Hurricane

By raiperosini

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Huracán, o deus das tempestades segundo a mitologia maia. Furacões, no entanto, são as tempestades mais forte... More

Preface
Prologue
Ett • Casino Night
Två • Dirty laundry
Tre • eLIAR
Fyra • Beauty and the Beast
Fem • Hotter than hell
Sex • Tacos
Sju • Until dawn (part I)
Sju • Until dawn (part II)
Atta • Here to create
Nio • Losing Sleep
Elva • My side of your story
Tolv • Indigo blue
Tretton • Passionfruit
Fjorton • Spanish guitar
Femton • Tre Kronor
Sexton • Paris
Sjutton • Hurricane Love

Tio • Dark was the night, cold was the ground

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By raiperosini

"Problemas no paraíso?

Nessa quinta-feira, 6 de abril, a tenista Joan Brant foi vista tomando sorvete em Amsterdam na companhia de Klaus Schëiger, atacante do Bayern de Munique, durante sua folga dos eventos da Adidas. Os dois pareciam bem íntimos na conversa, com sorrisos, trocas de olhares e até carinhos. Esse encontro poderia ser indicação de um novo affair, porém a tenista é nada mais nada menos que ex-namorada de Schëiger. Além disso, Brant assumiu há alguns dias o namoro com o jogador de hockey Elias Lindholm, mas será que em pouco tempo ela deixou o sueco para retomar o romance com o alemão? Shaggy marca muitos gols em campo, mas será que ele também separa corações? Melhor tomar cuidado, Lindy!"

Joan pegou o aparelho da mão do namorado consternada, leu todo o post que estava para ser traduzido em inglês e por um segundo – um mísero segundo – ficou aliviada por ser um instagram pequeno e aquele tipo de notícia não tomar proporções catastróficas. Porque aquilo, afinal, era material para lhe dar dor de cabeça por bastante tempo, então quando levantou os olhos da tela do celular para o homem a sua frente ela soube: a sua dor de cabeça estava só começando.

E na sua mente, o universo estava rindo porque pelo menos aquela merda não tinha explodido no ventilador e sim entre quatro paredes.

– Como começar a falar sobre isso sem aquelas frases clichês de "não é isso que você está pensando" ou "me deixe explicar"?

– Pelo amor de Deus, Joan, você não vai vir com esse discurso ridículo pro meu lado logo agora. – Pegou o celular e jogou na cama. – Em qual momento você deixou de me contar as coisas? Tipo esconder que a porra do seu ex-namorado é Klaus Schëiger?

A voz de Elias estava incrivelmente grossa e aquilo até deu arrepios na pele da tenista, se não fosse a raiva que começava a percorrer a sua corrente sanguínea.

– É passado, Elias, como eu não tenho interesse em saber das mulheres que passaram pela sua cama antes de mim, eu também não via sentido em chegar um dia e te falar "ah, vou te contar sobre o meu ex-namorado agora". – Ela mudou a voz ao recitar aquela frase e Elias revirou os olhos.

– Então você já tava com o argumento pronto, né?! Mas o problema não é o passado, Joan, e sim o passado voltar ao seu presente. O que você quer que eu pense quando tem fotos verídicas suas em Amsterdã com o seu querido ex e vocês parecem estar vivendo um romance de verão...

– Você não se atreva! – Joan apontou o dedo para ele.

– O que? Vocês viveram um romance de verão? – Riu com puro escárnio. – Que bonitinho, você quer que eu toque um violino pra essa doce memória?

– Vai. A. Merda – falou pausadamente e Elias arregalou os olhos.

– Quando eu pensei em entrar na merda de um relacionamento, Joan, eu não queria isso, não queria isso aqui. – Apontou para os dois.

– Se não queria a merda de um relacionamento, por que entrou então? Olha, eu sinto muito se nessas drogas de fotos parece mesmo que nós estávamos em um momento íntimo, mas eu juro pra você que Klaus ainda é meu amigo e nós estávamos falando de você aqui, no quanto eu estava igual uma idiota apaixonada. Mas veja só, estava apaixonada pelo babaca que só sabe atirar ironia na minha cara e não ouvir o que eu tenho a dizer.

– Bom, você acabou de dizer, não é mesmo? – Elias mudou a feição e o sorriso sarcástico saiu de seu rosto.

– Mas você não quer ouvir, é mais importante acreditar nessa coisa machista que espalham por aí – defendeu, um olhou para o outro e a cabeça dos dois estavam a mil, o olho do furacão se desfazendo. Foi quando Joan, com a voz baixa e rouca, decidiu falar o que queria e o que fez o seu coração quebrar: – Se você não confia em mim, por que estamos aqui?

– Eu também quero saber – respondeu de imediato. – Sempre achei que fosse eu a te decepcionar, Joan, mas acabou sendo o contrário. Irônica a vida, huh?

– Incrivelmente a sua ironia tá ganhando da vida agora. – Joan piscou os olhos, segurando as lágrimas que queriam escorrer, mas ela não daria o braço a torcer agora.

Um não conseguia mais olhar nos olhos do outro, Elias começou a andar pelo quarto, o sentimento de que havia sido traído agora não era o principal e sim a falta de confiança que não só ele tinha, mas ela também, a decepção e a vontade que tinha de gritar. Mas tudo que soltou foi um rosnado, antes de sair do quarto, batendo a porta outra vez e sumindo.

Não era mesmo o momento para discutir, agora que eles já tinham ferido um ao outro por meio de palavras, elas eram tão cortantes como facas amoladas. E doía, doía como um inferno quando Elias saiu do apartamento e decidiu que aquele dia ele iria ligar o foda-se, enviando uma mensagem para Gabriel Landeskog sem pensar no amanhã e pedindo para que lhe encontrasse no bar mais próximo.

Aquele dia, no entanto, ele descobriu que namorar era uma desgraça e que era muito mais feliz com a sua vida de solteiro, sem uma mulher para lhe atormentar.

...

Joan estava com as malas prontas, detestava essa tarefa, mas estava tão revoltada que quando viu o serviço já tinha acabado. Isso depois de chorar por uma hora inteira jogada na cama do quarto.

Fez questão de deixar o ambiente impecável, como se ela nunca tivesse passado por ali e por longos segundos encarou as fotos que apareciam na tela inicial do whatsapp. A última coisa que tinha mandado para Elias foi um ok quando ele pediu para que ela se aprontasse. Mas a última coisa que queria que ele tivesse dela ali era um "vai tomar no cu" e logo em seguida um "meu anjo".

A tenista se segurou, no entanto, precisavam de espaço e ela sabia disso. Por esse e outros motivos, acabou ligando para Missie Delight e depois de uma conversa rápida ao telefone estava decidido: Dallas a aguardava.

Milagrosamente conseguiu um avião que sairia quase de madrugada de volta para os Estados Unidos, logo pensando em pedir um Uber. Com certeza estava sendo um poço de impulsividade e inconsequência, porém, nada de bom sairia mais da Suécia com a sua presença, sendo essa a melhor opção.

– Joan? – Ouviu a voz de Oliver e ela gelou por um segundo.

– Oliver? – Abriu a porta do quarto, com as suas malas e xingando a sua falta de jeito quando a sua cabeça estava tão cheia.

– Quer ajuda?

– Não precisa, eu tô de saída, meu voo é daqui a 4 horas.

– Eu posso te levar – ofereceu e ela balançou a cabeça.

– Já chamei um Uber, realmente não precisa se preocupar.

– Se você diz. – Deu de ombros. – Quer conversar sobre? – Joan balançou a cabeça em resposta, não queria começar a chorar de novo e não sabia se Oliver ia ser neutro o bastante para tal. – Tudo bem, então.

Förlåt – pediu e ele concordou com a cabeça.

– Vocês vão ficar bem, Elias só...

– Não precisa dizer – ela o interrompeu.

– Faça uma boa viagem. – Oliver a abraçou, desistindo de tentar conversar e a ajudou a levar as malas até a rua, onde ela embarcou no Uber em direção ao aeroporto.

No caminho digitava furiosamente para que Ravena fizesse contato com a assessora e resolvesse aquilo para ela, mandando o link em seguida. Mas não pode deixar de rolar os olhos quando a resposta da prima apareceu segundos depois:

Ravena: Posso ser aquela pessoa escrota – e com razão – que disse que ia dar merda? EU DISSE QUE IA DAR MERDA.

Joan: Vai se foder, coração.

Ravena: Enfim, vamos dar um jeito nisso. Enquanto isso, já te contei que saí com Brett? Se não contei, vou contar agora pra te animar.

E aquele certamente foi um momento de distração para Brant: ouvir todo o relato da prima sobre como era sair com Brett Pesce, 3 anos mais novo que ela e com uma personalidade bem diferente.

Claro que Joan queria todos os detalhes e toda aquela conversa perdurou enquanto a atleta carregava o celular no aeroporto, esperando pelo seu voo. Depois contou superficialmente a briga entre ela e Elias, lendo atentamente o que a prima tinha a dizer:

Ravena: Você é idiota. Mas ele também é por não acreditar em você. Acho que o melhor foi você realmente se afastar e dar um tempo para a raiva ir embora. Ele com raiva da foto e você da reação dele. Nenhuma conversa seria positiva. Só espero que isso não seja motivo para você simplesmente jogar tudo para o alto.

Então o seu voo foi chamado e Joan respondeu que estava indo para o Texas colocar a cabeça no lugar, por isso também evitaria mexer no celular, se despedindo da prima e agradecendo pelo apoio de sempre.

...

A primeira coisa que a americana fez depois de se sentar na poltrona confortável do avião foi mudar o nome do contato de Elias de "Mozão" para "Bad name", não sabia direito o que pensar sobre isso, mas aquilo fez – por apenas um instante – ela se sentir melhor. Joan pelo jeito estava se agarrando a pequenas coisas que faziam tudo aquilo não ser tão merda quanto realmente era, mas ela estava ciente de que aquela sensação não sairia da sua cabeça tão cedo. E rezava para que não chegasse ao seu coração.

Parando para pensar, podia sim ter se enganado de que não importava falar sobre o seu ex com o seu atual, mas machucava saber que ele não confiava nela e ainda por cima falou sem dó nem piedade que ele não queria aquela parte de um relacionamento. E aquilo foi sim o golpe final, era tão imbecil que nem se policiou na hora de dizer que não queria um relacionamento. Se ele não queria aceitar aquela parte deles, então por que estavam juntos afinal?

A mente humana costumava pregar peças e naquele momento Joan se sentiu terrivelmente péssima, como se amasse um homem que não a amava de volta e estava com ela só por conveniência. Um egoísta que só pensou em si mesmo e acreditou na primeira coisa que leu e viu sobre, que ao menos quis ouvir o que realmente aconteceu. Confiança? Que isso? É de comer?

Se ele quisesse mesmo ficar com raiva dela, da próxima vez ela o daria um motivo, seria mil vezes melhor escutar tudo aquilo enquanto estivesse de fato errada, e não chorando de frustração em um avião que ao menos tinha decolado. Era injusto, muito injusto, e aquilo refletia em cada pedacinho do seu corpo, uma dor física que beirava ao insano.

Mas logo tratou de se recompor e colocou uma série no celular, estaria chorando por causa da série e não por causa da crise que tinha assolado a sua vida pessoal. E mesmo que tentasse se distrair, sua mente insistia em remoer a conversa com Klaus, tinha sido um dia tão bom que ambos sequer pensaram que tinha alguém os assistindo. Então Joan voltou para casa com saudade, acompanhou os últimos jogos que se passaram na PNC Arena com aquele gostinho de despedida, Elias logo estaria indo para a Suécia. Por isso o inevitável veio, um dia sem ele era quase um ano, e Joan foi para um torneio beneficente em São Francisco, saiu com as amigas, jogou golf com John, porém a saudade ainda continuava lá.

A viagem para a Suécia no fim das contas foi quase um sonho para os dois, Joan queria visitar o país e Elias queria ser seu guia particular, sem falar que sua família estava louca para conhecer a famosa tenista que conquistou o coração do caçula. Contudo, estava tudo indo bem e Brant tentava evitar pensar que o erro talvez tenha sido seu. E se ela tivesse contado para ele desde o início? E se não tivesse saído com Klaus? E se não tivessem tirado aquela foto? E se aquilo não tivesse parado no celular de Elias? E se, e se, e se...

Não tinha como mudar o passado e o agora não era nada bonito, mas para alguém que jurou para si mesma que não se arrependeria mais das coisas que havia feito, Joan pela primeira vez falhou consigo mesma porque ela estava arrependida e muito. E doía ainda mais admitir que sempre achou que ela não o decepcionaria, falhando novamente, dessa vez com o ignorante do seu namorado.

E aquilo, senhoras e senhores, era o fim do mundo para Joan Brant. Imersa em todo o seu poder de dramatização e tristeza.

🏒💔🎾

(05.02.2k18)
Não esqueçam de deixar AQUELE comentário maroto, a autora precisa de inspiração depois disso e os comentários de vocês são <3
Beijos e até a próxima (perdão pela atualização mensal, mas eu realmente empaquei AJUDA)!

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