Renegados parte. 1 - Carrasco

By GustavoWagner

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Carl é um assassino, o Carrasco do Rei, aquele que foi preso após a chacina no campo de batalha contra a Rebe... More

Ilha de Gabriel

Terceiro Selo

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By GustavoWagner

Pouco antes de saírem da Ilha de Gabriel, Carl e Mayra ouviram os gritos de alguém vindo lá de cima da montanha, era Zeff junto a outros cinco Domadores em forma de rinocerontes. Não eram gritos, eram os rugidos dos homens em forma de animais. Vinham correndo e tremiam toda a ilha.

Por que não estavam dormindo como os outros?

– Acabem com eles – dizia Zeff lá de cima. Ele havia mesmo voltado para capturar Carl e desta vez, de brinde teria Mayra, aquela que atravessou cinco portais num dia. – Vocês morrem se falharem, animais imprestáveis.

O feiticeiro era um sujeito peculiar, Carl jurava que ele estaria à quilômetros de distância, mas não, havia mesmo voltado e iria tentar bater de frente com ele, o próprio Carrasco do Rei.

– Não vale a pena ficar perdendo tempo com eles, – disse Mayra – vamos andando.

Mayra tocou em seu cavalo e usou a arte da levitação, as patas do cavalo agora podiam pisar o vento e pisar a água. Assim ela usou as rédeas para que sua montaria saísse do lugar e o animal correu muito, era uma besta desenfreada que usava da própria energia de Mayra.

Carl continuava parado, apenas observando aqueles enormes rinocerontes correndo e quase tropeçando um no outro, quando chegassem não teriam sequer forças para levantar o machado de guerra contra ele.

– Não vem, Carl? – Perguntou Mayra quase no meio do mar que separava a Ilha de Gabriel da Ilha de Rafael.

De repente a única coisa que o Carrasco escutou foi a batida de algo a sua frente, virou seu rosto e pôde ver uma barreira mágica se formando no meio do mar, não era a fronteira, estavam longe da ilha ainda, aquilo era obra de um feiticeiro. Ao olhar para o pico da montanha, Zeff estava rindo de Mayra que tinha dado de cara na barreira mágica.

– Avisei a você que se não sumisse acabaria morto – os Olhos de Rapina se ativam e Carl pôde ver melhor a feição de prazer no rosto do feiticeiro na montanha, ainda não tinha certeza se ele havia nascido com descendência do sol ou da lua, ele podia muito bem ser um bruxo.

Carl levantou os braços para o céu e os dois se transformaram em braços de sombra, como grandes nuvens de fumaça. Foram adquirindo um tamanho maior e ficando mais longos, com os rinocerontes quase chegando, ele esticou os braços até eles e segurou dois.

Com o braço direito ele usou do rinoceronte para jogar dois ao mar e depois arremessou o que estava em sua mão. Com o braço esquerdo arremessou o quarto ao mar e o quinto ele jogou com toda força em direção ao feiticeiro acima da montanha, apesar da distância, o rinoceronte passou bem perto, no entanto, Zeff o acertou com uma estaca de luz no peito.

A barreira dele era roxa, puxando para o lado das sombras e suas estacas de energia eram brilhantes, como a maioria das habilidades dos Filhos do Sol, não fazia sentido para Carl.

Os braços do Carrasco voltaram ao tamanho e as formas normais. Agora não havia chance de perde-los por culpa de uma brisa que levasse a fumaça.

– Te desafio para um duelo, Zeff – grita Mayra na direção do feiticeiro. – Aposto que você é covarde demais e vai recusar.

Ele não disse nada, a barreira mágica cortando o mar desapareceu e junto se foi Zeff, era apenas uma projeção de seu corpo, parte da magia de transcendência, enquanto Carl podia fazer com que algo sumisse do mundo por alguns segundos, Zeff era o contrário, podia fazer com que algo se duplicasse no mundo por um tempo maior que o de Carrasco.

Arte da transcendência é magia proibida, é uma magia que se fora de controle, pode matar milhares, imagine eliminar uma ilha da existência e então a colocar de volta no mesmo lugar, apenas neste meio tempo, pessoas cairiam e quando a ilha retornasse, essas mesmas pessoas seriam enterradas vivas, é como física, dois corpos não podem ocupar um único lugar e era isso que a transcendência fazia, brincava com a física.

Com a transcendência, uma pedra em queda livre que atinge o chão em três segundos, por exemplo, poderia levar uma hora para que chegasse ao seu destino, pois neste intervalo de tempo, teria deixado de existir e depois voltaria.

– Acha que ele pode nos trazer problemas futuros? – Pergunta Mayra ao longe.

Carl toca seu cavalo e também usa a arte da levitação para se aproximar dela.

– Não acho, tenho certeza que ele será uma pedra em nosso sapato – diz ele. – Sinto que ele é muito diferente, parece ter descendência tanto da lua quanto do sol e ainda conhece a arte que mexe com a existência de áreas e objetos.

– Ele parece ser uma mistura de todas as coisas impossíveis, mas se bem que você também é assim, um humano que porta energia bruta e energia mágica no mesmo corpo, isso nunca fora visto antes na história – comenta Mayra. – Acho que vocês possuem muito em...

– Não ouse terminar esta frase – adverte Carl. – Enfim, segundo o mapa, estamos a uns dez minutos de podermos finalmente enxergar a próxima ilha.

– Quantas delas são?

– Treze ilhas, nas histórias que o povo crente conta, antigamente haviam quatorze, mas Lúcifer com sua traição, foi banido e os anjos também derrubaram sua ilha, primeiro o fogo ardeu nas plantas más, depois a água afogou os animais mais selvagens e por fim, a ilha fora jogada ao Inferno para que ficasse junta ao seu criador – conta Carl, seu cavalo está correndo numa velocidade constante e a água bate um pouco em seu rosto, é refrescante. – Particularmente não acredito nisso, para mim, a ilha nunca existiu, mas sabe como são os crentes deste continente, vá contra eles e sofra.

– Talvez você acredite em anjos, não tem muita certeza – Mayra retira seu capuz e começa a sentir a brisa do mar também batendo em seu rosto. – Você é uma mistura de crente com ateu.

– Estou longe de ser crente de qualquer religião – Carl dá de ombros e seus olhos avistam a terra ao longe. – Estamos chegando.

– Não saia do assunto, você possui algo contra os crentes?

– Se até mesmo o Rei diz que Deus não existe e o Rei deveria ser o deus dos humanos do nosso continente, por que acreditar? Quer dizer, ele repudia qualquer imagem a anjos e o Senhor maior – religião sempre foi um assunto bem confuso para Carl. – Bom, esqueça o que disse, cada um acredita no que quer.

– Está tudo bem em duvidar – Mayra o acalma. – É normal, essas coisas são confusas mesmo, alguns nascem tendo fé ou são apresentadas a fé, outras pessoas não. Acredito que Deus exista, porém, acho que ele se cansou de nós e decidiu ir dar uma volta e sobre os anjos, acho que já foram extintos.

Quase no litoral da ilha, uma barreira enorme se ergueu, novamente impedindo a passagem deles, agora eras os feiticeiros da Ilha de Rafael, Carl já podia vê-los, a verdadeira barreira divina eles já haviam atravessado, a Lança do Anjo em suas costas o permitia mesmo entrar, apesar do sangue dele não ser puro.

– Será que hoje em dia você encontra feiticeiros em todos os cantos? – Se revolta Carl. – Não é possível, são três feiticeiros construindo esta barreira.

– O Arquipélago dos Anjos é conhecido pela grande presença de descendentes do sol, eles vêm para estas regiões em busca de paz e sossego – explica Mayra. – Quanto mais próximo do continente, as ilhas estão mais lotadas de feiticeiros.

– Agora seria bom se soubéssemos fazer portais – Carl se lamenta e fica encarando a barreira. – O que é que quebra magias defensivas?

– Geralmente algum mineral é bem eficaz se nem mesmo magias ofensivas estiverem funcionando. Ainda não sei que tipo de elemento você usa para lutar, que elementos estão disponíveis para os descendentes da lua?

– Água, sombras e gelo – responde Carl. – E para os Filhos do Sol há fogo, luz e eletricidade. Estes caras construíram uma barreira feita inteiramente de raios, logo ela deve ceder.

Dito e feito, com dois minutos, a barreira toda se desfez em faíscas que aos poucos foram apagadas pelo mar. Carl e Mayra passaram a comandar seus cavalos para que entrassem aos poucos, devagar, sem riscos.

– Só queremos chegar ao continente – diz ela. – E a rota mais rápida é atravessando estas ilhas, não queremos matar ninguém.

– São fugitivos da prisão, não é? – Rugem os moradores. Ainda é madrugada e como eles podem ter tanta energia para arrumar encrenca?

A entrada para a ilha deles era diferente, era uma bandeira branca com um par de asas douradas.

Puderam parar de usar magia de levitação quando alcançaram a areia da praia da ilha.

– Só queremos atravessar – Carl desce de seu cavalo para parecer mais respeitoso. – Não viemos para confusão.

– Você vai nos desculpar, mas para atravessar a ilha, antes deve falar com nosso Sábio – um dos feiticeiros que usava a eletricidade contra os dois agora estava de braços cruzados e com uma feição carrancuda de raiva.

Sábios são os mandantes das regiões se estas regiões não possuírem um líder de clã ou um rei, os Sábios possuem um controle extremo de energia bruta. A energia bruta é uma energia que envolve os sentidos dos indivíduos. Há força, velocidade e agilidade, pense nestes três como tanques vazios, ao usar energia bruta, um humano consegue encher dois destes tanques completamente e deixar o outro vazio, é como um acréscimo das habilidades naturais com a qual um indivíduo nasce. Um Sábio controla esta energia bruta tão bem a ponto de poder usa-la para encher outros tanques, a inteligência, o conhecimento e a serenidade.

– Não vou falar com Sábio nenhum – retruca Carl puxando as rédeas do cavalo e saindo da praia, as pessoas olhavam-no, mas não tinham coragem de se colocar em sua frente. – Só quero sair deste emaranhado de ilhas e voltar ao centro do continente.

Finalmente um homem alto de grandes músculos se coloca a frente de Carl, ele usa perneiras de couro. Seu peito está nu, há apenas a correia da bainha da espada que se encontra em suas costas.

– Você não vai passar – seus cabelos eram negros e longos, davam mais ou menos na metade de suas costas, amarrado como um rabo de cavalo. – Não sabemos como nosso padroeiro Rafael o deixou entrar, porém, se quer atravessar, rodeie a ilha.

Mayra podia perceber que a paciência de Carl estava se desfazendo aos poucos.

– Eu sou o Carrasco – diz ele olhando nos olhos do gigante de pele morena. – Aquele que acabou com a Rebelião em menos de dez minutos e massacrou todos os exércitos de feiticeiros e humanos, quer mesmo me barrar?

O homem levou a mão até sua espada e a tirou da bainha, colocando-a rente ao rosto de Carl.

– Por favor, você está cometendo um erro gravíssimo – a voz de Carl tem seu tom alterado, parece com dó. – Não preciso de mais nada além de uma passagem livre apenas para atravessar sua ilha, rapaz.

– Veremos o nosso herói lutar depois de seis meses de ressaca de batalha – incentiva um garotinho atrás de toda a multidão de pessoas.

Ele não podia deixar Carl passar por medo de ser humilhado e malvisto pelos outros.

Ao erguer a espada acima de sua cabeça, ela não estava mais em suas mãos. Sua espada saiu voando e cravou-se no chão, quinhentos metros atrás do herói da ilha. Os olhos daquele homem corpulento se arregalaram na mesma hora.

– Eu te avisei – rugi Carl. – Não se irrita o Carrasco do Rei.

A Lança do Anjo foi ainda mais rápida, havia sido desembainhada e desarmado o tal herói.

– Martel saia daí! – Gritou uma garota para ele.

Carl segurava seu braço esquerdo usando o braço direito e se impedia de esmurrar Martel, ninguém entendia a cena, nem mesmo Mayra que conhecia mais dele do que qualquer outro na face daquele continente.

– Mayra, estou saindo totalmente de controle – Carl se ajoelhou e tentou parar o próprio braço que mantinha a lança em mãos. – É um dos selos, ele reativou depois de dois meses.

– Como!? Seus selos não possuem tais efeitos – Mayra desceu de seu cavalo marrom e se ajoelhou ao lado do amigo. – Revelare – ao passar a mão por toda a armadura, Mayra pôde enxergar as marcas nas costas de Carl, mas não eram elas que faziam aquilo, era a única marca que estava gravada em seu braço esquerdo, um terceiro Selo da Estrela Vermelha. – O que é isso aqui?

– O segredo do meu poder nos campos de batalha – explica Carl. – Selo da Morte: Ceifeiro; quando o uso, não consigo conter meu próprio espírito.

– Então não o use – grita Mayra com ele. – Desligue-o.

– Não é como o Selo da Imortalidade pelo qual tenho total controle, este selo é maior do que todos os outros, foi o primeiro a surgir na história da magia e é como se um demônio o controlasse – seu braço esquerdo começa a golpear a areia muito forte e causar tremores aos arredores. – Isso não vai acabar bem, precisa me matar, agora.

Seus olhos prateados encontraram os de Mayra e ela sabia que precisava fazer isso ou todos os moradores da ilha morreriam junto a ela.

– Não posso, preciso ajuda-lo, precisa haver algum jeito.

– Você não possui coragem – Martel havia buscado sua espada e estava com ela novamente levantada acima de sua cabeça, preparada para descer, mas ao atingir a pele de Carl, ela se partiu, a lâmina quebrou ao meio e saiu voando, se fincando na areia. – O QUÊ!?

– O Selo da Resistência também se ativa sozinho, não sou eu – se debate Carl. – Precisa me prender até que eu possa enfim ter minha resistência reduzida e assim sentir dor.

Mayra deu um salto para trás e se juntou aos cavalos, sabia que o risco de morrer estando perto do Carrasco era enorme quando ele entrava neste estado, metal que deveria ser uma de suas fraquezas, ao tocar sua pele, era como se fosse uma mera página rasgada de um antigo livro.

Ele volta a se levantar e a parte da armadura que cobre seu braço esquerdo começa a se desfazer, parece estar derretendo com o calor e seu braço está totalmente vermelho, vermelho de Inferno, não apenas de fogo.

As veias pulsando e o som ecoado por elas eram como tambores soando por todo o ambiente, este é o nível de som alcançado por suas correntes sanguíneas. Seus olhos prateados brilhavam e pareciam demonstrar uma feição psicopata, os lábios de Carl começaram a tremer, era como se ele realmente fosse se transformar numa aberração – como ele mesmo já havia dito – incontrolável.

As veias de seu pescoço começaram a ficar em evidência quando garras negras tomaram o lugar de suas unhas humanas.

– MAYRA! – Gritou ele. – ACABE COMIGO DE UMA VEZ!

Talvez o maior problema era que seu coração não teria coragem para isso, os moradores não perderam tempo, foram todos para cima da aberração em que havia se tornado Carl, espadas, flechas, adagas, todo tipo de ferramenta usada por fazendeiros, nada o furou, nada teve efeito e com um rugido, todos foram jogados ao chão como um bando de sacos de batatas.

Carl virou seu tronco lentamente para a direção de Martel e começou a dar passos pesados e que tremiam o chão.

Se fosse um demônio, as chamas brancas teriam surtido efeito em seu corpo, pensou Mayra.

Quase para usar a Lança de Anjo em Martel, Mayra se desprendeu de seus pensamentos ao ouvir a voz de Carl perdida dentro de seu próprio corpo.

– Se não pode me matar, ao menos proteja-os, use um Campo de Força – sugeriu o Carrasco com sua voz se perdendo em meio a fúria da besta que se tornara ao ter o Selo da Morte ativado.

Mayra invocou luz em suas mãos e as usou para construir um círculo em volta de Carl e o Carrasco começou a socar aquilo com todas as suas forças, Mayra reforçou a barreira ao energiza-la com eletricidade e quando acertou mais um soco, o corpo inteiro da aberração se estremeceu e as veias se sobressaltaram ainda mais.

Nesta hora, Carl revirou os olhos em sua direção, encarando-a como fazem os demônios e levantou seu braço esquerdo com a lança apontando para o peito dela.

– Você vai morrer – rugiu com o tom de um demônio. – E Melissa terá o prazer de ver seu corpo estirado no chão, sangrando e com os olhos pulando para fora – seguiu-se uma risada num tom que as crianças começaram a correr chorando, as mulheres se afastavam com horror e os homens não acreditavam nas palavras que ouviam. – Todos aqui vão sofrer.

E como se fosse abraçar alguém muito forte, Mayra fez o movimento invocando algo ainda maior contra Carl.

Sigillum – deveria ser uma técnica de exorcismo, porém, assim como são as chamas brancas, não houve efeito, nada aconteceu, aquele feitiço era específico para demônios e ali se soube que o que estava no selo também não poderia ser um demônio.

– Esta é a técnica errada contra os Habitantes de Selo – diz um velho senhor que se aproxima da cena. – Extinctus.

Na mesma hora Mayra percebeu o senso voltando a Carl, ele estava tentando recuperar o controle de seu próprio corpo.

Ainda assim ela achou que o melhor a fazer fosse desmaia-lo e fez o mesmo movimento, agora para uma arte de contra-ataque e o Campo de Força se fechou, apertando o corpo de Carl, com o efeito do Revelare que não havia passado podia ver o Selo de Resistência apagado e então ele gritou, Mayra havia conseguido o que a maior prisão do continente não havia feito, Carl gritava mesmo de dor, desespero intenso e forte.

De seu corpo saia fumaça e ele respirava fundo, parecia no controle de tudo, até que trocou a lança de mão instintivamente e seu braço esquerdo se levantou na direção de Mayra, estava pegando fogo, um fogo sombrio de cor preta e roxa e logo as chamas estavam preparadas para serem disparadas contra a feiticeira, ela não resistiria a um golpe daqueles, ainda mais de tão perto, sua energia havia se esgotado ao usar tanto a invisibilidade para tirar Carl da prisão.

– Deveria ter permanecido preso, talvez o Rei esteja certo sobre mim – ele chacoalhou a cabeça confuso. – Não, não quis dizer isso, o que está acontecendo?

Carl no impulso jogou a lança para Mayra que se assustou, mas soube o que fazer quando a esfera de fogo negro fora disparada, como numa boa tacada de Baseball Mágico, ela usou a lança como taco e rebateu a esfera de fogo para fora da ilha, no entanto, a mesma tomou outra direção, fazendo uma curva no céu, num jogo de verdade aquilo nunca iria acontecer, porém, o fogo negro estava para atingir as casas de todos.

O Carrasco se livrou de qualquer efeito e prestes a correr na direção do fogo e recebe-lo diretamente para proteger a todos, uma forte rajada de energia o atirou para fora da ilha com muita força.

Por sorte, aquele mesmo senhor de antes rebateu outra vez a esfera de fogo negro que igualmente Carl, afundou no mar além das barreiras do anjo Rafael.

As pessoas inúteis da ilha suspiraram aliviadas e saíram de suas casas mais calmas, ainda assim, temendo que o Carrasco pudesse sair da água descontrolado e terminar de acabar com tudo.

Mayra queria ajudar seu amigo, mas o medo dele ainda estar fora de si a impediu. Sentiu uma força agindo sobre a lança e a arma lhe escapou as mãos, na hora mergulhou no mar e trouxe Carl de volta.

– Um selo só descansa ao ser saciado, assim são os termos dos habitantes – disse sua voz soando obscura. A lança se transformou na Adaga do Demônio e mesmo além da barreira de Rafael, com um movimento de corte, toda a ilha tremeu. – Enquanto não saciado, um Habitante de Selo deve permanecer, até que lhe ofereçam algo tentador.

– TODOS, FUJAM DO MEIO DA ILHA!!! – Gritava o velho da ilha, devia ser o Sábio, não havia outra explicação para saber de uma magia que reduzisse ou acabasse com o poder de um Habitante de Selo.

Et partitus – não era pouca coisa, aquelas duas palavras juntas tremeram a ilha. E de um segundo para o outro, todo o pedaço de terra se partira, desde o ponto mais abaixo possível de ligação com o fundo do mar.

A barreira do anjo também se rachou, todos puderam ver aquela faixa de luz quebrada, como se fosse vidro. O tremor deixou todos caídos no chão e os pedaços de ilha começaram a se afastar cada vez mais.

Enquanto presenciava tal cena, Carl ainda sob o efeito do selo, simplesmente desmaiou e seu corpo afundou no mar, fraco, junto a Adaga do Demônio que afundava abraçada ao seu peito.

De repente os moradores sentiram como se a ilha estivesse caindo, o mar estava tomando conta da praia, o pedaço em que estavam iria afundar, talvez fosse verdade o fato sobre terem existido quatorze ilhas há milênios e talvez um idiota com selo igual a Carl no passado pudesse ter feito o mesmo, partido uma ilha inteira ao meio com uma única adaga.

E outra vez quem salva o dia é o Sábio da ilha ao conseguir levitar as duas partes, o desgraçado do velho une os pedaços de terra como se não fosse nada, suou um pouco, mas não que pudesse ser considerado um esforço tremendo.

DE ONDE SAI TANTO PODER? A cabeça de Mayra estava quase explodindo de tão confusa.

Se não bastasse colocar os pedaços de terra no lugar, ele ainda garantiu que ninguém havia se ferido e com um único passo de magia e muito poder, pode se dizer que ele colou os pedaços de terra, ao fazer isso, a própria barreira de Rafael se refez inteira, quem era aquele senhor com um poder maior do que o de Carl?

Uma rajada de energia se espalhou pela ilha quando ambas as partes de terra se uniram novamente e toda a destruição que havia se alastrado, toda ela não aconteceu, era quase como se o velho tivesse voltado no tempo.

– Como fez isso? – Pergunta Mayra ainda boquiaberta e horrorizada.

– Técnica mágica de arte temporal, voltei no tempo uma parte do mundo – explica ele. Então realmente era isso, manipulação temporal. – Exige muitos anos de treinamento, mas quando perfeitamente controlada, pode ser a habilidade mais eficaz de todas numa batalha, principalmente para autodefesa. Revelaria a você a palavra usada, porém, não quero que domine arte temporal, ainda mais andando com o Carrasco, dar-lhe este poder seria suicídio.

Mayra pensou que ele estava mais do que certo, ela não era nenhum pouco confiável com tudo que havia mostrado até aquele momento.

Levitate – e o Sábio levitou o corpo de Carl do fundo do mar, poderia ter morrido afogado, mas quando Mayra usou Revelare, viu que isto era impossível, seu Selo de Imortalidade estava ativo, ao menos isso ele controlava com maestria.

O sol estava para surgir no horizonte, a noite havia acabado com tantas emoções e tantas histórias, com certeza Mayra contaria tudo aquilo para seus netos um dia.

– É dia – disse Mayra aos moradores que estavam aos arredores do corpo do Carrasco. – Seus selos irão se acalmar agora. E não adianta tortura-lo, seu principal selo está ativo, se antes não era atingido por nada, agora é que ele não pode ser morto mesmo.

– Quando acordar, avise-me, precisamos conversar – a voz do Sábio soa séria e tensa, diferente de antes que era serena e calma. – Diga a ele que é sobre o Rei e a Rebelião.

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