CONTADOR DE PALAVRAS: 4795
Derek observou com inquietação entre seu tio e Camilla, sentindo o fervor do sangue correndo sob sua pele. Quando Peter retornou sozinho após desaparecer na igreja com um dos associados de Camilla, Derek lutou para controlar sua ansiedade. Desejava confrontar seu tio com perguntas, mas temia chamar demasiada atenção para si.
A tarde transcorreu sem incidentes, os membros da matilha autorizados a trabalhar retornavam gradualmente e se reuniam no quintal para sua versão de um momento pós-expediente. Era evidente que Peter e Derek estavam se esforçando para trocar palavras, ao mesmo tempo em que mantinham vigilância sobre os rastreadores avistados anteriormente.
Camilla estava vagando de um lado para o outro entre sua matilha e as de Laur e Zeke, onde Derek também estava, mas sem nunca lhe dar atenção. Derek tentava ao máximo se concentrar no jogo de cartas que estava jogando com alguns outros betas, mas seus olhos constantemente vagavam entre Peter e Camilla.
Eventualmente, Emily e Geneviv voltaram algumas horas depois, trazendo alguns sacos de comida e lanches para o bando de Camilla, que, como de costume, estavam sentados em uma mesa isolada, um pouco mais distante da confusão.
Foi justamente quando Emma chegou que Peter perdeu o foco em tudo o resto e se focou na garota como se estivesse esperando por uma resposta. Isso fez Derek franzir a testa e se preocupar, Peter tinha ido até ela com seus segredos?
Até que ponto podiam confiar nela e nos outros? O que exatamente ela fez para que Peter precisasse tanto da atenção da garota? Mas Emma parecia não se importar com ele e se concentrava apenas em distribuir seus aperitivos na mesa com um grande sorriso.
— Alfa, venha provar um dos meus biscoitos favoritos! — Ela chamou por Camilla, que rapidamente voltou para o seu bando, olhando para o pacote que Emily estava segurando.
Camilla não parecia muito interessada em comer biscoitos, mas quando Emily agarrou seu pulso e ficou olhando para ela enquanto batucava na caixa, Camilla parou. De repente, ela olhou em volta rapidamente e se sentou com um sorriso.
— Eu não gosto muito de doces, mas estes parecem bastante tentadores. — Ela disse, e Derek franziu a testa, tentando descobrir se havia uma mensagem codificada por trás das palavras trocadas.
Mas foi quando Emily ofereceu a caixa aberta sem a soltar, ou mesmo sem parar de batucar, agora concentrada na mesa com a repetição dos dedos, que ele entendeu do que se tratava de um código. Morse.
— Pare de olhar para a Killer Alpha de longe, você parece um tarado. — Um dos betas com os quais ele jogava cartas.
— Sua vez. — O outro disse com uma risada zombeteira.
Derek franzira a testa, simulando constrangimento ao ser surpreendido, e deliberadamente jogou a pior carta que tinha, apenas para perder o jogo de uma vez por todas.
— Vê o que acontece quando você pensa com a cabeça baixa? — O primeiro cara brincou enquanto puxava o pacote de charutos que eles apostaram.
Derek não fumava, mas sabia que muitos fumavam e que essa era a melhor troca para esses jogos, então tentou conseguir alguns para poder socializar.
Enquanto os outros se regozijavam com sua perda, a atenção de Derek voltou para a outra mesa, onde ele observava Emma batucando. Derek ficou surpreso com o fato de uma garota tão jovem conhecer tão bem o código Morse, mas ele ignorou essas questões enquanto tentava se concentrar em seus dedos, já que ele estava demasiado longe para ouvi-los.
No entanto, a maneira como ela estava posicionada, com os braços sobre a mesa e o corpo inclinado para frente, impossibilitou que ele captasse a mensagem secreta.
Depois de um tempo, Camilla se levantou e caminhou em direção a Derek com um pacote de biscoitos.
— Gostaria de um? — Ela perguntou a ele. Embora também não gostasse muito de doces, ele sabia que ela tinha ido até lá com outras intenções, por isso apenas facilitou as coisas para eles.
— Provavelmente vou gostar mais do sabor vindo de sua boca. — Ele disse, o que a fez arregalar os olhos de surpresa, enquanto todos ao redor torciam em onomatopeias instigantes.
Derek observou quando um leve rubor se espalhou em suas bochechas e ela desviou o olhar por um segundo para se recompor.
— Isso soa como uma proposta? — Ela brincou com um dos cantos dos lábios levantado em um sorriso.
— Nem de perto. — Ele disse enquanto pegava a caixa e puxava um biscoito, prendendo-o entre os dentes.
Camilla olhou para ele prolongadamente, acabando por sentar-se em seu colo e se aproximar para morder a outra metade. Os brados de todos ficaram mais altos e, para não se submeterem por mais tempo a esse tipo de constrangimento, Derek entrelaçou os braços ao redor das coxas dela, que se enrolaram em sua cintura, e a carregou de volta para seu apartamento.
Assim que chegaram ao apartamento, Derek soltou Camilla e o indicador de seu falso encontro íntimo começou, enquanto ambos grunhiam e gemiam. Embora fosse cada vez mais frequente que eles trocassem informações dessa forma, isso ainda não tornava as coisas mais fáceis ou menos incômodas.
Nos minutos seguintes, Camilla explicou o que Emma havia lhe dito através do código Morse, e a ansiedade inundou os sentidos de Derek. Antes que ele pudesse estragar tudo com sua impulsividade, ela o segurou e balançou a cabeça. O silêncio se estendeu por muito tempo e, quando Camilla começou a emitir suas vocalizações, Derek grunhiu de irritação.
E, assim como fez antes, Derek fez questão de encurtar esse jogo, fazendo parecer que ele havia atingido seu auge cedo demais.
Os olhos de Camilla se arregalaram e ela não pôde deixar de soltar um: — Sério?
— Desculpe se meu desempenho não foi satisfatório para você. — Ele jogou sarcasticamente, tentando sair pela porta.
— Ainda não terminei. — Ela disse com firmeza, mas seus olhos mostravam vulnerabilidade. Derek franziu a testa, finalmente percebendo que Camilla também estava ansiosa e talvez precisasse de alguma tranquilidade.
Eles reiniciaram seus coros de falso prazer enquanto trocavam mensagens pelo papel, tentando descobrir o que deveriam fazer em seguida. Derek acabou dizendo a Camilla que eles deveriam esperar que algo acontecesse e confiar que seus aliados estariam preparados.
Na verdade, Derek não conseguia entender o nervosismo da alfa, afinal, suas irmãs eram humanas. Os olheiros de Michael não estavam indo atrás delas, eles estavam indo atrás de sua irmã e de todos os outros aliados. Era ele quem deveria estar uma pilha de nervos, querendo sair dali correndo.
Derek acabou indo embora bem mais tarde, pois eles ficaram em silêncio, sentados na cama dela sem se encarar, encontrando conforto apenas na presença um do outro. Quando a noite chegou, Derek finalmente deixou Camilla para trás, embora quisesse ficar. Não por motivos estranhos, mas porque talvez se ele ficasse ao lado dela, quando algo acontecesse – o que ele desejava que não acontecesse – pelo menos ele estaria ali.
A madrugada passou rápido demais sem que Camilla conseguisse piscar um olho. Ela estava ansiosamente sentada ao lado da janela, escondida dos olhos externos para o caso de alguém olhar para cima, mas perto o suficiente para perceber se alguém passaria.
Foi só quando os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, que ela viu os betas de Michael saindo em passos suaves. Se ela não estivesse de olho, nunca os teria ouvido, nem mesmo com sua super audição.
Assim que os vislumbrou, Camilla se levantou e deixou o apartamento, descendo as escadas e parando onde Laur e Zeke estavam dormindo. Ela sabia que estava correndo um risco, mas não tinha escolha se quisesse evitar que os aliados fossem encontrados. Então, ela bateu na porta do apartamento do casal com os punhos e esperou que alguém atendesse.
— Cami? Aconteceu alguma coisa? — Lauren a cumprimentou com o rosto inchado do sono, cobrindo sua camisola de cetim marrom com um robe do mesmo tecido e cor, mas em um tom mais claro.
No outro extremo do apartamento, ela podia ver Zeke esfregando os olhos e sentado na cama, olhando para a entrada, igualmente curioso para entender o que estava acontecendo.
— Você aprovou uma varredura ontem sem meu conhecimento?
Jones sabia que estava pisando em uma armadilha naquele minuto, exercendo seu lugar recém-adquirido como alfa da matilha com tanta ousadia e afronta, mas era a única solução para impedir que aqueles betas fossem a algum lugar.
Ela não podia simplesmente ficar parada e esperar que as coisas se resolvessem milagrosamente e, embora sua atitude pudesse irritá-los, ela estava cansada de esperar.
Havia vários resultados para essa situação, e nenhum deles era bom para ela e seus aliados. Primeiro, os olheiros e rastreadores encontrariam os outros lobisomens e relatariam o ocorrido, o que causaria uma guerra. Segundo, os betas encontrariam os aliados, mas seriam capturados e mantidos em cativeiro, o que também causaria um tumulto na matilha e, por fim, uma guerra.
Em terceiro lugar, ela poderia tentar fazê-los retornar, o que ainda poderia causar uma guerra, ou talvez apenas ganhar tempo suficiente para enviar outra mensagem para casa e dizer a todos para fugirem!
— Do que você está falando? — Zeke perguntou, levantando-se da cama e caminhando lentamente até o corredor onde as duas alfas estavam.
— Acabei de ver alguns dos homens de Michael saindo sorrateiramente do abrigo. Ou eles estão fugindo, ou estão indo em uma missão sem o nosso conhecimento. — Cami cruzou os braços sob o peito e franziu a testa.
Seu tom era desafiador e irritado, mas nenhum dos outros dois alfas se importava. As informações que ela trazia eram muito mais importantes no momento.
Laur fechou o rosto e olhou para Zeke, que balançou a cabeça em negativa e deu de ombros, verdadeiramente sem saber o que estava acontecendo. Os três, então, saíram do apartamento, desceram as escadas do prédio, atravessaram o pátio e entraram no prédio ao lado.
Assim que chegaram ao apartamento que Michael e Patrick dividiam, Zeke bateu algumas vezes na porta, alto o suficiente para atrair a atenção dos outros vizinhos, que ouviam sem se deixar ver.
Patrick foi quem atendeu a porta, parecendo sonolento e confuso com o que estava acontecendo.
— Cadê o Mike? — Zeke perguntou em tom forte e exigente, prostrando-se diante dos outros alfas com um ar de hostilidade.
— Estou aqui. Qual é a comoção toda? — Michael disse, saindo de um dos quartos com um de seus betas.
Este último rapidamente se dispersou assim que foi ordenado com um aceno de cabeça, deixando apenas os alfas sozinhos após fechar a porta do apartamento.
— Para onde seus betas estão indo? — Laur perguntou sem rodeios, levantando uma sobrancelha curiosa para o homem.
— Do que você está falando? — Patrick olhou por cima do ombro, tentando entender o que aquilo significava, e o outro homem revirou os olhos.
— Não há necessidade de se alarmarem. Acabei de enviá-los para conferir uma cidadezinha aqui perto. Chame de instinto ou o que for, mas acho que alguém está se escondendo lá. — Ele encolheu os ombros e respondeu desinteressado.
— Mike... você não tinha o direito de decidir isso sozinho. — O tom de alerta de Patrick foi suave demais, tentando manter as coisas pacificas, mas Camilla sentiu que seria impossível.
— Esse 'decidir tudo em grupo' está começando a me irritar profundamente. — Michael bufou vexado.
— Somos dois, mas sabemos que quem nos deu esse poder pode tirá-lo três vezes mais rápido, — comentou Zeke com uma careta entediada, encostado na parede e recebendo olhares ameaçadores dos outros três alfas.
Camilla franziu a testa, mas não comentou. Não era o momento de questionar ou esclarecer o que eles estavam escondendo dela, especialmente algo que ela já estava dolorosamente ciente ao observar os alfas nos últimos meses.
— Como você descobriu sobre meus homens? — Perguntou Michael, olhando diretamente para Camilla.
Como ele havia chegado à conclusão de que tinha sido ela a avistar os betas, ela não tinha certeza, já que não tinha sido ela a interrogar Michael assim que eles chegaram.
— Eu os vi indo embora. — Lauren prontamente disse. Zeke lançou-lhe um olhar carrancudo e, em seguida, olhou para Camilla, igualmente confusa por Lauren ter mentido.
— Traga seus homens de volta, Mike, — pediu Patrick, soltando um suspiro e olhando para o amigo.
— Você vai me dar ordens agora, Pat? Até onde sei, somos todos alfas nesta matilha. — O alfa cruzou os braços desafiadoramente, e Patrick franziu a testa e balançou a cabeça negativamente, sem entender a atitude do outro alfa.
— Você decidiu sem nosso conhecimento e aprovação, chame seus homens agora, — exigiu Lauren ameaçadoramente, dando dois passos em frente para ficar cara a cara com Mike.
— Não. — Ele negou após alguns segundos de silêncio, censurando Lauren.
— Parceiro, não compre uma briga em nosso grupo, isso não é saudável. — Zeke deu um passo à frente, colocando-se entre Mike e sua amante, tentando evitar uma briga.
— Agradeço o conselho, mas não vou chamar meus homens de volta. Provavelmente não encontrarão nada, não é mesmo? — Ele retrucou, desfazendo sua pose rígida e desafiadora e olhando demoradamente para Camilla.
— Não, Mike, sinto muito, mas não pode haver exceções. Alfas, convoquem uma reunião com seus betas em meia hora. — Patrick indicou, e Michael bufou com raiva, voltando para seu quarto e batendo a porta. — Obrigado pela informação. — Pat sorriu para os três e os acompanhou até a saída.
A porta se fechou e os três se entreolharam. Camilla olhava para Lauren com perguntas silenciosas nos olhos e Zeke abriu a boca, mas não disse nada até que eles estivessem de volta ao prédio. Os passos de Lauren eram pesados e ela evitava olhar para Jones ou Zeke. Ela só parou para olhar para os outros alfa quando eles estavam no andar onde ficava o apartamento deles.
— É bom que eles não encontrem nada nessa varredura, — Lauren murmurou, agarrando o braço da outra alfa com força antes que ela pudesse se encaminhar para seu apartamento.
— E se encontrarem? — perguntou Camilla sem hesitar ou demonstrar qualquer sentimento.
— Se isso acontecer... então, querida, prepare-se para um banho de sangue, — afirmou Zeke com uma risada e um levantar das sobrancelhas, puxando Laur com ele enquanto entravam em seu apartamento compartilhado e fechavam a porta.
━━ ※ ━━
Camilla sentiu seu estômago se revirar de ansiedade. Ela não esperava que Michael fosse contra a vontade de seus companheiros alfas, muito menos que isso levasse a uma possível briga dentro do clã. Meia hora depois, o pavilhão estava cheio de lobisomens formando um círculo, como era de costume quando tinham reuniões como essa.
— Alfa, o que está acontecendo? — Jared perguntou com uma cara preocupada quando ele chegou com sua irmã mais nova e sua mãe após serem acordados e chamados para aquela reunião matinal repentina.
— Michael será julgado por ter agido pelas costas dos outros alfas e enviado uma equipe de batedores. — Ela explicou, olhos fixos em Peter, que amaldiçoou sob sua respiração.
— Camilla... — Ele fez uma advertência, com os dentes cerrados, apenas aguardando o comando do alfa, quase implorando por uma ordem, mas Camilla não podia agir por conta própria.
— Apenas estejam preparados. — Ela murmurou baixo o suficiente para sua matilha ouvir.
Quando Patrick chegou com Michael, Camilla deixou seu grupo e caminhou até o centro. Zeke arrastou uma cadeira pelo chão, com um som irritante das pernas metálicas deslizando pelo concreto.
A tração gerou pequenas faíscas, impregnando o ambiente com o odor de queimado e deixando marcas escuras no asfalto, até que a cadeira fosse posicionada no centro, onde Zachary convidou Michael a se sentar.
O alfa revirou os olhos e, de braços cruzados, sentou-se na cadeira com um olhar desafiador e, em resposta, seus betas rosnaram em desagrado. Os quatro alfas restantes o cercaram em um círculo menor, olhando uns para os outros, até que finalmente olharam para Patrick e esperaram que ele dissesse alguma coisa, já que foi ele quem convocou oficialmente essa reunião.
— Isso não vai acabar bem, — Joseph murmurou, com o corpo se contorcendo enquanto seus olhos examinavam os betas de Michael.
— Foi isso que estivemos esperando, primo, — disse Emma com uma estranha serenidade, mas com uma profunda tristeza em seus olhos.
Peter franziu a testa, mas não comentou imediatamente, apenas viu Jared se aproximar mais de sua mãe e irmã, Florence e Geneviv, os três entrelaçando as mãos como se esperando pelo pior. Isso fez com que a ansiedade de Peter atingisse o pico. Sempre houve algo profundamente errado com os betas da Camilla, como se eles escondessem algum tipo de segredo ou tivessem as respostas para todas as perguntas que eles ainda não tinham.
Foi essa força motriz misteriosa que fez Peter confiar neles em primeiro lugar, mas ele também não podia deixar de se sentir um pouco apreensivo e assustado com relação a eles. Especialmente Emily. Apesar de ser a mais jovem de todos, às vezes Peter sentia que ela era a mais velha, ou pelo menos a que detinha todo o domínio sobre os outros betas. Foi por isso que sua curiosidade em entender por que elas haviam escolhido Camilla o fez mantê-las por perto.
Peter olhou ao redor do círculo de subgrupos e encontrou os olhos inquisitivos e nervosos do sobrinho olhando diretamente para ele, como se estivesse esperando por esclarecimentos sobre o que estava acontecendo. Peter retesou a mandíbula e fez um gesto em linguagem de sinais para que Derek estivesse pronto.
— Desde o início, prometemos lutar juntos para criar uma aliança inquebrável e uma cidade ainda mais indestrutível. — Patrick começou com uma voz estrondosa, finalmente conseguindo silenciar os betas com seu tom sereno, porém imponente.
— Uma cidade que pertence somente a nós, onde podemos estar ao ar livre como nós mesmos, e onde nenhum caçador tem permissão para nos caçar e nos acovardar para que nos escondamos! Um lugar onde prosperaremos sem medo de sermos caçados e mortos.
Camilla arregalou os olhos e rapidamente olhou de volta para Hales. Essa era a primeira vez que eles estavam realmente falando sobre seus planos e intenções, apesar de Camilla ter deduzido isso parte do plano logo de cara. Tudo fazia um pouco mais de sentido, mas também a assustava mais. Porque se eles fossem bem-sucedidos em seus planos, isso ainda se tornaria um banho de sangue no futuro, porque estava claro que o clã Alpha não pretendia ficar apenas em Londres.
Pior do que isso, se eles realmente tomassem Londres, poderiam começar a transformar as pessoas, talvez até mesmo toda a população, tornando a matilha maior e totalmente imparável, incontrolável.
— Nós os trouxemos aqui nesta manhã porque um de nossos alfas quebrou uma das principais regras de nossa matilha. Este não é um julgamento, mas quero que todos saibam que, embora alguns de vocês pertençam a um alfa, devem lealdade a todos os outros. Somos um clã, uma unidade de matilhas que se uniram para se tornarem intocáveis, poderosos. — Patrick acrescentou, e quase todos uivaram e gritaram em concordância.
— Em outras palavras, se um alfa de outra matilha dá uma ordem direta, você deve obedecer como se ele fosse seu alfa, — comentou Zachary em tom mais alto para chamar a atenção daqueles que ainda gritavam, mas suas palavras e expressão estavam cheias de ironia.
— Este é apenas o começo, e não podemos tomar decisões imprudentes e não planejadas colocando nossos esforços em xeque. — Lauren refutou com irritação, encarando o amante com evidente desagrado.
— É interessante ouvir isso, mas sabemos que, na prática, é bem diferente. — Michael ousou interromper, e vários dos betas expressaram sua concordância.
— Isso significa que as ordens dadas por seus alfas têm que ser aprovadas por unanimidade dos outros, — Patrick clamou mais alto para se fazer ouvir e, gradualmente, conseguiu chamar a atenção dos betas novamente.
— Isso significa que, se uma ordem direta do alfa é dada em segredo, você tem a obrigação de comunicá-la aos outros alfas. E eu sei que isso não é fácil, porque você estará quebrando a confiança do seu alfa, mas são as regras do clã que vocês aceitaram quando se juntaram!
— O mesmo acontece se você ouvir sobre betas de outro bando fazendo algo que você não sabe sobre porque seu alfa não lhe informou. Muito provavelmente porque ele não sabe. — Ele continuou, mas vários betas grunhiam em desacordo.
— Você está se ouvindo, Patrick? Você está ouvindo como isso é ridículo? — Michael retrucou, levantando as mãos em visível descontentamento.
— Isso é o que todos concordamos meses atrás, Mike! Ou você esqueceu? — Lauren perguntou, mantendo os braços cruzados e falando em um tom normal, apenas para os alfas ouvirem.
— Concordamos porque nos prometeram algo que até agora não colocamos os olhos. Estamos confinados nessa porra de galpão, sem sequer um distrito inteiro, apenas aguardando ordens superiores, porque a verdade é que somos as marionetes desse jogo.
— MICHAEL! — Patrick e Lauren o repreenderam, mas agora o burburinho estava correndo solto.
Os betas estavam sussurrando entre si sobre o que isso significava e o que seus alfas estavam escondendo deles.
Peter olhou para o sobrinho e depois para Camilla, todos confirmando silenciosamente suas suspeitas; o Clã Usurpador era apenas uma fachada para outra coisa, para os planos de outra pessoa.
À medida que a tensão entre os subgrupos aumentava, bem como suas vozes, Peter deu um passo para trás e se preparou para as coisas azedarem rapidamente.
Naquele momento, ele percebeu que esse seria o ponto de virada entre os membros da matilha. As sementes da discórdia haviam sido plantadas, e nenhum dos betas parecia satisfeito com os segredos que seus alfas estavam escondendo.
Jared se juntou ao seu lado, assim como Joseph, mas o que o surpreendeu foi como Emma deu um passo à frente, de olhos postos em Camilla.
— SILÊNCIO! — Patrick ordenou em sua voz alfa, fazendo com que todos engolissem seus sons imediatamente.
Camilla se remexeu em seu lugar, tentando ao máximo se afastar lentamente do centro e talvez se juntar à sua matilha para que eles pudessem deixar toda essa bagunça toda e voltar para casa o mais rápido possível.
— Sabe, Mike está certo. Estou cansado de receber ordens, de me dizerem o que fazer, de ser proibido de fazer o que quero. — Zeke concordou, sua expressão dura e determinada.
— Pelo amor de Deus, — Patrick murmurou frustrado, esfregando a testa e tentando acalmar a tensão que formava vincos em sua pele.
— Foda-se essa merda! Laur, vamos sair daqui com nossos betas, e conquistar o norte da Inglaterra, conquistar nossa terra. Seremos Rei e Rainha do nosso pequeno Reino, sem que ninguém tenha que nos dizer o que podemos e o que não podemos fazer. — Ele falou, virando-se para sua amante de mão estendida, olhando para ela suplicantemente. Michael apenas riu da proposta, que havia agitado os betas novamente.
— Você está falando sério? Vamos nos virar um contra o outro a essa altura? — perguntou Patrick, incrédulo com o que estava acontecendo. Ele não imaginava que, depois de tudo o que eles haviam lutado para conseguir juntos, quando estavam tão perto de alcançar o que queriam, todos iriam desistir agora.
— Você nos colocou uns contra os outros no momento em que me colocaram no centro dessa reunião. Tudo começou a ir pelo ralo a partir do momento em que a Killer Alpha se voluntariou. — Mike argumentou, acusando Camilla de tudo e mostrando que não confiava nela desde o início.
Derek imediatamente ficou tenso com a maneira como as coisas estavam indo, e os betas de Camilla deram alguns passos à frente, o que fez os outros subpacks rosnarem ameaçadoramente para eles e também darem passos à frente. Jones olhou para trás e balançou a cabeça, em uma ordem clara para que eles não interferissem!
Ela ficou chocada ao vê-los tão desafiadores quando eram considerados por todos os outros como os betas mais fracos de todos. E Camilla não sabia se sua coragem era estupidez, ou se eles realmente estavam se fazendo parecer mais fracos de propósito.
— Camilla não tem nada a ver com suas decisões secretas, Mike. — Patrick defendeu.
— Ah, mas ela tem. Afinal, a cidadezinha que mandei meus betas investigar é a mesma onde ela morava. Na verdade, onde ela e os Hales moravam. — Michael caminhou com passos pesados em direção a Camilla, mas tanto Patrick quanto Lauren se mantiveram firmes, segurando o alfa.
Peter segurou o braço de Emma e balançou a cabeça negativamente quando a beta mostrou querer ir para o centro da confusão. Peter, então, olhou para o sobrinho, notando que ele caminhava em direção a eles lentamente, mas ainda ao alcance da matilha de Lauren.
— Tudo o que você vai encontrar lá são minhas irmãs humanas! Então é melhor que seus betas não toquem em um fio de cabelo delas, porque senão você saberá por que eles me chamam de Killer Alpha.
Não gostando do tom ameaçador da alfa, Mike empurrou a barreira física dos outros alfas tentando caminhar em sua direção e, em resposta, ela expôs os dentes sobrenaturais, pronta para atacar.
— Ei, ei, vamos nos acalmar. — Zeke agarrou a cintura de Camilla e a puxou para longe de Mike, contornando-a e encarando a alfa com uma cara ameaçadora. — Você está do lado de Caçadores em vez da sua matilha?
— Minhas irmãs não são caçadoras! — Camilla retrucou irritada.
— Mas você vem de uma longa linhagem de caçadores. Irá se opor a nós quando lutarmos contra eles? Sua lealdade ainda está conosco, ou com sua família? — Zachary questionou com um brilho ameaçador em seus olhos.
— Não me importo com a minha família de sangue, não sou nada para eles desde o momento em que me tornei lobisomem. Morri por eles, e eles morreram por mim também. Eu me juntei a este grupo porque estava cansada de correr e me esconder, assim como vocês. Mas minhas irmãs são a exceção.
— Não importa o tipo de relação que eu tenha com elas; não importa que elas me odeiem pelo que eu me tornei, elas ainda são minhas irmãs, e eu derrubarei qualquer um que tente fazer qualquer coisa contra elas. — Jones explicou com os dentes rangendo, olhando para Mike impaciente e com raiva.
— Não precisamos ir a esses extremos, ninguém vai tocar em suas irmãs, — garantiu Lauren, mas Mike não aceitou isso.
— Você pode ter cortado laços com os caçadores, mas quem dirá que suas irmãs não trarão caçadores para vir atrás de nós? — Michael cutucou, e isso só fez o rugido dos lobisomens mais alto enquanto eles fechavam o círculo lentamente, ainda aguardando os comandos de seus alfas.
— Essa reunião não vai levar ninguém a lugar nenhum, só virará vocês uns contra os outros. — Peter se aproximou para tentar acalmar os ânimos, percebendo que, em pouco tempo, a falsa paz e cordialidade dos alfas acabariam.
— O que diabos você está fazendo? — Camilla perguntou quando ele parou ao lado dela.
— Volte para o seu lugar, Hale, — ordenou Patrick.
— Não. — Peter recusou, provocando rosnados furiosos entre os outros betas por seu desafio.
— Não? — Zeke questionou, enrolando o lábio superior ameaçadoramente, mas Peter se manteve firme.
— Metade de vocês está fora de controle e quer fazer da minha alfa um saco de pancadas. Então, não, não vou a lugar nenhum. — Ele se prostrou na frente de Camilla, protetoralmente, o que fez Jones se sentir estranha.
— Você tem alguma tendência suicida? — Camilla sussurrou entre os dentes, puxando o beta para trás.
— Ele tem razão. Mike está tentando nos incitar uns contra os outros, e vocês estão aceitando isso. — Lauren concordou com o beta e depois olhou para Zeke.
Até agora ela não tinha respondido à proposta dele, porque ela não queria aceitar, e agora o outro alfa estava vendo isso claramente.
— O que posso fazer se ele está certo? Ou você não concorda com ele? — Zachary questionou enquanto observava Lauren atentamente.
— Se você e ele virarem as costas para esse clã, tudo pelo qual lutei vai pelo ralo, então não, não concordo com ele. — Ela afirmou, cruzando os braços.
— Você vai ficar contra mim, é isso?
Houve um momento de silêncio e tensão entre o casal. Zeke ficou irritado, mas não surpreso que Laur estava enfrentando ele. Ele vinha percebendo há algum tempo que a lealdade dela não estava com ele.
— Foi você quem virou as costas primeiro. — Ela declarou com voz ofegante e lágrimas nos olhos, decretando em outras palavras que aquele era o fim deles.
— CHEGA! — Patrick gritou em voz alfa novamente, quando percebeu que nada poderia ser resolvido com amenidades.
— Michael, Zachary, ninguém obriga vocês a ficar nesse grupo. Mas no momento em que vocês saírem por essa porta, vocês sabem que terão inimigos aqui dentro. — Afirmou peremptoriamente, adotando finalmente uma posição defensiva em relação a toda a discussão.
— Eu não poderia me importar menos. — Michael decretou, levantando-se e sinalizando para seus betas. — Devíamos ter acabado com você no momento em que você chegou, mas agora não preciso de desculpas. — Ele acrescentou, olhando diretamente para Camilla.
— Vamos, temos caçadoras para matar. — Ele comentou com sarcasmo e um sorriso provocador para Jones.
⟡━━━ ※ ━━━⟡
NOTAS DE FIM DO CAPÍTULO
AGORA AS COISAS ESCALDARAM.
Os Alfas estão todos uns contra os outros, um líder superior secreto foi revelado + as verdadeiras intenções do Clã Usurpador, e Mike quer caçar as Jones.
Agora a guerra foi finalmente declarada e o próximo capítulo trará muitas mortes.
Consoante os cálculos, pelo menos 9 personagens de todos os apresentados até agora morrerão. Foi exatamente isso que eles leram, NOVE pelo menos. Porque não contarei com os figurantes que não têm nomes, e também não contarei com os personagens que não farão parte da luta, que são Zara, Felix e Drake.
Em outras palavras, temos - Peter, Derek, Cora, Isaac, Jackson, Amelia, Camilla, Elizabeth, Dorian, Jackeline, Erike, Raphael, Holly, Patrick, Michael, Lauren, Zachary, Emily, Joseph, Jared, Florence e Geneviv - 22 personagens nesta batalha e 9 deles morrerão.
Só quero dizer que há mortes de ambos os lados, seja da matilha usurpadora ou dos aliados. Então, faça suas apostas agora! E deixe-me lembrá-lo, ninguém está seguro, nem os personagens Principais...
Até a próxima atualização!
xPANDORAx