Castelo de pedra

By filhadatrindade

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Anya perdeu tudo que tinha muito cedo. Chuck sempre teve tudo e até mais do que merecia. Quando os dois se en... More

Prólogo ❤
Capítulo 01 - Beijo roubado ❤
Capítulo 02 - Grata por sua estupidez ❤
Capítulo 04 - O amor te encontra❤
Capítulo 05 - Gata borralheira ❤
Capítulo 06 - Uma história nada feliz ❤
Capítulo 07 - Nunca poderei lhe pagar ❤
Capítulo 08 - Isso é amor ❤
Capítulo 09 - Mulher perigosa ❤
Capítulo 10 - Ela é diferente ❤
Capítulo 11 - Extravasar ❤
Capítulo 12 - Sendo levada por ele ❤
Capítulo 13 - O que eu fiz? ❤
Capítulo 14 - Ele não é meu pai ❤
Capítulo 15 - Pelo bem dele ❤
Capítulo 16 - O que eu tenho? ❤
Capítulo 17 - Sinal verde ❤
Capítulo 18 - Quando você me pedir... ❤
Capítulo 19 - Se é importante para você... ❤
Capítulo 20 - Eu vou me permitir ❤
Capítulo 21 - A fé ❤
Capítulo 22 - Quebre sua promessa ❤
Capítulo 23 - Cansei ❤
Capítulo 24 - Ingratidão ❤
Capítulo 25 - A alegria vem pela manhã ❤
Capítulo 26 - O tempo cura? [Ultimo Capítulo] ❤
Epílogo ❤

Capítulo 03 - Nos olhos dele ❤

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By filhadatrindade

Três anos mais tarde.

Eu estava muito atrasada para meu treino. Eu tinha que ir muito rápido para a classe. Estava colocando meus tênis e escovando os dentes ao mesmo tempo. Minha colega de quarto, Iara, só sabia rir de mim.

Ela não tinha aula na parte da manhã, ficaria no quarto praticando até ser a hora dela.

Coloquei qualquer roupa que vi no armário e apenas prendi meu cabelo de qualquer forma. Quase todas as manhãs eu fazia isso.

Iara era uma mulata com curvas de dar inveja, cabelo afro e pele bem brilhante, como se passasse algo para ficar assim, mas era natural. Seus olhos eram dourados o que a deixava deslumbrante. Tinha o cabelo preto e algumas mexas rosa. Combinava com ela.

Corri pelo campus com meus tênis especiais e minha bolsa com os livros sobre a história da dança. Terceiro ano na universidade, estava mais difícil agora. Depois de dois anos aqui você percebe que cada um tem seu lugar.

Muitos me humilharam pela minha condição, mas eu também fui acolhida por outros, como Iara que era uma ótima amiga. Eu venci vários campeonatos regionais de dança enquanto ainda estudava. Era cansativo, mas nunca era demais para aprender. Nossos professores colocavam sempre muita confiança em nós.

Passei pela porta do departamento e dei um aceno para Leonardo, que recebia os alunos, o mesmo também riu de mim ao me ver passar. Corri para dentro, abrindo a porta com tudo fazendo todos me olharem.

— Atrasada de novo Anya. – A professora disse, sem nem ao menos me olhar.

— Eu sinto muito – Baixei a cabeça e fui para perto de Rony.

— Você não muda mesmo – Sussurra para mim.

— Eu fiquei até tarde estudando, me dá um desconto. – Sussurro de volta.

Depois da aula, Rony e eu fomos a biblioteca para estudar. Encontramos Iara lá pegando alguns livros, mas a mesma nem nos viu de tão distraída. Rony a olhava como um bobo.

Cutuquei ele, para que voltasse a si.

— Quando vai se confessar? Já faz um ano que está nisso – Disse anotando sobre a matéria no meu caderno.

— Me deixa Anya. – Bufou. — E você? Quando vai arrumar um namorado? Nunca nem te vi falando de nenhum cara.

— Eu prefiro me focar nos estudos. É para isso que estamos aqui – Respondo.

— Mas do que adianta passar quatro anos da sua vida sem amor? – Questiona.

Aquilo me fez pensar um pouco. Eu nem ao menos entendia direito sobre amor. Nunca tive muito isso. Apesar de ter sido bem tratada alguns anos no orfanato, não acho que era amor, mas sim, compaixão.

— Eu tenho que ir – Comecei a pegar meus livros e levantei.

— Está bem. Não se atrase para o treino – Ele rosna.

Reviro os olhos e saio.

A universidade me trouxe muitas coisas boas, mas eu ainda sentia falta da minha mãe e tinha pesadelos com meu pai. Sobre aquela noite em especifico. Meu coração sempre aperta ao pensar sobre isso, mas não consigo evitar, enquanto não souber de tudo eu não vou dormir em paz. Sempre terá um ponto de interrogação na minha história ou uma vírgula.

Eu adorava andar pelo gramado do campus. O vento batia no meu rosto e eu sentia que algum ser divino realmente estava lá por mim.

Há alguns anos eu desejava que minha vida mudasse e mudou, por causa de um idiota, mas mudou. Eu nunca mais o vi depois daquele dia, mas ele realmente mudou tudo para mim.

Mas agora, eu sinto como se algo mais estivesse faltando. Eu não consigo ficar um dia sem sentir esse vazio dentro de mim.

Sem perceber o que tinha a minha frente, tropeço e caio. Minhas coisas todas se espalharam e senti meu joelho arder.

— Merda! – Exclamei, me ajeitando sentada.

Olhei para o meu joelho e vi um machucado.

— Você devia olhar por onde anda – Olho para trás e Chuck estava no chão também, mas escorado na arvore. Ele sorriu ao me ver.

— Você se machucou? – Questionei.

— Não.

— Então não é da sua conta. – Rebato, terminando de juntar tudo e levantando.

Ele se levanta bem depois de mim. Ele estava contra o sol. Por um momento seus cabelos ficaram mais iluminados, assim como seu sorriso.

— Você continua a mesma. Sempre na defensiva. – Olhei-o de canto e fiz uma careta.

— E você continua o mesmo idiota de sempre. – Sorrio amarelo. — Não sei como conseguiu passar três anos aqui.

— Droga! – Ele olha por cima do meu ombro.

— O que foi... – Ele me puxa de repente, para trás da arvore a qual ele estava — Fica quieta! – Coloca a mão na minha boca. — Vem comigo... – ele continuava a me puxar.

— O que você pensa que está fazendo? – Tirei a mão dele da minha boca, enquanto ele olhava para todos os lados.

— Ah! – Ele dá um grito, esconde seu rosto e me puxa para fora da universidade. — Entra aí. – Abre a porta do carro dele.

— Está louco? Eu não. – Viro-me para voltar para o meu quarto.

Ele pega meus livros e joga no banco traseiro do carro dele e começa a me empurrar para o banco do carona.

— Ei, Chuck! Me deixa sair agora! – Ele faz um sinal pedindo que eu ficasse quieta, mas eu continuo batendo na porta do carro dele.

Ele entra no carro sem dizer nada e coloca a chave, depois de uns minutos dá partida e começa a correr para longe. Depois de algum tempo ele suspira aliviado e eu fico com meu olhar mortal em cima dele.

— Dá para me explicar o que foi isso? – Rosno.

— É que... Bem, não importa mis. Já me livrei. – Ele sorri.

— Ah, que ótimo. Agora me leve de volta – Bati nas costas dele.

— Isso dói! – Ele esfrega com uma das mãos. — Não vai dar não, ok?

— Primeiro: Desde quando um tapa é para não doer? Segundo: Porque não vai dar? – Cruzo os braços.

— Coloca o sinto. – Ele me ajeita, brutamente, no banco e coloca o sinto. — Você já matou aula alguma vez? – Ele balança as sobrancelhas.

— Aish! – Eu ameaço abrir a porta. — Eu vou te denunciar por sequestro Chuck! – Esbravejo.

— Aí aí... Você é a garota das denúncias. O que quer agora? Dinheiro? – Por um momento o carro perde o controle e eu me agarro no braço dele.

— P-Preste atenção! – Solto-me dele.

— Se você ficar quieta e não me distrair – Rebate.

Eu suspiro, querendo mata-lo, mas fico quieta. Ele dirige por quase uma hora até parar numa sorveteria.

— O que você está fazendo? – Questiono, quando ele está se preparando para sair.

— Saindo. Não percebeu? – Ele abre a porta e saí.

Começo a bater minha cabeça no banco e esfrego meu rosto. Pela janela ele me chama com a mão e um sorriso idiota na cara. Eu só queria arrancar seus dentes. Depois de muito titubear eu saio do carro e vou para a mesma sorveteria que ele entrou.

Ele estava sentado com um sorvete de pote em mãos e outro bem fechado, no que pensei que fosse para mim. Fui até lá e com raiva sentei e peguei o sorvete.

— Porque sempre que eu encontro com você me meto em confusão? – Ele questiona.

— Não era eu que devia estar falando isso? – Me inclino para frente. — Agora, você pode me dizer porque exatamente fugiu do campus e me arrastou? – Digo com um pouco de sorvete na boca.

— Aish! – Ele pega um guardanapo e limpa minha boca.

O olho por um momento fazendo isso e depois puxo o guardanapo da sua mão.

— Eu estava fugindo de uma pessoa – Responde, por fim.

— Você comprou drogas e não pagou? – Digo, como se fosse natural.

Ele estala a língua e me olha atravessado.

— Da minha noiva. – Quase me engasgo quando ele responde. — Ei, se acalme! Você mesmo disse que alguém ia me achar irresistível por aí.

— E-Eu sei..., Mas... Noiva? Você não parece do tipo que se amarra alguém até que a morte os separe.

— Pois é. – Ele ri de leve.

— Mas, porque estava fugindo? – Questiono.

— Eu não gosto dela. – Responde sem me olhar.

— E porque ela é sua noiva então? – Arqueio a sobrancelha.

— Ela que espalha isso para todo mundo. Como todo mundo já fala isso, imaginei que você saberia identificar ela assim. – Ele sorri mais uma vez.

— Você me surpreende toda vez. – Me inclino para frente e bato em seu ombro de novo.

— O que foi isso? – Ele esfrega novamente. — Você devia estar numa universidade que tem esporte de luta.

— Não brinque com os sentimentos das pessoas. É cruel. Se você não gosta dela, diga logo e não a deixe com esperanças. – Falo.

— Você acha que eu já não disse? – Ele coloca mais um pouco de sorvete na boca.

— Se tivesse dito de verdade, não acho que ela estaria atrás de você e você fugindo dela e arrastando quem está com você para um lugar desconhecido – Rosno.

— Deixa isso para lá. Você está machucada, né? Vamos na farmácia. – Ele termina seu sorvete e pede a conta.

— Eu não estou machucada... – É aí que me lembro do meu joelho. Olho para ele e estava com uma pequena quantidade de sangue.

— Uau. Você é realmente desmiolada – Ele bagunça mais meu cabelo.

Ele sai da sorveteria e vou logo atrás dele. Eu queria muito me livrar dele, mas nem sabia onde estava e não tinha dinheiro para voltar. Do outro lado da rua tinha uma farmácia, fiquei perto do carro dele sentada num banco na frente da sorveteria, enquanto ele comprava algo lá.

Quando ele saí do local atravessa a rua e vem para mais perto de mim e se agacha pegando de dentro da sacola preta um remédio e band-aid.

— Aí! – Dou um grito antes mesmo dele colocar algo em mim.

— Deixa de frescura, eu nem encostei em você – Ele revira os olhos. — Argh. Coloque você mesma – Ele me dá o remédio e se levanta ficando de costas para mim.

Coloco o remédio de leve e procuro na sacola o band-aid.

— O band-aid. – Digo, baixo.

Ele tira as mãos do bolso e olha para o objeto, se virando de novo para mim e agachando para colocar no local do ferimento.

Por um momento ele para e me olha. Seus olhos pareciam ter ficado ainda mais azuis depois de todo esse tempo.

— Então garçonete – Ele pigarreia, sentando-se ao meu lado.

— Eu não sou mais uma garçonete e sim um veterana. – Reviro os olhos.

— Seus pais devem se orgulhar – Ele bate palmas para mim.

— Não sei. Não vejo eles desde os seis anos. – Digo e ele me olha com arrependimento.

— B-Bem... O que fez durante os três anos? – Ele encosta no banco e mexe em seu cabelo.

— Estudei. – Respondo e ele me olha atônito.

— É só isso? Nada de festas, amigos, namoro? – Balanço a cabeça negando. — Você é realmente esquisita que chega a ser interessante.

— O que disse? – Ameaço bater nele, mas ele se esquiva.

— Você tem que aproveitar sua vida universitária. O que foi? Vai dizer que depois do meu beijo não conseguiu mais pensar em ninguém? – Ele coloca seu braço por trás de mim no banco e eu tiro-o.

— Só se eu fosse muito louca – Respondo, sussurrando.

— E então?

— A universidade é para estudar e não para... Se apaixonar.

— Como assim? O amor pode estar em qualquer lugar, pelo menos, é isso que minha mãe vive dizendo – Ele diz com seus olhos fixos na arvore do outro lado da rua.

— Nunca se apaixonou? – Questiono, me arrependendo em seguida de fazer a pergunta. — Quer dizer, você parece estar sempre com mulheres, alguma te encantou algum dia?

Ele sorri de canto.

— Não. Nunca tive real interesse por nenhuma. Sempre diversão. – Vislumbro-o de canto de olho.

Ele parecia muito triste agora. Seu olhar era o mesmo de alguns anos atrás quando ele se aproximou de mim bêbado. Tinha só um pouco de solidão misturado com um pouco de dor e vazio. Eu me vi, por um momento nos olhos dele naquele dia. E agora, me vejo novamente. 

Continua...

"Ora, a terra estava corrompida aos olhos de Deus e cheia de violência."
Gênesis 6:11

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