Os Sons da Guerra - O Urso e...

By LeoOliveira4

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Há quase 250 anos os sulistas vieram de uma terra longínqua chamada Beldara , atravessando o Mar Chuvoso, em... More

Epílogo - O Urso e a Serpente.

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Erikard Erikson - 56. O. 237 D.T

 O céu estava tristonho como cinzas. As imensas coníferas da mata dos lobos estavam sem suas folhas. E um vento gelado percorria incessante pela floresta. 

 O condão Erikard seguia à cavalo desde Astorin, junto de seu filho, o pequeno Erik, e um grupo de guerreiros para a colina dos deuses na mata dos lobos, em Yus eles se encontraram com o jovem condin Took, este veio com dois guerreiros, que traziam um prisioneiro a pé para ser sacrificado no ritual de passagem de Erik.

 Enquanto o grupo ia passando por perto do rio dos lobos, o jovem Took chutou o prisioneiro de cima de seu cavalo e sorriu, chutou novamente e o prisioneiro desviou o olhar com sua face de raiva. 

- olhe pra mim! – falou Took. Era um jovem careca e mal encarado como o pai, ele vestia uma capa verde quadriculada e portava um arco e flechas de madeira e aço. 

 O prisioneiro apenas cuspiu no chão e falou na língua sulista – seu selvagem nojento! Que Elbe amaldiçoe suas famílias e os mande para o castigo eterno! – ele parecia ser um guerreiro honrado, tinha uma longa capa avermelhada e roupas finas, só estavam sujas pelo o tempo passado no calabouço de Yus.

 Took apenas riu e disse – o que esse idiota tá falando? – e deu uma breve pausa – fale minha língua sua puta sulista! – acrescentou ele é deu com a sola da bota no rosto do prisioneiro. 

 Os cavalos tiveram que parar, o prisioneiro estava caído no chão, ele estava sangrando e gritou de dores. Erikard olhou a cena, mas preferiu não falar nada, apenas observar. 

- seu desgraçado, Edman tomará o norte e vocês todos arderam no castigo eterno seus ratos nortenhos! – gritou o prisioneiro. 

 Took desceu de seu cavalo e chutou o prisioneiro várias vezes até que Walterson interveio.- Took, com você chutando dessa forma não teremos mais um homem para sacrificar! Aí teremos que sacrificar você ao invés dele! Ou acha que o condão vai voltar para Yus só para pegar outro prisioneiro por que você matou o último?! - falou ele calmamente. Era um homem calmo e hábil com seu martelo de cabo longo, a arma dada a ele por seu pai. Ele vestia uma roupa de couro, usava um chapéu redondo e um cachecol de lã listrado em preto e branco. 

 Took apenas riu sarcasticamente e disse – Mil desculpas condin Walterson! Serei mais cauteloso desta vez! – e deu outro chute.

 O prisioneiro gritou de dores, desta vez o chute pegou na cabeça dele, que pegou a capa suja para estancar o sangue.

- Que Elbe amaldiçoe o resto de suas vidas seus selvagens imundos comedores de merda! – falou ele 

 Took deu uma gargalhada maléfica e cuspiu no prisioneiro, mas quando Erikard desmontou e se aproximou ele se afastou, Erik estava perto de Oswald. Um homem velho com uma longa barba, ele é o último guarda do urso do vale. Ele trajava sua armadura de ferro rudimentar e portava sua lança laminada. Todos também desmontaram e ficaram de guarda em silêncio. 

- você passou muito tempo preso no calabouço de Yus, sulista! esse Edman de quem fala, o rei daquela terra chuvosa ao sul, chamada de Dimarquia, já morreu há anos! – falou Erikard na língua dos sulistas. 

- como você sabe a minha língua?! – perguntou o prisioneiro apavorado.

- acha que sua Deusa o salvará de minha espada?! Acha que ela virá agora aqui e mim impedirá de mata-lo como bem entender?! – perguntou Erikard e deu um mero sorriso. 

- ache Elbe dentro do seu coração mi lorde e tenha piedade de mim, assim como Elbe é misericordiosa com nossos pecados.

 Erikard olhou para o prisioneiro com um olhar calmo e imparcial, ele estava chorando de joelhos e rezando algumas coisas em voz baixa; Esses sulistas são estranhos! Acreditam em Elbe?! deve ser uma Deusa ou coisa parecida, mas o que ela fez por eles? se os nossos deuses já fazem por todos! E ele não falou nada de outros como ela, como irmãos, pais, filhos... 

- quem é Elbe, sulista? – perguntou Erikard. 

- Elbe é a única dona de toda a sabedoria, Deusa mãe do profeta Ellai! A criadora do mundo! 

 - como ela é? – perguntou Erikard. 

- Ela é linda como as nuvens ao vento e como o raiar do dia, bela igual a uma noite de luar e tem um amor como de nenhuma outra mãe no mundo – falou o prisioneiro. 

- perguntei como são seus cabelos, olhos, essas coisas! Não saber de poesias... 

- o profeta Ellai foi o único digno homem que à viu um dia, quando era apenas um bebê e estava mamando em um de seus seios, e essas são algumas palavras que ele usou para descrevê-la. 

- como você pode acreditar que uma mulher criou o mundo? – insistiu Erikard ao dar um sorriso sarcástico. 

 - Tudo que existe foi gerado aos olhos de Elbe, em seu ventre, e é pela graça dela que estamos aqui hoje!- Você acredita em uma Deusa que manda seus fiéis para morte?- Se estou aqui hoje implorando por minha vida é por algo que eu fiz no passado e a desagradou, é um castigo justo! - disse o prisioneiro. 

- Aaaaaah! Os sulistas creem em uma Deusa que julga e pune os seus próprios fiéis! É meio difícil de entender! 

 O prisioneiro deu uma risada e disse. 

- seus deuses são histórias de criança lá no sul! Apenas lendas contadas por velhos e livros antigos! 

 - Nossos deuses estão tão vivos quanto a sua! – falou Erikard olhando nos olhos do prisioneiro calmamente - Torgson! – chamou. 

- Senhor?! – respondeu Torgson rapidamente. Era um homem de meia idade forte como um urso e todo tatuado com runas e tribais, seus cabelos eram grisalhos e ele tinha três cicatrizes no peito, tinha duas grandes adagas e vestia uma calça de couro. 

- acho que o sulista fala demais! Dê um jeito nele! 

 Torgson apenas falou – sim condão! – e pegou um osso fino e um pouco de fibra vegetal de sua pequena bolsa de couro. Ele segurou o rosto do prisioneiro com força enquanto ele se debatia.- por favor não! tenha piedade de mim! – gritou o prisioneiro desesperado. Torgson apenas falou para ele se calar e começou a costurar a boca dele. Apos alguns minutos o trabalho estava feito, a boca do prisioneiro estava selada, mas ele ainda gemia de dores e chorava como uma mulher no parto. Assim que Erikard montou em seu cavalo, o negro brilhante, todos também montaram nos seus. O condão então se aproximou do prisioneiro, o encarou por alguns segundos de uma forma calada e ímpar. 

- Uma vez que ousar negar aos nossos deuses na próxima vida, você vai lembrar do que aconteceu nesta e não fará o mesmo erro! 

 O prisioneiro arregalou os olhos como se estivesse assustado. Então Erikard foi perto do velho e pegou Erik em seus braços e o colocou em frente sua cela, ele parecia muito nervoso com o que aconteceu, e Erikard percebeu isso rápidos como flecha. 

- o sulista estava nos ofendendo, falando mal do nosso povo, por isso mandei Torgson fazer aquilo! Um dia você será o condão do norte, quando eu me for e terá que lembra-los de nossa força também! – falou ele.

 O pequeno Erik ficou em silêncio por alguns segundos e perguntou.- mas como o senhor entendeu? Ele falou em uma língua estranha!- é a língua dos sulistas filho! Chamam de Novo Beldariano no sul! 

- Pai! Quem são estes sulistas? 

- histórias contam que eles são descendentes dos homens que vieram do mar chuvoso há mais de duzentos anos e lutaram pela terra com os nativos daqui, os sulistas conquistaram a terra e os nativos vivos foram obrigados à fazer as coisas do jeito sulista e perderam a essência de suas raízes. Apenas nós, os homens do norte! Restamos desses povos e mantemos nossas raízes vivas, por isso não podemos tolerar nenhuma ofensa! 

 Erik apenas ouviu e acenou com a cabeça. 

- eu o ensinarei quando voltarmos para Astorin, ensinarei seu irmão também, quando ele crescer um pouco mais!

- seu pai o ensinou essa língua? 

- não, meu pai nunca soube lê ou escrever! O meu professor era Aad Guher, um homem muito sábio, ele nasceu para os lados do sul depois do grande mar, em uma terra onde os palácios são de ouro e pedras preciosas. Ele disse que estava estudando a nossa língua para um rei sulista chamado Tiverus Bartan. Então meu pai obrigou ele a me ensinar e eu aprendi! É bem útil as vezes! 

- Então quero que o senhor me ensine! – falou Erik.

 Com isso o grupo seguiu as margens do rio dos lobos e encontrou um caminho rochoso em uma parte mais alta da margem do rio. De repente Erikard ouviu um bramir de urso bem alto. Ele olhou para os lados e não viu nada de urso. 

- ouviram? – perguntou Erikard. 

- É um urso, condão! – alertou Flavinson. Este era um homem magro e cabeludo, com tatuagens rúnicas no rosto e uma barba trançada, ele vestia uma roupa de couro e uma capa de cascas de árvore. E quase sempre estava com seu cachimbo de fumo. 

- Aonde Flavinson?! 

 - No Rio lá embaixo! 

 Erikard e os outros foram olhar, notaram um grande urso nortenho, um bicho grande de pelagens amarronzadas, comendo algo. 

- aquilo que ele está comendo parece uma serpente esbranquiçada?! – disse Walterson. 

- vamos seguir, ele não vai nos incomodar – falou Erikard.

- eu o matarei condão! – falou Took tirando uma flecha de sua aljava e esticando o arco. 

 Antes que Erikard pudesse para-lo, ele atirou uma flecha em direção ao urso, mas pegou só de raspão, o grande urso bramiu e notou o grupo mais acima e bramiu outra vez. 

- Garoto Estúpido! – falou Erikard com os nervos à flor da pele. 

- desculpas condão! Eu apenas queria mata-lo! – disse Took. 

- Oswald! proteja Erik junto com os cavalos! – alertou Erikard ao velho – o destino quis que enfrentássemos esse bicho e é o que faremos – completou ele. 

 O enorme urso foi correndo em direção à eles, subindo por sobre as rochas acinzentadas com ferocidade. 

- barreira de escudos! – gritou Walterson. 

 E todos pegaram seus escudos redondos de madeira coloridos com os feições ferozes dos deuses e se armaram, Erikard portava a espada ancestral da sua família, a Lâmina do Norte, era rude, larga e azulada como um rio.  

 O grupo se alinhou em uma fileira com escudos colados uns nos outros, mas o urso deu apenas uma patada e alguns escudos caíram como grãos no chão. Took atirou mais flechas e o urso o golpeou com uma patada no pescoço, um de seus guerreiros jogou o prisioneiro para perto do urso e foi ajuda-lo, enquanto isso o prisioneiro gritava de dores, pois o urso o devorava ainda vivo. 

- antes que as coisas existissem, Elbe já era Deusa e sonhava conosco em seu ventre! – falou o prisioneiro como últimas palavras.

 Erikard ouviu aquilo e ficou meio confuso, pois não entendia a fidelidade desses sulistas com sua Deusa, mas ele viu naquela brecha de tempo uma boa oportunidade. 

- vamos atacar agora! – sussurrou ele. 

 Eles se aproximaram do bicho sorrateiramente e Walterson deu uma martelada na cara dele. Flavinson também atacou e o furou com sua espada fina alguma vez. Torgson correu para cima dele e o furou no ombro com sua adaga, o outro golpe não deu certo, então o urso lhe deu uma mordida na barriga. Neste momento Erikard pulou em cima das costas do grande urso, ele se sacudiu muito, mas Erikard conseguiu furar o couro do bicho com sua espada e com muito esforço ele a puxou para baixo fazendo um grande corte nas costas do urso, que bramiu bem alto e em seguida se contorceu de dores e caiu sem forças. 

- já te chamam de caçador de lobos e de quebrador de rebeliões, mas do que te chamarão desta vez? – falou Flavinson com um sorriso. 

- os deuses trouxeram este urso até você, acho que seu filho deve ser ritualizado aqui com o sangue dele! – disse Walterson. 

- Mas a colina dos deuses fica mais acima! – falou Torgson. 

- Não é todo dia que os deuses mandam um urso para o ritual de um garoto nortenho! Temos que fazer aqui! - Erik! venha aqui! – chamou Erikard.

 O pequeno garoto foi até ele e Erikard passou a mão em sua cabeça, depois pegou um pouco do sangue do urso e pintou o rosto de seu filho quatro símbolos, um no queixo, um na testa e um em ambas as bochechas, todos pegaram um pouco do sangue do bicho e passaram como um rastro sobre os rostos. Walterson sacou de sua bolsa de couro runas de ossos, pedras e madeira representando os deuses e as colocou formando um círculo sob sua capa estendida no chão. 

- A partir de hoje! Perante os deuses e os homens, Erik Erikson, filho de Erikard, o matador do urso é um homem do norte assim como seus ancestrais foram um dia! E terá que honrar a sua terra e seu povo! Para os presentes aqui hoje com marca de sangue, Erik, você aceita o seu destino? – disse Walterson.

 - Sim Walterson! – falou Erik com rapidez. Neste momento Torgson retirou um pouco do sangue do urso em um pequeno copo de madeira e entregou a Walterson. 

- Erik! Estenda a mão direita! – falou ele.  

 E o garoto estendeu, Walterson fez um simples corte na palma dele e derramou um pouco do sangue contido no copo, o resto ele deu para Erik beber e ele deu um grande gole no copo. 

- agora escolha o deus que te acompanhará em sua jornada e te protegerá nas batalhas da vida! – falou Walterson e apontou para as runas no chão.

 Erik se aproximou e olhou para todas, pegou uma delas e a guardou em sua mão ensanguentada. - mostre-me, garoto! – falou Walterson.

 Erik estendeu e abriu a mão com um pequeno osso curvado e fino. 

- Mitiga! – clamou Walterson – Mitiga é seu deus patrono, o senhor dos dragões, o criador dos homens e rei das tempestades.

 Neste momento alguns pingos tímidos de chuva começaram a cair levemente do céu acinzentado. Erikard olhou para o céu e veio como um aviso, sentiu os pingos no rosto e em seus cabelos. 

- Mitiga enviou chuva para você Erik! – falou ele entusiasmado O garoto riu e olhou para o céu, Erikard também sorriu. 

- Torgson! Flavinson! Retirem a pele do bicho, ela me aquecerá no próximo inverno! – falou o condão.

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