A Tempo [completa]

By JulietGeorgia

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A tempo. Locução musical que significa devolver uma peça ao andamento inicial, depois de aceleração ou retard... More

One Shot to the Brain
Right Back at the Eye of the Storm
Welcome to Breaktown
I Don't Even Know Her Name
Don't Go Saying That You're Ok
The Sky Is Falling All Over Again
And I Waited for You (Conteúdo Adulto)
I Feel the Heat on the Rise (Conteúdo Adulto)
Can't Stop, Can't Break
Do You Want to Be My Own?
Here We Go Around Again
Dive into the Endless Dark and Deep
The Fabric Is about to Fray
A Little Back and Forth Lately
Don't Go Telling Me Lies Tonight
Go If You Wanna Go (Conteúdo Adulto)
We Can Dance All Night
Tell Me that You Love Me
The Passion's Burning High (Conteúdo Adulto)
The Day that Our Love Died
It Must Be the End of the Road
You and Me and Us and Now

Until the Sun Falls from the Sky

200 28 37
By JulietGeorgia

Flashback.

Abri os olhos. Era domingo de manhã, eu queria dormir mais. Mas Taylor me olhava, o cotovelo apoiado no travesseiro e a mão segurando a cabeça. Todos os dias em que acordava e o via do meu lado, me sentia atingida pela revelação de sua beleza. Todas as vezes, como se nunca tivesse acontecido. Sorri e esfreguei os olhos com as mãos.

_ Há quanto tempo você está aí me olhando?

_ Tempo suficiente.

Ele fazia isso às vezes. Acordava antes de mim e, em vez de me chamar ou ir fazer alguma coisa, ficava me assistindo. No começo, me assustava, depois passei a achar fofo.

_ Por que você não me acorda? - resmunguei um pouco.

Ele riu, beijou meus lábios rapidamente e saiu da cama. Vi sua silhueta só de cueca se afastar com a visão borrada de quem ainda não despertou direito.

_ Porque você não acorda. Ou me xinga.

Fazia três meses que estávamos juntos. Mais do que isso, fazia três meses que passávamos o máximo de tempo possível juntos. Eu dormia na casa dele ou ele na minha sempre que nossos compromissos permitiam (e de vez em quando mesmo quando eles não permitiam), nós fazíamos passeios, eu assistia ele tocar, ele me esperava na saída do trabalho para irmos comer pizza. Eu tinha um pouco de medo de estar exagerando na ânsia de estar com ele o tempo todo, mas nunca era pesado. Eu não me sentia sufocada pela presença ou o carinho dele. Na verdade, era como se Taylor tivesse aparecido para tampar um buraco que eu nem mesmo sabia que existia na minha vida.

Ele fazia com que eu me sentisse confortável com quem eu era na maioria das vezes. Menos quando expunha meu mau humor das manhãs. Eu era um monstro matutino, ele tinha razão. Senti uma leve vergonha.

Quando ele voltou, trazia duas xícaras de café. Estendi as mãos em busca da bebida e me sentei em posição de índio.

_ Desculpa.

_ Já disse que você é linda mal-humorada, Lay. - ele deu um gole no café, sentou-se do meu lado e me beijou de leve.

Esfreguei meu nariz no dele. _ Bom dia, lindo.

_ Queria te fazer um convite. - ele sorriu.

Olhei para a janela e vi as gotas da chuva que caía sem parar desde a noite anterior.

_ Não é pra sair, é?

Ele riu. _Não. Não hoje, pelo menos. Queria que você fosse comigo para Tulsa no feriado de Ação de Graças. - ele levantou os olhos para mim por trás da caneca, enquanto sorvia mais do café quentinho.

Taylor falava muito da família. Muito mesmo. Não era uma surpresa que ele fosse para lá. Mas ele queria que eu fosse junto. E, apesar do nosso relacionamento ser ótimo, as palavras dele se chocaram contra mim em uma onda de espanto. Nunca tinha sido pedida em casamento, mas o convite para compartilhar algo tão importante e íntimo da sua vida comigo pareceu bem próximo disso. Acho que demorei para responder.

_ Se você não quiser ou for visitar seu irmão e seus tios, eu vou entender, claro. Eu só queria que eles conhecessem minha namorada.

Namorada.

Eu sempre achei as reações intrínsecas à vivência de uma história de amor muito ridículas. É tudo grande, é tudo cheio de sensações estranhas que levam a gente a fazer coisas estúpidas ou agir sem pensar. Por isso, durante toda a vida fiz um esforço para diminuir essas impressões a meros fatos, acontecimentos sem importância. Mas namorada! A gente estava namorando? Ele gostava de mim, eu sabia. Mas namorando? Eu queria não parecer eufórica, mas acho que falhei ao arregalar os olhos.

_ Namorada?

_ Não?

_ Eu... Não... Sim! Mas...

_ Eu devia ter pedido antes?

Parei e forcei meu cérebro a se acalmar. Ele era tão lindo, meu Deus. Tinha um arco-íris no lugar do meu estômago. Larguei a caneca no criado-mudo, peguei a dele e coloquei ao lado da minha. Segurei seu rosto nas minhas mãos. _ Meu namorado.

_ Se você quiser.

Cobri a boca dele de beijos curtos. _Sim! Sim! Claro que sim! E sim. Eu vou para Tulsa conhecer sua família gigante e linda. - peguei novamente a xícara, mas tive que largá-la para corresponder ao beijo delicioso do meu namorado.

Foi desse jeito que, três semanas depois, embarquei em um avião com Taylor rumo a Oklahoma, muito morta de medo de que a mãe dele fosse me odiar, que os irmãos fossem me achar chata e que a coisa toda fosse acabar em completo fracasso.

A casa da família dele era enorme. Mesmo porque abrigava várias pessoas. E os pais e irmãos dele eram um poço de gentileza e educação. Me senti imediatamente acolhida, e Taylor parecia genuinamente contente de me ter lá.

A sala gigantesca da casa receberia uma quantidade surrealmente grande de pessoas para o almoço do dia seguinte. Além da família mais próxima, o irmão mais velho de Taylor e o imediatamente mais novo, Isaac e Zac, tinham namoradas que viriam também. E, como num comercial interminável da Polishop, ainda tinha mais: algumas famílias amigas eram esperadas. Me perguntei quanta comida a cozinha seria capaz de produzir para alimentar tantas bocas. Mas Diana, a mãe dele, parecia ter tudo placidamente sob controle e me pediu ajuda apenas para picar alguns legumes, coisa que fiz de muitíssimo bom grado.

De fato, muitas pessoas povoaram a casa aquele dia, incluindo uma garota chamada Rachael, que acendeu um alerta dentro de mim assim que entrou. Talvez por ela ser bonita e mais ou menos da minha idade, mas muito mais porque ela abraçou Taylor de um jeito que fez meu coração se apertar e diminuir até o tamanho de uma uva passa. Não quis fazer nenhuma pergunta, com medo de parecer histérica. E ele também não me deu nenhuma explicação. Mas a presença dela passou a me incomodar. Como se ela fosse um buraco negro sugando toda a minha energia. Tentei de todas as maneiras agir como se nada estivesse acontecendo, como se ela não olhasse para ele o tempo todo, como se eles não tivessem piadas internas, como se eu não achasse que o fato de as famílias serem amigas há anos não criasse entre os dois um laço muito maior do que a minha frágil ligação com ele.

Enquanto todos comiam torta de abóbora, já à tarde, resolvi ir ao banheiro. Precisava respirar. Aquela garota não estava me descendo. Lavei as mãos. Me olhei no espelho. Não tinha comido quase nada de tanta ansiedade, tinha os olhos vidrados de lágrimas reprimidas e queria ir embora. E, claro, quando abri a porta para voltar ao convívio social, ela estava lá. Sorri cordialmente.

_ Layla, não é? Bonito nome.

Ela tinha uma entonação que não era irônica, mas também não tinha nada de simpática. Uma espécie de som monótono e bem articulado. Senti as mãos formigarem.

_ Obrigada. - sorri de novo e dei um passo a frente, mas ela continuou.

_ Há quanto tempo vocês estão juntos? Você e o Tay?

Meu estômago se revirou. O jeito como ela pronunciou Tay. Não tinha a menor condição de ela ser apenas amiga dele. Eu tinha certeza absoluta. _ Alguns meses.

_ Fofos vocês. Ele é uma graça, né? Crescemos juntos.

_ Ah, sim! Suas famílias são amigas. Ele me disse.

_ Ele te contou do nosso namoro de dois anos também?

Ela jogou essa informação displicentemente. Se pudesse descrever a frase e seu efeito em uma imagem, diria que Rachael soltou uma pena da mão que, no meio do caminho, se transformou em uma bigorna e, ao cair, chacoalhou todo o solo ao redor. Eu sabia. Em uma fração de segundo, todos os meus momentos tão lindos com Taylor foram colocados em xeque. Foram suspensos no ar. Não quis mostrar fraqueza.

_ Contou, claro.

_ Terminamos antes de ele se mudar para Pittsburgh no ano passado. A gente tentou voltar tantas vezes. Em julho mesmo eu fui lá visitá-lo.

Por mais que eu estivesse sentindo uma aflição crescente dentro de mim e quisesse gritar de ódio. Por mais que eu começasse a perceber uma vontade brigar com Taylor aumentar dentro de mim. A raiva que senti dela foi maior. Mas que audácia, que arrogância. Que menina chata.

_ Rachael, não estou entendendo porque você está me dizendo todas as essas coisas.

Ela balançou a cabeça como se fosse elementar, cara, Layla.

_ Porque não faz o menor sentido ele estar com você, só isso.

E, assim, Rachael simplesmente entrou no banheiro. Fiquei parada no corredor como uma idiota. Como ele não me contou que a ex-namorada estaria nessa merda de almoço? Como? Agora eu tinha feito papel de palhaça! Não tinha nem tido a chance de me preparar! De me defender! Que garota horrível. Eu queria matar o Taylor. Queria morrer antes, mas queria matar o Taylor com minhas próprias mãos. Não era daquele jeito se começava um relacionamento, com mentiras. Fui até a sala e me sentei ao lado dele. Ele tomou minha mão na sua. O calor dos seus dedos em vez de me acalmar fizeram com que eu quisesse me desfazer em choro.

_ Você demorou... Tá tudo bem?

Assenti com a cabeça, mas o rasguei ao meio com o olhar. Ele piscou. Ele entendeu.

_ Quer conversar?

Se eu queria conversar. Eu queria berrar. Queria gritar até explodir minhas cordas vocais e não podia dar escândalo no meio de 40 pessoas. Quando Rachael voltou, agiu como se nada tivesse acontecido. Agora eu queria matar ele e ela. Me virei a ele.

_ Não aqui.

Ele se inclinou e beijou meu rosto, claramente para que ninguém percebesse que aquele vaso que era o nosso namoro estava prestes a se espatifar no chão. _ Vamos pro jardim.

Segui Taylor com minha mão ainda na dele. Passei a sentir falta do toque dele por antecipação. Lembrava de como ele me beijava, e a memória era sequestrada por uma imagem de Taylor e Rachael juntos. O jardim era grande e, com o frio, o gramado estava acinzentado, marrom. Cruzei os braços sobre o pulôver que usava.

_ O que aconteceu?

Praticamente cuspi a frase. _ Sua ex-namorada veio me contar um pouco da historinha fofa de vocês.

Ele suspirou e puxou os cabelos para trás com uma das mãos.

_ Eu só queria saber por que você não me contou que ela estaria aqui.

_ Bom, eu não sabia, na verdade. Mas você tem razão, eu devia ter falado.

_ Eu tenho toda a razão! - abri os braços e os encolhi de novo, lembrando que alguém poderia estar vendo. Tentei controlar o volume da minha voz. _Eu tenho toda a razão do mundo inteiro, Taylor. Porque ela me pegou desprevenida e eu não tinha nem o que falar! Dois anos de namoro! E ainda me disse com muita propriedade que eu não sirvo pra você. Olha que legal.

Não consegui mais controlar as lágrimas. Elas desceram como dois rios dos meus olhos. Ele tentou me abraçar, mas eu o afastei.

_ Não. Você mentiu pra mim.

_ Lay... Eu não menti. Eu não sabia que ela ia fazer isso.

_ Ela disse que foi te visitar! Em julho! - minha voz novamente subiu e eu olhei ao redor.

O que mais me irritou foi que, embora eu soubesse que ele estava levemente desesperado pelo tremor na sua voz, Taylor se mantinha incomodamente calmo.

_ Ela foi. Ela foi pra lá várias vezes. Mas já tinha terminado. Ela é uma amiga muito querida, só isso.

_ Não é o que ela acha. Não foi o que ela me falou. E agora eu estou aqui fazendo esse papelão na casa da sua família porque você, sei lá, achou que não valia a pena mencionar.

Ele suspirou de novo.

_ Ela é uma garota legal. Só não lidou muito bem com o fim do nosso namoro.

_ Taylor. Eu sinceramente não consigo acreditar que você está defendendo a mulher que fez sua namorada se partir em lágrimas no meio de uma reunião familiar. Sério. Mas você quer saber? Não vamos mais falar sobre isso.

Voltei para as pessoas e me portei o melhor que consegui. Foi um suplício. Eu não podia acreditar que ele não tinha me pedido nem desculpa. Queria chorar cada vez que olhava para ele, pois tinha certeza que o maior sentimento que já tinha nascido dentro do meu coração estava prestes a ser esmagado. Subi para dormir antes dele, dizendo que estava com dor de cabeça e, quando ele chegou fingi que estava no décimo oitavo sono. Só adormeci porque tomei um comprimido.

Apaguei e não tive um sonho sequer. Ao abrir os olhos, torci para que tudo que tinha acontecido no dia anterior não tivesse passado de um pesadelo horrível. Quase acreditei que sim. Taylor estava sentado do meu lado na cama, encostado na cabeceira, me olhando de dentro daquele azul.

_ Você é linda dormindo.

Eu sabia que teria que conversar com ele. Mas não tinha a menor vontade. Como um zumbi, levantei, lavei meu rosto, escovei os dentes. Retornei ao quarto e enquanto guardava minha necessaire dentro da pequena mala que tinha levado, ouvi sua voz.

_ Eu sei que você está brava. Eu sei. E você tem razão. Conversei ontem à noite com o Ike sobre tantas coisas, sobre tudo... Você tem razão, Layla. Será que a gente pode conversar?

Taylor sempre falava de como gostava de conversar com o irmão mais velho, que era mais ponderado do que ele em uma série de questões. Me sentei na frente dele e cruzei os braços. Ele respirou fundo e percebi as olheiras em seu rosto.

_ Lay, não tem desculpas para não ter te contado nada a respeito da Rachael a não ser o fato de que eu realmente não sabia que ela viria. Mas eu deveria ter te alertado quando ela apareceu. Eu fiquei com medo de você ficar chateada e achei que pudesse falar depois. Foi um erro. Eu também não achei que ela fosse te importunar. Nosso namoro foi longo, mas não foi nem um décimo do que é hoje, com você. Não que você precise saber disso, mas falei com a Rachael em algum ponto da madrugada. Não conseguia dormir. Falei pra ela que esperava que ela nunca mais fizesse qualquer outra coisa assim com você ou a gente nunca mais se falaria nem cordialmente nas minhas visitas a Tulsa.

Não falei nada. Ele suspirou e continuou. _ Eu nunca tive tanto medo de perder ninguém na minha vida como tive medo de perder você ontem. Eu quero tanto... Eu preciso que você me perdoe. Eu estou em pânico que você não vá fazer isso, mas eu entendo. Você não precisa. Eu me sinto tão culpado por ter feito você sofrer...

_ E se eu não servir pra você mesmo?

Taylor se aproximou um pouco de mim, mas não me tocou.

_ Lay... Olha pra mim. Eu te amo. Eu amo você. Eu quero fazer você feliz. Eu espero que eu sirva pra você.

Amor. Era isso, então. Eu sabia que estava louca por ele. Ensandecidamente maluca. Mas até ele dizer a palavra, não tinha ainda atinado. Era amor. E ele tinha amor por mim. Senti lágrimas escorrendo pela minha bochecha, mas comecei a rir. E depois dei um tapa no ombro dele e me agarrei a Taylor.

_ Eu te amo também. Eu te amo tanto. Eu queria te matar.

_ Me perdoa?

Meu coração já o tinha perdoado havia minutos, mas disse que sim. Claro que sim. Eu ia me jogar de cabeça, sem volta.

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