O Ceifador de Anjos: Antes da...

By ecoliterario

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Vincent Hughes nasceu e cresceu em meio ao conforto e aos cuidados de sua mãe, mas a felicidade nem sempre se... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 2

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By ecoliterario

— Oi, Rick, os caras tão indo, você vai demorar? — intimou um homem negro após entreabrir a porta do seu chefe, pondo apenas a cabeça para dentro do escritório.

— Oi, Max, cara, não tô com cabeça pra isso agora! — respondeu Richard, fazendo um gesto para o amigo entrar.

— Qual é, Rick! A rapaziada tá esperando a gente! — falou enquanto sentava em frente à mesa do chefe.

— Max, hoje não dá! Tô preocupado, vou desembolsar uma grana por causa do maldito acidente dessa manhã!

— Mas e o seguro, não acionou? O Theo pisou na bola, mas foi um acidente!

— Sim, eu sei, mas não vão cobrir, estou com algumas prestações atrasadas... precisei cortar gastos, não imaginei que algo assim fosse acontecer! Soube que demiti o Theo? Queria quebrar a cara dele, aquele imbecil! — falou pondo as mãos sobre a cabeça, abaixando-a até a mesa. — Estou ferrado, cara! E ainda, a madame ameaçou nos processar, acredita? — disse encarando o amigo.

— Soube, foi mancada dele mesmo! Mas essa do processo, por que não conversa com essa madame? Tenta negociar!

— Acho que não vai dar, ela é difícil... não dá para conversar! Eu tive a cara de pau de oferecer uma única flor para ela, como pedido de desculpas, acredita? — Gargalhou.

— Cara, você é retardado! — Riu.

— Uma medida desesperada! — Richard argumentou.

— Mas e ela?

— Recusou e me deu as costas, saiu toda pomposa com o filho nos braços! — falou com desdém.

— Que droga!

— Nem fale! Ela me perguntou se eu estava mesmo oferecendo uma flor para ela depois de tudo que aconteceu, respondi que ofereceria um buquê se o tivesse ali! — falou com sarcasmo.

— Rick, tu é louco! Mas... e se tu levar mesmo um buquê, como um pedido de desculpas por tudo... de repente você pode se ajoelhar e implorar para que ela não processe! — Gargalhou. — Você pegou o nome dela, não é difícil descobrir o endereço, não?

— Babaca! Até levaria o buquê, mas não quero dar de frente com um marido ciumento!

— E se for mãe solteira? Quem sabe até divorciada, não custa tentar descobrir — disse se levantando. — Mas tu descobre isso depois, esquece isso, vamos para farra, a rapaziada não vai gostar se você não aparecer!

— Sei que não — respondeu irônico. — Sabe que estou com problemas com essa rapaziada também, né!?

— Sei, chefe, tá devendo uns trocados, eu sei! Mas vambora, hoje você não joga! Só vamos encher a cara e... a Maria vai tá lá hoje, esqueceu? — perguntou em tom malicioso.

— Ah, Maria! Como pude esquecer? — falou se levantando rápido. — Vamos logo, que aquela loira está à minha espera! — Ajeitou o casado e apanhou a chave do carro.

— Assim que se fala! — falou Max, que seguiu Richard para fora do escritório.

Max sempre foi um dos melhores amigos de Richard, desde a época da escola. Por isso, quando a mãe de Richard faleceu, deixando-lhe como herança um apartamento e a floricultura, pela qual se dedicou por mais de vinte anos, a primeira coisa que fez, foi contratar o amigo para trabalhar para ele. Assim, ao término do expediente, saíam juntos para curtir a noite, pois frequentavam os mesmos lugares, que iam de clubes, bares e boates. Suas farras eram regadas a bebidas, jogos e mulheres, algumas vezes, a drogas também.

O dia amanheceu bastante frio em Nova Iorque, de forma que Jenna apenas saiu da cama quando o filho finalmente acordou, o que aconteceu depois das 10 horas.

Jenna acabara de tomar o café da manhã, ao lado de Vince, que fez uma bagunça no cadeirão e ao redor dele, o que não era nenhum problema para sua mãe, afinal, ele estava em pleno desenvolvimento, ela sabia que todas aquelas artes faziam parte do processo.

No entanto, a brincadeira resultou em roupa suja, por isso, ela subiu com o menino para o quarto, limpou a sujeira do seu rosto, das mãos e abaixo do pescoço, em seguida, vestiu-o com um conjuntinho azul e penteou mais uma vez seu cabelo.

— Pronto, meu amor! Você está lindo! — falou acariciando sua face, ao que o menino lhe sorriu feliz.

Jenna o pegou no colo para abraçá-lo, mas antes que o fizesse, a campainha tocou. Com Vincent nos braços, ela desceu até a sala e o pôs sentado no chão, onde haviam alguns blocos coloridos de brinquedos, com os quais o menino começou a brincar. Assim, ela foi abrir a porta.

— Você aqui!? — disse fechando a cara.

— Bom dia, Jenna! — Sorriu-lhe Richard, que segurava em uma das mãos um buquê grande, com flores de cores variadas, e na outra mão, um embrulho grande com desenhos de carrinhos. — Desculpe vir sem avisar, mas receio que se o fizesse, você não me receberia! — explicou sorrindo.

— O que quer? — perguntou ainda incomodada.

— Falar com você, na verdade, desfazer essa má impressão que tem de mim, por causa do infeliz acontecimento de ontem.

— Por que se preocupa com isso? Basta que arque com o estrago que seu funcionário fez em meu carro, que não terá problemas comigo!

— Ex-funcionário, na verdade. Depois do que houve, não podia mantê-lo, não posso arriscar que ele coloque outra pessoa em perigo.

— Fico feliz em saber! — falou cruzando os braços.

— Olhe, não me leve a mal, mas lhe trouxe isso como parte de um sincero pedido de desculpas da minha parte — disse estendendo-lhe o buquê.

— Senhor Wilson, não precisa disso!

— Me chame de Richard, por favor. Sabe, realmente fiquei bastante chateado depois de tudo que aconteceu, penso no que poderia ter acontecido e no quanto a situação foi estressante para você, quero então que não me faça essa desfeita, por favor, pegue! — Ofereceu o buquê mais uma vez.

Embora relutante, Jenna apanhou o lindo buquê.

— Esse é para o seu campeão! — Richard estendeu-lhe o embrulho de Vincent, o que Jenna apanhou sorrindo.

— Obrigada, mas realmente...

— Jenna... posso te chamar de Jenna? — Ela assentiu com a cabeça. — Por fim, quero te convidar para jantar comigo essa noite, Jenna. Vamos conversar e tenho certeza que vou mudar a sua opinião sobre mim!

— Richard, por favor, pare! Realmente não precisa disso. — Olhou para os presentes que agora segurava, e em seguida, para ele. — Já entendi que você se chateou com o que houve ontem e fico muito feliz que tenha se importado, até já o demitiu e não se negou a arcar com sua responsabilidade. Tenho certeza que isso é o suficiente! Aceito essas flores e esse presente para meu filho, mas chega por aqui, não precisa me chamar para jantar, ok?

— Jenna, infelizmente para mim, não é o suficiente, quero mesmo que você apague a impressão ruim sobre mim e isso só vai acontecer se tivermos a oportunidade de conversamos, sabe... de forma descontraída, como amigos!

— Richard, não existe nenhuma impressão ruim sobre você! Ontem eu me estressei e sei que me exaltei, mas é como você mesmo disse, em pensar no que poderia ter acontecido, pois eu estava com meu filho no carro... enfim... mas não tem que fazer nada disso, você nem estava lá quando aconteceu e não estava dirigindo aquela van, a verdade, é que não tem nenhuma culpa do que aconteceu! Desculpe se eu fiz parecer que tinha!

— Te desculpo, se jantar comigo! — Sorriu ele.

Jenna também sorriu, sem saber o que responder.

— Por favor, o que tem a perder?

— Richard, preciso cuidar do meu filho e...

— Podemos levá-lo, vamos para um restaurante que tenha algum espaço para crianças, acho que deve ter...

— Tem sim — falou lembrando dos restaurantes que frequentava com o marido e com o filho.

— Ótimo, vamos todos, tenho certeza que ele vai se divertir! — disse Richard, entusiasmado.

Jenna calou-se, pensando no que responder. Quem sabe, ela e Vincent pudessem mesmo se divertir, como Richard disse, era apenas um jantar de amigos e ela não tinha nada a perder.

— Tudo bem, quando quer ir?

— Hoje está bom para você?

— Sim, pode ser.

— Então venho buscar vocês às 8, ok?

— Ok.

Jenna acenou, enquanto Richard saía da sua porta e seguia para o carro, visivelmente animado. Ela fechou a porta e foi para a cozinha, com o buquê e com o embrulho nas mãos.

Deixou o presente de Vincent sobre a mesa, em seguida retirou os laços e embrulhos de plásticos que envolviam as flores e as colocou dentro de uma jarra com água. Apanhou o presente que foi dado para o filho e foi até a sala, onde sentou-se no chão, ao lado do pequeno.

— Vamos ver o que você ganhou, meu amor? — Vincent puxou o grande embrulho para si, tentando rasgá-lo, mas com alguma dificuldade. — A mamãe te ajuda!

Em pouco tempo, Jenna abria uma caixa que continha um kit infantil de beisebol, com luvas, capacete, bolas e tacos, tudo apropriado ao tamanho do menino.

— Mamãe, quéio bincá! — disse o pequeno apanhando uma luva, o que ela vestiu em uma das suas mãozinhas.

Ela sorriu surpresa, ao constatar que Richard não dera ao menino, um brinquedo com o qual uma criança poderia brincar sozinha, pois era para dois, talvez dois irmãos ou o mais óbvio, para pai e filho brincarem juntos.

— Rick, tô aqui, quer falar comigo, agora? — perguntou Max, entrando na sala de Richard sem nem sequer bater.

— Beleza, Max, senta aí. Tá sem entrega, né? — indagou Richard sentado em sua cadeira.

— Na verdade, tinha uma para eu fazer, mas o Peter disse que você tava me esperando aqui, então falei para ele ir levar as flores no meu lugar — falou coçando a cabeça, sentado em frente ao amigo.

— Fez bem, eu queria mesmo falar com você! Vou sair mais cedo, então tome conta pra mim, se tiver sossegado as entregas, pode ficar aqui no escritório — disse jogando o corpo para trás na cadeira.

— Beleza, mas posso saber o que vai fazer hoje à tarde, que até precisa sair mais cedo! — perguntou curioso.

— Vou comprar um terno novo! — Sorriu.

— Pela cara de cachorro, tem um encontro! E pelo jeito, não vai ver Maria, já que precisa de terno novo! — Riu Max.

— Não, não vou ver a Maria! Adivinha o que eu fiz, cara!

— Algo a ver com a madame de ontem? — indagou ainda mais curioso.

— Tudo a ver! — Sorriu. — Fui na casa dela pela manhã, levei um buquê e um presente para o filhinho dela e a convidei para jantar essa noite.

— E ela aceitou! Cara, não acredito! — exclamou surpreso com a ousadia do amigo.

— Ela relutou um pouco, mas eu insisti — explicou orgulhoso.

— Agora vai implorar para ela não te processar? — Gargalhou o amigo.

— Na verdade, isso não é mais um problema! Hoje mesmo, ela me garantiu que não preciso me preocupar com isso! — respondeu satisfeito.

— Então, por que vai jantar com ela? — questionou sem entender inicialmente as razões de Richard, que apenas sorriu maliciosamente. — Ela é mesmo mãe solteira? E você vai tentar conquistar a madame?

— Vou conquistar, meu amigo, antes que outro conquiste! Hoje cedo fiz algumas pesquisas sobre ela, descobri que é viúva, na verdade. Pelo que vi na internet, ano passado saiu a matéria em vários jornais, o marido morreu em um acidente de trânsito.

— Caramba, então, por isso, ela pirou com o acidente de ontem!

— Exatamente.

— E como ela é?

— Bonita, mas principalmente, rica! Jenna Hughes vai ser a solução dos meus problemas, Max! — falou decidido, com um sorriso no rosto, ao que o amigo também sorriu.

Jenna não queria parecer interessada em Richard, mas ainda assim, vestiu-se de forma elegante e atraente, com um vestido preto colado no corpo, que ia até os seus joelhos, pôs saltos da mesma cor e caprichou na maquiagem. Enquanto se arrumava, lembrou-se do marido, do quanto ele elogiava sua postura e sua beleza, a lembrança deu-lhe saudades.

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