Cinco dias passaram sem ver o Harry. Falamos quase todos os dias por chamada, mas eram apenas chamadas que para além de não serem muito longas apenas podia ouvir a sua voz. Sentia falta do seu grande e perfeito sorriso, dos seus grandes olhos de tom verde a fazer contraste com os meus, das suas grandes e profundas covinhas quando ele se ria de forma verdadeira e natural, mas acima de tudo tenho saudades do seu toque.
Foram apenas cinco dias mas pareceu um mês, a cada segundo sentia mais a sua falta, eu já sabia que ele era importante para mim, agora sei que ele é mais que importante. Já não sei o que é passar um dia sem ver o Harry. Sem ele parece que me sinto mais vazia, e sem dúvida mais insegura. Quem diria que o rapaz que eu temia se ia tornar numa das únicas pessoas com quem eu realmente me sinto segura. Nunca pensei dizer isto mas até dos seus comentários rudes, da sua mudança de humor e do seu lado possessivo eu sinto um pouco de falta.
Sei que estou a ser egoísta por só o querer perto de mim em vez de estar contente por ele estar feliz ao pé da sua família mas não consigo controlar este sentimento. Eu estou aqui com a minha família e confesso que estou muito feliz, e sinto me mal por momentos pensar em privá-lo de fazer o mesmo.
Por vezes dou por mim a pensar se eu terei um papel tão importante na vida dele com ele tem na minha. Tudo tem sido mais difícil sem ele por perto, pareço uma parva a lamentar-me por ele estar longe a passar alguns dias com a família, quando podia ser bem pior se ele tivesse longe por o que existe entre nós tivesse acabado, dói pensar na possibilidade de um dia isso poder acontecer. Estes cinco dias sem ele por perto deram para pensar em tudo o que eu queria e o que eu não queria. Não tenho medo da sua tempestade nem dos obstáculos que a vida nos coloca, já estou demasiado envolvida nisto tudo para desistir. Eu quero ser dele, tal como quero que ele seja meu.
Durante o primeiro dia estive fechada no quarto deitada na cama o dia todo, a minha mãe achou estranho por isso dei aquela desculpa que todos damos quando não queremos revelar o que estamos a passar, disse-lhe apenas que estava mal disposta. Não me apeteceu sair de casa, talvez por ser a nostalgia do primeiro dia a fazer-se sentir, por isso fiquei em casa a ver Vampire Diaries e a deprimir um bom bocado.
Só pensava se nos quatro dias seguintes eu ia sentir ainda mais saudades dele e se iam também ser como o primeiro, ou pior. Ao fim da tarde o Harry ligou-me.
#FlashBack On#
Ouvi a voz inconfundível da Jessie J e reparei que o meu telemóvel estava a tocar. Saltei da cama num ápice e dirigi-me ao telemóvel, já sabia que era uma chamada do Harry e não demorei nem dois segundos a atender.
-Harry?
-Boa Noite Babe. –Finalmente a sua linda voz rouca saí como um sussurro fazendo o meu corpo todo estremecer pela falta que ele me fez neste dia.
-Então, como foi a viagem? Está tudo bem? Já recuperaste o tempo com a tua família? –Perguntei demasiado empolgada e de maneira extremamente rápida, eu própria teria dificuldades em perceber-me. Uma gargalhada soltou-se do outro lado do telemóvel e entrou diretamente pelo meu ouvido numa linda melodia.
-A qual das perguntas queres que eu responda primeiro?
-A todas –disse envergonhada, e tenho a certeza que ele se apercebeu disso. Não sei como é que em tão pouco tempo ele já sabia tanto sobre mim.
#FlashBack off#
Nesse dia quando nos despedimos tentei controlar as minhas lágrimas, mas visto que não estava com ele deixei-as correr sobre a minha cara controlando apenas a minha voz para que ele não pudesse reparar que eu estava a chorar.
O segundo dia foi muito parecido com o primeiro.No fim de almoçar sentei-me no parapeito da janela do meu quarto a observar a chuva a cair, e os meus pensamentos voaram para o Harry, que estaria ele a fazer naquele momento, estaria ele a divertir-se enquanto eu deprimia sozinha fechada no meu quarto.
#Fashback On#
Estava a olhar para o “nada” que me fez lembrar de “tudo”, mas sou interrompida dos meus pensamentos com o meu telemóvel a vibrar. Achei estranho ser o Harry pois nós tínhamos combinado que ele me ligava todos os dias á noite, e tal como eu pensava não era o nome do Harry que brilhava na tela do meu telemóvel, era um número desconhecido mas mesmo assim decidi atender.
-Scarlett ? –Eu conhecia aquela voz mas não me lembrava bem de onde.
-Sou eu, quem fala?
-É o Tyler –“O Tyler? Como é que ele sequer tinha o meu numero?” Confesso que fiquei surpreendida, já não falava com ele à uns dias por isso achei ainda mais estranho.
-Ah olá Tyler.
-Desculpa estar a incomodar mas eu soube que o Harry estava fora e bem … eu pensei talvez.. não que tenha a ver com o facto de ele estar fora .. quer dizer tem. –Soltei uma gargalhada mal senti o Tyler tão desconfortável, era adorável, porém não gostei da maneira como ele mencionou o Harry. –Eu queria saber se querias sair comigo hoje, para falarmos um pouco e assim... –Não estava nada á espera daquele convite, mas até que eu queria ir, ficar em casa sem fazer nada não ia ajudar por isso aceitei. Sei que provavelmente o Harry não vai gostar mas não estou a fazer nada de mal.
#FlashBack off#
Adorei passar o dia com o Tyler, ele conseguia sempre animar-me, era sem dúvida um bom amigo. O resto da tarde passou-se rápido e por momentos consegui esquecer o Harry. A maneira como ele me tratou foi adorável, nada comparado com o Harry. Mas eu amo a maneira de ser do Harry. Nesse dia também decidi vestir a camisola que o Harry me emprestou quando se foi embora. Era grande e bastante quente mas sentia-me muito confortável nela, Tyler reparou mas decidiu não perguntar nem comentar nada que tivesse a palavra Harry.
Foi também no segundo dia que eu ganhei coragem. Lembrei-me do dia em que o Harry me encarou com as palavras "Quem te violou?", aquelas palavras ecoavam agora na minha cabeça. Deci pegar uma caneta e num papel e decidi escrever tudo. Tudo o que ele queria saber e tudo o que eu precisava de desabafar. Foi estúpido não lhe ter dito cara a cara quando podia e agora querer mandar-lhe uma carta com tudo, como se fosse sequer possível descrever o meu passado naquela carta, mas ele merecia saber. É como se fosse um passo que eu daria na nossa “relação”, pensei durante horas se seria precipitado mas eu sentia-me preparada e foi isso que me fez começar a escrever todas aquelas palavras que me atormentaram durante anos. Eu disse-lhe quem me tinha violado.
Mal acabei de escrever a carta, recompus-me e mandei-a para os correios para mais tarde ser entregue ao Harry. Eu sentia-me mal depois daquilo, como se tudo fosse mudar com aquela carta, e na verdade eu sei que vai mudar, apenas espero que o Harry perceba o porque de tudo o que lhe citei. Esperei ansiosamente o resto do dia todo, estava nervosa e enjoada com o pensamento do Harry a ler aquela carta, estava terrivelmente stressada e ansiosa para que a noite caísse e ele me ligasse a dizer qualquer coisa, fosse o que fosse.
Tinha chegado a hora de jantar e o Harry ainda não tinha dado notícias. Quando olhei para o prato de comida à minha frente um nó formou-se na minha garganta sei que aquilo por lá não iria passar e o facto do Harry ainda não me ter dado notícias ajudou ao momento.Pousei o tabuleiro na mesinha ao lado da minha cama e deitei-me no escuro com tudo apagado apenas ouvindo a chuva cair e chorei, pela primeira vez desde que ele foi embora eu não me senti uma parva por estar a chorar, eu tinha lhe mandado uma carta a revelar o segredo mais importante na minha vida, aquele que me deixava mal e me fazia sentir nojo e desprezo de mim própria. A possibilidade de ele não ter recebido a carta foi excluída automaticamente na minha mente quando eu lhe liguei às 2/3 horas da manhã e o seu telemóvel estava desligado. Sentia me uma burra por lhe ter mandado a carta e sentia-me bastante mal e arrependida.
Terceiro dia, bem este foi dos piores dias. Sentia-me estúpida por ter decidido mandar aquela carta e sentia-me com raiva por o Harry não ter ligado depois do que eu lhe mandei, ele não podia mesmo ter feito aquilo, eu não tencionava sair de casa. O Ash esteve a manhã toda agarrado a mim, estivemos a ver séries na televisão, sentados no sofá, ele conseguiu distrair-me um pouco. Já consegui almoçar com a família à mesa mas sempre sem grandes conversas, reparei que a minha mãe me olhava atenciosamente e tinha a perfeita noção de que ela sabia que se passava mais alguma coisa mas não me interrogou sobre nada, o que lhe agradeci mentalmente por isso. Infelizmente o Ash no fim do almoço teve de sair deixando-me outa vez perdida em pensamento ,o Harry trouxe parte do que era meu e do que eu sentia falta ao de cima, mas depois de ontem sentia que tudo isso foi retirado de mim outra vez.
A Hannah nesse dia convidou-me para ir sair com ela, respondi-lhe de imediato que não ia, não estava com cabeça para ambientes, mas na verdade continuava com a esperança do Harry me ligar.
Eram já dez da noite e ele ainda não tinha ligado. Eu não podia continuar assim, ponderei outra vez o convite de Han, ela ainda não tinha saído de casa, estaria o Harry também a divertir-se ?, seria essa a resposta à pergunta de “porque é que ele ainda não me ligou?”, este pensamento arrepiou-me e decidi ir com Han, afinal só me ia distrair e divertir um bocado nada mais. Tinha de me abstrair desses pensamentos todos que me cercavam.
Han levou-me a uma discoteca, tinha muito bom ambiente, era calma e parecia ser bem frequentada. Nessa noite bebi dois copos de uma bebida da qual eu não tinha noção do que era.
#FlasbackOn
Bebi toda a bebida presente no meu copo de uma só vez. Algo bastante quente desceu pela minha garganta, mas eu gostei da sensação.
Decidi ir para a pista de dança, mas a meio do caminhos os meus pés impediram-me, uma dor aguda na cabeça apareceu e esta começou a latejar. Todas as pessoas que me rodeavam de repente deram uma volta de 180 graus. Os meus olhos começaram a fechar-se, sinto o frio do chão e vejo tudo negro, apenas ouço a voz da Hannah como fundo "Estás bem Scar? Fala comigo..."
#FlashbackOff
Não me consigo lembrar de mais nada. Pelo que sei, Han quando sentiu que não tinha controlo em mim ligou ao meu irmão, penso que tenha sido ele a levar-me a casa nessa noite. Han disse depois ao Ash que eu não tinha bebido quase nada, ele acabou por descobrir que me tinham colocado qualquer tipo de droga no copo quando eu fui dançar.
Quarto dia, bem este foi o pior sem dúvida, sentia-me enjoada e com dores de cabeça enormes mas Ashton disse que era normal por causa do efeito da droga. Ele tinha-me levado ao hospital para ver que tipo de droga era e se eu estava bem e felizmente eu estava. Hannah estava arrependida e passou o dia todo a pedir-me desculpas por me ter levado àquela discoteca, mas na verdade a culpa era minha por ter deixado o copo sozinho. O meu pensamento encheu-se na palavra Harry por todo o lado. Se ele tivesse uma desculpa plausível para me ter deixado numa lástima por não me ter ligado e eu acabasse por o perdoar depois da maneira como ele me fez sentir depois do que eu fiz, se depois disso ele viesse a descobrir que eu fui a uma festa e que fui irresponsável ao ponto de me deixar ser drogada ele iria ficar chateado como sempre e com raiva.
Lembro-me de estar deitada e lembro-me vagamente de serem 4 horas da manhã nesse dia e de sentir o meu telemóvel a vibrar na minha mesinha de cabeceira. Perguntei-me quem me podia estar a ligar aquelas horas pois nem os olhos conseguia abrir direito, mas rapidamente me lembrei do Harry e atendi mesmo sem certezas.
#Fashback on#
-Harry, por favor diz-me que és tu –Perguntei desesperada por ouvir um sim vindo do outro lado da linha.
-Sim sou eu amor –Ele suspirou enquanto falava, e o seu sotaque britânico estava mais presente na sua voz do que nunca. Ele parecia exausto e desesperado ao mesmo tempo.
-Porque não me ligaste ontem? –Tentei esconder o calor que a palavra amor me tinha causado e mantive-me firme.
-Eu sei que estás a falar da carta.
-Tu imaginas como me fizeste sentir quando eu sabia que tinhas recebido a carta e nem uma simples mensagem me mandaste? Tu não tens noção da merda de dias que eu tive e do quão estúpida eu me senti Harry –Disse calmamente mas com um tom irritado, sei que não posso falar alto por causa da minha família estar a dormir mas só me apetecia gritar com ele.
-Não digas essas palavras, tu nunca falas mal.
-Sim, mas agora é o que me apetece dizer. Apetece-me dizer todas aquelas palavras sujas que saem da tua boca quando estás irritado.
-Tu não és igual a mim. –Senti a sua voz a ficar mais pesada, mas se ele pensa que vai gritar comigo depois de tudo eu desligo-lhe o telemóvel na cara.
-Eu sei que não sou, eu nunca faria uma pessoa sentir-se da maneira como tu me fizeste sentir estes dois últimos dias. –Cuspi cada palavra que proferi.
-Desculpa, eu sei que fui um caralho por não te ter ligado depois do que tu me escreveste e acredita que eu nunca me sinto mal com nada que eu faço, mas agora sinto-me uma merda Scarlett.
-Porque não me ligaste ? –Perguntei um pouco mais fraca e de maneira derrotada –Eu apenas precisava de te ouvir depois de ter escrito aquilo –Comecei a chorar e nem disfarcei isso na minha voz.
-Eu não tive coragem Scarlett, eu não sabia o que te dizer depois daquilo e este tempo todo tenho tentado encontrar uma maneira de falar contigo, mas fui demasiado cobarde para o fazer mais cedo, eu admito- Um suspiro de sua parte foi sentido e um soluço de choro da minha parte foi ouvido por todo o quarto –Não chores Scar.
-Eu pensava que tudo ia mudar depois daquilo e quando não me ligaste eu entrei em pânico e mil e uma coisas passaram pela minha cabeça Harry. Eu não gostei nada da sensação.
-Eu sei bebe, desculpa por te ter feito sentir assim. Eu não queria, não era a minha intenção.
-Pode parecer estúpido mas já não estou assim tão chateada contigo –Soltei um sorriso mesmo com as lágrimas a escorrer por mim abaixo.
-Isso é muito bom.
-É melhor falarmos quando voltares, de qualquer das maneiras não é assunto para se falar por telemóvel.
-Tens razão, não é mesmo –Pela primeira vez nesta chamada eu não gostei do seu tom, estava frio e rude outra vez. Só espero que ele não esteja a pensar em fazer alguma coisa.
#FlashBack off#
Quinto dia, finalmente o último dia sem ele, estava ansiosa para que este dia chegasse ao fim.
Sentia-me mais viva pois pouco faltava para voltar a ver aqueles olhos brilhantes, aquele sorriso torto que eu tanto adoro, ouvir a sua voz rouca e sentir o seu toque outra vez como se fosse a primeira.
Fiquei o dia todo em casa a ansiar a sua chegada, ele não me ia ligar, e não ligou, o que me deixou ainda com mais vontade de o ver, ouvir e tocar. Tinha de compensar todos estes dias sem ele, matar todas as saudades e pôr a tristeza e desespero de lado e ser feliz com ele a meu lado. Tenho quase a certeza que com ele vou ser feliz e vou entregar-me de novo sem medo, a ele, e apenas a ele.
Quando se ama não temos medo de lutar contra os nossos medos e uma boa relação é quando o teu companheiro aceita o teu passado sem o julgar, apoia o teu presente incondicionalmente e motiva o teu futuro prometendo estar lá para sempre para te segurar e proteger. O Harry é o único que me consegue levantar sem que eu tenha medo de cair outra vez.
Olá! Em primeiro lugar pedimos imensa desculpa por não termos publicado um novo capítulo no sábado como é habitual, mas como temos tstes e assim não deu mesmo... Em segundo agradecemos mais uma vez pelas leituras que temos recebido e mensagens de carinho. Em terceiro lugar esperamos que gostem deste capítulo porque é um pouco diferente dos normais...
We love you,
Xo, *Breathe Me writers*