Delitos (Romance Gay)

Od d_sell

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De um lado, Tyler, seus problemas em casa e sua falta de aceitação pessoal o fazem cometer o ilícito para aju... Více

Considerações Iniciais
Capítulo I - Ao Chão
Capítulo II - Traços
Capítulo III - Consequências
Capítulo IV - Cores
Capítulo V - Permita-se
Capítulo VI - Desabafos
Capítulo VII - Complicações
Capítulo VIII- Cerco Fechado
Capítulo IX - Deriva
Capítulo X - Aproximação
Capítulo XI - Sob o Gotejar
Capítulo XII - Decorrência
Capítulo XIV - Perspectivas
Capítulo XV - Ao Acaso
Capítulo XVI - Solidão Ilusória
Capítulo XVII - Amenidades
Capítulo XVIII - Sentimentos Desapercebidos
Capítulo XIX - Alma Liberta

Capítulo XIII - Tentativas

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Od d_sell


Alô, Alô, menines;

Já de cara peço MIL DESCULPAS PELA DEMORA, eu tive um bloqueio horrível, e só consegui terminar ontem, depois de todo esse tempo. Minha vida está no baixo de seus altos, então isso tá me afetando um pouco, mas com sorte tudo vai se endireitar.

Desculpem Euzinho aqui. Aguardo seus votos e comments do amô <3

______________________


[Gabriel White]

Toda aquela situação de antes o fez seguir ao lado de Tyler. O segurança havia os ajudado, ainda que, de início, estivesse expressivamente confuso com o fato de dois garotos estarem tomando banho àquela hora da noite, no mesmo box. Mas uma breve explicação de Gabriel o fez entender rapidamente o que se passava.

Obviamente a atitude do interno, ainda que bem intencionada, foi, de certa forma, inconsequente, mas, vendo toda a situação, o homem sensibilizou-se, apenas daquela vez, deixando explícitamente à Gabriel para aquilo não voltar a se repetir, que ele deveria ter buscado ajuda ao invés de querer resolver com as próprias mãos. Mas, no fim, nada de mais aconteceu, senão o puxão de orelha.

Agora, o garoto loiro estava com sua roupa, em grande parte, encharcada, tremendo sutilmente o queixo; enquanto secava o cabelo do outro com uma toalha, este, o moreno, encontrava-se ainda mais molhado e sem camiseta, sentado no banco que havia ao meio do banheiro. Então o homem pigarreou para atrair a atenção dos garotos, que pareciam indiferentes à sua presença naquele exato momento.

— Vamos lá... — aproximou-se, no intuito de ajudar a levar Tyler.

— Ah, nós estamos molhados... se você ajudar vai se molhar também... — interviu Gabriel, analisando brevemente a situação — pode deixar...

— Você que sabe! — exclamou, indiferente.

Após secar o tronco do garoto, Gabriel ajudou a vestir sua camiseta, a que usava antes; passou então seu braço por trás das costas de Tyler, segurando em sua cintura, o ajudando a levantar, enquanto o garoto apoiava seu braço ao redor dos ombros do loiro.

O segurança ia na frente, vez ou outra olhando para os garotos. O moreno tremia os queixos, tendo sua tez empalidecida, mais que o normal, e os cabelos negros reluzentes, devido a umidade; já o outro, seguia com a roupa encharcada, repetindo o movimento de tremer o queixo do outro, também molhado. Devido ao frio, advindo do horário e das vestes molhadas, mesmo que de forma impensada, Gabriel e Tyler aproximavam seus corpos, o máximo que podiam, no intuito de manterem-se aquecidos.

Ao chegar lá, o segurança os deixou a sós com o médico, seguindo para sua patrulha novamente. O homem pediu para que Gabriel sentasse Tyler na cadeira e explicasse a situação.

— Eu não sei bem... — coçou a cabeça, meio sem jeito — acho que ele pegou aquela chuva no sábado, ai depois ficou com resfriado, durante o dia eu vim aqui pegar remédios pra febre, mas acho que não adiantaram muito...

— E o que ele tá apresentando? — Gabriel o olhou com dúvidas, não entendendo ao certo a que o homem se referiu, então, percebendo a incerteza na feição do garoto, ele refez o questionamento: — tipo, febre, espirro, tosse seca ou com expectoração, essas coisas. O que conseguiu observar nele?

Então Gabriel calou-se por um momento, tentando trazer à memória tudo o que fosse pertinente ser dito ao médico, posteriormente contando-lhe: pele muito quente, indicando febre alta, o que foi confirmado após a verificação da temperatura com o termômetro, embora, devido ao banho morno/frio, houvesse baixado parcamente; a pele úmida do banho camuflava o suor; as veias, outrora aparentes, escondiam-se em uma camada de desidratação; ao questionado sobre dor, Tyler, meio confuso, apenas direcionou uma mão ao peito e outra as costas; vez ou outra, a tosse aparecia, carregada com expectoração.

Após Gabriel relatar tudo, o médico pegou em mãos um estetoscópio, aparelho usado para ouvir melhor, colocou no ouvido e levou a haste até a parte metálica encostar na pele de Tyler, auscultando um ruído proveniente de seus pulmões, indicando ainda mais o que os sinais aparentavam: uma possível pneumonia; mas, como citado anteriormente, havia desidratação, o que só intensificou os sintomas e a situação do garoto. E assim, como Gabriel havia pensando, não podia ser apenas um resfriado, e de fato não era.

Para ter certeza se realmente era a patologia que o médico dizia ser, seria necessário a realização de um exame de raio-x, mas como a ilha não dispunha de tal equipamento, ele apenas seguiu com um soro contendo antibióticos.

Agora, Tyler, em uma maca acolchoada, mantinha-se deitado, com o medicamento sendo administrado em suas veias; o soro ajudaria na hidratação enquanto o antibiótico nele presente na aparente pneumonia. O cansaço doentio apossou-lhe o corpo, deixando-o finalmente descansar, dormindo de forma quase imóvel.

— Você não precisa ficar aqui, garoto — notificou o médico, olhando por cima dos óculos para Gabriel — se continuar com essas roupas molhadas vai acabar como ele — direcionou seu dedo indicador a Tyler.

— Argh, mas aí ele vai ficar aqui sozinho, você vai dormir, não?

— Olha, garoto, eu adoraria poder dormir, mas no momento ele — voltou a direcionar o indicador à Tyler — é minha responsabilidade.

— Entendi...vou no quarto trocar de roupa então — levou ambas as mãos à barra de sua camiseta, analisando-a — e trazer roupa seca pra ele, também — empinou o queixo na direção de seu colega de quarto — posso ir e voltar?

— Só dessa vez — pontuou, endireitando o óculos e virando as costas ao garoto — digamos que seja uma exceção...

Gabriel voltou vagarosamente até o dormitório, bocejando três vezes até chegar lá, deixou então suas roupas molhadas ao canto, pegando outras, vestindo-as rapidamente. Procurou uma troca de roupas para Tyler, sentindo-se desconfortável ao ter de mexer em suas coisas, mais precisamente em suas cuecas.

Voltou então à enfermaria, sem preocupar-se com os seguranças que encontrou no caminho, pois os deixou à par de sua situação, pedindo que caso não acreditassem era só irem falar com o médico. Não teve maiores problemas, no fim.

Ao chegar lá, Tyler estava com uma manta sobre o corpo, sem toda aquela roupa molhada, Gabriel o analisou, cogitando ajudá-lo a se vestir ou não, e, parecendo entender o que aquele olhar alternado das roupas em suas mãos ao garoto deitado significava, o médico interveio:

— Você não vai conseguir colocar roupa nele agora, ele tá com o acesso na veia, vai ter que esperar acabar, pode deixar que eu faço isso depois — apontou com o indicador uma pequena cômoda que havia ali — pode deixar as roupas ali.

— Ok... e como vão ficar as atividades durante o dia de hoje? — questionou, já passavam da meia noite de segunda, logo, já era considerado terça-feira.

— Ele vai ser dispensado por quatro dias, ou mais, caso precise, já você, darei dispensa valendo por hoje, pela ajuda que deu ao seu colega.

Após carimbar e assinar alguns folhetins, entregou duas folhas pequenas para Gabriel, que as pegou em mãos, analisando-as.

— Leve isso para o responsável pelas atividades de hoje, pela manhã, e estará tudo certo.

— Obrigado...

Gabriel deu uma última olhada em Tyler, que ressoava uma baixa respiração, voltando, sutil e progressivamente, a ter os lábios corados. Assentiu com a cabeça para o homem, deixando o local.

Mal se jogou na cama, ao chegar novamente no dormitório, e já dormiu, exausto.

[Em Pinoa]

O dia iniciava preguiçoso, o sol oculto atrás das nuvens, deixava a brisa fresca perpassar pelas árvores, remexendo suas folhas. Os olhos acastanhados de Jake se abriam, sem pressa; ele costumava acordar antes do necessário para não precisar se apressar com nada, em compensação à isso, dormia durante o resto de tarde que tinha. Isso explicava quando Gabriel ia à sua casa e o encontrava com cara de quem foi acordado à força.

Abriu as cortinas de seu quarto, constatando que o dia estava assim como seu humor: neutro. Com o uniforme em mãos juntamente com uma roupa íntima, adentrou o banheiro, seguindo posteriormente para o box, banhando-se com um sabonete de limão. Aroma cítrico, Gabriel...

E mais uma vez, uma ação diária remetia-o ao amigo, seus sentimentos estavam tão confusos, o que outrora acreditava com todo o seu âmago ser uma paixão, mesclava-se a linha tênue da amizade que possuíam, duvidando do que realmente sentia. Mas de uma coisa ele tinha certeza: estava com saudades de seu amigo; amigo, afinal, era isso que eram um do outro, não? Amigos...

Perdendo-se em devaneios, como usualmente fazia, conseguiu voltar ao foco quando ouviu um toque de seu celular, que estava ao lado do tampo da cuba de sua pia. Saindo em seguida de seu banho, enxugou-se, escovou os dentes, ajeitou o cabelo e vestiu-se. E só então decidiu dar atenção ao aparelho eletrônico.

Era uma mensagem.

Pietro estava sendo um bom companheiro nessas semanas, sempre tentando tirar Jake de casa, ocupando-lhe a mente; até havia reduzido o número de contatinhos para ter mais tempo com o amigo. Tipicamente um libriano com ascendente em leão.

Ia descendo as escadas enquanto abria a mensagem, era um convite para sair depois da escola. Ir a sorveteria da praça. Não parecia tão ruim, embora não fosse tão animador, era por uma boa causa: sorvete era seu doce favorito.

Ao passar pela cozinha, no intuito de pegar uma maçã, encontrou Diana, ela estava passando pano na bancada, com o olhar longe e a feição pensativa. Havia acabado de chegar ao trabalho.

— Bom dia... — murmurou Jake.

— Oh — deu-se conta de suas divagações, tornando o olhar ao garoto — bom dia, Jake — sorriu amena, sem real entusiasmo.

— Tudo certo? — questionou após dar sua primeira mordida no fruto.

— Claro — voltou a sorrir amarelo, meio sem jeito — e com você?

— Também... — repetiu o sorriso falso dela, afastando-se em seguida — vou pra aula, até mais.

— Claro, boa aula.

O comportamento estranho de Diana dava-se pelo fato de que naquela mesma semana faria um mês desde que seu filho, Tyler, havia sido levado para o CRS; seu coração de mãe doía diariamente, embora chateada, de início, com a incomum atitude inconsequente do filho, a respeito da venda de drogas.

Sua mente vagava longe, em um tipo de auto-defesa para não pensar em coisas ruins. Ele estaria se alimentando bem? Será que sofria maus tratos? Todas as questões deste tipo reverberavam em sua mente, tirando-lhe-a o sossego, então, para evitar tais pensamentos, sua mente entrava em estado de inércia; na maioria das vezes funcionava, nos primeiros trinta minutos, apenas.

...

Jake saía pelo portão do colégio, focando-se apenas em não ser atropelado ao cruzar a faixa de pedestres. Logo focando Pietro, que o esperava de braços cruzados, apoiado a um ponto de ônibus. Jake aproximou-se vagarosamente, já sabia porque ele estava ali, ambos iriam para a sorveteria, como a mensagem enviada pela manhã previa.

— Vamos lá, eles tão esperando a gente — sorriu, lhe cumprimentando com um abraço breve.

— Eles? — questionou, confuso. Pietro sorriu.

— É... chamei aquele seu amigo ruivo, ele tá levando alguém também, só não disse quem.

— Ah...

E, quando o ônibus chegou, seguiram; a sorveteria era próxima, em dez minutos já estavam lá. Pietro desceu na frente, tendo seu cabelo liso todo bagunçado devido ao vento, pois estava sentado na janela; ajeitou-os com os dedos, deixando-os jogados de lado; enquanto Jake não se preocupou com isso, visto que seus cabelos eram muito curtos para o vento revirar.

Ao adentrarem, já encontraram Yan sentado à uma mesa, próximo a janela, ao seu lado havia uma garota negra, sua pele era destacada por uma maquiagem sutil, enquanto seus cabelos volumosos e cacheados reluziam um brilho acastanhado, com um novo penteado, diferente das tranças nagô que usava antes. Jake nunca havia visto ela. Quando Pietro focou seus olhos castanhos à garota, não pode deixar de suspirar.

— Jake do céu — perpassou o braço por detrás do ombro do garoto, falando baixinho para só ele ouvir — aquela garota é a mulher da minha vida — sorriu abobalhado, admirando a garota que nunca havia visto.

— Ah, então tá né... — sorriu de verdade, ameno. Pietro tinha uma libido descontrolada ao auge de seus dezenove anos.

Então sentaram-se de frente para o casal de amigos, Pietro a encarava sutilmente, quando a mesma percebia ser o foco do olhar do garoto, devolvia o olhar, o fazendo desviar logo em seguida, meio sem jeito.

— Oi, essa aqui é a Greicy, estudamos juntos — apresentou Yan.

— Olá, moleques — sorriu, deixando Pietro mais abobalhado ainda.

— Oi, sou o Jake — estendeu a mão por cima da mesa para cumprimentá-la.

— Pietro... — sorriu abertamente, fazendo com que seus olhos quase fechassem, repetindo o ato do amigo para cumprimentar a garota.

Então cada um resolveu pedir o seu sorvete, com sabores diversos, e o diálogo iniciou-se, fluindo sem demais esforços, eram todos simpáticos e extrovertidos, afinal. Pietro vez ou outra tentava prender a atenção de Greicy, perguntando-lhe e contando sobre coisas aleatórias; deixando um assunto mais isolado entre Yan e Jake. E, naquela tarde, Jake não teve, em momento algum, seus pensamentos vagando por áreas que o assolavam; deixando-o em paz, e ele sorriu, verdadeiramente satisfeito com o momento de descontração, sem sentir-se mal e triste. Seu dia, outrora neutro, tornou-se doce e colorido, como as cores e sabores dos sorvetes que degustavam.

[CRS, Tyler Devon]

Desde o momento em que havia passado por tudo aquilo durante a madrugada, acabando por receber soro e medicações na veia, na enfermaria; haviam-se passado mais de uma semana. Tyler aparentava boa melhora, indo até o refeitório para as refeições, já participando das atividades, sem demais problemas.

Voltou com sua ideia inconsequente e egoísta de evitar Gabriel, ainda que sua mente lhe atormentasse, culpando-o pelo pensamento individualista. O garoto havia cuidado de si, desperdiçado seu sono, ajudando-o a troco de nada; e no fim, nem um usual "valeu" foi emitido dos lábios de Tyler. Na verdade, Gabriel acabou chateando-se, resolvendo ignorá-lo também; não conseguia entendê-lo, a primeiro momento achou estar fazendo uma amizade, aí, do nada, Tyler se afasta e parece criar certas barreiras em torno de si.

Era a respeito daquele acontecimento que a mente do moreno vagava em pensamentos. Ainda mais pelo fato de Gabriel manter-se indiferente apenas consigo, deixando um sorriso bobo escapar-lhe os lábios de vez em quando, e Tyler, sem saber o motivo daquele gesto, acabava por ficar ainda mais retesado, achando ser alvo de deboche do outro.

Tyler, quando decidiu se afastar, continuava indo e vindo das refeições com Gabriel, sentando-se com ele e tudo mais, a única mudança foi que as palavras eram contadas e ditas apenas quando real necessidade, sem mais desejos de bom dia e agradecimentos; apenas o essencial. Mas já Gabriel era mais extremista, sempre que estava no quarto, quando não possuía o sorriso travesso, mantinha-se com uma carranca pouco sociável, esta, direcionada apenas a Tyler; também acordava mais cedo para a refeição, assim tomava café e saía do refeitório antes de seu colega de quarto, isso acontecia em todas as refeições, até mesmo deixou de sentar junto do outro. E isso tudo nesses nove dias, apenas.

Tyler não podia reclamar, afinal, não era isso que ele queria? É, talvez ele devesse parar de pensar tanto; mas, com todo aquele tempo de sobra, sem haver muito o que se fazer, era quase impossível não pensar. Virou-se na cama, tendo como foco o tic-tac sutil do relógio, anunciando dezenove horas. Decidiu levantar-se, pegar suas coisas e ir tomar banho, logo mais seria a hora da janta.

Foi quando a porta se abriu, revelando um Gabriel todo descabelado e risonho, mas que fechou sua expressão ao notar os olhos do garoto sobre si. Tyler seguia seus movimentos com os olhos, sem nada dizer; o viu pegar uma troca de roupas, e jogar a toalha de banho em seus ombros, saindo do quarto em seguida. Aquilo tudo era tão estressante. Se fosse ao banheiro agora, ele poderia pensar que Tyler o seguia, ou queria importuná-lo. Decidiu esperar, sentou-se na cama debaixo, a qual não o pertencia. Aquilo tudo era, realmente, muito estressante.

E só se passaram nove dias.

[Gabriel White]

— Argh, aquele garoto é ridículo! — exclamou, sentando-se ao banco do refeitório, ao lado de Sabrina e de frente para Lola — nem um obrigado eu recebi, acreditam? — questionou retoricamente, indignado com as recentes atitudes de Tyler.

— Ah, garoto — levou a colher com comida até a boca, levando a mão em frente ao mastigar, como alguém que anseia falar mas está mastigando — nada que um chutão nos ovo não resolva; vai por mim.

— Mulher, tu só falas besteira, é isso mesmo? — questionou Sabrina, risonha.

— Isso vai dar casamento ainda, eu e Sabs queremos ser as madrinhas, não é mesmo? — as duas deram-se as mãos, rindo da carranca descrente que o amigo fez.

— Vocês são doidas! — Gabriel revirou os olhos, fazendo uma careta desgostosa.

— Hum... — terminou de mastigar, tomando a palavra em seguida, após deglutir — mas falando sério agora — riu, era difícil Lola falar algo realmente sério — você já tentou conversar com ele pra saber o porque dele ser assim?

— Argh, claro que não né, ele nem me dá abertura pra isso — suspirou, remexendo a comida em seu prato com a colher, vez ou outra levando algo à boca. Iniciando uma linha de raciocínio referente ao que a garota havia dito.

—Ah, garoto, e daí tu reclama dele? — negou com a cabeça, descrente — vai que ele seja tipo antissocial, ou só problemático mesmo, eu hein — riu novamente, por fim.

— É... deve ser isso mesmo — resolveu não estimular mais aquele assunto, focando-se em comer, houve um silêncio cúmplice na mesa, diferente do que acontecia no lugar onde Tyler estava, cujo silêncio dava-se pela solidão.

...

Gabriel levou sua mão à maçaneta, respirando fundo antes de entrar em seu dormitório; a hora de dormir era a mais desconfortável, não havia para onde ir, era quando toda a indiferença se condensava no cômodo, sufocando os residentes.

Ele bufou, impaciente, havia ficado muito chateado, depois de tudo o que fez, sem sequer um olhar ou sorriso cúmplice; mas já estava na hora de mudar, havia o ignorado por nove dias; a expressão depreciada de Tyler parecia aumentar conforme o tempo passava. E, mais uma vez, não acreditava que tentaria ajudar, de novo, aquele garoto estranho que dormia acima de si; baseado em sua breve conversa com as garotas durante a janta.

Entrou, então. As luzes mantinham-se acesas, embora Tyler estivesse em sua cama, como sempre, virado para a parede, indiferente à Gabriel. O loiro voltou a suspirar, pesadamente, notando um retesar de Tyler, talvez pela expressão sonora ouvida, ou por um motivo mais interno, pessoal. Manteve-se parado, em pé, próximo a porta. Pigarreou então, dando início a mais uma possível tentativa frustrada.

— Tá acordado? Quero falar uma coisa contigo...

— Hum? — murmurou, sem encará-lo, sequer virou-se no leito.

— Amanhã de manhã eu vou pro continente de novo — após ouvir tal confissão, Tyler quase caiu da cama, ao virar-se bruscamente, encarando Gabriel nos olhos, confuso e ansioso pelo que seria dito em seguida.

— Quê?

— Eles levam uma vez por mês quem precisa de cuidados específicos, como consultas médicas mais detalhadas e essas coisas, no meu caso é o aparelho nos dentes... — suspirou pesadamente — e eu vou tentar encontrar uma pessoa... um amigo, caso eu consiga, se tiver alguém que você queira mandar um recado, pode me dizer o nome, as características e o que quer dizer; peço pra ele procurar essa pessoa e passar o recado...

— Por que tu tá fazendo isso?

— Isso o quê? — franziu o cenho, confuso.

— Me ajudando...

A verdade era que Gabriel estava cansando; havia feito de tudo para conquistar confiança e simpatia do garoto, falhando em todas, e sempre que achava que havia avançado naquela relação conturbada, o outro regredia, privando-o. Ele não conseguia entender Tyler, e por mais que sua vontade de ser aceito e de fazer amizades fosse grande, seus limites estavam sendo testados. Porém, depois de conversar com suas amigas, uma nova face do leque lhe foi aberta; sempre vendo o outro com seus olhos, sem empatia; mas e como ele sentia-se? Quais eram seus medos? O que os olhos negros brilhantes escondiam? E, pensando em todas as possíveis causas do isolamento alheio, decidiu dar uma nova chance ao garoto.

— Argh, como eu te disse uma vez, seremos colegas de quarto pelo ano inteiro, eu só tô tentando melhorar a convivência — bufou, impaciente — mas você não colabora comigo... — despejou, não sendo exatamente a maneira que previa de iniciar tal diálogo.

Tyler desviou o olhar, envergonhado; sem ter o que dizer, porque mesmo querendo falar algo, ele sabia que Gabriel estava certo, desde que ambos foram para a ilha, o garoto sempre tentava lhe ajudar; desde lhe trazer comida quando ainda eram praticamente desconhecidos à dar-lhe banho quando mais necessitou. Tyler estava sendo ingrato, tinha consciência disso; e mesmo que continuasse pensando ser necessário entender a si mesmo antes de conseguir desenvolver uma amizade com ele, Gabriel merecia os devidos agradecimentos; ainda que sua forma de dizer-lhe fosse tão simples, ainda assim, carregava certo significado.

— Valeu... — voltou o olhar à ele, encarando-o sutilmente — por tudo...e desculpa também — tentou manter o olhar em Gabriel, mas falhou — eu sou um idiota... — tentou sorrir, mas pareceu estar sem graça demais — e sim, tem alguém que eu gostaria de mandar um recado...

Pokračovat ve čtení

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