Meu amigo não tão imaginário...

By nicolypachecos

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Clínicas, psicólogos e sessões com os orientadores do colégio resumiam grande parte da infância de Jeon Jeong... More

♡ avisos ♡
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By nicolypachecos

Muitas coisas podem mudar em sete semanas.

— Você já está pronto? — pergunto ao meu primo, enquanto guardo o celular em meu bolso.

— Sim.

E quando digo muitas coisas, eu quero dizer... Muitas coisas mesmo.

Tae me deu uma agarrada no braço e começamos a sair do apartamento juntos. Ele continuou sorrindo e acariciando meu ombro como se eu fosse muito importante e, é, isto seria estranho há sete semanas atrás, mas agora, até que se tornou comum.

Taehyung tem estado muito grudento comigo. Continuamos a passar a mesma quantidade de tempo juntos, assim como sempre, mas as coisas ficaram diferentes.

Tudo começou há cinco semanas atrás, quando pela primeira primeira vez, eu saí para uma festa sem ele. Na verdade, não era uma festa, apenas aquele tipo de "Encontro" de aniversário no shopping: um restaurante, amigos comendo, trocando palavras e depois todo mundo passeia um pouco e vai embora. Era aniversário da Eunbi e foi em uma pizzaria no shopping do centro. Taehyung não fora convidado porque não era da turminha, mas eu acabei sendo, e como Eunbi e eu viramos grandes amigos, eu disse a ela que iria ir. Admito que no começo fiquei desconfortável, mas foi só Sicheng e Mingyu chegarem para tudo ficar bem. Foi divertido!

E quando cheguei em casa e contei isso a Taehyung, ele confirmou silenciosamente com a cabeça e deu um sorriso forçado. Eu conheço meu primo, então sei quando ele sorri forçado e também sei quando ele não gosta das coisas. Pelo jeito, ele não gostou de saber que me diverti muito sem ele em uma festa.

Depois, vem o fato de que tenho visitado muito a sala de dança, e consequentemente, deixado de acompanhá-lo até o ponto de ônibus. Diferente de mim, Taehyung não vai direto para casa após o colégio. Ele tem curso e quando nós saímos no mesmo horário e eu não tenho que buscar Min Yoongi na faculdade, o acompanho até o ponto e fico esperando com ele. Mas faz um tempo desde que deixei de fazer isso para conversar com uma pessoa na sala de dança.

A terceira ocasião, foi quando eu estava indo me sentar com ele e Hoseok no refeitório e Sicheng me puxou para a mesa dos colegas de classe. Taehyung ficou fazendo carinha de cão sem dono para mim o dia inteiro.

E o quarto e último acontecimento, foi quando cheguei da excursão escolar muito feliz e, pela primeira vez, não aceitei ir para casa jogar Over Watch com ele para ir lanchar com Mingyu e Eunbi.

Depois de tudo isso, Taehyung vem me abraçando muito mais que o normal, me olhando com expressões chateadas e fazendo cara feia quando deixo ele para ficar perto de um dos meus outros amigos. Meu primo está meio grudento, rude e triste demais. Além de que as demonstrações de carinho estão um absurdo e à toda hora. Chega a ser irritante.

Mas eu sei que ele só está com ciúmes, então deixo-o fazer isso e até retribuo.

— Jeongguk! — Hoseok sorriu grande ao me ver entrando em seu carro.

— Oi, hyung. — sorri também, colocando o cinto em meu corpo enquanto Taehyung se aconchegava no banco da frente.

— Faz um tempo desde que você não sai com a gente. — ele diz com uma expressão extremamente dramática, enquanto o Kim virava-se apenas para me olhar e assentir com a cabeça, fazendo bico. — Fico feliz em te ter aqui.

— Hoseok, a gente lanchou junto hoje de manhã. — falei, olhando para seu rosto.

— Sim, mas é diferente. — fora meu primo que respondeu-me. — Sentimos sua falta. — e eu achando que eu era o mais dramático...

— Sim.

— Aish... Só vamos. — murmuro e os dois confirmam com a cabeça, sorridentes. — E parem de dizer coisas assim. Ainda fico com vocês todos os dias! — o carro já estava em movimento, mas eles ficavam sorrindo um para o outro e me olhando de soslaio depois. Parecia que eu era até uma espécie de filho deles que tinha saído de casa pela primeira vez.

— Só que você não sai com a gente... — Taehyung retrucou.

— Estou saindo agora... — cruzei os braços. — A maneira como vocês falam faz parecer que nós não nos vemos há anos... Não é assim.

— Eu sei, mas...

— Eu fico com vocês todos os dias! Só não saímos fora do colégio, mas até parece que antes de eu fazer amigos era diferente... Eu sempre fui caseiro e a gente nunca saiu muito, vocês sabem disso. — falei, interrompendo Taehyung.

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Até Hoseok dar uma risada engraçada e envergonhada.

— Tá. Ele está certo. — Jung disse.

— É... — quando Tae confirmou, eu sorri. Ganhei. — Desculpa, Jeongguk. Você cresceu de uma hora para outra, não sei lidar com isso. — realmente parecia que eu era uma espécie de filho dele...

— Olha, só se certifica de não ser atropelado dessa vez. Tá? — falei ao meu primo, que fez uma careta e estalou a língua. Eu ri.

— Não brinca com isso! — resmunga.

— Ok, ok... — murmurei risonho, encostando-me no banco do carro.

Estávamos indo em direção ao nosso colégio para ver um jogo. Eu não queria ir porque estava cansado demaiss. A semana havia sido cheia, muitas provas, trabalhos e até meu amado irmão Seokjin estava me cansando. Ele tem falado no telefone até tarde e não consigo dormir com ele tagarelando do meu lado.

Então o que eu mais queria nessa sexta-feira era: tomar um banho quente, colocar meias de lã e dormir. Dormir até sábado a noite, se possível.

Mas Taehyung atrapalhou meus planos. Quando eu disse que não queria ir ao jogo, ele começou gritar estericamente e até chorou, dizendo que eu esqueci dele e do Hoseok hyung. Então eu tive que lidar com isso e vir com eles, mesmo que, agora, eu esteja quase caindo no sono com o silêncio e ar condicionado gostoso do carro. O banco era tão confortável...

O rádio foi ligado, mas pouco me importei com isso porque a música era boa. Eu conhecia ela e também gostava. Lembrava aquele dia.

Foi a primeira vez que fui na sala de dança e foi um dia depois daquela segunda-feira. É, aquela que eu pedi um abraço na maior cara dura.

Não que eu tenha me arrependido de ser abraçado ou de pedir um abraço. Na verdade, acho que nunca seria capaz de me arrepender de uma coisa daquelas, é só que... Foi um pouco vergonhoso no dia seguinte. Eu fiquei todo tímido só por estar indo vê-lo na sala de dança — pois o mesmo pediu, então, é claro que eu fui — o abraço só serviu para me encabular ainda mais. Porém fui sim vê-lo.

E não me arrependo nada.

Lembro de chegar e olhar de longe, Park Jimin, ensinando e observando as garotas dançarem. Fiquei sabendo que ele era o coreógrafo da dança.

Era terça-feira, três da tarde quando as meninas começaram a dançar. Eu não conseguia prestar muita atenção nelas, obviamente. Jimin analisava-as com os olhos, era incrível como ele trocava os olhares rapidamente, notando todas como dava, e enquanto isso, semicerrava as pálpebras enquanto mordia seus lábios e, ah, ele estava tão sério. E era tão bonitinho.

Por uma grande coincidência, a dança que ele coreógrafa é a mesma que a irmãzinha — que de "Zinha" não tinha nada, ela era quase do meu tamanho — do Sicheng está participando. A tal de ópera Sueca que Mingyu, Eunbi e Sicheng comentaram no dia em que eu fiquei sabendo que Jimin e Minnie eram a mesma pessoa.

Lembro de pensar no quanto era fascinante assisti-lo. Por seus olhos nada passavam, Jimin suspirava olhando para os pés em meia ponta, encarava as expressões faciais e quando a música ficava tensa, ele piscava um par de vezes, lentamente, suspirando satisfeito com o tom da canção e, puts, acho que depois daquilo tudo, comecei a gostar da ópera também. Eu precisava daquela droga de música Sueca. Ela era preciosa agora.

A voz daquela mulher não saiu de minha cabeça por noites e mais noites. Jimin sorrindo para as bailarinas e ajudando-as a se ajeitarem era o que eu mais lembrava quando ela tocava em minha cabeça.

Teve o tempo em que eu só o observei como um bobão e também teve quando a gente se juntou para conversar. Assim que Jimin e as meninas deram uma pausa, o Park sorriu grande ao me ver e chamou-me para tomar um suco na cantina. "Tome suco ao invés desse veneno chamado refrigerante" ele dizia, me causando risadas. Nós nos sentamos no refeitório e conversamos sobre coisas banais, como o quanto o clima estava quente e como os alunos do primeiro ano eram abusados. A gente riu ao falar sobre um professor patético que tivemos em comum no fundamental e ele me contou como era ruim em inglês. Também contei como era ruim em matemática. Nós rimos disso.

— Jeongguk.

Continuei indo até lá depois desse dia. Começou a ser o que eu mais queria fazer sempre que acordava de manhã. Primeiro, eu aparecia lá e lhe via ensinar as garotas — o que eu descobri ser uma coisa que gosto muito de presenciar —, depois, eles davam uma pausa e eu e o Park íamos conversar um pouco em qualquer lugar do colégio. Eu o conheci muito naquela e nas últimas semanas.

Descobri também que, na verdade, muitas pessoas se importam com Jimin.

Em um dia quente de verão, notei que o braço de Jimin estava roxo. Ao me ver observando a marca, o Park disse que um amigo havia lhe dado um beliscão. Os amigos de Jimin enlouqueceram quando o loiro voltou na terça-feira, após uma semana inteira faltando. Pelo jeito, o Park sumiu — na semana em que estava doente — sem avisar ou ligar para qualquer um de seus outros amigos, assim como não atendia o telefone.

Além de não dar um sinal de vida, ligar para os colegas, ou atender estes, ninguém podia ir visitá-lo porque não sabiam onde o mesmo vive. Aparentemente, eu sou o único que já o visitou, já que Jimin não gosta de levar os amigos lá — ele acha o apartamento muito pequeno. Foi assim que descobri que ele tinha muitos amigos. Não sabia se os mesmos eram legais, porque eu sempre fugia e me escondia quando Jimin estava com eles. Eu ainda sou tímido no fim das contas.

Depois da terceira semana, comecei a ser cumprimentado por Jimin sempre que chegava na escola. Eu ficava muito feliz com o "Bom dia" dele. A gente têm conversado bastante e posso dizer que deixei de ficar com vergonha perto dele. É, eu tenho ficado normal e até comecei a me acostumar com a beleza dele!

Mentira.

Sinto-me mais a vontade perto de Jimin, mas... Os surtos de timidez permanecem e em grande quantidade quando estou com ele. E eu não sei se gosto ou não gosto disso. Ele fica tão bonito quando está rindo da minha cara vermelha... Acho que, com pelo menos isso, eu me acostumei.

Talvez nem tantas coisas tenham mudado nas últimas semanas...

— Jeongguk, no que você tanto pensa? — ergui o olhar para Taehyung, notando só agora que o carro já estava parado.

— O quê?

— Estou te chamando há um tempo. — ele disse.

— Já chegamos, mas você ficou daquele jeito que parece surdo, cego e paralisado. — Hoseok disse, saindo do carro. Saí logo depois.

— Ah, eu... Sei lá. — murmurei.

— Estava olhando para o nada. Parecia estar tendo uma visão. — Taehyung cutucou minha bochecha, vindo para o meu lado.

— Só estou com sono. — falei baixinho, respirando fundo enquanto encarava aquela multidão de adolescentes.

— Tá bom, então.

Fiquei no meio de ambos enquanto andávamos em direção a entrada, falando sobre uma coisa ou outra. Não conhecia o colégio contra quem iríamos jogar hoje, já que este era diferente da Sa Betuseu, ou seja, não havia uma rincha ou uma história antiga onde ambos eram rivais. Os uniformes deles eram verdes e roxo. Eu realmente não reconhecia, mas ri sozinho ao pensar que eles pareciam uvas ambulantes.

Eu estava tão distraído que mal vi quando Taehyung foi empurrado pelas costas e ido diretamente para o chão. Hoseok arregalou os olhos e olhou para trás e lá estava alguém do colégio de uvas ― não sei o nome da escola, então a chamarei de uvas ―, com suas roupas roxas, sorrindo de lado.

― Olha por onde anda. ― o uva direcionou seu olhar para Taehyung. ― Suas mãos estão maiores do que eram no fundamental, hyung? Isso é tão patético.

Arregalei os olhos assim que ele falou sobre o tamanho das mãos do meu primo.

Yah! ― eu gritei de repente, assustando um pouco as pessoas ao meu redor. ― Não diga isso. Peça desculpas.

Não sabia quem o cara era, mas, se estava chamando meu primo de "Hyung" e falando sobre suas mãos, provavelmente era um dos probleminhas que infernizaram a vida de Taehyung na escolinha, há muito tempo atrás. Digo isso porque meu primo sofreu pra caralho quando era pequeno e tudo porque tinha uma mão grande. É, crianças são tão malvadas que acham graça em fazer bullying com um menino só porque seus dedos são longos.

E talvez eu devesse não ligar para a "Brincadeira" daquela uva ambulante, mas os problemas que meu primo teve na infância foram realmente ruins. Era o tipo de bullying sério e em grande quantidade. Chegavam a bater no rosto do meu primo, afogar a cara dele no vaso e jogar seus materiais escolares no lixo. Sei disso porque Taehyung sempre vinha chorar para mim naquela época. Então eu sentia muita raiva, mesmo que tudo tenha sido há quase dez anos atrás. Ainda me lembro de tudo como se fosse ontem, pois a situação que o meu primo se encontrava deixava-me muito chateado.

― Quê? ― o uva me fitou. ― Pedir desculpas? Pra bichinha?

Os colegas do cara começaram a rir. Todo mundo ficou meio quieto, já eu, com raiva... ainda mais quando meu primo se levantou e veio até mim, parecendo estar indisposto para atuar contra aquele tipo de coisa.

Ele me disse:

― Jeongguk, eu não tenho mais nove anos. ― meu primo me disse assim que viu como fiquei parado no mesmo lugar, encarando o babaca que ainda dava risada. ― Quer saber? Eu nem lembro o nome desse cara, ok? Ele é só um idiota. Deixa isso pra lá, eu estou bem. Vamos.

Enfim olhei para o Tae e até que sua face estava normal, como se nada tivesse realmente lhe chateado. Acreditei que ele estava falando sério e não ligava para aquilo.

― Aish... Certo. ― confirmei com a cabeça e nós iriamos sair dali. ― Hoseok-

Ah...

― Hyung. ― e Taehyung chamou também. Esperávamos apenas sair dali.

Mas não foi assim.

Hoseok estava furioso como o diabo.

― Hyung, vamos. ― eu não fiz nada porque estava até com medo da cara que o Hobi estava fazendo, ele me assustava quando estava irritado. Ainda mais daquele jeito. ― Hobi... ― diferente de mim, Taehyung até lhe tocou no braço e o balançou, pedindo para irmos mais uma vez.

Mas não adiantou. Hoseok tirou a mão do Tae de seu braço, disparou rapidamente até o babaca, com um olhar duro e penetrante nem um pouco amigável.

― Você chamou ele do quê?

Eu me afastei um pouco, confuso e perdido, porque nunca vi Hoseok assim. Ele estava insanamente... odioso.

O cara idiota não disse nada por um momento e eu tenho quase certeza de que ele ficou surpreso como eu... talvez até amedrontado. Mas ele não se afastou, muito pelo contrário... quando os amigos dele riram, incentivando-o a continuar a briga, ele chegou perto e respondeu:

― Eu chamei ele de bichinha. ― disse. ― Uma verdadeira aberração. Entendeu?

Os amigos riram, adorando a resposta...

Quer dizer... isso só até Hoseok voar na direção dele, engolindo seu rosto com um soco verdadeiramente pesado, fazendo todos a nossa volta começarem a gritar histericamente.

A briga começou pesada... o mais agressivo era o Hobi, dava golpes que eram audíveis, eu podia escutar os gemidos doloridos e seus grunhidos sempre que ele socava e socava o rosto de alguém. Quando todos se juntaram contra o Hoseok, eu me desesperei, assustado, mas a ajuda chegou...

As pessoas do nosso colégio entraram no meio e começaram a bater nos caras tamb[em. Era o pessoal do clube de luta do nosso colégio. Eu estava paralisado e sem saber o que fazer, eu nunca presenciei uma briga antes. Virou uma confusão do caralho e quando eu vi, Hoseok estava lá do outro lado e o Tae estava atrás dele.

Um cara segurou meu primo por trás e o jogou no chão de novo, com mais intensidade, chutando seu corpo de forma cruel. Aquilo me irritou pra caramba e eu corri até lá. Mas quando cheguei, não consegui fazer nada, porque Hoseok agarrou o cara pela cabeça violentamente e eles começaram a brigar.

Por um momento pensei que o rosto do uva ia realmente partir ao meio por conta da força que a mão de Hoseok lhe atingia.

Acho que não há ninguém que eu conheça que pode enfrentar o Jung em uma briga. E aquilo estava ficando feio demais, eu estava muito assustado. Eu fui até meu primo, me agachei em sua frente e o ajudei a ficar sentado. Taehyung de repente começou a chorar, mas ele não dizia nada. A gente ficou ali, sentado no chão, observando a confusão.

Um cara gritou que os agentes escolares estavam vindo e que se soubessem que os colégios estavam brigando, o jogo provavelmente seria cancelado. Foi o suficiente para quase todo mundo se separar, exceto o Hobi. Ele ainda estava em cima do carinha que começou com aquilo tudo, o batendo com a maior força.

Eu corri até Hoseok e tentei puxá-lo. Mas não deu certo... Ele era muito forte.

Um pessoal amigo veio e conseguiu separar, porque apenas eu não era o suficiente. Um sunbae fez uma grande careta ao ver como o menino do colégio rival estava ensopado de sangue. O uva estava muito machucado e eu, olhei para Hoseok, assustado. Seu rosto estava vermelho e seu moletom manchado. Nas costas, com sujeira e na frente, tinha sangue. E o sangue sequer era dele.

Olhei para o chão e vi Taehyung. O rosto dele estava vermelho e ele chorava muito. Eu o ajudei a ficar de pé e depois olhei para Hoseok. Este se soltou dos braços de um dos garotos que ajudou a separar a briga.

E tudo o que Hoseok disse foi:

― Da próxima vez eu vou te deixar cego.

Apontou para o cara que acho que nem estava acordado de tão espancado que tinha sido. O uva não respondeu nada, porque os seguranças de nossa escola estavam chegando e os amigos do uva lhe levaram para longe. Ele era a prova viva de que tinha rolado confusão ali, e Hoseok também, então eu o chamei para irmos.

Com a ajuda do Jinyoung, um dos colegas que veio nos ajudar ― porque era praticamente impossível eu carregar Taehyung machucado, chorando horrores, e Hoseok, que estava uma fera ―, nós nos afastamos também. Jinyoung, era o representante de classe e estava muito irritado.

― Cara, que porra foi essa?! ― Jinyoung ralhou, soltando o braço de Hoseok. ― Brigar com o colégio convidado só no fim do jogo! Se cancelarem, todo mundo sai perdendo.

― Você viu a merda que eles fizeram com o Taehyung? ― o Hobi voltou o olhar frustrado para o garoto.

― Você viu a merda que você fez com eles? ― aquela encarada era intensa, eu já estava ficando com medo deles começarem a brigar. ― Se controla, droga! Eu sei que o Tae tá machucado e que você tá puto, mas você precisa se controlar. Por favor!

— Mete o pé, Jinyoung. Vai! Some daqui! — Hoseok esbravejou, e acho que já estava na hora de eu me intrometer.

— Pode ir, Jinyoung. Ele não vai fazer de novo. Desculpa por isso. — falei, olhando em seus olhos.

Jinyoung, mesmo que meio hesitante, confirmou com a cabeça e depois disso, foi embora.

Suspirei alto e olhei para o Hobi. Eu tinha que acalmá-lo para, quem sabe, nós conseguirmos pelo menos ir para casa em paz. Porque entrar no jogo não rolaria, já que ele estava com o punho todo roxo e com a roupa suja de sangue.

— Hyung... Hyung, mas que droga! — eu prendi a respiração quando Tae, que até agora estava muito calado, saiu de perto de mim e caminhou até Hoseok. — Que droga, Hoseok. — começou a lhe dar uns socos leves no peito. — Que droga...

Não fazia ideia do que fazer, mas estava muito surpreso. O rosto do Hobi deixou de ficar vermelho e ele apenas abaixou a cabeça, sendo socado pelo Tae. O meu primo ainda chorava.

— Vocês estão bem? — perguntei depois de só assistir aquilo quieto. Estávamos atrás de alguns carros e todo mundo já entrava no colégio por causa do horário.

— Eu... Eu não quis-

— Você vai parar de fazer isso? — Taehyung o perguntou. — Vai parar?

Hoseok abaixou ainda mais a cabeça.

— Fiquei irritado porque foi com você. — Hoseok disse em reposta. — Eu não faria se não fosse.

Então Taehyung parou de socá-lo.

— Ah... Droga, Hoseok. Olha sua bochecha. — acho que Hoseok só foi atingido uma vez no rosto, e foi na bochecha, já que o local estava bem vermelho. Fiquei surpreso ao notar que ele sequer estava machucado de verdade depois daquela bagunça toda. — Merda. Vem cá.

— Desculpa.

E então eles começaram a se abraçar na minha frente e eu fiquei quieto, sem saber o que fazer. Além de ser completamente ignorado pelos dois, nunca vi os hyungs se abraçando daquele jeito. Então fiquei parado. Olhei para o lado oposto quando Taehyung começou a chorar de novo.

Passou um tempo até que eles se afastassem. Eu estava observando ambos de esguelha porque... Bem, sou curioso. Também queria ver eles se beijando. Mas eles não se beijaram, aish.

Qual é? Esses dois ficam flertando do meu lado há quase dois anos inteiros! É impossível não querer ver um beijo dos dois.

— Desculpa, Jeongguk. — Tae se voltou a mim. — Algo sempre nos impede de ver o jogo... — o mesmo falou, me abraçando agora. — Desculpa... — voltou a chorar.

— Pare com isso, hyung. Não chore. — falei, lhe abraçando de volta. — Não peça desculpas. — deixei que ele me abraçasse daquele jeito até parar de chorar.

— Ugh...

Olhei para Hoseok por cima do ombro do Kim e vi como ele continuou de cabeça baixa. Era curioso como ele agia como uma criança que havia acabado de ser repreendida. Na verdade, era engraçado.

— Ok, chega! — eu falei, o afastando. — Já que não vamos ir para o jogo... Podemos sair para comer? Esse clima melancólico tá me deixando deprimido. — Hoseok finalmente olhou reto e até riu.

— Sim... Vamos fazer isso. — Hobi disse, se aproximando de nós. Taehyung me soltou.

— Tá. — secou as lágrimas, as bochechas foram secas por Hoseok. — Se... Se vamos comer fora, podemos chamar o Jin hyung?

— Ele saiu com um amigo hoje... — falei, vendo-o começar a olhar para Hoseok. Logo eu começaria a ser ignorado novamente...

— Bem... Então-

Hoseok parou de falar assim que meu celular começou a tocar. Foi engraçado, porque o toque era "Baby" do Justin Bieber. Taehyung riu e eu bufei, pegando o telefone. Baby é minha música favorita, ok?

— Alô? — atendi.

Jeongguk?! — gritou. Tipo, gritou mesmo, até tive que afastar o celular do ouvido ou ficaria surdo. — Jeongguk, você está bem, Jeongguk?! — o outro ainda estava gritando.

— Ai... Com esse grito, acho que estou surdo. — murmurei. — Oi. Quem é?

Ah... Desculpa. — suspirou. Reconheci a voz assim que ele parou de gritar. — É o Jimin.

— Jimin hyung? — Hoseok e Tae me olharam na hora. — Que número é esse?

É do celular do meu amigo, enfim... — ofegava muito. Ele estava cansado?

— Você está cansado? Por que está suspirando desse jeito? — resolvi perguntar.

Eu estava correndo. — ele disse. — Meu amigo... Jongin disse que teve uma briga. Ele também disse que você estava lá.

— Jongin? Quem é esse? — acenei para Hoseok e Taehyung, avisando que iria me afastar um pouco para conversar.

É um amigo meu, ele estava no meio e disse que viu você... — achei estranho, afinal, não conhecia nenhum Jongin. Então como ele sabia quem eu era? — Você se machucou? Bateu em alguém?

— Eu estava no meio, mas não participei de nada...

Ah... Que bom, nossa. — suspirou aliviado. Sorri.

— Estava preocupado? — eu ainda estava sorrindo.

É... Sim, eu estava... — tá, minhas bochechas iam doer de tanto sorrir. — Onde você está? Está no colégio?

— Sim. No estacionamento.

Podemos nos encontrar?

[...]

— A-au!

— Desculpe. Vai melhorar, tá bom? — continuava passando o algodão nos dedos roxos.

— Coloque mais força. — Taehyung disse ao meu lado. — Faça ele sofrer.

— Tae! — Hoseok fez beicinho, ainda com as caretas por conta da mão machucada.

— Incrível, Jimin hyung... — murmuro e este sorri para mim, ainda concentrado em passar o algodão na mão do Hobi.

Jimin chegou onde estávamos depois de alguns minutos, e após ver a mão de Hoseok, ficou assustado. Eu expliquei a ele tudo que tinha acontecido e depois de observar um pouco mais a mão do Hobi, disse que poderia dar um jeito. Assim, seguimos até o carro, onde por, talvez, um milagre, havia uma maleta de primeiros socorros. Desde então, estamos sentados em cima do capô do carro, enquanto Jimin cuida da mão de Hoseok e eu e Taehyung observamos. Jimin parecia até um médico... Ele estava cuidando muito bem dos dedos do Hobi. Fiquei impressionado.

— Você planeja dirigir? — Jimin perguntou.

— Sim... — Hoseok respondeu, as caretas estavam suavizando. — Não posso?

— Até que pode. Mas tenta não forçar a destra. — disse, pegando agora uma faixa. — Por que você tem isso no carro? — Jimin apontou para a caixinha de primeiros socorros.

— Taehyung foi atropelado por uma bicicleta uma vez... — murmurou. — Então eu comprei. — Hoseok olhou para meu primo. — Caso ele se machucasse de novo.

Foi o suficiente para Taehyung se remexer do meu lado e tentar segurar o sorriso. Seu rosto estava todo vermelho. Mas então, ele cruzou os braços e voltou a fazer cara feia. Acho que estava tentando ficar bravo porque Hobi se meteu em confusão.

— P-por favor... — depois de um tempo em silêncio, Tae se pronunciou. — Com cuidado... — tanto Hoseok quanto Jimin sorriram. Acho que o Park estava entendendo as coisas.

— Pode deixar. — Jimin continuou enfaixando a mão de Hoseok.

— Engraçado você saber fazer isso... — eu disse, me aproximando de Jimin.

— Fazer o quê?

— Tipo... Hum, ajeitar a mão dele. — digo. — Naquele dia, você não sabia nada sobre como melhorar sua febre. Então saber cuidar de machucados... Sei lá, é curioso. — ri baixinho, me lembrando de como ele ficara me perguntando "O que eu faço agora?" e questionando-me toda hora quando disse sobre os métodos para melhorar sua febre. Ele parecia não saber de nada.

— Ah... Sim. — riu baixinho, me olhando. — Tenho um colega... Ele brigava muito, eu tive que aprender a fazer isso.

— Entendo. — vi quando ele soltou a mão de Hoseok.

— Pronto. — Jimin sorriu. — Só não soque ninguém até melhorar, entendido?

— Sim, senhor doutor. — Hoseok falou e o Park riu da brincadeira.

— Aliás... — Tae que até agora estava meio quieto, nos olhou. — Febre? Você teve febre? — olhou para Jimin.

Oh, merda.

— Sim. O Jeongguk me ajudou a melhorar.

Taehyung me fuzilou com o olhar.

Estava bravo por eu não ter lhe contado...

— Quando isso?

— Faz um tempo... Um mês, ou talvez mais. — eu estava travado, sentindo que Tae ia me matar a qualquer momento. Queria dizer para Jimin parar de falar, mas não consegui.

Eu paralisei, cara.

— Ah, é mesmo? — Taehyung sorriu quase maligno para mim. — Não me contou, Jeongguk?

— Bem, eu-

— Você contou para Mingyu, não contou? — seu cenho franzido, estava me afastando aos poucos porque ele estava se aproximando. Ele não ia me bater, né? — Contou para Eunbi? Sicheng? Contou, não foi?

— N-não contei a ninguém. Juro! — falo, vendo-o estalar a língua.

— É disso que eu tô falando! Você não me conta mais nada. Que saco, ugh! — ele cruzou os braços e fez bico. — Não quero mais falar com você. Vamos cortar a amizade.

— O quê? — ele começou a ir de volta para perto do carro. — Ei, Taehyung!

— Jimin, vamos comer? — meu primo agarrou o braço do Park.

— Huh? Comer? — Jimin, confuso, perguntou, sendo puxado por Tae, que abriu a porta de trás do carro e o empurrou para dentro.

— Sim, vamos comer! Você com certeza é mais legal que o Jeongguk. — disse isso me lançando um olhar mortal. Socorro.

— Tae, me desculpa-

— Só entra logo no carro, otário. — meu primo me interrompeu, entrando em seguida, no banco da frente. Hoseok já estava entrando também. — Com certeza não está perdoado. — meu Deus.

Abaixei a cabeça e confirmei, indo em passos apressados.

Adentrei o carro, vendo como Jimin me olhou com os olhos arregalados. Ele parecia confuso e surpreso.

— O que está acontecendo? — sussurrou em meu ouvido, perguntando-me. Aproximei-me dele no banco.

— Ele está de mal comigo... Desculpa por isso. — disse no mesmo tom baixo. — Você ia ver o jogo, né? — o carro começou a andar. — Vou pedir para te deixarem na entrada. — falei, mas, assim que ia me virar para os que estavam no banco da frente, Jimin segurou meu braço.

— Não tem problema. — ele disse e, droga, sorriu depois. Por que ele tinha que sorrir de um jeito tão malditamente lindo? — Eu quero comer com você.

Engoli em seco.

Mas aí ele começou a sorrir demais. Ah! Entendi...

— Está tentando me deixar corado, não é? — perguntei e a risada dele só provava que eu havia acertado.

Depois de todo esse tempo que costumamos passar juntos, Jimin começou a fazer isso mais do que o normal. Eu não sei como, mas ele sabia como me deixar corado até as orelhas. Passou a provocar isso em mim e era de propósito... Tudo porque queria rir da minha cara vermelha, aish.

— Sim. — ele disse, ainda sorrindo travesso.

— Você é péssimo. — digo, rindo e me afastando um pouco enquanto ele dava mais risadas. — Tem certeza de que quer ir? — perguntei.

— Tenho. — fora ele quem se aproximou dessa vez, se aconchegando do meu lado.

— Mas... Olha... — espiei Tae e Hoseok, vendo se eles estavam prestando atenção em nós. Ótimo, ambos estavam distraídos. — Pode ser que eles digam algo constrangedor... Na verdade, meu primo vai dizer coisas horríveis.

— Tipo...?

— Sei lá, eles são doidos. — era engraçado como a gente falava sussurrando.

A verdade é que eu tinha quase certeza absoluta de que Taehyung iria revelar algo sobre mim só para me constranger porque estava bravo comigo. Ele provavelmente iria falar sobre como eu fico pensando no Jimin, como eu fico nervoso, sei lá, ele vai contar o que sabe. E Taehyung sabe de muita coisa...

— Certo. Vou lidar com isso. — Jimin sorri.

— Ah! Jimin! — nos afastamos rápido quando Tae gritou e, em seguida, se virou para nós.

— S-sim? — Jimin estava assustado e eu quase ri disso.

— O que você quer comer?

— Devo escolher?

— Deve.

— A-ah... — Jimin me olhou brevemente e eu, novamente, quis rir. Rir porque era engraçado e rir de nervoso... Eu estava desesperado. — Podemos apenas tomar um sorvete?

— Perfeito!

[...]

Como eu havia pensado, o nosso tempo na sorveteria foi baseado em Taehyung me atacando com palavras.

— Me desculpa por isso...

Já estava um pouco tarde no momento. A ida na sorveteria não foi nada agradável. Na verdade, foi tão horrível que acho que nunca mais irei tomar sorvete de novo. O tempo inteiro, ninguém disse nada, só Taehyung. Que ainda por cima, não falava... Ele reclamava.

Ele disse de tudo! Cara... Foi horrível. Começou a falar que eu comia que nem um porco, que eu passava muito pouco perfume, que meu cabelo ficava uma merda e só estava bom agora porque ele me ensinou a hidratar e cuidar. Dizia tudo me olhando irritado enquanto Jimin ficava quieto e confuso. Hoseok só tentava segurar a risada.

Depois ele começou a dizer que eu era um traidor que nunca lhe contava nada. Até mencionou como eu ficava beijando os garotos do prédio e me fazendo de hétero para ele há anos atrás. E depois, continuou reforçando o quanto eu era um traíra. Mas isso era mentira, claro! Eu contava de tudo para Taehyung e pô, não conto uma coisa a ele e aí este decide ficar puto? Fiquei irritado e triste com todo aquele ataque, ainda mais porque não podia retrucar. Fiquei de cabeça baixa o tempo todo. Deprimente. Cheguei a ficar com vontade de chorar.

Na verdade... Eu estou doido para chorar bastante depois dessa.

Agora, eu estava em frente ao apartamento de Jimin, me desculpando. Hoseok e Taehyung estavam no carro, esperando-me.

— Cara... — ele riu. — O que foi tudo aquilo? — eu estava olhando para os meus pés. Não conseguia encará-lo.

— Ele está muito bravo comigo...

— Percebi.

Continuei olhando para os meus pés por um tempo. Ficava me lembrando de tudo que Tae disse sobre mim na frente de Jimin e... Porra! O quanto ele deve me achar patético agora? Droga, eu nunca consigo manter uma relação de amizade normal com ele... Sempre dou um jeito de parecer um esquisitão.

Me odeio... Nossa, como eu só faço besteira.

— Ei.

Prendi a respiração por um momento quando o polegar veio de encontro ao meu queixo. Ele me fez levantar o olhar. Após um tempo, consegui olhá-lo de verdade.

— Hyung... Desculpa, eu-

— Não precisa se desculpar. — sorri. — Tudo bem, ok? Também tenho amigos assim. — ele estava rindo. — Não se preocupe.

— T-tá... — respirei fundo, tentando me acalmar. — Aish... Que vergonha. — cobri o rosto, ouvindo sua risada ficar mais alta.

— Você sempre da um jeito de passar vergonha na minha frente, não é, Gguk?

Arregalei os olhos.

— Gguk? — suspirei surpreso. Era um apelido?

— Sim, Gguk. — sorriu mais. — Você me chama de Jiminnie às vezes. Nada mais justo, não?

Ri, coçando a nuca.

— Sim. Obrigado, eu gostei do apelido. — eu disse e ele acariciou meus ombros de forma amigável.

— Não fique pensando nessa situação, ok? — confirmei com a cabeça. — Você ainda é o mesmo ao meu ver. — olhei para seu rosto.

O que será que sou aos olhos dele?

— Obrigado, Jiminnie... — murmurei. — Boa noite.

— Boa noite. — tirou a mão do meu ombro. — Durma bem, certo? Você parece cansado. — ah, ele tinha percebido...

— Sim... Obrigado. — de repente, tive a vontade de acariciar a cabeça dele. Então eu o fiz. — Você também. — acariciei brevemente os cabelos. Podia parecer um carinho "ofensivo" já que ele era mais velho e mais baixinho, mas o Park sorriu e ficou na ponta dos pés para sentir melhor minha mão. Fiquei bobo.

— Até. — quanto tirei a mão de sua cabeça, ele entrou. Esperei que estivesse dentro de casa para ir embora.

Assim que entrei no carro, Taehyung iria me lançar um olhar bravo quando eu disse:

— Não fala mais comigo!

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