Sempre se fala do sexo masculino como sexo mais forte. Diz-se que as mulheres são mais sensíveis. Ambas afirmações estão relacionadas com as hormonas. As mulheres, não só são psicologicamente mais sensíveis, também são fisicamente mais sensitivas: os homens têm, por centímetro quadrado de pele, uma média de 17 fibras nervosas; as mulheres têm 34! Isto, somas-lhe que o seu cérebro tem conexões cerebrais mais desenvolvidas que as dos homens e já tens um recetor natural de sensações e estímulos.
Não sei se sabias de isto tudo, eu cá não sabia. Mas em pouco acabei por perceber. Esta minha perceção veio induzida ao facto de mal me consegui manter "concentrada" devida a tantas sensações e arrepios que senti durante os primeiros dias da que teria de ser a minha nova vida. Aparentemente, uma das poucas coisas que os homens têm de bom é que, ainda que só façam uma coisa de cada vez, podem fazer essa coisa com uma grande concentração; as mulheres, por outro lado, podem fazer varias atividades intelectuais em simultâneo, mas com uma concentração mais dispersa. Eu fiquei no meio disso e sempre que tentava fazer mais de uma coisa, distraia-me tanto que não conseguia fazer nenhuma... e os arrepios não ajudam!
Não estava mesmo nada à espera de que isto fosse-me afetar tanto, estive semana detrás de semana a ler artigos de diferenças biológicas entre mulheres e homens e a cada nova coisa, tentava normalizá-la para saber como lidar com ela.
Até agora o pior de tudo foi na segunda semana de este novo corpo, quando tive a minha primeira menstruação. Quando era mais novo, gozava com a minha irmã por queixar-se tanto, mas quando foi a minha vez, fartei-me de chorar. A Liliana já me tinha explicado como era a sensação e eu tinha pensado que tinha percebido, o que parece que não foi bem assim.
E se te estiveres a questionar porque é que ela falava desse tipos de coisas comigo é porque entre nós sempre ouve muita confiança e ela é tão extrovertida e sem complexos que fala desse tipo de coisas sem vergonha, o que eu agora agradecia, pois tinha muitas preguntas a fazer-lhe.
Na escola eu pude fazer essas perguntas. Tive a sorte de ela não se estranhar com o facto de uma rapariga perguntar coisas tão óbvias para qualquer outra. Eu de momento conseguia sentir-me moderadamente bem com tudo isto, a escola avançava, notei que agora percebia as coisas com mais facilidade, e o que não percebia, mal precisava de pedir ajuda, o Pedro oferecia-se logo. Sim, estava tudo a correr bem e até que não me estava a parecer tão mal o ter útero.