dar-me cabo da cabeça.
Kyle fica calado. Esperava um sermão sobre o fato de ser comprometido e não me meter em merdas. Mas devia saber melhor. É Kyle.
E ele ri.
- Estás tão fodido.
Fito-o.
- A sério?! Ainda não tinha percebido.
- A tua irmã já sabe dessa tua paixão pela Tess?
- Não é paixão, Kyle.
Ele pressiona os lábios e balança a cabeça negando sarcasticamente.
- Acontece aos melhores.
- Não devia.
- Mike, é normal acontecer. Estás semanas a fio sem ver Victoria, acabas por te habituar à ausência da pessoa. De repente conheces alguém que desperta essas coisas em ti, é normal sentires-te atraído por ela.
- Devias dizer para esquecer.
Ele solta uma gargalhada. - Queres esquecer?
Retraio-me. - Não sou traidor.
- Pelo que vi e ouvi, não estás a ser um. Pelo contrário, estás a respeitar a Victoria.
- Até que ponto? Manipulei a minha irmã só para ter uma desculpa para ir à loja vê-la.
Ele volta a rir e fuzilo-o com o olhar. - Não tem piada, Kyle!
- Desculpa. - Pede, tentando conter o riso, em vão.
- Por que não convidas a Tess para jantar?
- Estás maluco? Ouviste o que acabei de dizer?
- Ouvi. Por isso mesmo. Estás interessado e um jantar não é traição.
- Mas ir jantar com ela desafia a minha mente. E nela, já trai.
- Pensares na Tess não é traição se ao mesmo tempo te estás a debater para não pensar.
Deixo cair as costas no sofá e levo as mãos ao rosto. É melhor não lhe contar sobre o sonho que tive. Se o faço, Kyle vai rir para o resto da vida.
- Não é o fim do mundo.
- Já te aconteceu?
- Não. - Ri. - A tua irmã ocupa a minha mente, para além do meu tempo. Estou muito bem, obrigado.
Fito-o. - Acho bem que sim. Se sonho que andas a pensar noutra mulher, essa cadeira de rodas passa de temporária para permanente.
Kyle ergue as mãos em sua defesa. - Se a Lilly sonha que ando a pensar noutra mulher, ela faz o serviço por ti.
Suspiro. De certo modo, sinto-me mais leve. O fardo não é tão pesado, agora que o partilhei com Kyle.
- Tenho que ir andando.
- Não queres jantar cá?
Nego. - Prometi à Victoria que a levava a jantar ao seu restaurante favorito.
- Ela vem ao jantar, amanhã?
- Sim, vem comigo. Por quê?
- Só para saber. Temos que saber quantas pessoas são.
Levanto-me. - Bom, podes excluir a Mathilde. Ela vai de férias. A Tess ficou de falar com ela, mas se Mathilde tem voo amanhã, claramente que não vem.
- E se Mathilde não vem, a Tess também não vem.
- Muito provavelmente. - Comento.
- Podias confirmar. Mandar-lhe mensagem ou ligar-lhe.
- Não, não. Não me vou afundar por causa das tuas ideias malucas. A Lilly que lhes ligue.
- Estava apenas a arranjar mais uma desculpa para manipulares uma chamada. - Ri.
Gargalho teatralmente. - Que piada! - Olho-o de lado. - Vê lá se arranjas uma roupa em condições. A minha irmã deve odiar essa roupa de desporto.
- Ela adora.
- Meu Deus! Como é que ela te atura?!
- Podia perguntar o mesmo.
Exaspero. - Vou embora. Se chego atrasado é bem provável que a Victoria me arranque as bolas.
- Manda-lhe um beijo meu.
Fito-o. - Falso.
Kyle dá de ombros. - Só a tolero porque é tua namorada.
- Sei.
Saio do apartamento e passo por casa para apanhar Victoria.
- Para que horas marcaste o restaurante?
- Não marquei.
O olhar de Victoria abre. - Como, não marcaste?! Aquilo está sempre cheio. Como esperas conseguir mesa a esta hora sem uma reserva?
- Porque basta chegar e uma mesa é-me disponibilizada.
Victoria olha-me de lado. - Que contactos são esses que abrem portas e arranjam uma mesa num dos melhores restaurantes da cidade?
Dou de ombros desvalorizando o assunto. - Um colega de faculdade é o novo gerente da cadeia.
O queixo de Victoria cai. - E não me dizias nada?!
Deixo escapar um sorriso porque não via Victoria assim há algum tempo já.
A caminho de casa liguei para Brend para tentar arranjar uma mesa, ele disse que iria dar-nos a melhor mesa no espaço.
- Considera uma surpresa a garantia de uma mesa sempre que queiras ir ao teu restaurante favorito.
Victoria joga-se para os meus braços. - Obrigada!
No restaurante, Brend avança para nos cumprimentar. Após um abraço e dois beijos a Victoria, ele conduz-nos até uma mesa, num canto da sala com vista panorâmica para a cidade.
- Já me tinha esquecido do quão linda é a vista daqui.
- Não tens que te esquecer. - Comento e ela olha-me sobre o ombro. - Por que não ficas cá?
Victoria senta-se e olha-me.
- Meu querido, sabes o quão difícil é o meu trabalho. Não dá para ficar aqui e gerir o trabalho internacional sempre por um computador.
- Mas também não tens de passar um e dois meses fora.
- Não vamos falar sobre trabalho.
Brend traz-nos a carta dos vinhos.
- Serviço personalizado. - Comenta.
- Não precisas dar-te ao trabalho. Tenho a certeza de que tens outras coisas para prestar atenção.
- De que me serve ser o gerente se não posso usufruir do cargo para um velho amigo?
- Não precisas trazer o cardápio. - Diz-lhe Victoria.
Ele sorri. - Mikael comentou que pedes sempre o mesmo prato. Já tinha informado a cozinha sobre a vossa mesa.
Victoria olha-me entusiasmada e sorrio satisfeito por ter-lhe dado este pequeno mimo.
- Obrigada.
Olho para a carta dos vinhos. Fico dividido entre dois vinhos portugueses que Brend me indicou há algumas semanas. Ambos premiados com medalha de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas e até os vinhos me fazem lembrar Tess.
- Lembras-te daqueles vinhos que me falaste? ― Pergunto a Brend.
- Os portugueses?
- Tens?
- Tenho o Pêra Velha, Grande Reserva. Já fiz o pedido à garrafeira para me trazer o Marquês de Borba. Quero uma carta de vinhos com uma seção dedicada a premiados.
- Vais levar os clientes à falência. - Comenta Victoria.
Brend sorri. - Não é esse o objetivo. Quero apenas que tenham um vasto leque de opções. Temos sempre alguém que está a comemorar algo e quer escolher algo com nome para celebrar. Quero que o restaurante tenha como satisfazer todos os clientes.
- Se precisarem de uma Relações Internacionais, já estou rendida ao vosso plano.
Brend ri. - Não trabalhas no ramo da cosmética?
- Cosméticos e vinho são os melhores amigos desde sempre.
- Bem visto. - Comenta Brend. - E hoje, qual é a vossa escolha?
- Só tens o Pêra Velha, será esse. - Digo, cedendo-lhe a carta dos vinhos.
- Trago já.
Quando Brend se afasta, Victoria olha-me curiosa.
- Estamos a comemorar alguma coisa?
- Não. Por quê?
- No meu restaurante favorito. Vinho premiado.
Deixo escapar um riso. - Não é todos os dias que tenho a minha namorada na cidade para que lhe possa fazer estes agrados.
- Não vamos falar de trabalho, pois não?
- Nem pensei nisso.
Victoria retrai-se. - Eu sei que é complicado. Mas é o meu trabalho, Mikael.
- Eu sei. - Lamento. - Mas tenho saudades tuas.
Victoria coloca a sua mão sobre a minha. - Eu também tenho tuas.
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