Pi pi pi...
- Para de fazer barulho, porra!
Levantei da cama ainda sonolenta, segurando na parede pra não cair.
Estou me sentindo zonza mas nem sei por quê. Eu nem bebi ontem. Só um pouquinho, mas eu não sou fraca com bebidas.
Pi pi pi...
Desliguei o aparelho e fui andando devagar até o banheiro do quarto.
Tomei um banho gelado pra ver se acordo direito e fui ao quarto enrolada na toalha. Hoje é segunda, lá vem mais uma semana de trabalho na Empresa De Ótica Uchiha.
Aliás, os óculos que vendem lá são ótimos, vocês deveriam testar.
Eu tenho que parar com as manias de pensar como se estivesse falando com alguém. Não é como se alguém estivesse lendo tudo oque penso.
Vesti mais uma roupa casual e moderna. Eu penso se o Sasuke já acordou, e isso me faz pensar no que ele falou ontem. Como assim ele bateu no cara porque ele estava dando em cima de mim? Ele era gay! E mesmo que estivesse, porque ele estaria com ciúme? Será que sou uma irmã pra ele, agora?
Não sei, mas no fundo, bem no fundo, eu queria que ele me enxergasse como uma mulher. Não uma mulher olhando pelo lado do gênero. Porque é isso que eu sou. E sim uma mulher feita, madura, dedicada e pronta pra tudo.
Porque eu sou realmente pronta pra tudo.
Terminei de arrumar o cabelo em um rabo de cavalo bem feito, passei apenas um batom rosa-bebê e desci as escadas. Segui para a cozinha e vi uma cabeça ruiva. Oque o Gaara estaria fazendo aqui a essas horas?
Me sentei ao seu lado no banco a frente de uma bancada já pegando uma xícara pra colocar café.
- Tia Chiyo me contou que você estava aqui.
Essa voz... Não é o Gaara.
Me viro e vejo um rosto que a um tempo não via.
- Sasori?!
- Em carne e osso.
- Oque você está fazendo aqui?
- Nem um abraço eu ganho?
Nos levantamos e nos abraçamos, quando nos separamos, dei um beijo estalado em sua bochecha.
- É assim que eu gosto das recepções. - Falou também dando um beijo em minha bochecha.
- Pronto. Agora, oque você está fazendo aqui? - Me sentei.
- Fui demitido assim que tia Chiyo foi embora.
- Hahaha!
- Ei! Não é para rir da desgraça dos outros.
- Não... É porque... Essse não é sua sexta demissão? - Tomei um gole do café.
- Cheguei. - Uma voz veio da sala.
Sasuke entrou em casa suado, com uma garrafa seca nas mãos e com uma roupa que eu nunca pensei que iria o ver vestido. Não que a roupa seja trapos, longe disso, é apenas uma roupa atlética, achei estranho porque sempre achei que o estilo dele fosse ternos, gravatas, e mais ternos.
Mas de onde ele tira aqueles músculos se não fosse malhando? E olha só aquele tanquinho grudado na camisa...
- Bem vindo. - Falei me recompondo e acabando de tomar café da manhã.
- Bem vindo. - Sasori também terminou e Sasuke apenas subiu as escadas.
- Meu patrão chegou. Depois você me conta como foi demitido.
- Ok.
Olhei as horas e já eram 06:57, será que o patrão vai demorar? Acho que vamos nos atrasar para chegar na empresa.
Patrão... Vou chamá-lo assim agora.
Me sentei no sofá e mandei uma mensagem para a Ino, não conversei muito com ela esses dias.
Logo ela me respondeu.
- Oiii
- "Oii" Nada! Vc está parando de falar muito comigo.
- Desculpinha
- Ei, eu conversei com o Sai
- Sério? Sobre oquê? É raro ver vcs conversarem
- Sobre a briga de ontem oras!
- Ah, eu também falei com o patrão
- Patrão?
- Vou chamar Sasuke assim
- Q seja. As garotas também conversaram com os outros agressores
- "Agressores"?
- É. Eles bateram, então é agressão
- Ai, ai...
- Fds. Olha, Temos que conversar todas nós e pessoalmente, pra polpar tempo
- Ok. Eu já vou indo. Meu patrão chegou. Bjs!
- Bjs.
Fechei a tela do celular e o guardei na bolsa, já acompanhando o patrão pra fora.
Entramos no carro dele e eu dei um tchau para a Vovó Chiyo e mandei um beijo pro Sasori.
Tempo se passou até alguém abrir a boca. Já íamos longe de casa.
- Então você conhece o sobrinho de Chiyo também?
- Bom, ele morava com ela e eu ia pra lá todos os dias...
- Hn.
- Você tem algum amigo de infância?
- De infância só o Naruto.
- Ué.
- Oquê?
- Eu também sou amiga de infância do Naruto!
Ficamos nos encarando.
- Eu nunca te vi com ele. - Falamos juntos.
Nos encarando...
- Olha pra estrada! - Gritei quando vi que iríamos bater em um poste.
Ele olhou pra frente e rapidamente virou o volante, nos livrando de uma batida direta, mas estragando completamente a lateral esquerda do carro.
- Put* merda que susto! - Coloquei a mão no peito.
Sasuke desceu as pressas do carro e viu o estrago.
- Meu carro... - Choramingou.
Ah, qual é, ele pode comprar uns vinte desse.
- Sinto muito... - Acho melhor tentar compreendê-lo. Ele perdeu um carro. Deve ser triste.
Eu nunca perdi um carro, porque eu nunca tive um. Sorte minha não sentir a dor da perda. Ou... Não?
A dor da perda... Eu já senti isso.
Senti uma lágrima solitária rolar pelo meu rosto.
- Ei, v-você 'tá chorando?! Não se preocupe com isso, eu posso comprar outro! E não foi culpa sua. Eu... Eu tirei os olhos da estrada!
Eu ri baixinho e pude o ver de aliviar um pouco.
- Como vamos chegar na empresa agora? - Perguntei olhando o estado do carro e chutando um pouco o pneu.
Ele bateu na testa e olhou as horas no relógio dele.
- Estamos uma hora e meia atrasados.
- O Senhor não tinha nenhuma reunião hoje mesmo... - Falei checando a agenda dele no meu celular.
- Já disse pra me chamar de Sasuke.
- Ok. Patrão.
Ele riu. - "Patrão"?
- Oque foi? Tu é meu patrão.
- Está dizendo "tu" pra não dizer "você"?
- Nos conhecemos a pouco tempo e tu já me conhece assim?
- Então eu acertei?
- Na mosca.
Ele me lançou um sorriso de lado.
Porra, não faz isso.
- Oque faremos agora? - Perguntei tentando me concentrar e parece que ele percebeu.
Foi se aproximando devagar e eu me afastando até tocar as costas no carro.
Ele me prendeu colocando um braço por cima do meu ombro e a outra em minha cintura. Me deixando sem saídas.
E caramba, que pegada na cintura!
- Oque ouve? O gato comeu sua língua? - Perguntou e aproximou o rosto do meu.
Abri a boca e fechei sem saber o que falar.
- Ou prefere que eu coma?
Estremeci.
Ah, meu filho, oque eu mais quero agora é que você coma minha língua!
Espera... Que tosco isso que pensei.
Também aproximei meu rosto do dele não me contendo.
- Vocês precisam de ajuda?
Uma voz nos despertou. Olhamos e vimos um homem que aparentava ter 38 anos olhava o estrago no carro até ver nossa posição.
- Opa! Estou atrapalhando?
- Imagina! - Sasuke falou com a maior ironia do mundo e o homem percebeu.
- N-nada disso! - Saí das mãos de Sasuke e o ouvi resmungar.
- Sabe onde encontramos alguém que resolva isso? - Apontei para o carro.
- Eu mesmo! Volto daqui a pouco! - Saiu correndo de um jeito estranho.
O clima entre mim e Sasuke pesou.
- Não gosto dele. - Comentou depois de alguns minutos.
- Porquê? - Perguntei na maior inocência.
- Porque ele nos-
- Voltei! - Chegou com uma equipe e umas maletas.
- Não vamos conseguir fazê-lo novo, mas vamos conseguir fazê-lo sair do lugar.
- Obrigada!
- Por nada. Esse é meu trabalho linda moça!
Sorri pra ele.
- Você me parece ser simpática. Qual é o seu nome, linda moça?
- Sakura.
- Lindo como seu cabelo!
De longe parece que ele tá me cantando.
- São seus olhos!
- Tsc. Faça logo seu trabalho. - Sasuke se exaltou.
- Oh! Me desculpe! Não queria o fazer ciúmes!
- Eu não estou com-
- Agora voltarei ao trabalho.
Ele ignorou o Sasuke e o ouvi resmungar um palavrão.
Minutos se passaram e eles acabaram.
- Aqui está. Agora ele sai do lugar.
- Quanto custou? - Sasuke sacou a carteira.
- Nada! É um privilégio pra mim ver raridades dessa hoje em dia. Você pinta? - Ele se aproximou de mim pegando no meu cabelo.
- Não. - Falei.
- Incrível! Vocês não estão com sede? Venham! - Não me deixou responder e me puxou. Sasuke veio atrás com a cara fechada.
- Essa é a minha oficina! - Falou abrindo as portas da oficina.
- É muito bela. - Elogiei.
- Muito obrigado. Eu tenho muito orgulho dela. - Foi até um freezer e trouxe água e dois copos. - Aqui.
Bebi a água a devolvi o copo. - Obrigada...
- Vamos embora. - Sasuke já ia saindo.
- Esperem! - Nos parou. - Eu tenho uma coisa pra vocês! - Meteu a mão no bolso e foi até Sasuke.
- Aqui. Pra vocês terminarem oque provavelmente estavam fazendo antes do carro quebrar.
Quando Sasuke abriu a mão tinham camisinhas. Sasuke me olhou com um sorriso malicioso e pegou meu pulso.
- Vamos logo! - Falou me puxando e eu olhei para trás e vi o homem dando tchau. Ele vestia um macacão verde.
Entramos no carro e eu senti meu rosto queimar.
Aliás, eu ouvi o homem gritar: "Fogo da juventude?"