Audrey x on 2011
O que eu faço? O que eu faço com Edward?
De tempos para cá eu venho enlouquecendo em silencio. Tantas coisas, tantos motivos, tantos pedidos de desculpas sem verdade... Eu venho segurando tudo sozinha.
Lembro perfeitamente da noite de ano novo, quando ele me pediu para ficar ao lado dele. Eu disse que ficaria, eu sempre fiquei... Mas se não houver mudanças... eu não aguentarei.
Eddye vem se comportado de maneira estranha há muito tempo. Bebendo diariamente, vindo para minha casa em um estado repugnante, ignorando o que eu falo e distante de mim. Nós não nos falamos mais como antes, apenas nos momentos quando ele quer.
Ele fez algo por mim que não tive palavras. Em uma das minhas tardes de folga em casa, ouvi a campainha e atendi a porta, e ele estava lá. Seria uma cena simples se ele não tivesse vindo do outro lado do mundo para passar aquela tarde comigo. Foi uma incrível surpresa, a coisa mais romântica que ele já fez por mim, mas foi no mesmo dia que eu encontrei uma grande decepção.
Em um momento que ele foi a cozinha, vi caindo de seu moletom que permanecia no sofá, um comprimido. Quando eu peguei de primeira achei que fosse algo para dor em geral, mas não. Era um êxtase. Ao olhar eu tive vontade de chorar. O que ele estava fazendo? Qual o motivo? Na hora eu tive uma enorme vontade de ir interrogá-lo, mas me segurei para não estragar a viagem dele.
E essa foi o início do fim para mim. Para piorar a minha situação ouve uma segunda vez que encontrei... Eu não aguentava mais. Não aguentava segurar tudo aquilo dentro de mim nem por mais um segundo. Só cheguei até aqui pelas minhas palavras no primeiro dia do ano, respondendo o que ele havia me dito, porém ele não me dava para receber... Suas palavras ficaram em vão, e apenas eu cumpria a minha.
Mesmo eu não contando para ninguém o que ocorria em nossa relação, Chris sendo a minha amiga, percebeu que eu não estava bem. E Chris sendo Chris me forçou a sair com ela para andar pela cidade. Eu recusei várias mas ela sabe manipular as pessoas e além do mais, chorar e revirar minha mente por ele não resolveria as coisas.
Andando por Londres, a cidade sempre iluminada e bonita que nunca me cansava de dizer, eu e ela tomávamos sorvete.
_ Audrey?
_ Sim.
_ Se abre comigo _ela pediu.
_ Sobre?
_ Sobre o que vem ocupando sua sanidade durante um bom tempo. Eu sei que tem algum problema, te conheço desde os onze anos. Pode falar comigo.
_ É que... _ respirei fundo.
_ É sobre o Ed né.
_ É.
_ Vamos pode se abrir.
_ É que... Ele mudou Chris.
_ Em que sentido?
_ Tudo. Sua personalidade, seu jeito.
_ Tem algo específico para isso ter acontecido? _ me encarou.
_ Tem... Ele vem bebendo muito frequentemente e já chegou em minha casa completamente se agarrando nas paredes para não cair, entretanto... para piorar tudo, eu encontrei êxtase em seu moletom uma vez.
_ Meu deus Audrey _ ela levou a mão em sua boca. _ Você conversou com ele sobre?
_ Sobre a bebida sim porém não adiantou nada e sobre o êxtase ele nem sabe.
_ Audrey eu... Por que não me contou?
_ Eu achei que te incomodaria. Você já me ouviu tantas vezes, achei que poderia estar cansada de ouvir todo o drama que vivi, que vivo.
_ Audrey jamais faria isso, você é minha amiga, nós trocamos alegrias e decepções é assim que funciona.
_ Eu não queria incomodar ninguém _ murmurei.
_ Não faça isso _ ela me abraçou e algumas lágrimas caíram. Tive um grande alivio ao estar nos braços dela, eu precisava desabafar com alguém, compartilhar um pouco da dor que sentia.
_ Estou cansada Chris... cansada de levar o nosso relacionamento nas costas, de fazer tudo, de cumprir as minhas palavras sozinha _ minha voz falhava e mais lágrimas vinham.
_ Se acalma _ tentava me recompor.
_ Eu só não desisti de tudo pela minha palavra, pelo resto de carinho que ainda sinto por ele, de ver ele crescer na música.
_ Amiga posso te dizer uma coisa? _ ela segurou os meus ombros. _ Você é a pessoa de maior coração que conheço nesse mundo. Olhando agora o que você já fez por aquele garoto eu... não consigo acreditar que tanta bondade assim possa existir. Deu tudo de si para ele durante todos esses anos e ultimamente ele não merece mais essa pessoa incrível. Para mim ele está sendo um babaca por deixar você ir, entretanto, sem querer ser negativa, as coisas tem um fim. Não tem como continuar essa batalha sozinha, se acabando enquanto ele se diverte por ai .
_ Eu sei.
_ Então é a hora de enfrenta-lo, dizer o que está sentindo, colocar as cartas na mesa e assim saber o que será feito _ deu um pequeno sorriso.
_ Entendi.
_ Que bom. Agora vamos comer alguma coisa? Esse sorvete não me encheu.
_ O que te satisfaz Chris? _ rimos. Elas passou o seu braço pelo meu e foi me arrastando pela avenida.
Em nossa lanchonete preferida, nos entupimos de batatas, um enorme lanche e refrigerante. Tudo aquilo, a conversa, a caminhada e as risadas que ela me fez passar, valeu a pena ter saído de casa. Eu me sentia um pouco mais leve e alegre. Chris era incrível como sempre.
Voltando para casa até certo ponto ela me acompanhou, já que morava próximo.
_ Se sente melhor?
_ Sim _ sorri.
_ Que bom. Qualquer coisa é só me ligar Dry. Sabe que pode contar comigo. Não se esconda.
_ Não vou _ a abracei.
_ Até amanhã.
_ Até _ ela sorriu e foi em direção a rua oposta da minha.
Entre as ruas caminhando sozinha, eu pensava sobre a noite. Chris estava certa, eu devi enfrentá-lo, dizer o que sentia, não posso ficar me matando.
Quase chegando em casa, passo em frente de um dos pubs a qual eu e o pessoal frequentamos e lá estava ele, Edward. Rindo com os amigos e bebendo uma lata de cidra. Como ele conseguia? Tinha me dito mais cedo que ficaria no estúdio... É pelo jeito ele andava ocupado com as gravações. Vendo aquela cena uma fúria subiu em mim, ele vinha mentindo para mim a cada segundo, era como se ele não se importasse comigo. Com o sentimento obscuro, eu me segurei para não entrar e gritar com ele tudo o que guardava, dizer que ele era um babaca e que eu o odiava por tudo aquilo, mas seria extremamente sem ética, comigo, e com as outras pessoas, dali eu só conhecia a Nina. Eu apenas respirei fundo e segui em frente.
Em casa, aproveitando que minha tia tinha ido para a casa do tio Will, mandei uma mensagem para ele, dizendo que não me sentia bem e que se ele podia vir aqui depois do "estúdio".
Para passar o tempo eu caminhava pela casa totalmente nervosa e impaciente. Depois do que eu vi, tudo em mim se multiplicou.
Não demorou muito e logo a campainha tocou. Tinha chego a hora de falar tudo
_ Oi _ ele veio para me beijar e eu recuei.
_ Entre _ dei espaço para ele passar. Ele entrou incomodado em casa e foi em direção a sala.
_ Você está bem?
_ Não.
_ Qual é o problema?
_ Você! _ seus olhos se assustaram. _ Você Edward tem dado muitas falhas ultimamente _ o encarava mortalmente.
_ O que foi outra vez Audrey? _ disse meio cansado.
_ Tem razão Edward, outra vez. Outra vez que você me fez de idiota, outra vez que tento conversar e você me ignora, outra vez que digo que você não é mais o mesmo.
_ É sobre a bebida né?
_ Sobre tudo. Você vem para cá bêbado, mente para mim, finge que tudo permanece normal, mas não está nada normal.
_ Eu continuo o mesmo Audrey, você que adquiriu paranoias.
_ Está insinuando que invento coisas? Que você é um santo e inocente em tudo e eu a insana? _ levantei o tom de voz.
_ O que quer de mim?! _ ele fez o mesmo.
_ Que pare de fazer o que vem fazendo. Que pare de ser esse estranho que faz coisas desnecessárias.
_ Meu deus _ colocou a mão em sua cabeça. _ Audrey deixa eu te dizer uma coisa. Muitas coisas vem ocorrendo esse ano, eu estou chegando onde eu sempre quis e nesse momento você vem fazendo drama? Tudo isso é pela distância? Você quer mais tempo comigo é isso?
_ Edward isso não é sobre tempo, estou acostumada com sua rotina, é sobre a bebida, o comportamento, é isso, não entende?
_ É normal eu beber Audrey, sempre fiz isso _ ele disse sem perceber a mínima importância do fato.
_ É... é normal mesmo beber, mas com tanta frequência? Chegar na minha casa se arrastando é normal? Mentindo para mim dizendo que vai ficar em um lugar e vai para outro como hoje? Isso é normal para você? Só se eu fui muito trouxa todos esses anos e essa é a sua maneira correta de "normal".
_ Eu estou apenas me divertindo, poxa olha tudo o que vem acontecendo, é apenas diversão.
_ Diversão? Então isso também é diversão? _ tirei os êxtases que eu havia pego dele e mostrei. Ele não sabia o que fazer, ficou surpreso. _ Qual é Edward, para que isso? Qual o motivo de usar isso? Sabe o que pode causar?
_ Não finja ser tão santa _ cuspiu a frase. _ Esqueceu que fumávamos escondido nos finais de semana?
_ Isso era coisa de adolescente, idiotices que fazíamos, ninguém além de você e alguns de seus amigos fumam. Foi isso, crescemos e cada um viu o que achava melhor para si. Você é tão infantil nessa parte ainda? Isso é algo a mais, algo mais sério.
_ É tudo a mesma coisa, diversão _ parecia que eu falava com um garoto de quatorze anos. Quem era ele?
_ Estou dizendo que essa coisa é ruim, toda essa bebedeira é ruim. Pode te afetar de muitas maneira e eu não quero te ver perdendo coisas.
_ É minha mãe por acaso? Pois vem se comportando como uma. Querendo saber cada passo meu, cada decisão... Não tem necessidade de cuidar de mim, talvez seja esse o motivo de eu mentir para você _ ao terminar a sua fala tão arrogante meu peito era pulsante de raiva.
_ Ok... Então acho que ter cuidado de você por todo esse tempo foi um erro. Ter movido montanhas para você foi um erro.... Tudo bem _ umas lágrimas insistiram em cair. Eu estava desabando.
_ Estou dizendo que não precisa se preocupar comigo. Não preciso de alguém para me sufocar e ter que explicar tudo _ as palavras que ele me disse foi como uma faca perfurando o meu peito, era o que ele pensava então.
_ Sabe o motivo de eu ter feito isso Edward? _ o volume da minha voz ia aumentando. _ De eu ter ficado ao seu lado, todo esse tempo? De ter te apoiado, ter escutado os seus sentimentos, suas dores e alegrias... sabe o porque? Porque eu me destruí tantas vezes, te joguei na frente de tudo, inclusive de mim? PORQUE EU TE AMO! _ gritei. _ É o que o amor faz, cuida, conforta, apoia e fica ao seu lado. _ meu choro era visível agora. _ Essa é a razão de eu nunca ter te deixado, um sempre precisou do outro e eu preciso de você agora. Preciso que você pare de se destruir. Eu estou aqui para te ajudar se quiser, sempre estarei... Então por favor não me faça sofrer mais do que estou _ o meu peito subia e descia rapidamente, eu tremia e meus olhos se enchiam. Edward parecia desabar a qualquer momento já que algumas lágrimas desceram de seus olhos.
_ Eu não preciso de ajuda Audrey. Eu estou bem.
_ Edward...
_ Não preciso _ com palavras tão secas eu havia tomado minha decisão. Chega de me impor por ele. Eu tinha que me amar a partir de agora.
_ Essa... será a última vez que irá ouvi isso... _ cheguei mais próximo dele e toquei seu rosto. _ Eu te amo. Eu te amo desde criança, desde quando andávamos de bicicleta e íamos ao playground juntos. Quando saiamos ao sábados e me deixava em casa tarde. Quando me beijou em sua despedida... Há muito tempo eu sinto isso. Eu vim para cá e nós concretizamos o que sentíamos, passamos longos tempos separados mais do que qualquer outro casal, passamos muitas dificuldades para ficarmos juntos mas ficamos. Tivemos risadas, conversas, beijos, carinhos e momentos mágicos. Tivemos momentos escuros mas que tentamos fazer de motivo para nos esforçarmos. Nossa história é uma longa montanha-russa, cheias de subidas, descidas e curvas e... agora chegou o momento de sair do carrinho _ seus olhos azuis começavam a ficar vermelhos das lágrimas que jorravam. _ Você me pediu para ficar ao seu lado e eu fiquei, entretanto irei renunciar o que te falei. Eu não posso mais seguir dessa maneira. Cansei de me preocupar e você cansou de ser cuidado. A partir de agora eu me colocarei na frente de tudo, se é o que quer, mas não irá mais saber. Saiba que jamais esquecerei tudo o que vivemos. Sou grata por cada momento e por cada música que fez para mim. Eu fiquei sem o que dizer sobre o seu álbum, foi uma das melhores coisas que já fez, por carreira mesmo, e te desejo toda a sorte do mundo nessa sua caminhada... E a partir de agora, eu seguirei a minha _ minha voz era quase um sussurro na última frase, a dor dentro de mim possuía todo o meu corpo. Era tudo o que eu tinha para falar.
_ Audy... _ ele foi pegar em minha mão e eu recuei.
_ Se suas palavras foram verdadeiras, mudanças não serão feitas por sua vontade. As minhas são _ falei com dureza e seriedade.
_ Então... _ antes que ele pudesse continuar eu disse:
_ É. Acabou _ ele se destruiu como eu, rosto vermelho e peito pulsante. _ Boa sorte. Espero que encontre amor, felicidade e muita diversão em sua jornada _ com a frase quase que irônica por completo, ele me olhou desesperado e logo destemido. Um era mais arrogante que o outro.
Dizimados com a conversa cansativa e longa, cheia de dores e desastres, ele colocou a chave que tinha da minha casa na mesa de centro e me olhou pela última vez, triste, lamentável e frio e me disse:
_Boa sorte Audrey _ e pela última vez bateu a porta.
Do lado de dentro eu permanecia no chão, com o joelho entre os braços e um choro incontrolável de agonia e dor. Acabou.