Eu não quero ser mais só mais uma na sua lista interminável de meninas. Procuro alguma coisa mais séria em breve.
- Obrigada pelo convite, mas já estou bem. Conheço muitas coisas por aqui.
Minto, mal conheço a rua da mansão, quem dirá a cidade. Não sou muito de sair, prefiro o conforto que a mansão proporciona.
Vejo em sua cara, ele não parece acreditar.
Pense Laura, pense.
- Eu também não tenho muito tempo, eu tenho que voltar para o trabalho.
Sorrio e me viro, ele pega meu pulso me forçando a virar novamente.
Ele parece decepcionado com minha ação e palavras, mas logo volta com seu sorriso radiante.
- Ah, você trabalha? O que faz?
- Eu trabalho como babá para uma família na cidade.
Suspiro.
- Isso leva muito do meu tempo eu tenho que cuidar da menininha deles.
- Onde você trabalha? Conheço praticamente todos por aqui. Posso pedir a eles para deixar você um tempo livre.
Sua insistência me irrita!
Ninguém o recusa ou o quê?!
- Estou com os Bartholy, não sei se você conhece eles... mas, são muito exigentes em questão dos hor...
Paro de falar quando vejo sua expressão quando eu menciono os "Bartholy".
Ele da um passo para trás e seu sorriso morre de vez. Seus olhos estão arregalados e ele parece totalmente surpreso.
Pouco a pouco ele começa a franzir a testa.
O que foi agora?
- Eu nunca pensei que eles teriam a ousadia de contratar uma babá. Cuidado Camile, essas pessoas não são normais.
Ele também tem problema com os Bartholy? Parece que isso passou a ser tendência aqui.
- Pode deixar Loan.- cuspo as palavras.- Já sou bem grandinha e sei o que eu estou fazendo. Tenho que ir agora, você me atrasou demais. Vejo você mais tarde.
Me viro de costas e começo a correr pela rua sem esperar uma resposta e muito menos esperar ele me segurar novamente.
Obviamente os Bartholy não parecem ser populares e amados por alguns aqui.
No dia seguinte, aproveito meu tempo livre para fazer uma pequena investigação sobre os irmãos Bartholy.
Depois de dar a volta na mansão toda, o que demorou bastante, percebi que tem somente dois espelhos em toda casa.
Um no meu quarto e outro no banheiro que eu utilizo.
Talvez seja uma escolha de decoração simples.
Eu tenho certeza que tem alguma coisa com essa família.
Intrigada, vou até a cozinha e abro os armários, vendo alguns ingredientes que me fazem ter uma ideia. Preparo um bolo bonito e decorado.
A Lorie está no seu quarto. Grito seu nome e peço que ela venha na sala de jantar.
Eu a escuto resmungar e falar que não vai descer.
Mas, finalmente, sua curiosidade fala mais alto e a vejo descer os degraus.
- O quê?
Obviamente ela tá fazendo cara feia e me respondendo com frieza.
- Veja o que eu preparei para você!- digo alegre.
Eu mostro a ela um bolo rosa, decorado com pequenas e delicadas flores comestíveis.
Demorei bastante tempo o fazendo e estou orgulha com o resultado.
Qualquer criança normal iria fazer uma coisa...
Devorá-lo.
Vejo a reação da pequena. Ela olha para ele surpresa e logo depois retoma ao seu biquinho.
- Esse bolo tá horrível, e eu não gosto disso, não quero! - ela explode em cima de mim e arregalo os olhos.
Ela está preste a sair da sala de jantar, seguro sua mão e sinto o quanto sua pele é fria como o gelo.
- Lorie, por favor.- suspiro.- Eu levei tanto tempo para fazer e te agradar, experimente pelo menos.
Mais uma vez seus olhos vagam em mim e no bolo.
E para minha total surpresa, ela começa a chorar. Grandes lágrimas escorrem sobre seu rosto de boneca.
- Lorie? Eu fiz alguma coisa? Por que está chorando?
Mas o que aconteceu com ela? Eu disse alguma coisa?
O som de seu choro alto atraí a atenção do irmão mais velho, Nicolae corre para a sala de jantar em pânico.
- O que está acontecendo?
Ele se aproxima da irmã e a pega no colo.
- Shh, shh. Está tudo bem, por que está chorando Lorie?
A menina funga e aponta para mim.