Floresta do Sul

By InTheClows

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• Livro I • Segundo livro já disponível: Colina do Sul. Chloe Lidell. Desde a barriga foi destinada a algo gr... More

Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXIII
Agradecimentos
Informações sobre o livro II
Curiosidades FS
Aviso extremamente importante
NOVIDADES DO LIVRO EM PAPEL
Aviso (leiam todos, inclusive os que ainda nao terminaram de ler, por favor)
Atualização Completa e Colina do Sul
Ainda há alguém aqui?
Por todos vocês

Capítulo XII

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By InTheClows

Quando todos foram atendidos e tudo parecia mais calmo, nós voltamos ao acampamento que agora estava vazio. Ainda havia fumaça fraca em alguns cantos, algumas barracas foram destruídas, outras não foram tão danificadas.

Meu peito ainda ardia, mas Scott recomendou alguns chás para melhorar e cuidou do meu braço. Rhys ficou lá o tempo todo, mas não falamos mais nada.

Quando estávamos no caminho de volta para o acampamento, ele andou a alguns metros de distância, me evitando de novo. Eu não disse nada. Não queria, sequer, pensar muito sobre aquele momento no Pântano, algumas horas antes.

Fui para minha barraca que, para minha surpresa, estava inteira e intocada, o livro ainda estava lá escondido, e as outras roupas também.

— Merda. — Ouvi a voz de Rhys um pouco distante.

Coloquei a cabeça para fora da barraca vendo ele em frente a sua totalmente destruída. O acampamento estava ligeiramente vazio, as pessoas deviam ter ido para o Pântano. Rhys sacode a cabeça e como se pressentisse que eu o encarava, se virou em minha direção.

Por um minuto ficamos em silêncio apenas nos encarando enquanto uma sensação estranha passava por mim. Finalmente ele se virou e começou a andar em direção ao Pântano, mas parou, respirou fundo e voltou até mim se agachando a minha frente.

— Vamos. — Pegou delicadamente, porém firme, sem me machucar, meu cotovelo e me ajudou sair da barraca. — Não é seguro ficar aqui sozinha.

Ainda meio atordoada, assenti e me levantei. Assim que estava de pé ele me soltou e começou a andar rápido. Tive que quase correr para acompanhar seu ritmo.

— Ei, devagar! — Reclamo quando já estamos dentro da floresta. Ele suspira, mas diminui a velocidade. — Obrigada.

— Estamos atrasados.

— Para quê?

— Reunião. — Diz ele como se fosse óbvio.

— Por que fomos atacados?

— Nada que deva se preocupar, está tudo bem.

— Não, não está não.

— Eu vou resolver.

— Você, de fato, parece o tipo de pessoa que sempre faz isso. — Observo. Rhys para na minha frente e eu cruzo os braços.

— Faço o que?

— Toma todas as responsabilidades para si. — Ele enrijece o corpo. — Me pergunto por que você é líder se é tão jovem, mas acho que o fato de você tomar todas as responsabilidades para si deva responder um pouco a pergunta. Você parece o tipo que assumiria uma guerra para que seu povo pudesse ficar bem. — Solto e Rhys fica quieto, apenas me encarando. Eu não mentira. Nos poucos dias que estive aqui — e acordada. —, eu podia ver o modo como ele agia com os seus e o modo com que se importava com eles. Como ele não diz nada e a forma que me encara me deixa inquieta, resolvo perguntar: — Por que atacaram? Quem eram?

— Legionários do Norte. — Responde ele, alguns segundos depois, e continuamos a andar. Ele ainda parecia... pensativo em relação ao que eu dissera. — Os ataques não são constantes, mas... Bom, vez ou outra acontece, é como uma disputa de território. Mas eles não conhecem o novo lugar que nos mudaremos, então ficaremos mais protegidos. As coisas aqui fora não são como dentro do Reino.

— Eu notei. — Murmurei baixinho.

— Eu sei que você deve estar... assustada. Eu... peço desculpas por não ter te protegido melhor. — E simples assim, mais perguntas me vinham a mente. Se Rhys estava de fato preocupado em me manter viva, por qual motivo eu estaria aqui? Não podia ser apenas para me converter ao seu grupo.

— Tudo bem. — Digo apenas. Ouvir ele pedir desculpas não era algo que achei que aconteceria em qualquer momento que estivesse aqui.

— Vi você lutar. — Comentou. Agora já estávamos bem próximo do Pântano. — Você foi ótima, fiquei impressionado. Onde aprendeu a lutar?

— Não sei lutar. — Enfiei a mão nos bolsos da calça quando um vento frio passou por nós, carregado de um cheiro de água e lama e folhas, vindo do lago do Pântano. — Apenas aprendi algumas coisas no orfanato quando um homem apareceu lá para dar algumas aulas para os garotos. Acabei entrando também. Eu não treinei muito depois que o Sr. Oliver, o treinador, foi embora, então eu também me impressionei pelo quanto consegui sobreviver contra aquele Legionário.

E então me lembrei que Rhys o matou. Na minha frente, para me salvar, ele o matou. Eu devia me sentir mal pelo homem, e ainda ficava tensa ao lembrar de seu corpo jogado, mesmo que eu não tenha visto muito com toda a fumaça; mas era ele ou eu. Ele não era inocente.

Assim como Rhys também não era...

— Você sabe lutar. — Contrariou ele. — Talvez possa treinar de novo. Imagino que era uma das melhores no orfanato.

— Quebrei o nariz de um garoto uma vez... — Soltei baixinho e Rhys arregalou os olhos e riu. Ele riu. Uma risada tão suave, tão espontânea e graciosa que sorri também. — Foi sem querer.

E quando já estávamos quase na porta da Cabana do Pântano, eu resolvi falar o que se passava na minha cabeça momentos antes:

— Você matou aquele Legionário para me salvar...

— Não queria que tivesse visto. — Qualquer resquício da diversão que estava ali sumira. As vozes vindas de dentro da cabana estavam tensas, não havia risadas ou diversão ali também.

Rhys abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas foi interrompido quando a porta se abriu diante de nós e Peter — Com o anel de volta. — nos encarou.

— Eu iria te procurar para a reunião... — Disse o gêmeo, e Rhys apenas deu um aceno de cabeça agradecido e indicou para que eu entrasse. Seja lá o que ele estava prestes a dizer antes de Peter abrir a porta, fora esquecido e jogado no ar.

Todos do acampamento já estavam ali dentro, empoleirados nas cadeiras e nos bancos ao redor das mesas. Todos vestidos de negro. Devia haver alguma coisa relacionada a cor do traje para os grupos, já que os Legionários do Norte estavam todos de vermelho.

Dressa parecia a um passo de voar para cima de mim quando me viu entrando ao lado de Rhys, mas quando este sentou-se ao lado dela, um sorriso vitorioso atravessou seu rosto bonito e cruel. De fato, eles combinavam; ambição de líder, faces impecáveis, mente argilosa e calculista. Tentei ignorar o revirar em meu estômago ao pensar nisso.

Me sentei ao lado de Patrick e outra pessoa que não conhecia. A nossa frente Dressa comentou alguma coisa no ouvido de Rhys que assentiu com um pequeno sorriso. Desviei o rosto.

O homem ao meu lado parecia ter minha idade, era alto, musculoso, olhos esverdeados e a pele bronzeada.

— Vi você lutando. — Disse ele. — Desculpe, sou Joseph.

Apertei sua mão estendida.

— Acredito que já saiba meu nome. — Sorrio fraco.

— Sim, Chloe. Você luta bem.

— Realmente, eu também vi. — Patrick disse, entrando na conversa.

— Aprendi pouca coisa no orfanato. — Apesar de um pouco constrangida, permaneço com o olhar suave e queixo erguido.

— Bom, foi incrível, e suficiente para dar tempo de Rhys te ajudar. Se não estivesse fraca devido ao... repouso de três dias, com certeza teria derrubado aquele desgraçado em um golpe. — Apontou Joseph, admirado.

— Sim. Eu tentei chegar em você para te ajudar também, mas sempre que acabava com um aparecia outro para me impedir. — Falou Patrick.

— Agradeço a preocupação. — E lanço um olhar sincero.

— Você tem talento, talvez eu possa te ensinar mais algumas coisas. — Joseph ofereceu animado. Sorri com a ideia. Seria perfeito. Seja lá o que estivesse me esperando a partir daqui. Talvez eu ficasse nesse lugar até descobrir o que realmente estava acontecendo, ou tentasse fugir de novo, mas de toda forma estar treinada me ajudaria e era algo que eu apreciava.

— Eu adoraria.

— Eu ensino. — A voz de Rhys era grossa e pesada, me lembrando de que ele estava ali em nossa frente e provavelmente ouvira toda conversa.

— Bom, — Eu disse, para aliviar o clima que, de repente, ficou pesado. – Gostaria muito de aprender novas coisas para me defender.

— Eu ensino. — Rhys repete.

— Mas Joseph pode ser um bom treinador também. — Solto, olhando para ele. Não sei se queria estar perto de Rhys em suas mudanças de humor repentinas durante uma luta.

Ele olha para mim por um minuto inteiro.
— A escolha é sua. Pode treinar com quem quiser. — Soltou por fim.

Dressa finalmente percebe que agora a atenção de Rhys está em mim e tenta fazer com que ele volte a conversar com ela e outra pessoa. O líder parece não ouvir o que ela diz enquanto me encara. Tento desviar o olhar, mas simplesmente continuo ali, sustentando.

— Sobre o que estão falando? — Dressa desiste de fazer Rhys ir para o assunto dela e tenta entrar no nosso.

— Não acha que sou um bom professor para ensinar Chloe algumas coisas, Dressa? — Joseph pergunta de um jeito inocente, lançando um olhar muito rápido para Rhys que não percebe pois ainda está me encarando. Me remexo desconfortável na cadeira.

— Por que ela vai aprender a lutar? — Dressa pergunta irritada ao invés de responder.

— Ela já sabe lutar. — Rhys finalmente desvia o olhar do meu, pegando a caneca de alumínio a sua frente. — Só precisa aprender novas coisas, técnicas, se aprimorar.

Dressa bufa cruzando os braços.

— Não há necessidade, ela não deve ficar entre... — Rhys lança um olhar fulminante para Dressa que se cala, revirando os olhos.

Não me abalo nem por um segundo por ela me querer longe. Eu ficaria feliz se a ouvissem e me mandassem embora daqui.

— Ela é boa em luta de corpo, talvez já pudesse começar treinando com espada. — Sugere Patrick e eu lanço um sorriso genuíno á ele, realmente feliz com a ideia.

— Essa garota não sabe lutar, se lhe der uma espada ela vai acabar cortando a própria cabeça. — Dressa descruzou os braços e tamborilou as unhas na mesa, arqueando as sobrancelhas. — Nesse caso... acho uma boa ideia, dê duas espadas.

Talvez, pensei maldosa, talvez eu de fato deva aprender alguns novos golpes de corpo, apenas para socar o rosto daquela loira.

Joseph pigarreia, tentando suavizar o clima novamente.

— Então, Dressa, quem acha que poderia ser um melhor treinador para Chloe? — Posso jurar que Rhys abafa um grunhido, enquanto a loira revira os olhos novamente, tão disposta a continuar naquela discussão irritante quanto eu.

— Joseph tem um bom jeito de ensinar. — Eu não precisava me dar o trabalho de apostar que mesmo se Joseph fosse tão bom como treinador como eu era em fugas, ela o teria indicado. Principalmente teria o indicado, torcendo para que ele acidentalmente me cortasse um braço.

— A escolha é dela. — Rhys aponta para mim com o queixo, ainda encarando sua caneca.

— Podemos começar a reunião? — Scar pergunta capturando a atenção de todos.

Ah, eu teria de agradecer a ele mais tarde porque eu realmente não queria responder aquilo agora.

Estava torcendo para reunião demorar para que eu não tivesse de dar minha resposta tão cedo, mas ela se passara em um segundo. Ou pelo menos para mim, já que não prestei atenção em nada porque estava perdida em meus próprios pensamentos.

Assim que todos começaram a levantar fiz o mesmo e tentei sair dali o mais rápido possível, mas, bom, desde que cheguei nessa floresta também não consigo andar ou ficar sozinha.

— Está animada para dividir sua cabana? — Peter pergunta, se aproximando e andando ao meu lado. Ele usava uma roupa diferente de seu irmão hoje, e meu cérebro agradecia silenciosamente por isso.

— Como? — Olho para ele sem entender.

— Você não prestou atenção em nada que Scar disse, não é?

— Hum, não... — Confesso sem graça.

Estávamos do lado de fora, quase na entrada. Rhys passou por nós olhando para mim de um jeito diferente. Não consegui o encarar por muito tempo.

— Posso fazer um resumo, você quer?

— Eu adoraria.

— Bom, vamos nos mudar deste lugar em breve, achamos uma cidade abandonada que parece um ótimo local para nós. Estamos esperando um pouco mais para... enfim, coisas do acampamento, mas nós vamos, em duas semanas ou até menos. Como você viu e sentiu na pele, fomos atacados. Isso as vezes acontece, são os Legionários do Norte, um bando de idiotas, já acostumamos a nos reerguer. Quando formos para Nevra e fizermos os muros, isso vai acabar. Com este ataque mais barracas foram destruídas e o nosso estoque acabou, então teremos que dividir nossas barracas.

— Ah, certo. — Suspiro desanimada. Não estava muito feliz em dividir a barraca com alguém. Quem seria? Um velho que ronca mais alto que um tiro? Uma senhora que não para de falar? Uma criança resmungona?

Bom, no orfanato não tínhamos quartos separados, mas todos eram obrigados a estar na cama calados. E era mais fácil dormir, então, não ouvia o ronco de ninguém.

— O que é Nevra?

— O nome que demos a esse novo lugar para onde iremos. — Explica Peter e eu assunto, imaginando que tipo de coisa esperar sobre esse novo lugar.

— Com quem vou dividir a minha barraca? — Indago segundos depois.

— Vamos descobrir agora.

Tomamos a direção do acampamento. Meu peito ainda ardia, mas era suportável. O vento límpido da floresta ajudava bastante. Chegamos no acampamento e todos estavam reunidos em um círculo. Me enfiei entre Peter e Patrick, prestando atenção no que Rhys falava.

— Pessoas que já tem três pessoas na barraca podem sair da roda.

Um bom bocado de pessoas saiu. A roda ficou notavelmente menor.

— Pessoas que tem duas pessoas na barraca levantem a mão.

Algumas pessoas levantaram. Rhys foi dividindo as pessoas até que todas que antes estavam com duas, ficassem com três.

No final foram divididas mais pessoas. Dressa acabou tendo de abrigar alguém na barraca dela também, o que a fez revirar os olhos. Suspirei contente quando a roda já havia sido toda desfeita e eu continuava sozinha. Me virei para sair, mas Rhys veio até mim.

— Chloe. — Paro no lugar. Me viro lentamente quando ouço sua respiração atrás de mim.

— Eu... vou ter que ficar na sua barraca.

— O quê? — Quase grito.

— Ah, não pode ser tão ruim assim. – Ele cruza os braços, sorrindo zombeteiro. Era a primeira vez que eu o via tão descontraído. Por um minuto pude esquecer que naquela mesma semana eu havia sido sequestrada em meu indesejado casamento, agredida e que fomos atacados ainda naquela manhã. Minha vida antes tão pacata parecia uma lembrança distante diante de tantos acontecimentos. — A minha foi destruída.

Volto a me concentrar em nossa conversa.
— Eu vi.

— E então?

— Não é como se eu pudesse escolher, não é?

Rhys apenas me encara, as sobrancelhas arqueadas, como se respondesse a minha pergunta e a resposta não era nem um pouco satisfatória.

Dou de ombros.

— Já faz algum tempo que não posso escolher mais nada em minha própria vida, então não faz diferença.

Rhys parece condolente ao me encarar agora, e descruza os braços.

— Eu não quis... — Antes que ele terminasse de falar, porém, um dos gêmeos o chama e Rhys se despede de mim com um aceno breve, indo fazer o que quer que fosse a urgência do momento.

Balanço a cabeça e me viro para ir de volta ao Pântano, mas algo me faz correr para minha barraca. O livro! Seja lá de quem fosse ele, com certeza, não deveria estar na minha barraca, e eu devia me sentir sortuda pelo dono não ter sentido falta dele no baú.

Assim que entro na barraca tateio o chão até sentir o formato da capa por debaixo dos edredons. Minha primeira ideia de apenas pegar o livro e devolver é varrida pela curiosidade e eu me sento com o livro sobre as pernas, pronta para descobrir seu conteúdo.

De todas as coisas que imaginei que aquela capa acizentada poderia estar guardando, jamais cogitara a hipótese de ser um álbum de fotos, e, principalmente, um álbum de fotos de Rhys. Apesar de ainda ser criança, a expressão e os olhos — o olhar — denunciavam. Seus cabelos eram tão pretos como Adamantina negra.

Fui passando as páginas presa por cada uma. Havia muitas fotos. Rhys ainda criança e correndo. Rhys brincando no mar. Rhys adolescente naquela mesma floresta em que agora eu estava. Rhys com uma mulher que parecia sua mãe. Acabei sorrindo sem perceber ao passar por cada página, e fiquei horas voltando do início e vendo tudo de novo, cada vez com mais atenção, tentando achar algo diferente.

Quando dei por mim, o sol já se punha e as pessoas estavam indo para o Pântano. Fechei o livro, pensando sobre aquela mulher que parecia sua mãe... Onde estaria ela agora?

Peguei o livro pronta para levar de volta ao baú antes que Rhys o visse. Com certeza, agora eu sabia, aquilo era dele. Mas antes que eu saísse da barraca, a pessoa que passei horas vendo suas fotos me chama do lado de fora.

— Não vai comer? Me disseram que não saiu dessa barraca desde que te deixei. Você está bem?

Não, não estou. O que eu faria com o livro agora?

— E-estou bem. Já estou indo.

— Está bem mesmo?

— Como se você se importasse. — Começo a procurar um lugar ali mesmo na barraca para esconder aquele livro. — Já estou saindo. — Digo, esperando ouvir seus passos. Quando ele se fosse eu poderia guardar o livro no baú e ir para o Pântano, como planejei.

— Estou esperando, então. — Ah, droga.

Acabo colocando o livro sob os edredons novamente. Não era o melhor esconderijo do mundo, mas teria de servir até que eu pudesse o colocar de volta no seu devido lugar. Saio da barraca um pouco apreensiva. Rhys está observando atentamente uma borboleta azul. Chessie. Ela bate as asas uma vez e voa de volta para a floresta.

— Seu braço está melhor? — Pergunta Rhys quando começamos a caminhar em direção ao Pântano.

— Não senti dor, o tônico que Scott recomendara é realmente ótimo. Mas não fora nada sério, de toda forma, a adaga passou de raspão.

— Talvez devesse andar com uma adaga também. — Observa ele e eu arqueio as sobrancelhas.

— Não tem medo que eu acabe matando você e fugindo? — Há uma diversão em meu tom de voz e ele sorri minimamente.

— Na verdade, não, não tenho. Mas contando que você quebrou o nariz de um garoto, talvez eu devesse. — Rio um pouco e seu sorriso aumenta.

— Peter dissera que possivelmente não haverá mais ataques quando formos para Nevra por ser uma cidade murada. — Comento após alguns segundos de silêncio.

— Sim, será mais seguro, mas também porque não conhecem o lugar, não sabem da existência de Nevra, então não haverá muitos inimigos ao redor daquela minúscula cidade. Ela fica ao extremo sul, bem mais longe de seus territórios.

Assinto e o silêncio retorna, mas é confortável. Penso em aproveitar o momento de trégua para perguntar sobre minha volta para o Reino, mas deixo a ideia de lado. Aquela trégua era instável, e esse tipo de pergunta poderia ser o fim da pequena paz que conquistamos entre nós. Eu não sabia por quanto tempo precisaria ficar, mas eu o usaria para treinar e aprender a lutar melhor, aprender a me defender e atacar, porque eu sabia que isso não me seria ensinado no castelo. Não. Lá as etiquetas eram delicadas, exigindo elegância suprema em qualquer tarefa, desde pegar um lenço no chão até piscar os olhos. E eu não queria me tornar aquele molde de novo, não de novo, não agora que eu podia ver o quanto eu mesma me decepcionara me modificando por outra pessoa.

Então, enquanto eu fosse obrigada a ficar nesta floresta enorme, eu aproveitaria para me tornar alguém que realmente queria: que sabe se defender e lutar.

***

Eu não falara com Rhys durante o jantar ou na volta para o acampamento. Ele havia se sentado em outra mesa para conversar com Scar na cabana do Pântano, Eu, novamente, ficara entre Patrick e Peter, conversando sobre coisas fúteis.

Quando chegamos ao acampamento, no entanto, eu me lembrei da situação em que Rhys e eu estávamos, dividindo a mesma barraca, e quis correr quando o vi caminhando tranquilamente em minha direção. 

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