Mesmo se estivermos entrando em colapso
podemos encontrar um caminho para superar
mesmo se não conseguirmos encontrar o paraíso
eu andarei pelo inferno com você
amor, você não está só
pois eu vou ficar ao seu lado.
Rachel Platten - Stand by you
Recebo minhas notas e passei em todas, o que não me surpreendeu muito para falar a verdade. Com notas boas em todas as matérias isso significa que estou oficialmente de férias – o que há algum tempo atrás significaria muitas e muitas horas de frente ao meu computador assistindo séries.
Mas o tempo mudou e com ele eu também.
Saio de casa antes que Jade possa acordar e vou ao banco pegar tudo o que tenho direito, não vou deixar que Eneko fique com que nossos pais deixaram depois de tudo o que ele fez.
Depois volto para a minha antiga casa e coloco os meus pertences mais importantes no porta-malas, Corey ainda estava no meio do quarto e como meu cachorro merece uma morte decente fiz um mini enterro no quintal e voltei para a casa de Jade.
Encontro Jade ainda dormindo e me junto a ela. Abraço-a e ela se empertiga beijando meu pescoço.
- Bom dia. – digo sorrindo e ela me beija.
- Bom...
Ele não termina de dizer porque vai até o banheiro correndo, vou atrás dela e quando estou prestes a entrar ela bate a porta na minha cara e grita:
- Nem pense nisso!
Não respondo e fico esperando do outro lado da porta ansioso – estranhei o fato dela passar mal assim tão repentinamente.
Alguns minutos depois Jade sai do banheiro com a mão na boca e volta a deitar na cama.
- Está se sentindo bem? – pergunto me sentando ao seu lado.
- Estou ótima. – olha para ela intrigado e depois de um tempo ela bate na testa em impaciência. – Claro que não, eu estou péssima.
- Calma. – ela me fuzila com os olhos e paro de falar.
Quanto nervosismo.
- Jade. – chamo e ela me olha séria. – Qual curso você faz?
Ela revira os olhos.
- É sério isso? – balanço a cabeça. – Enfermagem. – responde soltando o ar pressurosa.
Sorrio com o pensamento dela cuidado de pessoas, com certeza seria a melhor cena ver Jade lidando com um velhinho, imagino ela perdendo a paciência e indo ao banheiro para não explodir.
- Tá rindo do quê? – pergunta carrancuda.
- De você sendo enfermeira. – rio. – Deve brigar com todo mundo sem paciência.
- Sou uma ótima enfermeira! – ela bate em meu braço e caio em cima dela dando gargalhadas.
- Sim, claro que é. – concordo rindo.
(...)
- Festa hoje e sem FALTA. – Lissa fala quando atendo meu celular.
- Sabe, e porque estou me sentindo meio doente. – resmungo.
- Eu ouvi festa? – pergunta Jade ao meu lado. – Mas é claro que nós vamos, ele não está se sentindo mal, é mentira! – Jade grita e ouço Lissa rir do outro lado.
- Acho que morar com ela poderá ser bom para você, Path, assim não haverá mais desculpas para você não sair. – Lissa comemora do outro lado.
- É, te vejo mais tarde. – desligo.
Quando termino Jade pula em cima de mim e beija a ponta do meu nariz.
- Por que mentiu estar doente? – pergunta beijando meu rosto.
Quanta bipolaridade, quando digo isso ninguém acredita, há algumas horas atrás ela estava me respondendo mal e agora não para de me dar beijos.
Correspondo aos seus beijos e puxo-a para cima de mim, exploro cada canto da sua boca e nossas línguas começam uma dança ritmada, tiro o vestido preto que ela usa e distribuo beijos por todo seu corpo.
Aperto seu seio e acaricio o outro com minha outra mão, Jade passa os dedos em meus cabelos e sinto meu corpo todo se arrepiar com seu toque.
Ela arfa e arqueja as costas fazendo com que todo o meu corpo fique rígido e quente, olho para ela e sua boca se abre em um sorriso.
- Continue, nerd. – fala rindo e acaricia meus cabelos.
E eu continuo.
(...)
Termino de me vestir e encontro Jade fazendo uma dancinha na cama com suas típicas roupas pretas: calça, regata branca e uma bota, paro com meu queixo apoiado sobre minha mão e fico assim observando-a dançar como se não me visse.
Ela para de dançar e me olha com uma expressão de divertimento, bato palmas sarcásticas e ela dá de ombros.
- Continue o espetáculo. – me aproximo e Jade dá um pulo no chão.
- Enjoei. – diz e estende o braço para mim. – Vamos.
Sem dizer mais nada enlaço meu braço no dela e saímos em sua moto. Agarro a cintura de Jade e inalo seu cheiro, ela ri e acelera a moto.
Alguns minutos depois chegamos a festa e Lissa vem nos receber com um abraço demorado em Jade e em mim apenas uma olhada de nojo fingido, jogo seu cabelo para cima e ela resmunga.
- Você veio. – ela disse presunçosa para mim e depois vira os olhos para Jade e sorri abertamente. – Fico agradecida por ter trazido meu amigo. – depois chega perto do ouvido de Jade e começa a sussurrar como se eu não estivesse ali. – Se não fosse por você ele estaria em casa com essa bunda gorda de frente a um computador.
- Eu ouvi isso. – rebato. – E minha bunda não é gorda.
- Bunda de quem é gorda? – Mikael chega com um copo na mão.
- Ninguém.
Mikael me olha sério e dá de ombros, ele olha ao redor e diz baixo apenas para que eu escute:
- Acho melhor nós irmos conversar em um lugar mais discreto.
Concordo e seguro a mão de Jade para irmos a uma mesa mais afastada, Lissa bufa e nos segue – provavelmente irritada por estarmos chamando ela para conversar.
Sentamos em uma mesa isolada e Mikael começa a falar:
- Ontem estava andando na rua e encontrei um policial. – ele me olha assustado quando pronuncia a palavra policial. – Não sei se isso é coisa da minha cabeça, mas, ele ficou me encarando e eu fiquei com muito medo e fui para minha casa meio que correndo.
- É o que exatamente nós temos a ver com isso? – pergunta Lissa emburrada.
- O QUE NÓS TEMOS A VER COM ISSO? Porque nós simplesmente invadimos uma delegacia e saímos de lá com uma sacola cheia de armas, só isso, talvez. – Mikael explode, mas tudo o que faço e rir de seu desespero.
- Relaxa, Mika, o policial que nos ajudou certamente não falará nada sobre a nossa identidade, porque, se me lembro bem, estávamos vestidos de "porcos". – falo e Jade me olha com os olhos arregalados.
Depois de tudo o que aconteceu ainda não conversei com ela sobre os detalhes de como cheguei até ela, tudo o que queria quando encontrei-a era descansar.
- Relaxar? Você me diz para relaxar? Depois de ameaçar aqueles policias de morte, quer que eu relaxe? – pergunta exasperado.
- Não acredito que vim para essa maldita mesa para ouvir isso! – reclama Lissa. – Dá para você calar a merda dessa boca e aproveitar? Se ficar gritando assim como um louco alguém nos ouvirá.
Jade se vira para mim e por um momento ignoro a conversa/discussão que Lissa e Mikael iniciaram.
- Você fez mesmo isso? – Jade pergunta com um sorriso.
Chego perto de seu ouvido e falo:
- Por você eu faria tudo.
E ela sorri e deposita um beijo rápido nos meus lábios.
- Já chega! – Lissa grita para Mikael e chama nossa atenção. – Vamos dançar. – pega na mão de Jade que me segura e vamos todos para a pista de dança.
Lissa pega um copo de alguma bebida que não conheço e começa a beber e dançar, fico olhando-a engolir todo o conteúdo que ali continha e sinto Jade passar a mão em minha cintura e me puxar para uma dança.
Sigo seus movimentos e atrás de Jade vejo Mikael ir conversar com Lissa, Jade muda suas mãos da minha cintura e as passa ao redor do meu pescoço.
- Seus amigos são legais. – cochicha em meu ouvido.
- Eles são. – respondo.
Uma música lenta começa a tocar e Jade começa a fazer movimentos lentos de acordo com a batida na música.
- Não sei dançar. – admito e ela sorri.
- Não precisa, e só fazer isso. – ela me mostra seus pés se movendo lentamente e imito ela – Viu? É fácil.
E então continuamos a dançar com nossos corpos colados, se não fosse por Jade pondo a mão na cabeça e ficando mole em meus braços.
- Jade? - me desespero ao vê-la ficar fraca. – Está tudo bem?
- Sim. – ela se recompõe com uma mão na testa. – Só foi um mal-estar, acho que quero ir embora.
Concordo e como não queria ir fiquei feliz ao voltarmos para casa, mas também um tanto preocupado com o que pode estar acontecendo com ela para ficar assim passando mal.