Delitos (Romance Gay)

بواسطة d_sell

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De um lado, Tyler, seus problemas em casa e sua falta de aceitação pessoal o fazem cometer o ilícito para aju... المزيد

Considerações Iniciais
Capítulo I - Ao Chão
Capítulo II - Traços
Capítulo III - Consequências
Capítulo IV - Cores
Capítulo V - Permita-se
Capítulo VI - Desabafos
Capítulo VIII- Cerco Fechado
Capítulo IX - Deriva
Capítulo X - Aproximação
Capítulo XI - Sob o Gotejar
Capítulo XII - Decorrência
Capítulo XIII - Tentativas
Capítulo XIV - Perspectivas
Capítulo XV - Ao Acaso
Capítulo XVI - Solidão Ilusória
Capítulo XVII - Amenidades
Capítulo XVIII - Sentimentos Desapercebidos
Capítulo XIX - Alma Liberta

Capítulo VII - Complicações

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بواسطة d_sell




[Tyler]


— Eu preciso, eu realmente preciso... — tentava pegar a mochila de Tyler de todas as formas — me dá, eu te pago depois. Vamos, me dê!


O garoto estava desesperado, fora de si. Suas ações exasperadas e impensadas evidenciavam isso, notava-se que estava bêbado e drogado, todavia, com todo aquele movimento, as pessoas que passavam pelo portão da escola começaram a olhar. Estranhando. Ora ele murmurava, ora berrava, em momentos se agitava em outros aquietava-se. Tyler não sabia o que fazer, estava aflito, não sabia para onde olhar ou para onde ir. O garoto continuava implorando, desajeitado e irritadiço, a puxar a mochila das costas de Tyler. Um meio círculo de pessoas se formou, achando que era uma briga ou algo do gênero. O que só piorava a situação.


— Eu quero, eu preciso — esperneava-se enquanto puxava os próprios cabelos, a face rubra, não sabia se devido ao nervosismo ou as drogas consumidas — me dá logo garoto — avançou sobre Tyler, em um momento de desequilíbrio ele cedeu para trás, batendo as costas no grande muro atrás de si. Gemendo de dor, em seguida. Enquanto o garoto apertava seus ombros, imperativo.


Até que o pior aconteceu: todo aquele alarde atraiu o diretor. O homem que, outrora, possuía um sorriso reconfortante aproximou-se com a feição séria, imponente com os olhos de águia por trás do óculos.


— O que está acontecendo aqui? — puxou Dylan, o colocando lado a lado de Tyler, no muro — você...você está bêbado? — questionou de forma retórica, ao fitar o garoto, sentindo seu cheiro, posteriormente.


Os olhos de Dylan arregalaram-se, mas não mudou muito seu jeito de estar, parecia apenas uma afronta a constatação do diretor. Ele continuou da mesma maneira: alterado, alto, desesperado. Suas mãos suavam e os olhos tremiam, sem conseguir encarar nada por muito tempo. A balbúrdia ao redor se calou, mas os olhos permaneceram postos sobre os três em questão: Dylan, Tyler e o diretor. Todos queriam entender o que estava acontecendo.

O líder cerrou o maxilar, não poderia admitir tamanha irresponsabilidade e desacato da parte dos garotos. Com os olhos de águia postos por detrás dos óculos, ditou:


— Pra minha sala, agora!


Tyler demorou alguns segundos para processar toda a cena, não saberia o que Dylan iria dizer, não entendia a causa de tudo aquilo e seu coração batia mais acelerado a cada segundo, subsequente. Após suspirar pesarosamente, seguiu os outros dois.

Ele ia mais atrás, o diretor o olhava de esguelha para ter certeza que estava o seguindo. Ao passar pelo pátio principal, o garoto levantou os olhos, olhando brevemente o local, até que seu olhar se prendeu ao de Greicy, que vinha caminhando em sua direção. Tyler parou um momento, desviando o olhar dela para o diretor. Ele sabia que ambos precisavam conversar, ela até havia mandado uma mensagem em seu celular referente a isso, mas se Tyler fosse verdadeiro consigo mesmo veria que estava fugindo dela. Ao se aproximar dele, a garota o abraçou, sorrindo como sempre; mas sequer pode iniciar o diálogo, pois quando abriu a boca para falar o garoto apontou para frente, ela seguiu com o olhar na direção, vendo os outros dois parados, enquanto os olhavam com uma carranca nada amigável, bem diferente de sua feição quando admitiu Greicy no colégio. Então, Tyler, mais uma vez, conseguiu evitar que aquela conversa acontecesse. Em suma, ele não via real necessidade daquilo. Não tinha porque se explicar.


—  Qual dos dois vai começar a explicar o que estava acontecendo? —  ajeitou o óculos no rosto, endireitando-se na poltrona.


Dylan o encarava, abobalhado, sem controle de seu corpo, de sua língua; com a face ganhando feições amedrontadas, como um garotinho longe dos pais; sua testa suava enquanto sua boca aprisionava as palavras, ele não falaria nada, não conseguia. Já Tyler desviou o olhar do diretor para o garoto ao seu lado, como iria falar sobre o que nem ele mesmo entendia? Na verdade, ele não queria entender, mas sabia exatamente o que o garoto queria com sua mochila.


— Não tenho o dia todo —  bufou o diretor, alternando o olhar entre os dois garotos, parando por fim em Tyler — você, me explique. Anda!


Os olhos do garoto se arregalaram, ele sequer tinha culpa, o que falaria? Estava desconfortável com tudo aquilo, já havia estralado todos os dedos das mãos, nervoso.


— Eu — começou, incerto — não sei...

— Como não sabe? — questionou incrédulo — eu não estou para brincadeiras, garoto. Vamos, diga — bufou, apoiando as mãos juntas na mesa.

— Tsc, é verdade — olhou para Dylan, ele estava longe, fazendo um bico inusitado com os lábios enquanto olhava para todos os lados, notou o batucar de seus pés e a gota de suor escorrendo da testa dele — eu, eu — gaguejou, pensando no que falar — eu tava saindo do colégio e esse garoto me atacou — desdenhou, apontando para ele, que o encarou de volta, fechando o cenho.

— Tua mochila, quero ela, — Dylan pediu, com a voz enrouquecida e grossa, enquanto esticava os braços, pronto para puxar a mochila de Tyler para si, em um momento de confusão mental — Me dá.


Tyler a puxou para o lado, lançando um olhar intimidador no garoto, estava sendo complacente demais, mas sua paciência estava acabando.


— Para com isso, retardado — disse por fim, afastando-a de Dylan.


O diretor olhou a cena, estranhando as reações de ambos os lados. Após poucos segundos pensando, levantou-se da mesa, calmamente, rodeando os garotos, analisando-os, até que, inesperadamente, puxou a mochila da mão de Tyler. Este arregalou os olhos e sentiu falhar uma batida, quando o objeto foi posto sobre a mesa, fora de seu domínio. O homem a pegou, encarando-a, averiguando seu exterior. Em seguida, a pousou no móvel, abrindo o zíper do bolso maior. A cada ação alheia Tyler ficava mais apreensivo, desejando internamente que aquilo acabasse logo. De lá foi retirado um caderno, um estojo, e visto ao fundo alguns papéis de bala amassados. O caderno foi pego em mãos, balançando suas folhas, mas de lá nada saiu; seguiu para o estojo, abrindo os dois zíperes que haviam, constatou que ali só tinha duas canetas, uma borracha, uma tesoura e um lápis. Mais nada. Largou então o objeto sobre a mesa, seguindo para o bolso menor, da frente.

Não havia nada lá dentro.

O coração de Tyler voltou a pulsar normalmente, relaxou os ombros, por fim. O olhar do diretor era de pura confusão. focando-o em Dylan agora.

— Tome — entregou a mochila para Tyler, com o material dentro — você tá liberado — sorriu para ele, por fim, voltando a fechar a feição ao encarar Dylan — já você está bem encrencado.

Ao sair, as últimas palavras que Tyler ouvido foram: você será expulso. Proferidas à Dylan.


[Gabriel]


Seu sorriso metálico, devido ao aparelho odontológico, vinha fácil. Encarava nostálgico as notas sortidas de luna em suas mãos, depois de aguardar o tempo que já estava acostumado, teve sua mesada depositada em mãos, pelo seu pai, Evan; o homem comumente ocupado tinha pouco tempo para dedicar à sua família, deixando a casa então, responsável para a sua mulher cuidar, tendo o seu tempo para focar em sua empresa em ascensão, lutando para subir mais na vida e ganhar a estabilidade de seu amigo Jerome, pai de Jake.

Gabriel havia herdado os traços do rosto de seu pai, tendo os cabelos claros revoltos, as sobrancelhas loiras escuras grossas e os olhos como o mar: azuis; apenas a fisionomia da boca, que era média e delineada e o nariz arrebitado, que não se pareciam com o de seu progenitor.

Como Evan não tinha tempo para o filho e Becca não era a mãe mais agradável e compreensível do mundo, Gabriel acabava sem apoio algum para desenvolver seu lado artístico, o que de tempos em tempos o afetava e o depreciava, mas com sua alma jovial e cheia de energia, logo ele estava recuperado e cheio de criatividade e inspiração para pintar e bordar. Foi com sua mesada que ele montou todo o quarto que tinha hoje: as prateleiras com pincéis, vinis, tintas, objetos auxiliares; as telas e suportes; o teto pintado simulando uma noite estrelada; o fundo do quarto negro com papel de parede; e todo o resto. De mês em mês sacrificava a maior parte do dinheiro que o pai o dava, tentando compensar sua ausência, e repunha o que faltava ou comprava algo novo que queria.

E como no ritual de cada dia quinze de cada mês, lá estava ele com Jake. Seus olhos passavam de prateleira em prateleira, de utensílio à utensílio, brilhando um azul vívido, infantis. Sua alegria era tamanha, que mesclada à sua agitação e energia, acarretava muitas voltas por entre os corredores da loja de materiais artísticos da cidade. A ala das tintas o deixava extasiado com todas aquelas cores tão diferentes e singulares, mas com certa semelhança, no final; encarava cada tonalidade com toda atenção voltada aquilo, como se não houvesse nada ao seu redor, como se Jake ao seu lado nem estivesse ali, Gabriel pegou um kit pequeno de tintas neon, lembrando de forma imediata da festa, sorrindo em seguida, mostrando os pequenos potes de tinta em mãos, para o amigo, que sorriu sem graça ao lembrar de seu azar naquela noite. Seguiram os dois, então, para a parte das telas: haviam variados tamanhos, feitas de materiais diversos e seus suportes a deixavam tão expostas, como se ansiassem serem pinceladas por alguém que as visse daquela maneira.

Seus olhos corriam por tudo, fitando desde a iluminação aos objetos que havia depositado no balcão do caixa, a moça lhe sorriu simpática, já conhecendo o garoto de longa data, pois o mesmo era cliente da loja desde sua primeira mesada, há cinco anos. Com o desconto que havia conseguido por ser freguês fiel, entregou as notas para a mulher, recebendo os produtos dentro das sacolas ecológicas em seguida, despedindo-se com um aceno e um largo sorriso. Finalmente comprou o kit de pincéis e paleta para tintas que estava desejando há tempos, fora as duas latas de tinta spray com as cores que iria usar para terminar sua última pichação.

Saíram da loja, encontrando Pietro os esperando, segurando a coleira em mãos do cachorro de Gabriel. Iriam aproveitar aquela tarde para, além das compras que acabaram de fazer, ir ao parque da cidade, conversar e passear com o pet. Seguiram então, em direção ao parque central.


...


Seu jeito de andar meio estabanado, com os cabelos laranjas sendo tocados pelo vento, seguia Avenida acima, vezes distraído, outras focando seu caminho, ele continuava sua caminhada despreocupada. Levantou os olhos para fitar o cruzamento para o qual seguiria. E assim que o sinal fechou, suas passadas leves atravessaram o asfalto. Yan arregalou os olhos, sua memória era muito boa, e ainda que não lembrasse fielmente de todos os traços, não acreditava na pessoa que estava vindo em sua direção, sem ainda ter notado sua presença.

Como era desavergonhado, foi na direção daquele trio, reconhecendo apenas o garoto do meio, que ao notar uma cabeleira ruiva indo em sua direção, o encarou, confuso.


— Minha nossa, é você garoto? — questionou retoricamente Yan, cumprimentando com um aceno os dois ao lado de Jake, que coçou a cabeça, não entendendo a situação, nem reconhecendo o indivíduo à sua frente.

— Desculpe, mas... — franziu o cenho, coçando com o indicador o lado da cabeça — quem é você?

— Ué, preciso molhar sua camisa de novo? — sorriu divertido, vendo Jake franzir ainda mais as sobrancelhas — calma, calma — prostrou ambas as mãos na frente do corpo, espalmadas, em rendição — é zoeira.

— Ah! — estapeou a própria testa, constando o óbvio — é você, então.


O diálogo era apenas entre os dois, tendo Gabriel e Pietro como telespectadores, entendendo quase nada das palavras proferidas pelos demais.


— Como é seu nome mesmo? — olhou para os outros dois —o nome de vocês, no caso... — gesticulou sutilmente, corrigindo sua frase e rindo sem jeito, por fim.

— Argh, sou Gabriel — o loiro tomou  a frente, trocando a mão que segurava a coleira pela outra, estendendo a livre para um cumprimento, sorrindo durante o ato, simpático.

— Eu, Pietro — acenou com a mão na altura da cabeça, assentindo posteriormente.

— Jake... — comprimiu os lábios, acenando.

— E eu, Yan — apontou com ambos indicadores para ele mesmo.


Acabaram tendo uma breve conversa ali mesmo, mas logo o garoto de madeixas cor de fogo os deixou, despedindo-se animadamente, seguindo então para a loja de seus pais, onde ele havia deixado seu skate, para então andar pela cidade, em seguida.

Enquanto que, os demais seguiram para o parque ...


...


Sua gargalhada contagiante iluminava todo o parque central. Rodeado de área verde, o garoto corria por entre as árvores tendo seu cachorro, Picasso, atrás de si, com a língua de fora e latindo de tempos em tempos. Gabriel odiava suar, mas abria uma exceção sempre que via os olhos brilhantes de seu golden retriever. Aquele final de tarde estava maravilhoso para passear com o animal, que assim como o dono tinha energia de sobra.

Mais ao longe, Pietro e Jake, sentados em uma toalha,  trocando frases curtas, de assuntos referentes a como o amigo, correndo com o cão, estava naquela tarde. De um momento para o outro houve silêncio, passaram então a observar o loiro ao longe, em disparada, ziguezagueando os troncos.



— A Barbie parece uma criança, fala sério — observou Jake, sorrindo brevemente enquanto encarava Gabriel, driblando o peludo.

— Nem me fale...  — levantou-se, abanando a parte de trás da bermuda que estava usando  — vai ficar ai, Jay?

— Vou sim...  — desviou os olhos do amigo distante, para encarar Pietro.


Jake preferiu ficar sentado, apesar de ser, para si, um pouco doloroso deixar os outros dois sozinhos, ele definitivamente não queria correr. Já Pietro, pegou o disco de plástico e se pôs em disparada até Gabriel. Logo iniciaram a brincadeira com o cão, que ocorria de um lado para o outro, tentando pegar o objeto de plástico que era arremessado no ar. Eles ficaram lá, naquela, até que as primeiras estrelas começaram a dar suas cintilações majestosas, e suas energias, aparentemente, estavam no fim.

Pietro ficou por lá mesmo, supostamente teria um encontro aos arredores com uma garota que estava conversando nas redes sociais mais cedo. Sobrando então, os inseparáveis Gabriel e Jake, que seguiram com Picasso na coleira, ao lado. A conversa animada sobre as costumeiras aleatoriedades era entrecortada pelos latidos e uivos do cão, como se quisesse participar daquele diálogo também. E assim seguiu até em casa.

Gabriel tomou um banho rápido, trocando de roupa e digitando depressa um punhado de palavras, logo saindo cuidadosamente de casa, para seus pais, que já estavam recolhidos no quarto, nem sonharem que ele não estava em casa. A passos apressados ele seguiu pela rua pouco movimentada, tendo um salpicado de estrelas o encarando naquela noite neutra; a lua não deu seu ar da graça, permanecendo oculta por uma grande nuvem.

Ele nem precisava esperar pelo porteiro, tinha acesso livre à residência dos Hunter. E foi assim, que ao chegar na frente da porta principal, mandou uma mensagem para Jake, avisando que já havia chegado ali. Com o comum atraso, ou falta de pressa, o garoto abriu a porta.


— O que você quer, Barbie?  — questionou despreocupado, coçando os olhos.  — só disse que viria aqui, mas não disse pra quê...

— Argh...  — entrelaçou as mãos na nuca, impaciente — como pra quê? Como se não soubesse, tenho um desenho pra acabar.

— Eu, hein  — bocejou  — você não cansa nunca, Gabe?  — saiu de vez, recostando a porta atrás de si, revelando seu corpo descalço, com apenas uma bermuda e uma regata.

— A vida é hoje, Manezão  — fechou os olhos, convicto, rindo em seguida  — anda, vamos — cruzou os braços, esperando que Jake fizesse algo.


O garoto deu meia volta, entrando novamente em sua casa. Gabriel ficou na porta, o esperando, sorridente. Em poucos minutos Jake havia voltado, mas continuava descalço, vestindo apenas a bermuda e regata de tempos antes; a única diferença é que carregava a mochila preta em mãos.


— Aqui, oh  — estendeu-a para o amigo pegar  — agora, se me der licença...

— Que licença, o que, Manezão?  — bufou, estreitando os olhos na direção do amigo  — você vai comigo!

— Ah, eu vou é dormir, isso sim  — coçou os olhos novamente, Jake estava bem sonolento, sem o mínimo de vontade de participar das peripécias do amigo  — fica pra próxima, Barbie.

— Argh, seu frouxo  — ajeitou a mochila nas costas, bufando novamente  — parece um velho que só pensa em dormir, Jay.

— É, isso mesmo  — sorriu de lado  — agora deixa o velho aqui dormir, vá atrás do seu Ken, vá  — o enxotou, abanando as mãos no ar.


Gabriel deu as costas, pisando duro. Estava convicto de que o amigo o acompanharia, no fim não foi bem isso que aconteceu. Ele odiava ser contrariado ou que não fizessem o que queria, seus trejeitos infantis não se baseavam apenas no riso ingênuo e olhar brilhante, como uma criança que ganha o brinquedo que anseava há tempos, talvez fosse a imaturidade e inconsequência de sua parte que o fizesse cometer tais atos ilícitos.

Seguiu então pela cidade, que não era tão grande, possibilitando acessar os lugares apenas caminhando; apesar de serem longas caminhadas. Seus olhos arteiros e o sorriso sapeca acompanhavam sua feição, olhando em todas as direções, evitando ser assaltado ou qualquer coisa do tipo.

Com seus passos vagos e despreocupados, ele seguiu Avenida acima; para ele era o melhor momento do dia: a madrugada; o silêncio exterior proporcionava uma paz aquela cabecinha agitada, enquanto que a temperatura amena e a brisa gélida perpassava por seu corpo, evitando então que ele suasse, o pouco movimento nas ruas dava à ele a sensação de uma maior liberdade. Ele era como a noite, mal compreendido, forte, intenso.

Artista.

Seus pensamentos mais aleatórios sendo deixados em segundo plano para dar total atenção ao fim de rua, no qual seguia. Desde o começo daquela alameda já dava para ver, ao fim, seu desenho.

Ele sorriu, ainda estava lá, sua obra.

Tinha em sua mente que acabaria naquela noite, e sem postergar mais preparou-se para dar continuidade ao ser humanoide que estava criando. Seus jatos passavam de forma rápida e firme sobre o muro, o ser angelical já estava acabado, restando apenas a criatura sombria para terminar. Mesclando cores neutras com as fortes, ele seguiu aos jatos. Depois de uma hora havia acabado, estava feliz e cansado. Passou a mão na testa então, tirando uma gota de suor imaginária, num gesto cênico.

Afastou-se sutilmente do paredão de concreto, a fim de ver como havia ficado sua pichação, e não pôde sentir-se nada menos do que orgulhoso. As mãos do ser unidas, na frente do corpo, enquanto que as cores distintas de cada metade seguiam, dando efeitos de luz e sombra diferentes; a figura de luz exalava uma aura dourada de si, tão imponente e firme, grandioso; enquanto que o ser bestial, contrastado com as cores escuras, tinha uma aura roxa ao seu redor, com a feição séria, intimidadora e penetrante. Duas metades do mesmo ser, representando a totalidade humana e suas várias faces, sendo que cada um tem sua parte boa e ruim. Gabriel sorriu, por fim.

Só falta assinar agora...

E assim o fez. Deixando aquela arte, então, como tendo um autor declarado. Encontrou-se mais uma vez sorrindo, com a lata em mãos ainda. O orgulho que sentia de si jamais poderia ser mensurado. Mas toda aquela sensação boa se esvaiu, escorregando-se por suas mãos, assim como a lata de tinta.

— Paradinho aí, fedelho.  — uma voz rouca ditou, atrás de si.





__________________________

Seguraaaaaa coração, é agora que as coisas começam a se complicar.

Estão preparados para o baque que será o capítulo 8? hahaha

Espero que tenham gostado do cap, não se esqueçam de votar <3.

Até mais, menines...

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