Série Corações Feridos: Não m...

By RayhBennett

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VOLUME IV Para melhor entendimento, aconselho ler: 1 - Corações Feridos; 2 - Você nunca estará só; 3 - O seu... More

Não me esqueça
Um
Dois
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Catorze
Quinze
Novidades
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Epílogo

Três

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By RayhBennett

Melissa

Olho-me no espelho, admirando a bela paisagem que ele reflete. Não sou narcisista, mas caramba, como sou linda! Herdei a beleza da mamãe Valerie combinada com a de meu pai, então, é óbvio que poderia ser considerada uma das mulheres mais lindas do mundo se eu fosse famosa.

O longo vestido verde combina com os brincos de esmeraldas que herdei da mamãe Valerie. Escolhi o salto alto mais confortável que tenho e vou me movimentar o mínimo possível para não acabar tropeçando e caindo de cara no chão. Deus me livre de passar mais esse vexame bem no jantar do diretor do hospital. Não quero ser motivo de chacota pelo próximo século.

Tiro algumas fotos e envio para Gabriel com a seguinte legenda: "admire a mulher mais linda que você terá o prazer de conhecer na sua vida 😘". Até imagino ele enviado aqueles emoticons revirando os olhos.

Ah, que saudades do meu melhor amigo!

Guardo o celular dentro da bolsa junto com três notas de cinquenta dólares e o cartão de crédito. Saio do quarto e ao passar em frente ao de meu irmão, encontro-o com a cara enfiada nos livros e os ósculos escorregando pelo nariz.

"Muito trabalho?" Ethan levanta o rosto, empurra os óculos para cima e coça os olhos. Seu semblante é cansado e não dou meia hora para que esteja dormindo em cima dos livros.

"Estou estudando para as provas." Meu irmão boceja e acho engraçado que mesmo já tendo 12 anos, meu pai quase sempre tem que colocá-lo na cama por causa da sua péssima mania de dormir em qualquer canto da casa se tiver um livro em mãos. "Odeio Química, definitivamente. Queria ser inteligente igual o vô Giuseppe ou o tio Jeremy. Eles sempre sabem como resolver essas coisas chatas."

"Eu posso te ajudar qualquer dia desses." Ethan me olha cético e reviro os olhos. "Tudo bem, não sou a pessoa mais inteligente do mundo, mas me formei como médica. Meu diploma está lá no escritório do papai para quem quiser ver e no meu Facebook também."

"Se você demorar muito vai chegar atrasada." Meu irmão me avisa e jogo um beijinho para ele antes de apressar meus passos. "NÃO CORRA NA ESCADA."

O grito de Ethan me faz desacelerar ao lembrar de minha ótima amizade com a gravidade e desço a escada com cuidado mesmo desejando correr como o Papaléguas. Faço uma careta ao encontrar meus pais se beijando no sofá. Acho bonito o amor deles, cresci vendo essas demonstrações de afeto, mas que é estranho, isso é.

"Oi, amores da minha vida. Como estou?" Paro em frente aos dois e dou uma voltinha. Mamãe bate palmas e meu pai tem um sorriso orgulhoso.

"Belíssima como sempre." Recebo o abraço e um beijo na testa de meu pai. "Jeremy vem te buscar?"

"Ah, ele não vai. Ele teve um plantão de 48 horas seguidas e tudo o que deseja é uma cama e uma boa noite de sono." Stefan Salvatore franze a testa e me olha bem desconfiado, ele não engoliu nenhum pouco essa história de namoro, mas é um cavalheiro para invadir minha privacidade e me obrigar a contar algo que eu não quero.

Papai confia muito em nós e me sinto péssima em mentir, mas isso acaba hoje. Murilo disse que vai assumir nossa relação e vamos nos encontrar na mansão do doutor Stewart já que ele irá diretamente do hospital para lá.

"Então, eu a levo. Aproveito e na volta, passo na pizzaria e trago nosso jantar." Meu pai diz firme enquanto pega suas chaves em cima da mesinha de madeira ao lado do sofá.

"Traz um pote de sorvete de napolitano também." Mamãe se esparrama no sofá, abraça uma almofada e aperta um olho em minha direção. "Se for dormir fora de casa, nos avise. Não se esqueça de usar camisinha. Sou muito nova para ser avó."

Abraço, mamãe e depois de mais mil e uma recomendações, conseguimos sair de casa. Envio uma mensagem para Murilo, perguntando se ele já chegou na festa, mas ele não visualiza. Bato os dedos na minha bolsa e sinto os olhares de papai sobre mim.

"Quais os conselhos, papai?" Viro em sua direção para observá-lo melhor, agora que sua atenção está totalmente voltada para a estrada. "Não vai me dizer para não aceitar bebidas de estranhos, ou não perguntar para as mulheres se elas estão grávidas quando na verdade estão apenas bem... alimentadas?"

"Você já me fez passar cada vergonha, que eu não sabia onde enfiar minha cara." Papai reclama, mas acaba rindo com certeza lembrando de quando eu perguntei para uma senhora já de idade, esposa de um cliente bem importante do tio Kai, de quantos meses ela estava. A mulher ficou indignada, me chamou de mal-educada e eu sem entender nada, achei que ela queria guardar segredo do filho, que na verdade era marido. Mas como eu saberia se o homem era muito mais novo do que o meu pai?

"Mesmo assim o senhor me ama." Aperto seu ombro e papai me olha quando paramos em um sinal vermelho.

"Amo com todo o meu ser. É o meu raio de sol." Toda vez que meu pai me chama assim, sinto o quanto sou importante e especial. Ele nunca fechou os olhos para meus erros, não importava o quanto estivesse chateado, jamais deixou de me dar um beijo de boa noite, ou de cuidar de mim quando eu estava doente. É o meu melhor exemplo, o meu primeiro grande amor, o homem que eu amei desde o dia em que a mamãe Valerie me apresentou através de fotos e que passei a amar ainda mais depois de conhecer pessoalmente. "Só peço que aconteça o que acontecer, lembre-se que estarei sempre pronto para cuidar de você. Não importa a hora ou o lugar, só me ligue e eu vou até você."

"Papai..." Engulo o nó em minha garganta ao pensar que não mereço toda a confiança de meu pai. Estou escondendo algo tão importante quando ele deveria ser o primeiro a saber.

"Quando se sentir pronta é só me contar." Ele volta a dirigir e um silêncio profundo nos acompanha até pararmos em frente aos enormes portões de uma luxuosa mansão. Abaixo o vidro e mostro o convite a um segurança, que libera a nossa entrada. "Se for de táxi, ligue para o senhor Julius. Caso pegue carona, mande uma mensagem avisando com quem. Nunca se deve confiar totalmente nas pessoas, filha. Nunca se sabe o que elas levam no coração. E se caso alguém, algum dia tente fazer mal a algum dos meus filhos, sou capaz de matar com as minhas próprias mãos."

"Deveria ter me emprestado um dos carros." Tiro o cinto de segurança e abraço o papai com força. Seu perfume é o mesmo desde sempre e me traz a sensação de aconchego e segurança.

"Se você tomar meia taça de champanhe já estará vendo estrelas na sua frente." Papai beija minha testa e me afasto antes que eu decida voltar para casa e me encher de pizza com refrigerante. "Vai com Deus."

"Fique com Ele também. Amo o senhor, papai."

Saio do carro tomando cuidado para não cair de cara no chão. Olho ao redor e me deparo com um belo jardim iluminado pelas lâmpadas espalhadas por todos os lados. Durante o dia deve ser incrível observar as belas flores espalhadas pelo local. Tia Rebekah com certeza aprovaria o bom trabalho do jardineiro.

Decido entrar na imensa mansão branca de três andares. É uma bela residência, que tem, segundo uma revista, entre outros seus inúmeros luxos, dez suítes, vinte banheiros, duas salas de jogos, duas salas de estar, uma sala de jantar, uma sala para visitas, cinco garagens, além de duas piscinas olímpicas e um campo de golfe na propriedade.

Apesar de todo o requinte e belíssima decoração, é apenas mais uma propriedade sem vida. A mansão do tio Kai, herança de família, é três vezes maior, mas tem muito calor humano e em cada pedacinho tem a história de todos, assim como na casa de meus avós, lá em casa e na casa de tio Damon. Nossa grande e louca família não possui o mesmo sangue, mas compartilhamos o amor que sentimos uns pelos os outros.

"Seja bem-vinda, Melissa." O doutor Stewart e a esposa me cumprimentam assim que me veem. Não consigo gostar deles, pois apesar do sorriso cordial, eles possuem olhos frios, daqueles que enxergam somente a conta bancária das pessoas.

"Obrigada e parabéns doutor Stewart." Aperto a mão do meu chefe e abraço sua esposa, Emma. "Espero que tenha gostado do presente que lhe enviei mais cedo."

"Pode me chamar de Albert, criança. E adorei as gravatas, só não estou usando uma agora porque infelizmente tenho que usar essa gravata borboleta." Seguro uma risada quando Emma o olha atravessado.

"Tem um excelente gosto, Melissa. Mas imagino que prefira se divertir com jovens da sua idade. Nós temos que receber mais convidados. Sinta-se a vontade e mande lembranças para Lilian. Com licença."

Observou-os se afastar e respiro aliviada ao sentir o ar mais leve. Essa vida de fingir sorrisos e cordialidade ficou para o meu tio Damon, que adora participar desses tipos de eventos somente para falar da vida dos outros depois. Se ele estivesse aqui com certeza estaria falando das mulheres, que parecem ter engolido uma vassoura de tão eretas e duras que são, ou então das inúmeras plásticas que as mais velhas fizeram com o objetivo de aparentarem uma idade que tiveram séculos atrás.

Vejo um grupo de colegas do hospital do outro lado do salão e vou até eles. Todos seguram taças, alguns bebendo vinho tinto, outros champanhe.

"Chegou a loira mais linda do mundo." Simon brinca e passa os dedos entre os cabelos negros e lisos, que batem na altura dos ombros. É um rapaz muito bonito e divertido, para ele não tem tempo ruim, tudo se transforma em piada. "Esses brincos são de verdade ou tão falsos quanto os seios daquela morena acompanhando o deputado que tem idade para ser avô dela?" Olho para onde ele aponta discretamente e levo um susto quando Simon segura a minha mão. "Seja discreta ou eles saberão que estamos falando deles."

"Discrição e Melissa em uma mesma frase?" Samantha debocha e estreito os olhos em sua direção quando os outros riem. "Desculpe, amiga, só que você é a pessoa mais indiscreta do mundo. Não por maldade, mas porque é muito curiosa."

"A curiosidade foi feita para ser saciada." Dou de ombros. "Podem rir o quanto quiserem, mas precisa admitir que não fosse por mim, você e o Paul ainda nem teriam se beijado."

Paul Evans é um dos médicos ortopedistas do hospital. Um negro bem bonito e alto dos olhos esverdeados e sorriso bonito. Um pouco metido, mas uma boa pessoa. Samantha, com toda sua beleza loira e patricinha, que se acha a tal por ser somente dois, repito bem, somente dois centímetros mais alta que eu, sempre foi apaixonada pelo ortopedista desde que começou a trabalhar no hospital, porém, ele parecia não notá-la, até que eu dei um empurrãozinho e os dois hoje namoram sério.

"E eu sempre vou agradecer por isso, Melissa." Paul abraça Samantha pela cintura e a beija. Suspiro ao pensar que a partir de hoje, todos saberão do meu namoro com Murilo, então poderemos andar de mãos dadas, nos beijar em público e minha família e amigos saberão.

Olho a todo momento para a entrada, no entanto, não vejo Murilo. Preocupo-me quando pego o celular e vejo que ele visualizou a mensagem, mas não respondeu. Será que aconteceu alguma coisa?

"Vocês não vão acreditar no que acabei de ouvir." Reviro os olhos quando Stephany se junta a nós e sua expressão é de alguém que acabou de descobrir a melhor fofoca do mundo. "Vocês não vão acreditar quem está namorando a filha mais nova do doutor Stewart. Eu sabia que ele era ganancioso, mas não imaginei que a esse ponto."

"De quem está falando, garota?" Simon questiona curioso e passa o braço por meus ombros quando Stepheny passa a língua nos lábios e pisca os olhos para ele.

"Peço a todos que se dirijam a sala de jantar, a refeição será servida daqui a pouco." O doutor Stewart anuncia e antes que Stephany conte a fofoca, Bruce arrasta a irmã para longe.

Acompanho meus colegas e me sento entre Simon e Samantha. Supreendo-me ao encontrar Murilo sentado do lado direito de uma das filhas do doutor Stewart, do outro lado dela, tem um rapaz ruivo e muito bonito que acredito ser o namorado a quem Stephany se referia.

Só não entendo a razão de Murilo não ter me procurado sabendo que estou aqui e ele nem olha em minha direção.

"Gostaria de agradecer a presença de todos. É uma honra ter pessoas queridas participando de uma data tão importante, afinal, não é todo dia que vocês verão por aí um homem de 70 anos muito mais saudável que muitos novinhos de 20 por aí." O doutor Stewart brinca arrancando risadas, enquanto eu pego a taça de champanhe e a viro de uma vez.

"Não vou te carregar bêbada por aí." Simon sussurra e dou-lhe um sorriso forçado, que não é capaz de enganar nem a eu mesma.

"Hoje é uma data especial não apenas por ser meu aniversário, mas porque, quero dividir com todos, a minha felicidade e a de minha esposa. Minha filha caçula, Layla, que chegou a poucos meses da Itália, ficou noiva." Ele aponta para a jovem tímida e bonita, que morde os lábios em sinal de nervosismo. "Quer nos dizer algo, rapaz?"

Aperto o meu vestido e prendo a respiração quando vejo Murilo se levantar ostentando um sorriso. Meu peito dói, a garganta seca e posso ouvir os pedaços de meu coração se partindo em infinitos pedaços como o vidro se chocando contra o chão.

"Layla é a pessoa mais doce que já tive o prazer de conhecer. Dona de um coração bondoso e de lindos olhos azuis, que me conquistaram desde o primeiro momento." Meus olhos estão secos e agradeço ao bom Deus por não chorar. "Eu prometo fazê-la a mulher mais feliz do mundo e amá-la por todos os dias da minha vida."

Fecho os olhos quando eles se beijam e aquela imagem fica se repetindo em minha mente. É uma dor tão forte, que eu não consigo nem ao menos levantar e correr para bem longe, pois sei, que a qualquer mínimo movimento, vou despedaçar.

O jantar passa em um borrão e não consigo engolir nada, escutar nada e muito menos olhar na direção de Murilo. É como se eu fosse uma mera expectadora da minha própria história e nada pudesse fazer para mudá-la.

Quando servem a sobremesa, invento que vou ao banheiro. Simon me olha estranho, mas não faz perguntas. Levanto-me antes que Samantha invente de ir também, preciso ficar sozinha para pensar melhor e arrumar uma forma de confrontar Murilo.

Entro na primeira porta que encontro e me deparo com uma biblioteca, que encantaria Alicia e Chloe com toda a certeza do mundo. Sento em uma poltrona que de tão grande e luxuosa poderia ser comparada ao trono de um rei. Minha cabeça dói quando as primeiras lágrimas começam a cair, os sentimentos se misturando e fazendo uma verdadeira bagunça dentro de mim. Eu não sei o que pensar muito menos o que sentir.

Traída. É a única coisa que tenho certeza nesse mundo. Murilo me usou e brincou com os meus sentimentos.

"Melissa..." Abaixo a cabeça e passo as mãos no rosto ao escutar a voz da última pessoa que eu queria ver na minha vida. "Me escuta, por favor."

"Escutar que você é um infeliz, mentiroso, cínico e desgraçado que brincou com meus sentimentos?" Respiro fundo e aperto minha bolsa. A raiva dando lugar a dor, entorpecendo meu peito e impedindo que eu desmorone na frente dele. "Você é tão covarde que não teve a decência de me contar, de terminar tudo. Por que deixou que eu passasse por essa humilhação?" Levanto-me sentindo minhas pernas mais firmes. Não vou deixá-lo perceber o quanto me destruiu. "Sua mãe não lhe ensinou a ser homem de verdade?"

Meu rosto arde e fecho os olhos quando novas lágrimas ameaçam cair. Nunca ninguém levantou a mão para mim antes e agora vem um covarde e faz isso.

"Nunca mais fale da minha mãe." Dou um passo para trás com medo de sua explosão. "Você não passa de uma garotinha mimada que não sabe nada da vida. Sempre teve tudo e todos aos seus pés. Você não sabe nem satisfazer um homem. Layla sim é uma mulher de verdade e não uma garotinha que se acha mulher, mas que não passa de um brinquedinho que perde o valor assim que abre as pernas."

Antes que eu perceba, minha mão estala em seu rosto com toda a força.

"Você é um verme." Afasto-me dele. "Espero que um dia encontre uma mulher para quebrar seu coração exatamente como fez com o meu, que se desespere quando ela for embora e o faça se afogar na dor da amargura."

Bato a porta com toda a força e agradeço por não encontrar ninguém no caminho enquanto deixo aquela mansão opressora para trás.

Maldito dia em que esqueci de colocar gasolina no meu carro! Mas foi melhor assim, pois do jeito que estou, sou bem capaz de bater no primeiro poste que encontrar pela frente.

Como se eu estivesse em uma cena deplorável de um filme, a chuva começa a cair de repente e choro ainda mais. Sento no chão encostada no muro e deixo as lágrimas serem lavadas pela chuva.

É uma dor tão profunda que me rouba o ar e a vontade de viver. Sou uma burra, idiota. Se tivesse escutado os conselhos de Gabriel e Jeremy quando contei que Murilo pediu para guardar segredo do nosso namoro, eu não estaria passando por isso.

Escuto buzinadas e ao levantar o rosto, reconheço o carro de Simon. Arrasto-me até o veículo e entro.

"Pode me levar para a casa do Jeremy?" Aceito o terno que ele joga sobre meus ombros e encosto a cabeça na janela do carro.

O trajeto é feito em silêncio total e quando paramos em frente ao prédio de quinze andares, entrego o terno para Simon e o agradeço.

"Ele não merece suas lágrimas." Aceno em concordância e quando saio do carro, corro para dentro do edifício. Meu corpo inteiro treme e me jogo em cima de Jeremy assim que ele abre a porta.

Ao ouvir tudo o que aconteceu, Jeremy fica revoltado e tenho medo que faça algo que o prejudique. Não quero ninguém se machucando por minha burrice. Não quero ver a decepção nos rostos dos meus pais e da minha famílias por terem uma pessoa tão burra e ingênua por perto. Não quero ser motivo de chacota entre meus colegas de trabalho por ter sido trocada pela filha do diretor do hospital.

"Obrigada por ser meu amigo." Jeremy beija minha testa depois que o abraço. "Desculpe pela confusão em que o meti. Juro que vou desfazer toda essa confusão e vou arrumar tudinho em seu devido lugar. Não se preocupe que não teremos mais que trocar salivas." Faço careta porque foi quase um ato repugnante de incesto entre irmãos. "Aquilo foi muito nojento. Não que você não seja beijável, mas a gente não combina nem daqui a mil anos."

"Vai tomar banho, Melissa." Ele faz careta quando tiro os saltos e os jogo de qualquer jeito no chão. Fico surpresa por não ter levado uma queda feia e ter ganhado além de um coração partido, um joelho ralado ou um pé torcido para me deixar ainda mais patética.

Suspiro aliviada ao pegar meu celular e encontrá-lo enxuto. Ainda bem que a bolsa é feita de material impermeável, caso contrário, tio Damon teria que me dar um novo, já que esse foi o papai que me deu e eu não vou tirar do meu salário para comprar um, tendo um tio Damon na minha vida.

Tiro o vestido e as roupas íntimas deixando-os jogados em um canto qualquer. Jeremy vai virar uma fera quando ver a bagunça, mas dane-se, porque estou só os frangalhos do que um dia foi uma garota feliz.

Choro ainda mais durante o banho ao lembrar das promessas e juras de amor vazias de Murilo, misturando-se com as palavras venenosas de hoje. Aperto meu peito quando a dor se torna insuportável e sento no chão do banheiro com o rosto escondido nos joelhos.

Nunca pensei que o amor doesse tanto, que esse sentimento machucasse tão profundamente ao ponto da pessoa se sentir um nada.

Será que eu sou tão detestável que não mereço viver um amor intenso, companheiro, que se entende somente através de um olhar igual ao dos meus pais?

Desligo o chuveiro e no automático me enxugo, pego uma calcinha e um pijama que sempre deixo aqui e me visto. Encontro uma xícara de chocolate quente, quatro barras de chocolate branco  e biscoitos de nata em uma bandeja sobre a cômoda ao lado da cama.

Liguei para Elena e disse que dormirá aqui. Qualquer coisa, me chame.

Valentina tem muita sorte de ter o coração de Jeremy na palma da mão. Ele será um ótimo namorado, marido e pai.

Deixo o bilhete de lado e tomo o chocolate com os biscoitos, que vovó Jane fez. Pego uma barra de chocolate, o celular e me enfio sob os cobertores. O aparelho vibra em minha mão e abro a mensagem que acaba de chegar

Simon: Se você não fosse como uma irmã chata, eu me casava com você. Então nada de choro porque fica parecendo um tomate ou com um panda quando toda aquele reboco escorre na sua cara. 😹😹

Melissa: Belo jeito de animar uma pessoa. 😔😔

Simon: Só estou sendo sincero. Te adoro, loira. 😜😜 Descanse e não deixe aquele imbecil vê-la triste. Ele não merece.

Melissa: Obrigada por tudo. Você é um ótimo amigo. 😘❤

Simon: Disponha. Agora vou dormir com muita raiva daquele inútil porque perdi a chance de sair com uma companhia do jantar. 😤😤

Melissa: Coitadinho. 😛😜😘😘

Simon não tem jeito. Não pode ver uma mulher que sai arrastando as asas. Só quero ver quando encontrar uma que roube seu coração. Espero que não seja uma idiota e valorize o homem incrível que ele é.

Mamãe: Stefan e eu te amamos. Nunca esqueça disso.

Ah, mamãe! Como eu quero o seu colo agora. Mas estou com tanta vergonha da senhora e do papai.

Melissa: Eu também amo muito vocês. ❤❤

Abro a mensagem de Gabriel e minha garganta aperta ao ver uma foto sua fazendo careta.

Gabriel: Nem é convencida. 😛😛 Só não digo que está linda para não inflar ainda mais esse ego gigante. 😹😹 Qualquer coisa me ligue, tudo bem? Estou com uma sensação ruim. Cuide-se, Melissa. Amo você. ❤

"Se você estivesse aqui, teria impedido aquele infeliz de quebrar meu coração, porque você sempre consegue enxergar se a pessoa é boa ou ruim." Deixo o celular de lado e mordo o chocolate.

As lágrimas voltam a cair e só por essa noite me permitirei chorar tudo o que eu puder. Vou arrancar Murilo de meu coração, pode demorar o tempo que for, porém, vou deixar de amá-lo.

Diga algo, estou desistindo de você
Eu serei o único, se você me quiser
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você

E eu, estou me sentindo tão pequeno
Foi muito pra minha cabeça
Eu não sei absolutamente nada

E eu, vou tropeçar e cair
Eu ainda estou aprendendo a amar
Apenas começando a rastejar

Diga algo, estou desistindo de você
Me desculpe por não conseguir te ter
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você

E eu vou engolir meu orgulho
Você é a única, que eu amo
E eu estou dizendo adeus

Diga algo, eu estou desistindo de você
Me desculpe por não conseguir te ter
Em qualquer lugar, eu teria te seguido

Diga algo, eu estou desistindo de você
Diga alguma coisa

(Say Something)

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