Floresta do Sul

By InTheClows

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• Livro I • Segundo livro já disponível: Colina do Sul. Chloe Lidell. Desde a barriga foi destinada a algo gr... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXIII
Agradecimentos
Informações sobre o livro II
Curiosidades FS
Aviso extremamente importante
NOVIDADES DO LIVRO EM PAPEL
Aviso (leiam todos, inclusive os que ainda nao terminaram de ler, por favor)
Atualização Completa e Colina do Sul
Ainda há alguém aqui?
Por todos vocês

Capítulo XIV

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By InTheClows

 Uma semana se passou desde aquela manhã com Rhys, e no decorrer desse tempo as coisas entre nós foram ficando cada vez mais agradáveis. Eu pensava menos em voltar, embora isso não fosse algo que estava excluído de meus planos, mas eu iria para Nevra com eles, e de lá poderia decidir o que faria depois.

Enquanto isso eu treinava. Rhys e eu treinávamos todas as manhãs e fins de tarde, e quando ele estava ocupado ou cansado demais, Patrick cobria seu lugar. O corte em meu braço já estava nas etapas finais da cura, e eu não voltara a ver Bill ou até mesmo Joseph. As pessoas já não me olhavam com tanto ódio, exceto por Dressa, e eu não era mais tão vigiada como antes. Rhys e eu nunca voltamos ao rio escondido ou a ir ver o amanhecer. Na maioria das noites estávamos tão cansados dos treinos que apenas deitávamos e dormíamos, ou conversávamos muito brevemente sobre mudanças nas táticas de treino e nos meus avanços. Não falamos de Killermont novamente.

Mas ainda assim, havia uma harmonia agradável entre nós e eu confessava que eu começava a apreciar sua presença, ou até mesmo sentir falta dela. Todas aquelas sensações estranhas ainda me rodeavam quando Rhys estava por perto, mas eu passava a gostar delas.

E em algumas noites, aquelas nas quais ele estava tão exausto que se jogava em seu lado da barraca, murmurava um "boa noite" e apagava, e eu permanecia acordada por um tempo, ouvindo sua respiração pesada, observando o rosto tão sereno como Killermont deveria ser na madrugada, e vendo os cabelos tão inexplicavelmente platinados lhe caindo o rosto a medida que iam crescendo e ele não cortava, e naquelas noites eu me perguntava se começava a gostar de Rhys tanto quanto das sensações estranhas que ele me causava.

***

Eu sonhava com algo sobre montanhas e torneios de luta quando senti meu corpo ser balançado. Abri meus olhos lentamente em meio ao sono, vendo Rhys com as mãos em meus ombros enquanto me acordava.

— Achei que tivesse dito que seu sono era leve. — Comentou ele com um sorriso sereno no rosto que conseguia ser indiscutivelmente bonito mesmo que houvesse acabado de acordar.

Sim, eu havia contado que meu sono era leve algumas noites atrás, quando estávamos ambos despertos demais e não conseguíamos dormir. Conversamos por horas até eu finalmente sentir a exaustão me abater. Foi a única noite que não desmaiamos quase imediatamente após entrar na barraca.

— Costumava ter antes de usar todas minhas forças durante o dia. É justo que eu recarregue minha energia dormindo profundamente agora. — Resmunguei, voltando a cobrir o rosto. Pelo modo como ele falava baixo e a lanterna pequena estava ligada, supus que ainda era noite e não importava o motivo de Rhys me chamar, pois eu queria dormir até o amanhecer.

— Vamos, vista seu casaco. — Senti algo ser jogado sobre mim.

— Eu não vou me levantar para treinar agora. — Sibilei.

— Não estamos indo treinar. — Dito isso ele simplesmente arrancou os cobertores e eu lhe lancei um olhar mortal.

Vendo que eu não tinha muitas opções me sentei e enfiei os braços no casaco negro que ele segurava para mim, bocejando e esfregando os olhos para afastar o sono.

— Onde iremos então?

— Nós — Ele abriu a barraca cuidadosamente e sussurrou: — vamos ver a liberdade.

***

Rhys não disse mais nenhuma palavra desde que saímos da barraca e percorremos o caminho em silêncio. Ainda estava parcialmente escuro, mas o sol nasceria em breve e, embora eu só tivesse ido até lá uma vez há duas semanas, jurava que estávamos indo para o mesmo lugar que assistimos o alvorecer da última vez.

Não perguntei nada. Em parte, porque meu cérebro ainda estava lento devido ao forçado e repentino despertar, em outra porque eu estava apreciando os sons da floresta que, após três semanas vivendo ali, pareciam uma melodia suave. O canto dos pássaros logo cedo, o barulho de água correndo em algum lugar que nunca cheguei a ir, o farfalhar das folhas, o som dos galhos das árvores, eu aprendi a gostar e de tudo aquilo, facilmente. Haviam manhãs em que eu caminhava para o Pântano tão silenciosa como um felino, apenas para apreciar todos aqueles sons, e as vezes me perguntava se eu sentiria falta se eu acabasse voltando ao Reino logo.

Três semanas.

Três semanas desde que fui arrancada de meu casamento forçado, e havia momentos em que eu quase agradecia silenciosamente por aquilo.

O que estaria acontecendo dentro do palácio durantes todos esses dias em que eu estava desaparecida? O que as pessoas do Reino e a própria família real estariam dizendo?

E ainda me perguntava o motivo de os guardas nunca terem voltado...

— Suponho que o território do Sul seja muito extenso. — Comentei em meio a caminhada. Rhys andava logo a minha frente.

— Por que diz isso?

— Porque estamos sempre andando para vários lugares e parece que nunca acaba. — Era verdade, mas não o real motivo de eu estar perguntando. Eu gostaria de saber se o território era grande o suficiente para, se os guardas estivessem mesmo me procurando, então houvesse razão para a demora.

— De fato. — Ele riu de leve. — Sim, é muito, muito grande. Todos os territórios são igualmente extensos.

— Quais as chances de acabarmos ficando cara a cara com Legionários do Norte enquanto andamos por aí? — E cara a cara com guardas, foi o que eu não disse. Rhys deu de ombros.

— Qualquer pessoa de qualquer grupo tem direito a andar por qualquer território, mas há regras. As chances não são muito altas quando não sabem onde nos abrigamos, o que não é nosso caso, então, sim, podemos acabar encontrando algum Legionário em algum momento.

— E quais as chances de descobrirem sobre Nevra?

— O nosso grupo, do Sul, possui rotinas de patrulhas e caça. Não podemos ficar presos dentro da segurança de Nevra apenas para não arriscar sermos vistos por um inimigo e seguidos, é um risco que temos que correr. Pelas regras eles não podem nos atacar, não em nosso território, mas você mesma viu que não estão mais seguindo esse testamento. Nevra é um lugar grande, pode ser visto de longe, mas é bem cercado por árvores. Tomaremos cuidado dobrado ao irmos para as patrulhas, e vigiaremos constantemente sinais de inimigos. Enquanto ainda estamos murando, também observamos se eles andam por aquele lado, e, por enquanto, não. Nosso território é muito grande, teriam de procurar muito para achar, e a maioria dos grupos só tem dez caçadores e patrulheiros, então isso diminui a chance de nos encontrarem lá.

— Acha que atacariam sem motivo se descobrissem?

— Talvez houvesse motivos que prefiro deixar de fora da conversa agora, mas mesmo que resolvessem não atacar, poderiam vender a informação para inimigos de verdade.

O Reino.

Mas se os guardas nos encontraram há vinte minutos daqui naquele dia, já não deveriam ter achado o acampamento?

Antes que mais perguntas viessem Rhys apontou para o horizonte. Eu não estava errada quando desconfiei que estávamos indo para o mesmo lugar que a última vez. Abracei meu corpo quando um vento gelado passou por nós, anunciando que em algumas semanas o inverno nos alcançaria. O céu estava cada vez mais claro.

— Será diferente dessa vez. — Confidenciou Rhys, parando ao meu lado, e eu sorri fraco.

Ficamos em silêncio, apenas admirando a natureza por uns dez minutos. Então começamos a ouvir muitos cantos de pássaros, como se estivessem se aproximando. Rhys sorriu para mim e olhou para o céu.

Então eu vi. Um ponto negro no céu que foi crescendo e se dividindo à medida que se aproximavam. Centenas de pássaros batendo suas asas em um único sentido. Perdi o fôlego quando eles chegaram mais perto e voaram em nossa frente, enquanto o sol começava a crescer no fundo do horizonte deixando a cena única e especial.

— São andorinhas. — Explicou Rhys, sem tirar os olhos daquelas centenas de aves que passavam por nós. Eu estava maravilhada, um sorriso sutil no rosto, e hipnotizada o suficiente para não desviar o olhar também. — Estão migrando para o Sul muito além deste. Acompanho elas passarem aqui há anos.

— É lindo, e, de fato, é como assistir a liberdade. — Falei enquanto os últimos pássaros do grupo passavam por nós e iam se afastando para além de nossa vista, voando em linha reta. Uma sensação muito agradável se apossou de meu corpo ao assistir aquela cena única. — Quando voltam?

— Quando a primavera estiver prestes a começar.

— Podemos ver?

Rhys olhou para mim antes de responder, e então entendi o motivo. Ao pedir para ver as andorinhas voltarem, eu estava dizendo que ficaria ali tempo suficiente para ver isso acontecer.

E a maior surpresa para mim mesma foi que, de fato, eu estava inclinada a ficar.

— Claro. — Ele respondeu com um sorriso sútil antes de voltar a olhar para os pássaros que agora estavam longe, voltando a formar um ponto negro no céu. Segui seu olhar sorrindo também.

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