Aprendendo a Amar (02) | ✓

By AutoraSSantos

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•| Irmãos McDemott - Livro 2 ➜ +16 • A história aborda violência (física, psicológica e sexual), ataque de pâ... More

•|NOTAS INICIAIS|•
•|ORDEM DA SÉRIE|•
•|SINOPSE|•
•|ELENCO|•
•|PLAYLIST|•
•Prólogo•
Capítulo • 1
Capítulo • 2
Capítulo • 3
Capítulo • 4
Capítulo • 5
Capítulo • 6
Capítulo • 7
Capítulo • 8
Capítulo • 9
Capítulo • 10
Capítulo • 12
Capítulo • 13
Capítulo • 14
Capítulo • 15
Capítulo • 16
Capítulo • 17
Capítulo • 18
Capítulo • 19
Capítulo • 20
Capítulo • 21
Capítulo • 22
Capítulo • 23
Capítulo • 24
Capítulo • 25
Capítulo • 26
Capítulo • 27
Capítulo • 28
Capítulo • 29
Capítulo • 30
Capítulo • 31
Capítulo • 32
Capítulo • 33
Capítulo • 34
Capítulo • 35
Capítulo • 36
Capítulo • 37
Capítulo • 38
Capítulo • 39
Capítulo • 40
Capítulo • 41
Capítulo • 42
Capítulo • 43
Capítulo • 44
Capítulo • 45
Capítulo • Bônus
Capítulo • 46
Capítulo • 47
Capítulo • 48
Capítulo • 49 | FINAL
•Epílogo•
•|AGRADECIMENTOS|•

Capítulo • 11

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By AutoraSSantos

Se torna uma tarefa impossível descrever a emoção que senti ao ouvir aquele belo som; o coração do bebê. Todavia, algo dentro de mim grita que é uma menina, e nem ao menos sei explicar o motivo. Quando a enfermeira perguntou se eu era o pai, minha vontade foi de confirmar. Contudo, seria algo insano, pois não sou nada da Angel; apenas a pessoa que ajudou no seu atendimento.

Porra, por que a verdade dói tanto?

Não consigo decifrar tudo que estou sentindo; tudo parece algo novo e muito estranho. Apenas sei que meu lado McDemott foi ativado, aquele lado que meu pai vivia dizendo para mim e meus irmãos. Contudo, não posso simplesmente jogá-lo em cima da Angel, pois isso a assustaria.

Entretanto, algo a mais me chamou atenção durante o exame: a reação da Angel. Não compreendo muito bem a respeito, mas no momento que Laura o iniciou, as íris da princesa se preencheram com o medo.

— Angel, aqui está sua receita. — Desperto com sua voz, a encontro entregando-lhe um papel. Seguro a vontade de me inclinar e ler quais medicações foram prescritas. — Na primeira consulta prescrevi a vitamina. Começou a tomá-la, querida?

— Ainda não. Iria comprar no dia seguinte, mas tudo isso aconteceu.

O órgão batendo em meu peito parece parar por alguns segundos ao lembrar como a encontrei ontem.

— Compreendo — profere Laura de forma terna. —  Mas aconselho que comece a tomá-la hoje. É muito importante, Angel. Avisei sobre a leve anemia que encontrei ao analisar o hemograma. Isso não é bom para o bebê e nem para você.

Ela está com anemia?. Cravo meus olhos nela, mas nem ao menos olha na minha direção.

— Vou tomar a vitamina.

— Laura. — Resolvo participar da conversa. — Com todos esses cuidados o hematoma irá diminuir mesmo?

— Se ela seguir as recomendações e tomar a medicação, sim. Como está pequeno, a chance de diminuir ainda mais e sumir, é enorme — explica pacientemente e nem ao menos muda sua expressão diante da minha curiosidade. — Todo cuidado é pouco, Dominic. Não apenas porque foi detectado esse hematoma, mas toda gravidez requer cuidados especiais.

Durante quinze minutos Laura esclarece nossas dúvidas. Uma parte de mim grita que estou sendo incoveniente e a outra se sente satisfeita. Não posso negar, quanto mais perto fico da Angel mais o instinto protetor aumenta. Após ela receber alta, não sei como prosseguir, mas não posso simplesmente invadir sua vida sem mais nem menos. Se fizer isso, irei parecer um psicopata.

Meu celular começa a tocar, peço licença e saio do consultório. O nome do Gabriel — um amigo e também o primeiro Tenente do quartel, quando estou ausente ele assume o controle — está escrito no identificador de chamadas.

— Fala. — Recosto o corpo contra a parede.

— A educação mandou lembranças — ironiza. — Sua voz parece cansada. Não deveria estar descansado no seu dia de folga?

— Digamos que aconteceu uma reviravolta na minha vida em vinte quatro horas — confesso. — Mas você não está ligando para saber sobre a minha vida. O que aconteceu?

— Depois quero saber tudo sobre essa história de reviravolta. — Ouço vozes altas no fundo, e algumas risadas. — Problemas com aquela pessoa.

As vozes diminuem, o que indica que ele foi para longe da bagunça. Os intervalos, quando não temos nenhuma ocorrência, são regados de conversas altas e provocações sobre qualquer assunto bobo que envolva alguém da equipe.

— O que ele fez agora? — Pressiono a ponte do nariz, sentindo a frustração surgindo aos poucos.

— O peguei usando mais vez escondido no banheiro. Teve a sorte que fui eu que vi isso, se fosse o chefe ele estaria ferrado.

Fecho os olhos, e uma série de palavrões escapam pelos meus lábios.

— O mesmo de sempre? — consigo perguntar após me acalmar um pouco.

— Sim, ainda está usando cocaína. Porra, Dominic! — Consigo sentir sua frustração e raiva através do celular. — Ele está destruindo sua vida aos poucos. É possível notar que algo está errado com sua aparência, está ficando aparente seu vício.

— Merda! — praguejo alto. — Quando ele vai parar de ser tão irresponsável?

— Não vai parar. Spencer parece ter desistido da vida depois que perdeu ela.

— Ele não pode porra! Tem uma filha que depende dele, aquela criança precisa do pai e não de um viciado de merda. — A raiva toma conta do meu corpo, viro-me e desfiro um soco na parede, a dor é mínima comparada a sensação de estar perdendo um amigo para um maldito vício.

— Não adianta apenas nós querermos o ajudar, Dominic. Ele precisa querer essa ajuda ou não vai adiantar nada.

— Spencer não pode desistir assim. A Maddie... — Minha voz antes repleta de raiva, agora está encoberta pela dor. — Ela precisa dele, só tem quatro anos. Como vai ficar se perder o pai também?

— Ele tem rejeitado ela desde que Maryan morreu naquele acidente.

Fecho os olhos ao sentir o impacto das suas palavras. Com o passar do tempo não diminui a intensidade, é doloroso estar ciente do sofrimento de uma criança que perdeu a mãe e está perdendo o pai, mesmo que ela nem desconfie desse fato. Para a Maddie, seu papai está "dodói" e precisa de um tempo para se recuperar. Porra, mentir para ela dói.

— Vamos fazer assim: leva ele para casa nem que seja à força — ordeno. — Mais tarde irei ter uma conversa séria com ele. Será tudo ou nada, mas não vou deixar que se afunde ainda mais nesse inferno.

Não me orgulho do que irei fazer, mas se isso for acordar o Spencer, não irei ligar para os julgamentos de quem descobrir o que fiz.

— Vou fazer isso, Dominic. Irei deixar Trent no meu lugar enquanto levo Spencer até sua casa. Por via das dúvidas ficarei com ele até você chegar.

— Faça. — Encosto a testa na parede gélida, parece que tem um peso enorme em meus ombros, mais uma vez. — Assim que possível irei até a casa dele.

A chamada se encerra e deixa um gosto amargo na boca, as palavras ditas por Gabriel parecem ecoar na minha cabeça. O que você está fazendo, Spencer?. Ainda consigo lembrar do dia em que ele apareceu pela primeira vez no quartel. Era apenas um adolescente de dezenove anos em busca de um novo recomeço. Na época eu tinha vinte e quatro, e havia recém sido promovido a Capitão. Com essa promoção precoce, veio a inveja dos mais velhos na equipe. Chegaram até a lançarem ironias na minha direção, que possuir o sobrenome McDemott contribuiu para essa escolha. Entretanto, na primeira missão como Capitão, calei a boca de todos de desconfiaram da minha capacidade.

Spencer, por causa de sua aparência, recebeu diversos olhares tortos. Seu corpo é coberto por tatuagens e possui aquele ar rebelde ao seu redor, e naquela época mesmo com essa "fachada" fui capaz de enxergar seu potencial. Com apenas uma reunião junto ao meu superior, consegui colocar ele dentro da equipe. O caminho para se tornar bombeiro não é fácil, mas o rapaz não me decepcionou. A cada pequena vitória, o meu orgulho aumentava.

As aparências podem enganar, pois ao vê-lo de longe, qualquer um pode deduzir que ele é um homem que não liga para nada. A sociedade possui essas rotulagens, o que acho uma grande hipocrisia e falta de respeito. Acaba que isso se torna um erro contínuo de todos, julgar antes de conhecer. Infelizmente isso parece estar correndo em nossas veias.

Contudo, algo surpreendente aconteceu após Spencer iniciar o treinamento. Conhecemos sua esposa e a pequena Maddisson, todos ficamos admirados. Hoje em dia, ela nos tem enrolados em seu dedo mindinho, praticamente é a princesa do quartel. Mas tudo mudou após a tragédia, ela não está indo mais por causa do pai. Os seus avós maternos acharam melhor, assim evitaria a dor da rejeição, pois não duvido que Spencer não iria dizer algo venenoso.

Ele era um homem tão feliz com sua família, até que um motorista bêbado a destruiu. Maryan estava voltando para casa quando o maldito irresponsável furou o sinal vermelho e atingiu em cheio o seu carro. Outro quartel foi acionado, mas infelizmente não conseguiram tirá-la a tempo antes do carro explodir. Nesse dia Maddie estava com seus avós, e Spencer, bem ao nosso lado quando recebemos a notícia pelo rádio.

O homem feliz parece ter sido enterrado junto com sua mulher, e um repleto de escuridão surgiu em seu lugar. Poucos anos nos separam, mas ainda o enxergo como aquele rapaz. Angel estava certa, a equipe é como se fosse minha segunda família, mesmo as pessoas que no início me subestimaram.

Ele pode estar desistindo da vida, mas eu não irei desistir do meu amigo. Alguém toca meu ombro, inclino a cabeça e encontro as belas íris de Angel, contudo, possuem um brilho preocupado.

— O que aconteceu? — Busco forças para ser gentil após toda merda que soube naquela ligação, ela não merece receber minha frustação.

— Estou bem. — Sua testa se franze. — Mas você não parece bem... Algo aconteceu?

— Sim. — A respiração escapa com força por meus lábios. Me viro e fico frente a frente com ela, cruzo os braços para evitar puxá-la para meus braços e assim encontrar a calmaria que preciso nesse momento. — Recebi uma ligação difícil.

— Quer conversar sobre?

— Agora não. — Seus olhos se tornam ainda mais preocupados, e algo parece estalar em meu peito. — Queria apenas um abraço nesse momento.

Minha voz saiu baixa e dolorida, evito seu olhar. Não era para ter saído em voz alta, contudo, isso é o que mais preciso nesse momento. Sinto-me cansado emocionalmente, e em meio a isso o medo vem rastejando lentamente. Tenho medo que essa conversa com Spencer não resulte em nada.

— Abraço?

— Não precisa, princesa. Acho que o melhor é eu ir para casa e descansar um pouco — acabo mentindo ante a nota de medo presente em seu tom de voz.

— Dominic. — Meus olhos se fecham apreciando a forma como ela disse meu nome, sua voz doce e delicada. — Ei, pode olhar para mim? — Prontamente abro os olhos, contudo, não consigo decifrar o que está presente em suas profundezas azuladas. — Não sinta vergonha do seu pedido. Você não parece bem.

Abro a boca inutilmente, pois nenhuma palavra escapa. No momento que seus braços se abrem em um convite mudo, não penso duas vezes antes de envolver seu corpo em um abraço. Apoio o queixo na sua cabeça e inspiro seu cheiro, algo como lavanda, sinto-me um pouco menos atormentado e o peso em meus ombros parece ficar mais leve.

Angel, sem ao menos desconfiar, se tornou um porto seguro para mim nesse momento.

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