Entre Perdas e Ganhos | LIVRO...

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DEGUSTAÇÃO | DISPONÍVEL NA AMAZON | Série: Entre Amores: Família Volkiov. LIVRO 1 - Entre Perdas e Ganhos (Iv... More

• NOTAS INICIAIS
• SINOPSE
CAPÍTULO • 01 (Degustação)
CAPÍTULO • 02 (Degustação)
CAPÍTULO • 03 (Degustação)
CAPÍTULO • 04 (Degustação)
CAPÍTULO • 05 (Degustação)
CAPÍTULO • 06 (Degustação)
CAPÍTULO • 07 (Degustação)
CAPÍTULO • 08 (Degustação)
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CAPÍTULO • 09 (Degustação)

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CAPÍTULO 09

IVAN

MESMO COM MINHAS diversas tentativas, Lara continua reclusa demais. Talvez ela confiasse um pouco mais em mim se eu não tivesse agido de maneira tão impassível. Mas não, mais uma vez eu deixei o ódio me dominar e atingir as pessoas que me cercam.

Tem alguma coisa nessa história que ninguém sabe e eu preciso começar a fazer perguntas, investigar e revirar o passado. Dentro de mim existe uma angústia, um desespero vibrante que alerta sobre os buracos envolvendo aquela noite há cinco anos, que me faz duvidar se todo esse sentimento negativo foi sempre raiva, se não era uma necessidade camuflada de confrontar Lara.

Inconscientemente, talvez eu sempre tenha desejado ouvir a verdade dos lábios dela.

Bebo mais um pouco do drinque de frutas cítricas, o sabor ajuda a me concentrar. Lara quase não tocou no dela, apenas o suficiente para experimentar, e agora o copo repousa sobre a mesa como um lembrete de seu desespero. A forma como saiu correndo com a desculpa de precisar ir à toalete foi semelhante a um soco no meu ego.

É pertinente tentar consertar aquilo que quebrei com tanto empenho? Eu fui o primeiro a lhe dar motivos para não confiar em mim, o primeiro a apontar o dedo e virar as costas sem olhar para trás.

Pensando no passado, tudo é uma bagunça de lembranças e sentimentos desordenados. Lembro da conversa que tive com Lara ao telefone, do pavor que preencheu minha alma quando as duas começaram a me ligar ao mesmo tempo.

De um lado, Lara era um misto de descontrole e soluços, ordenava que Petrova fosse embora. Do outro lado, Petrova me implorava desesperadamente para chegar até lá depressa, que eu tentasse conversar com Lara para convencê-la a se acalmar. No meio daquela bagunça, Andrei ligava sem parar, assim como Roman e Svetlana, que já tinham chegado na chácara de Mikhail para aproveitarmos as férias daquele ano.

Eu e Vladimir tentamos chegar a tempo, mas não foi o suficiente. A mesma tempestade que levou Petrova nos impediu de seguir viagem. Ficamos hospedados na beira da estrada e, quando meu telefone tocou pela última vez, o mundo se desfez em catástrofes. Petrova estava morta, seu carro havia colidido com outro no meio daquela madrugada chuvosa, e tudo se transformou em tristeza e lamentação.

Pedi para Lara inúmeras vezes que se acalmasse. Avisei que era perigoso para Petrova dirigir na chuva, mas ela não me deu ouvidos. Não se importou.

Faz tanto tempo...

Até quatro dias atrás, quando reencontrei Lara, não pensava nesses detalhes. Agora, no entanto, a dúvida sobre o que originou aquela briga não sai da minha cabeça.

As comemorações ao meu redor parecem fazer parte de um mundo paralelo em que eu e Lara podemos conviver. Ergo os olhos a sua procura, afinal ela não pode fugir para sempre desse assunto, mas percebo a aproximação de Serguei, todo risonho e com o caminhar malandro.

Imediatamente meu corpo fica tenso. Lara não percebeu ou não quis mencionar, mas ele esteve nos observando o tempo todo. Sem pedir permissão, senta-se junto a mim.

— Queria conversar com você a sós, estive esperando uma oportunidade — explica com um tom cúmplice, como se fosse meu amigo. — Você já assinou o contrato?

Encaro o sujeito por um longo momento, registro na parte ruim do meu cérebro que definitivamente não gosto dele. Decido que o odeio, muito. Mas não é isso que me preocupa. Até onde sei, esse acordo deveria ser sigiloso, especialmente a parte sobre o casamento falso.

— Não entendi muito bem do que você está falando — digo com cautela. Não tenho certeza a qual tipo de informação ele teve acesso, preciso ser cuidadoso.

— Só estou perguntando se vocês aceitaram o acordo de Mikhail Ihascov, não é nada demais — explica. — Ele me fez a mesma proposta um tempo atrás, caso sua família não aceitasse. Sabe como é, a fila anda. Se não forem aceitar, eu quero ela.

Ela.

Está se referindo à Lara como se fosse um brinde, a parte lucrativa de um acordo qualquer. Não se preocupou em esconder a fonte do seu interesse, aposto que está pouco se lixando para os negócios. Mas não posso deixar de ficar decepcionado com ela por aceitar que esse tipo de assunto se espalhe.

— O que você quer dizer com isso? — rebato sem esconder minha raiva.

— Você sabe, um bom negócio é aquele em que as empresas lucram e a gente ainda consegue uma mulher gostosa.

É o limite para mim.

Minha vontade é socar a cara desse infeliz, falar umas verdades para Lara e o pai dela e desfazer esse acordo. Quando estou pronto para levantar, percebo o vulto dela perto de nós, o rosto lívido denuncia que escutou a conversa. Outra vez acontece aquele redemoinho de emoções dentro de mim.

— Lara — chamo, a raiva se contorcendo como um ninho de cobras. — É verdade?

— Eu... não sei sobre isso. — A voz dela é menos do que um sussurro. — É possível.

— Eu garanto! — Serguei fala, animado demais agora que Lara chegou. — Ele inclusive me explicou as vantagens e desvantagens. Está certo que não foi uma conversa oficial, a gente estava no clube perto da minha empresa. Aquele Mikhail bem que gosta de uma bebida forte, mas a proposta ficou em aberto.

— Talvez você tenha se enganado, Serguei. — Lara tenta consertar a situação, está de volta com a falsa bondade, o teatro. Mas há um tom de desespero em suas palavras. — Meu pai costuma falar demais quando está bebendo.

— Não! Eu tenho certeza, ele disse com clareza que um casamento daria credibilidade natural aos negócios. Esse tipo de coisa atrai investidor. Hoje em dia contratos podem ser quebrados o tempo todo, mas é só colocar um casal apaixonado que as coisas mudam de cenário.

Basta.

— Ainda não entendi uma coisa — interrompo enquanto ainda sou capaz de controlar meus impulsos. Se fosse Roman no meu lugar, ele já teria acabado com a festa e esse sujeito estaria a caminho de um hospital. — Se você mesmo compreende como um acordo desse tipo é vantajoso, o que te faz pensar que eu não teria aceitado? Não devia ter perdido seu tempo se a resposta é tão óbvia.

Fico de pé e encaro Serguei de cima; é só um rato com o qual não tenho pretensão de me preocupar. Meu problema aqui é outro. Mesmo assim, quando volto a falar enquanto o homem busca uma resposta plausível, minha voz é cortante como uma bala de revólver.

— Andrei Volkiov é o advogado da minha família, o melhor da Rússia, e meu irmão. Se uma conversa como a que tivemos agora voltar a se repetir ou se eu descobrir que você está espalhando esse rumor por aí, espere por uma intervenção judicial. — Após uma pausa dramática para memorizar seu espanto, acrescento: — Lembrando que meu irmão nunca perdeu uma causa sequer.

— Eu não quis ofender — exclama horrorizado. — Eu só pensei que...

— Não me interessa o que pensou ou deixou de pensar. Seja lá o que for, pensou errado. Caso algum dia torne a encontrar com Lara, esteja ela sozinha ou acompanhada, não fale com ela, não a cumprimente ou olhe na sua direção.

Tiro os óculos da cabeça e penduro na gola da camisa. Eu queria enterrar esse cara e nunca mais lembrar que um dia essa conversa existiu. Estou me sentido uma peça de xadrez, uma torre perdida no meio do tabuleiro. Enganado e traído.

Lara tem os olhos brilhantes e avermelhados, claramente lutando contra lágrimas. Faço um sinal para que me acompanhe e ela vem caminhando atrás de mim enquanto sigo na direção da saída. Não nos despedimos de ninguém, quero entender o que está havendo.

Do lado de fora, desativo o alarme do carro estacionado no outro lado da rua, e só paro de andar quando chegamos perto do veículo.

— Que merda você e o seu pai estão pensando? — confronto Lara.

— Eu não sabia! — responde, um pouco chocada, mas não vou cair nessa outra vez.

— Eu tentei, te tratei bem o tempo todo. Achei que podia confiar em você. Mas no fim descubro que Mikhail fez essa oferta nojenta para outras pessoas! Vocês mentiram para nós. — Ando de um lado para o outro, não consigo ficar parado, minha cabeça parece um trem desgovernado.

Para minha surpresa, Lara começa a rir. Não um riso de alegria ou deboche, mas de amargor. Recosta na lataria do carro e cobre o rosto enquanto as gargalhadas vão se transformando em soluços. Eu espero, imóvel. Brigo com a vontade repentina de confortar sua tristeza.

— Você não acredita mesmo em mim, não é? — Sua voz soa nasalada por efeito do choro e da risada. — Sempre espera o pior.

— O que eu deveria fazer? — Gesticulo com os braços abertos. — Acreditar que Mikhail faria uma proposta delicada como essa para qualquer um sem o seu consentimento? — Controlo o volume da minha voz para não chamar atenção das pessoas que entram e saem do clube.

Uma vez ouvi uma lição popular que ditava sobre o silêncio, de que ele, em sua solidão, tem muito mais o que dizer do que frases elaboradas. Lara ergue o rosto manchado com suas lágrimas e não diz uma palavra sequer, apenas me olha. Olha e olha.

Ele fez, penso.

O mesmo Mikhail Ihascov que me recebeu em sua casa tantas vezes durante comemorações de Natal e Ano Novo, o mesmo que fez planos junto comigo e Petrova sobre o casamento ideal; é difícil acreditar que aquele homem agora usa a imagem da filha mais nova para suprir uma necessidade financeira.

Nunca é tarde para nos surpreendermos com as pessoas. Merda!

Devagar, meu coração vai voltando ao normal, a respiração desacelera aos poucos. Eu fiz outra vez, afastei Lara. Por tanto tempo considerei suas atitudes egocêntricas e mesquinhas, mas eu sou pior. Como posso querer que confie em mim quando eu mesmo não confio nela?

— É melhor eu ir embora — diz olhando para os lados. Quer fugir de mim, mudar de assunto. — Vou lá dentro pedir um táxi, não trouxe meu celular.

— Por que ele faria isso, Lara? — Entro na frente dela, pousando a mão no antebraço. — Mikhail colocou tudo a perder. Vou conversar com meus irmãos. Não se trata apenas de nós dois.

— Agora você acredita em mim? — desdenha. Seus olhos dançam com fogo e fúria; ela puxa o braço e me enfrenta.

Não é hora para mergulhar em sentimentos e detalhes, mas a imagem da sua raiva me transborda em sentimentos confusos. É bom e incitante, instiga e enche de medo. Gostaria que ela fosse sempre assim. Que não abaixasse a cabeça nunca. Lara combina com a petulância, ela combina com a força.

— Você não pode me culpar — justifico. — Ouviu o que ele disse, eu não sabia que seu pai tinha se transformado nesse tipo de executivo.

— Você não sabe de muitas coisas, Ivan! — Lara grita. Um segurança nos observa de longe e faço sinal com o dedo indicador de que está tudo bem.

— Então me conta — murmuro mais perto dela.

— Sabe por que eu não conto, Ivan? Você nunca acreditaria em mim. Não acreditou antes, não acreditou agora e não vai acreditar nunca. Eu estou sozinha.

Lara funga, balança a cabeça e passa a mão no rosto. Nem parece que nossa tarde estava fluindo muito bem até minutos atrás. Toda vez que estamos juntos surge alguma coisa para reabrir as feridas e ressuscitar nossos pecados. A gente se mutila, mas Lara parece a única a sangrar todas as vezes.

— Desculpe. — É tudo o que tenho para dizer.

— Não precisa. Não se force. — Os carros passam de um lado para o outro e a música continua animada dentro do clube. — Preciso saber o que pretende fazer agora.

— Como assim?

— Vai falar com Mikhail? Quer cancelar tudo? Eu preciso saber.

Estagno com a resposta ideal no meio da garganta. É aquele impulso protetor que me impediu de recusar o acordo da primeira vez no restaurante, especialmente agora que eu sei sobre Mikhail ter negociado com outras pessoas.

Não quero desistir — e não vou. Mas também não posso esquecer.

— Vou conversar com meus irmãos, Vladimir ainda deve estar na empresa. Vamos falar com seu pai, entender quem mais está envolvido e...

— Vai fazer isso hoje? — interrompe. — Vão falar com Mikhail hoje? — Eu poderia jurar ter ouvido uma nota de ansiedade em seu timbre.

— Sim — garanto, achando muito estranha sua preocupação com o pai. — Hoje, por quê?

Ela nega com a cabeça tristemente.

— Já vou indo — diz apenas, a voz ainda rouca pelo choro.

— Eu posso te levar para casa — ofereço, uma pontada atingindo meu peito.

— Casa? — Sorri, ainda mais derrotada que antes. — É melhor eu não ir para casa hoje.

Sem dizer mais nada, Lara volta a caminhar até o clube.

Ela simplesmente vai.

E eu simplesmente fico.

A vida tem essa mania de nos mandar para caminhos diferentes.

Espero até que seu corpo pequeno desapareça da minha vista e entro no carro. Sinto vontade de chorar, de desaparecer. Meu peito arde de dor e arrependimento e tristeza e revolta. Uma bagunça. Estou revoltado com o mundo, comigo mesmo, com Lara e Petrova, com meus irmãos. Sinto raiva de sentir raiva o tempo todo, de ser impulsionado a não acreditar em Lara quando o desejo mais atrativo é ouvir seu lado, superar e seguir em frente.

Mas sei o que preciso fazer no momento: começar a entender essa teia de aranha. E o primeiro a me dar respostas será Vladimir.

* * *

Meu irmão não deveria trabalhar hoje, mas é um viciado que não consegue viver de outra forma, essa empresa faz parte do seu organismo tanto quando o próprio coração. Os números dos andares passam devagar e vou ficando aflito, talvez ele saiba de alguma coisa, talvez prefira interromper o matrimônio.

Toda essa incerteza me corrói.

— O que aconteceu? — pergunta imediatamente quando as portas se abrem, percebendo minha apreensão.

O presidente desencosta da cadeira, solta alguns papéis sobre a mesa e espera eu me aproximar. Diferente dos dias habituais, as cortinas estão escancaradas e a iluminação vespertina colore o escritório com uma cama de amarelo brilhante.

— Você disse que não era sobre dinheiro — falo cheio de ansiedade. Sento-me na cadeira em frente à mesa. — No primeiro dia, quando cheguei de viagem, você me disse que não se tratava apenas de dinheiro, esse casamento, esse acordo.

Vladimir respira fundo, pensativo. Abre uma gaveta e retira um envelope amassado de dentro. Encara aquele invólucro e depois olha para mim. Conheço meu irmão, sei pela forma como contrai o maxilar que não vai ser uma conversa agradável.

— Não é sobre dinheiro — repete sem se prolongar.

— Você precisa me contar. — Bato com a palma da mão sobre a mesa. — Isso está ficando ridículo! Todo esse suspense, qual o motivo disso?

— Eu vou contar, Ivan, fica calmo. O que aconteceu para você decidir voltar nesse assunto? — Vladimir é o maldito tipo de pessoa que precisa ser convencida. Como presidente já se acostumou com a quantidade de pessoas que imploram.

Eu implorarei se chegar a tanto, não me importo com porra nenhuma.

— Encontrei um cara hoje. — Começo, mas nenhum esforço esconde a ansiedade. — Um empresário ou qualquer porcaria. Não importa o que ele faz, não sei e nem tive interesse em saber. Mas o sujeito me abordou, perguntando se tínhamos aceitado a proposta da empresa Ihascov, falando que tinha interesse caso não quiséssemos. Parece que Mikhail fez a oferta para mais pessoas, não sei quantas.

— Foi o que eu imaginei. — Meu irmão não esboça nenhuma surpresa. Passa os dedos sobre os olhos e remexe no conteúdo do envelope. Várias folhas se agitam em suas mãos, ele seleciona algumas e me estende três. — Faz pouco tempo que descobrimos. Foi Andrei, na verdade.

Pego os documentos e começo a ler. São contratos com pedidos de demissão, todos assinados por Mikhail. Um mais revoltante que o outro, firmados em datas diferentes, empreendimentos diferentes. Ele pagou uma pequena fortuna para cada uma dessas pessoas demitirem Lara dos cargos que ela chegou a exercer nas respectivas empresas.

— Não entendo, por que ele faria isso?

— Tem mais. — Vladimir me estende mais duas folhas; são dados bancários da universidade local. — Ele parou de pagar a universidade dela. Por um tempo Lara continuou estudando, mas quando descobriu a dívida já era tarde. Hoje em dia esse é o valor final do débito.

— Como você descobriu isso?

— Andrei, como eu disse. Lara chegou a trabalhar para um dos nossos sócios. Uma coisa levou à outra, já que o pai dela interferiu, até que descobrimos. Não foi muito difícil para ele levantar esses documentos. São cópias, como pode ver.

Já tinha percebido, os originais devem estar com os verdadeiros envolvidos. É revoltante o que o ser humano é capaz de fazer por dinheiro. Sinto-me sujo por ter pensado que ela abandonou a faculdade por capricho. Sou o pior de todos, só julguei e desconfiei de Lara. Não ofereci o benefício da dúvida.

— Você tinha que ter me contado isso antes! — reclamo, absorvendo os absurdos contidos em cada linha.

— Ivan, você jamais teria acreditado — pondera.

— É isso o que todos pensam de mim agora? Que não confio em ninguém?! — grito, jogando as folhas em cima da mesa. Estou revoltado, mas não com o meu irmão. Comigo.

— Além do mais — continua, ignora meu descontrole —, não temos nada contra ele, pelo menos nenhuma prova original. A gente está no escuro aqui. Chegamos a cogitar que Lara estivesse envolvida em algum esquema de estelionato, mas já descartamos a possibilidade. Não encontramos nada incriminatório contra nenhum dos dois.

— Mas mesmo assim aceitaram negociar com ele?

— Sempre fomos próximos deles, Ivan, são amigos da nossa família há anos. Você pode não gostar da Lara, mas ia se casar com a irmã dela! Não é sobre dinheiro, foi isso o que eu quis dizer. É sobre amizade, sobre fazer o que é certo, mesmo que para isso precisemos percorrer caminhos errados.

Petrova. Não pensei nela antes de vir para cá, só queria entender o que estava acontecendo. A única que perambulava por meus pensamentos era Lara. Mas agora compreendo por qual motivo Andrei parece não gostar de Mikhail, provavelmente era isso o que pretendia me contar ontem antes de Roman nos interromper.

— E o que pretende fazer? — Volto para a cadeira. — Não podemos arriscar.

— Temos que conversar com Mikhail, ele precisa, pelo menos, parar de fazer a mesma oferta para tantas pessoas. Mas para isso você tem que decidir se vai continuar com os planos, Ivan. Pode não ser sobre dinheiro, mas o nome da empresa está envolvido. No fim das contas, não deixa de ser um bom negócio.

— Eu vou! — digo com convicção. Nem consigo pensar na possibilidade de ela se casar com outro qualquer, ainda mais com tantos interessados e essa confusão sendo tecida pela mente irreconhecível de Mikhail.

Vladimir acena, sua mão volta a se precipitar para dentro do envelope. Ele retira uma última folha, parece mais velha do que a outra — o papel amassado indica que já foi manipulado muitas vezes por mais de uma pessoa e o amarelado é um efeito colateral do tempo.

— Já que estamos colocando todas as verdades a limpo, tem mais uma coisa que preciso mostrar.

Algo na forma como desvia o olhar, como o papel se agitando fosse o único som que paira no ambiente, me faz pensar duas vezes antes de esticar minha mão. Este é o momento que fez Vladimir hesitar desde o começo.

A primeira coisa que noto é a assinatura de Petrova no final na folha, cheia de floreios e curvas. Reconheço cada contorno, cada letra delicada. Quase posso imaginar seus dedos ágeis deslizando com a caneta sobre a folha.

Diferente dos outros, esse é verdadeiro, assinado do próprio punho da minha falecida noiva, com data de cinco anos atrás, precisamente um mês antes do acidente. Logo ao lado do nome dela, estão as assinaturas de Mikhail Ihascov e Dimitrio Livannov.

No topo da página, escrito em letras grandes, eu leio:

— Contrato de unificação das empresas.

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