Ilusão (Fanfic de Guns N' Ros...

By veronicuslaxl

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"A ilusão é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção..." More

I- O Início
II- Kissing in the dark
III- Pecado
IV- Oh, Axl...
V- Anjo
VI- Ciúmes
VII- Love & Pain
VIII- On Fire
X- Goner
XI-Heroin
XII-Anjo da guarda
XIII-O Caminho para o Desastre
XIV-O Fundo do Poço
XV- A Hell Tour (Parte I)

IX-Monstro

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By veronicuslaxl

-Nota inicial-

Já sabem, aconselho a ouvirem a música na capa. E preparem-se para muito drama :*

Enjoy

---

-Ponto de vista do Izzy-

Senti algo húmido a bater contra o meu peito, e abri os olhos. Alguns cabelos ruivos, ensopados em lágrimas e suor escorriam pelo meu peito nu, enquanto uma das mãos branquinhas e húmidas de Axl tremia, as suas unhas cravadas no meu braço no braço. A sua cara virava constantemente sobre o meu peito, e as suas pernas remexiam e afastavam os lençóis, atirando-os para o chão. Eu deduzi que estivesse a ter outro pesadelo, então pensei que talvez fosse melhor acordá-lo.

-Axl...acorda-sussurrei, tocando-lhe de leve no ombro. Ele abriu os olhos, assustado, e sentou-se rapidamente na cama, arfando. Tinha os cabelos colados à testa e estava tão pálido quanto a parede. Sentei-me também ao seu lado, afastando as almofadas, e bocejei, verificando as horas. Ainda era de madrugada.

-Estavas tão bem ontem, Ax...-comentei, passando-lhe a mão pelo joelho-Sonhaste com...com ele?-eu estava obviamente a referir-me a Slash. Pelo menos, tem sido o fantasma dele nos últimos tempos.

Axl olhou-me, nervoso, e abanou a cabeça. Ele não parecia nada bem.

-O que aconteceu?-perguntei num tom preocupado, aproximando-me. Axl  não disse nada, apenas fitou o vazio silenciosamente-Axl?-afaguei-lhe a perna, e aproximei-me dele. Afastei-lhe os cabelos da frente, e segurei a sua cara nas minhas mãos para que ele me olhasse-Eu só te quero ajudar...

-Abraça-me-interrompeu-me.

-Hm...ok-abri os braços e aproximei-me dele para o abraçar, beijando-lhe a cabeça. Ficámos assim durante alguns momentos, até eu me afastar dele, ainda confuso.

-B-beija-me...-murmurou. Assenti com a cabeça e inclinei-me, acariciando-lhe a bochecha. Dei-lhe um simple e doce beijo nos lábios, e separei-me um pouco, ficando a apenas alguns centímetros dele. Admirei as suas feições, tão suaves e belas-Mais...-murmurou, e eu curvei-me para o beijar novamente, desta vez de verdade. Segurei-lhe as ancas, à medida que a minha língua ia adentrando a sua boca doce. Axl entrelaçou os dedos nos meus cabelos, suspirando entre o beijo, o seu nariz a roçar com o meu, os seus lábios macios a dançarem com os meus.

Eu adorava estes momentos tão íntimos entre nós. Era como se não houvesse nada a separar-nos.

Continuámos a beijar-nos até ficarmos sem ar. 

-Ok, e agora?-perguntei, afastando-me, mas sem parar de o olhar-Vais contar-me o que aconteceu?

-E-eu n-não possoo...-disse, limpando algumas lágrimas que caiam silenciosamente dos seus olhos. O que é que ele estava a dizer? Porque é que ele não me podia contar? Sinceramente, Axl estava a deixar-me preocupado, mas é claro que eu não poderia deixar transparecer isso.

-Axl, o que quer que tenha sido, foi só mais um sonho-suspirei, pegando-lhe na mão-Não podes deixar que isso te afete ainda mais.

Axl fechou os olhos ligeiramente avermelhados e respirou fundo antes de me responder.

-Tens razão-disse, embora ainda não parecesse muito convincente.

-Apenas...não penses mais nisso, bebé-respondi, num tom suave-Agora vem cá.

Axl corou e parou, mordendo o lábio e agarrando os lençóis.

-O que foi?-perguntei, embora eu soubesse muito bem o que eu tinha dito.

-Bebé-repetiu baixinho, corando ainda mais. Argh, ele estava tão fofo que eu só queria pegar nele e apertar-lhe as bochechas.

-Awwn, gostas?-perguntei, provocando-o. 

Axl assentiu com um sorriso, e aproximou-se de mim. Tomei-o pela cintura e puxei-o para o meu colo em resposta. 

Eu sempre quis fazer isto. Abraçá-lo e tê-lo nos meus braços, beijá-lo quando quisesse. Saber que ele é meu. E eu sempre pensei que fosse impossível.

Até agora.

Axl pousou a cabeça no meu ombro, bocejando. A sua mão passeou pelo meu corpo até se encontrar com a minha, e entrelaçámos os dedos. Era isto, estes pequenos momentos que nós partilhávamos que eu adorava tanto e procurava aproveitar até ao último momento. Não que algum de nós vá...morrer agora, ou algo assim, mas é o que dizem...nunca se sabe o dia de amanhã. Ok, pensando bem...não, é melhor não pensar nisso. 

Estávamos em silêncio, mas num silêncio confortável, já que não precisávamos de palavras para descrever o que sentíamos. Afastei-lhe alguns cabelos da cara para lhe poder beijar a têmpora, e acariciei-lhe os cabelos. 

-Eu adoro quando fazes isso-disse. Os seus lábios a vibrarem contra a minha pele enquanto ele falava provocaram-me um arrepio instantâneo.

-Eu sei...-sussurrei, com um riso suave-É por isso que eu o faço.

Intensifiquei um pouco a minha massagem, ouvindo-o ronronar quase como um gatinho.

-Já alguma vez pensaste em tirar um curso de massagem?-perguntou, virando a cara para mim. Deixou a sua mão escorregar pelo meu peito, acariciando a minha pele quente.

-Hmmm...-murmurei, pensativo-Só se puder fazer as massagens em ti.

-Com todo o prazer-riu-se.

-Ponto de vista do Slash-

Mais um cigarro no chão, mais uma garrafa vazia. Mais um tiro no escuro, erros atrás de erros.

Eu estava deitado na cama, a fitar o teto. Quanto mais bebia, sentia-me a sufocar nas minhas lágrimas, que eu tentava afundar no álcool.

-Slash...eu vou ter de sair...-disse ela, levantando-se da cama e abrindo as portas do roupeiro-Tenho de trabalhar.

Não respondi. Eu não tinha nada a dizer, era consumido pelo vazio. 

-Slash, está tudo bem?-ela aproximou-se de mim, já quase vestida, e sentou-se na beira da cama-Eu sei que não te conheço há muitos dias...-ela coçou a cabeça-Mas acho que devias parar um pouco...O que quer que seja o teu problema, o álcool não o vai resolver.

Lentamente, ela foi-me tirando a garrafa da mão, pousando-a no chão.

-Pronto-disse esta, fechando as gavetas com as garrafas e afastando os cigarros. Olhei para o lado, suspirando e afundando a cara na almofada, desesperadamente.

Não me entendam mal, Meegan é uma boa rapariga. Eu e ela conhecemo-nos num bar esta semana, depois de eu ter passado uma noite na rua. Eu não me podia habilitar a passar outra noite no mesmo sítio, especialmente ao lado daqueles sem-abrigos com sorrisos estranhos...É melhor não ir por aí. A questão é que eu precisava de um sítio para dormir de graça, e eu sabia que isso ia custar-me...algo em troca, portanto bastava-me encontrar uma puta qualquer, satisfazê-la da melhor maneira possível e depois tentar convencê-la a deixar-me ficar com ela. E bom, todos sabemos que os melhores sítios para encontrar mulheres são bares, particularmente os a rua da Sunset.

E foi aí que a encontrei. Mas no momento em que eu a olhei, eu soube que Meegan não era uma mulher qualquer. Ela não era vendida como as outras, ou com um aspeto demasiado chamativo ou obsceno, mas sim...formal. Na realidade, eu lembro-me que ela vestia umas calças pretas, uma blusa azul, uma jaqueta também preta e maquilhagem discreta, ao contrário das strippers com que eu costumava dormir, onde às vezes tínhamos de parar um momento para nos perguntarmos se haveria cara naquela maquilhagem toda.

Todavia, Meegan não era assim. Ela era inteligente e perspicaz, notava-se logo que ela não vinha do submundo de Los Angeles. Mais tarde, descobri que ela vivia num dos apartamentos mais caros do centro da cidade, e era uma das advogadas mais reconhecidas, apesar da sua pouca idade.

"-E como é que uma advogada tão elegante e...bem-comportada veio parar ao meio da selva?"-perguntei eu, com um sorriso provocante. Bem, eu não me sentia exatamente atraído por ela mas...ela era bonita, e além disso tinha de fazer os possíveis, certo?

"-Digamos que estava à procura de alguma diversão..."-respondeu, tomando outro gole do seu copo de vinho, sem parar de me olhar.

"-Então eu acho que tenho o que procuras..."-sussurrei, aproximando-me da sua orelha. Lambi-a, eu sabia que isso deixava as mulheres loucas.

"-Vem comigo"-ela disse, puxando a minha mão e levando-me para fora do bar, até ao seu carro. Entrámos, os dois bastante ansiosos e trocando alguns olhares pelo caminho.

Subimos de elevador, e entrámos no apartamento dela, às escuras. Logo aí, levei as minhas mãos às suas ancas e prensei-a contra a parede, fechando a porta com o pé e beijando-a ferozmente. Tirei a sua jaqueta, assim como a minha, e continuámos assim até ao seu quarto, onde eu a deitei sobre a cama.

Gatinhei por cima dela e comecei a desapertar-lhe os botões da blusa, depois as calças. Mordi-lhe o pescoço, ouvindo-a suspirar, e tirei-lhe as cuecas impacientemente. Nem esperei para tirar as minhas calças, apenas desapertei o fecho e desci os boxers, procurando por um preservativo no bolso de trás das calças, que pus sobre o meu membro.

Levantei-lhe um pouco as pernas, e entrei dentro dela lentamente para não a magoar, embora eu não estivesse assim tão ansioso quanto isso. Pousei as minhas mãos sobre os seus seios, acariciando-os, e desapertei o seu sutiã branco, acelerando um pouco mais o ritmo. Ela estava de olhos fechados, mãos presas nos meus braços, e soltava suspiros baixos.

Só que...Eu não conseguia pensar nela, eu só conseguia pensar nele.

Em como Axl sorria, na sua voz, nos seus suspiros baixos e no seu corpo delicado. Quando eu disse que o amava, quando beijei as suas cicatrizes e prometi amá-lo e cuidar dele para sempre.

E em como ele se debatia e chorava e gritava naquela noite. Nas suas lágrimas espalhadas pela almofada quando eu me despedi na manhã seguinte...Eu não conseguia tirar os gritos da minha cabeça.

Eu era um monstro.

"-Oh, Slash...mais rápido"-pediu Meegan. Obedeci-lhe, porque eu só queria que acabasse. Tentei não pensar mais em Axl, mas eu já tinha um nó na garganta.

Suspirei, e dei-lhe com um pouco mais de força, ouvindo-a gemer e a cama a ranger. Olhei para os seus seios macios e para os seus cabelos, admirando a maneira como saltavam sobre os lençóis. Ela era bonita, sim. Mas eu preferia estar sobre aqueles mamilos pequeninos e eriçados, o piercing que me deixava louco, as tatuagens coloridas e os cabelos ruivos que brilhavam à luz dos primeiros raios da manhã.

"-Mhmm..."-gemeu, de olhos fechados e respiração apressada-Só mais um pouco, querido...eu estou tão perto..."

Só mais um pouco. Sim, só mais um pouco.

"-Ahh...OH"-calei o seu gemido com um beijo, sentindo o seu corpo a contorcer-se num orgasmo. Atingi o meu também, sem conseguir evitar um pequeno gemido, e dei-lhe uma última estocada. 

Saí dela cuidadosamente, deixando-me cair ao seu lado na cama.

E desde aí, as coisas não têm sido muito diferentes. Sexo, ela sai para trabalhar, comemos, vemos televisão, dormimos...Mas eu não lhe posso mentir mais.

-Meegan, eu preciso de te contar uma coisa...-sussurrei, sentando-me na cama. 

-Estou a ouvir-ela disse, sentando-se também ao meu lado na cama.

Respirei fundo, de olhos fechados, antes de conseguir encará-la para lhe contar a verdade.

-Eu estou apaixonado por outra pessoa...-murmurei, brincando com um fio solto do lençol da cama. Não, eu não ia conseguir olhá-la nos olhos enquanto dizia isto.

Meegan riu-se. Sim, ela riu-se.

-Eu sei-ela disse, pegando-me na mão, e eu olhei-a, chocado.

-T-tu sabes??-perguntei.

-Tu falas durante o sono-ela disse, rindo-se.

Engoli em seco.

-E-e o que é que eu disse exatamente?-perguntei, brincando com as minhas mãos nervosamente.

-Axl...sim, disseste Axl várias vezes, que estavas apaixonado...e mais uma dezena de coisas que não consegui entender-disse, de maneira pensativa-Não sei quem é essa tal Axl, mas se a amares tanto como a disseste amar nos teus sonhos, então acho que estás aqui a perder tempo.

Estremeci ao ouvi-la dizer o seu nome.

-Eu não posso ir atrás dele...dela-corrigi, tossicando-Eu cometi um erro...-murmurei-Um erro que não tem perdão.

Ela olhou-me, passando a mão pela minha perna.

-Bem, se ela te ama...então todos os erros têm perdão-respondeu. Eu agradecia muito o facto de ela estar a tentar ajudar-me, mas...ela não percebia a gravidade da situação. 

Abanei a cabeça.

-Não estás a entender, Meegan...O que eu lhe fiz...-Escondi a cara entre as mãos-Eu sou um monstro...-chorei, com a voz partida. 

Ela tomou uma respiração profunda.

-Olha para mim-disse, tomando a minha cara lavada de lágrimas entre as mãos-Slash, eu conheço-te há poucos dias, mas acho que sei o suficiente para dizer que tu NÃO és um monstro. 

Suspirei.

-Mas tu não sabes o que eu fiz...-respondi, pousando a minha mão sobre a sua.

-Esqueces-te que sou advogada-sorriu-Já conheci muitos monstros para dizer que tu não és um deles.

Desisti de argumentar.

-Obrigada-dei-lhe um sorriso fraco. Meegan murmurou um "De nada", e abraçou-me, deixando-me sem palavras. Ela estava a ser tão...simpática comigo, e eu não entendia o porquê. Eu estava apaixonado por outra pessoa, a ocupar espaço no apartamento dela, descarregando todos os meus problemas, e ela ainda me ajudava.

-Bem, eu tenho de ir trabalhar agora...-disse, afastando-se e levantando-se, à procura dos sapatos-A escolha é tua, Slash...mas eu acho que devias falar com ela e tentar resolver as coisas. 

-E se não resultar?-perguntei, brincando com a almofada.

-És sempre bem-vindo aqui-respondeu, voltando a aproximar-se de mim. Deu-me um beijo na bochecha.

-Meegan, eu não sei sinceramente como te agradecer-murmurei, pegando-lhe nas mãos-É raro encontrar uma mulher como tu. Nunca ninguém se importou tanto comigo...-admiti. Eu nunca fui muito bom com palavras, especialmente agradecimentos.

-Slash, eu apenas trato as pessoas como gostaria que me tratassem a mim-sorriu-Não tens de me agradecer.

Esta mulher é um verdadeiro anjo na terra, sem dúvida.

-Bem, já está na hora-disse, olhando para o relógio. Pegou na mala e nas chaves, e andou em direção à porta-Tens comida no frigorífico. Ah, e qualquer coisa, liga-me, ok?

Assenti com a cabeça, despedindo-me dela.

-Ponto de vista do Steven-

-Steven...-ouvi uma voz familiar-Steven, acorda...

-Ugh...só mais um bocadinho-murmurei, ainda de olhos fechados e com a voz sonolenta. Tentei ajeitar um pouco a almofada, parecia-me um pouco dura e...

Oh.

-A sério, nós temos de sair daqui, Steven...-Duff segredou, tocando-me no ombro.

Eu tinha-me esquecido completamente. As câmeras, Axl e Izzy...

Duff e eu.

Abri os olhos, e levantei a minha cabeça do peito de Duff, tentando pretender que não tinha acontecido nada ontem.

-Tens razão-respondi, levando a mão à minha cabeça, que latejava-Vamos.

Levantei-me e peguei nos cobertores que tínhamos trazido, mas não sem antes dar uma vista de olhos no televisor novamente, não podíamos correr o risco de sermos apanhados a sair do sótão juntos.

-Duff, olha-apontei para a câmera do quarto. Axl estava a dormir no colo de Izzy, que o admirava, ainda acordado, e lhe acariciava os cabelos ruivos.

-Ele ama-o-comentei, perante o olhar atento de Duff-De verdade.

Duff não me respondeu, apenas continuou a olhá-los de maneira pensativa e depois para mim, em silêncio. Eu só gostaria de saber no que ele está a pensar...o que é que o que aconteceu ontem significou para ele.

-V-vamos-disse, deixando de fitar o vazio e dirigindo-se à porta do sótão, abrindo-a.

Peguei nas coisas novamente, e desci as escadas atrás dele, cautelosamente.

Só resta saber qual é o papel de Slash no meio disto tudo.

-Ponto de vista do Axl-

Acordei ao sentir o cheiro de comida vindo da cozinha. Curioso, destapei-me dos lençóis e levantei-me da cama, mas soltei um pequeno gemido ao sentir uma dor aguda no meu rabo. Tentei ignorá-la, e peguei no meu robe azul escuro, vestindo-o. Porque eu sabia que o problema não era realmente esse.

O problema era o meu pesadelo. 

E eu não o conseguia tirar da cabeça, apesar de tudo o que Izzy me disse. Eu nunca, mas nunca tinha sonhado com nada assim. Era...era tão triste e vazio...trágico. Já tinha tido pesadelos com o meu padrasto, pesadelos com Slash mas...aquele pesadelo foi pior que isso tudo junto.

E eu precisava seriamente de me distrair.

Passei pela porta aberta do quarto, em direção à cozinha.

Encostei-me à mesa, observando Izzy. Ele estava de costas, já vestido, e à frente do fogão, de onde vinha o cheiro. Espera...ele estava a cozinhar? Que tipo de milagre era este?

Então ele virou-se, percebendo que alguém o olhava. Desviei o olhar, corando.

Izzy deixou o que estava fazer, e andou até mim, com um enorme sorriso.

-Bom dia-disse, deslizando as mãos até à minha cintura e inclinando-se para me beijar, porém, eu desviei a cara.

-Izzy, não-respondi, olhando para a porta. Ele ignorou-me, e continuou a beijar-me o pescoço-Eles podem aparecer...

-Ninguém vai aparecer, bebé-corei ao ouvi-lo chamar-me bebé de novo-O Steven e o Duff saíram há pouco-pousou a mão na minha bochecha, gentilmente.

-Oh-murmurei.

-Estamos sozinhos...-inclinou-se para me dar um beijo simples nos lábios-E...eu fiz-te panquecas.

-Então foi esse o cheiro que me fez acordar-respondi, rindo-me.

-Provavelmente-Izzy afastou-se para procurar um prato nos armários, enquanto eu me sentava à mesa-Sabes, eu acho que nós não comemos nada de jeito há muito tempo. E pensei que talvez não fosse mau variar um bocadinho...

Sentou-se ao meu lado, e pousou o prato das panquecas.

Roubei uma, e comi, satisfeito.

-E então?-perguntou, ansioso.

-Ótimas-comentei, enquanto já tirava a outra do prato. É o que dá não comer nada bom há meses-Mas eu preciso de saber, desde quando sabes cozinhar?

-A minha avó ensinou-me umas coisas-admitiu, apoiando a cabeça sobre a mão enquanto me observava a comer quase tudo de uma só vez.

-E só as começaste a pôr em prática agora?-ri-me.

-Eu pensei que te fosses rir da minha cara se eu te dissesse que sabia cozinhar-suspirou, mas com um sorriso.

-Provavelmente-comi a penúltima panqueca, deixando a última só para ele não dizer que eu tinha comido tudo, e estendi-lhe o prato. Yap, é assim que as coisas funcionam comigo. E ele sabia muito bem as condições de cozinhar para mim, então ele nem reclamou, apenas riu-se e comeu a última.

-Ok, e o que é que vamos fazer a seguir?-perguntei, curioso. Eu sabia que ele tinha planeado o dia todinho, primeiro porque era sábado e nenhum de nós tinha de trabalhar, e segundo porque nos últimos dias o principal objetivo dele tem sido distrair-me, o que eu tenho de admitir que tem funcionado bastante bem.

-Eu pensei em darmos um passeio-disse, brincando com a minha mão-Até a um sítio especial...Podíamos fazer comida e levar, tipo um piquenique. Mas já sabes...vou deixar a teu critério...-Izzy acariciou-me a perna, aproximando-se um pouco e tentando fazer-me entender de forma NADA subtil o que ele queria dizer. Parece que o Izzy que eu costumava conhecer está a sair do armário bem depressa. (N/A: socorro 😂)

-Nem penses-cruzei os braços-Ainda estou dorido por causa de ontem.

-Ok, ok, tudo bem-Izzy levantou-se, e beijou-me a testa-Já venho.

Levantei-me também, mas só para me sentar no sofá e ligar a televisão. Sim, ver um pouco de televisão ia ajudar-me a distrair, porque eu nunca mais me queria voltar a lembrar daquele sonho. Sentia-me num estado super-preguiçoso, e o pior é que eu sabia que tinha dezenas de músicas para acabar de escrever, contas por pagar e mais uma tonelada de situações para resolver, mas a semana de trabalho tinha-me deixado completamente exausto. Mesmo assim, eu gosto de imaginar que, um dia, o meu único trabalho vai ser a banda, que vamos ter milhões de fãs e que eu vou ter dinheiro suficiente para morar numa daquelas mansões excêntricas em Malibu, e adotar uma dezena de animais.

E, por falar em animais, senti algo peludo a tentar deitar-se no meu colo.

-Roxy!-exclamei, fazendo-lhe automaticamente uma festinha na cabeça. A pequena cadela rolou no meu colo e virou-se de barriga para cima, arfando e abanando a cauda. Ela tinha desaparecido há alguns dias atrás, mas como era uma cadela de rua, achámos normal e decidimos não dar demasiada importância, até porque nós não tínhamos grande coisa com que alimentá-la, e era provável que talvez ela tivesse encontrado um lugar melhor para viver. De qualquer das maneiras, e apesar de não termos grandes condições para a ter, eu estou feliz por ela ter voltado. Os animais conseguem sempre animar-me, sabem? São criaturas tão inocentes e puras, sem problemas ou preocupações, que são capazes de amar e obedecer aos seus donos incondicionalmente. Não são capazes de magoar ou maltratar pessoas, apenas pedem um pouco de amor e carinho, e fazem-nos sentir felizes quando mais precisamos.

Estava entretido a brincar com ela, quando ouvi a campainha a tocar. 

-IIZZZYYYYYY-gritei, virando a cabeça-PODES IR ABRIR A PORTA??

Sim, eu sei que podia perfeitamente ter-me levantado e aberto a porta, mas como eu disse, eu estava preguiçoso e não me apetecia levantar do sofá.

Esperei alguns segundos, até ouvir a resposta.

-ESTOU NA CASA-DE-BANHOOO-gritou, do outro lado do apartamento.

-Aff-bufei, afastando Roxy do meu colo, e levantei-me para ir abrir a porta, sem me preocupar muito com o facto de estar só de robe e boxers. A estas horas, só podia ser a senhoria a reclamar de termos a renda em atraso. Mas o mais engraçado é que essa mesma senhoria (e neste caso estamos a falar de uma senhora de cerca 50 anos de idade) tem uma espécie de paixoneta por mim, então sempre que ela vem cá eu abro a porta de boxers, desvio a conversa, digo algumas frases obscenas e observo-a babar-se e esquecer-se completamente da razão pela qual veio bater-nos à porta. Na realidade, eu acho que ela acredita mesmo que eu sinto alguma coisa por ela. Provavelmente não sabe que andar de boxers é a minha religião.

-Ponto de vista do Slash-

-Ok, Slash, acalma-te, eles vão abrir a porta, eles vão abrir a porta...-respirei fundo e disse para mim mesmo, enquanto rezava para que não fosse o Axl a abrir porque eu não consegui preparar nada para dizer, ou seja, eu ia ter de improvisar, e eu sou péssimo em improvisar. Exceto quando estou a tocar, claro. 

Ouvi o trinco da porta, e depois a porta a abrir-se rapidamente e...

Adivinhem quem abriu a porta? Exatamente. 

-Olá...-murmurei com um sorriso tímido. Eu juro que não tinha qualquer noção do que estava a fazer.

-Adeus-Axl interrompeu-me com um olhar aborrecido, preparando-se para me fechar a porta na cara.

-E-Espera!-gritei, segurando a porta antes que ele a fechasse-Ahm...

-Sim??-Axl perguntou num tom irritado, ainda a fazer força para que esta se fechasse.

Rápido, Slash, pensa.

-Nós...nós precisamos de ensaiar!-gritei. Ainda bem que tinha trazido a guitarra.

-Ai sim?-Axl rosnou-Bem, e se eu te disser que NÃO fazes mais parte da banda? 

-Não podes fazer isso-arrisquei-O concerto é na próxima semana, vocês não vão conseguir um guitarrista novo até lá. E além disso, se me tirarem da banda, vão ter de explicar ao Duff e ao Steven o porquê de o terem feito, e isso implica explicar a história toda.

Axl deteve-se por uns instantes, ele sabia que eu tinha razão. 

-O Steven e o Duff não estão cá-respondeu-Não podemos ensaiar agora.

-Alguém disse Duff?-perguntou este, surgindo subitamente das escadas, e acompanhado por Steven-Slash! Não te via há uma semana, o que é que te aconteceu man?

Tentei lançar um olhar rápido a Axl, que simplesmente desviou o olhar, ignorando-me. Isto estava sinceramente a frustrar-me, mas tudo bem, eu entendo. Era tudo merecido, e eu sabia disso.

-Ahm...questões pessoais-respondi, coçando a cabeça-Tive uma prima minha que morreu a semana passada e...ela morava na Pensilvânia, então foi uma viagem um bocado longa...

-Entendo-respondeu Duff, embora eu tenha notado um olhar ligeiramente cético que optei por ignorar-Lamento, dude-disse, dando-me uma palmadinha no ombro.

-Oh, não tem problema, eu também não a conhecia assim tão bem-respondi, embora estivesse a morrer por dentro para que esta conversa acabasse-Mas tu sabes, por respeito à família e isso tudo...

Steven e Axl estavam apenas a olhar-nos sem saber ao certo do que estávamos exatamente a falar. 

-Claro-disse Duff, preparando-se para mudar de assunto. Aleluia-Então, já que estamos aqui todos...significa que vai haver ensaio?

Axl bufou baixinho e tentou escondê-lo, mas eu ouvi perfeitamente.

-Parece que sim...-respondeu, abrindo mais a porta, embora de má vontade.

-Ponto de vista do Izzy-

Assustei-me um pouco quando ouvi o barulho de móveis a serem arrastados na sala, então abri a porta e saí do quarto, interrogando-me o que raios é que Axl estaria a fazer.

-Oh, hey, Iz-disse Steven, tentando empurrar a mesa para o lado-Dás-me uma ajudinha aqui?

-Mas que porra estão a fazer?-perguntei, confuso.

-Vamos ensaiar-respondeu Duff, ajudando Axl a puxar o sofá para trás.

-Aqui??-perguntei.

-Estás a ver mais algum sítio onde o possamos fazer?-retorquiu. Encolhi os ombros. Bem, eles tinham razão quanto a isso. Aproximei-me de Steven, e ajudei-o a empurrar a mesa contra a parede.

-Hey, vocês não acham que nos está a faltar um...-virei-me imediatamente para me deparar Slash, lançando-lhe o olhar mais mortífero de sempre.

Ele encarou-me, assustado, e engoliu em seco, pousando o amplificador que transportava no chão nervosamente. Sem me importar com mais nada, caminhei até Slash, peguei-lhe no pulso e arrastei-o para fora da sala, sentindo os olhares tensos dos outros sobre nós.

Entrei no quarto com ele, fechando a porta com o pé, e encostei-o contra a parede, segurando-lhe pelo colarinho da t-shirt.

-O que é que estás aqui a fazer, idiota??-gritei, mas não demasiado alto, eu não queria que Duff e Steven nos ouvissem.

-Hey...h-hey, va-vamos com c-calma, ok?-gaguejou, levantando as mãos numa tentativa de defesa-Eu sei que fui um filho da puta e que vocês não me querem ver à frente...-suspirou-...e eu entendo isso, mas nós temos de ensaiar. E quer queiram ou não, vocês precisam de mim. Como um guitarrista.

Dei um passo atrás, respirando fundo. Eu estava a tentar pensar no que ele disse, e ao mesmo tempo a tentar controlar-me para não o esmurrar também. Mas eu não podia agir por impulso e simplesmente empurrá-lo daqui para fora, como eu queria fazer...Nós precisávamos dele para tocar, para o bem da banda. Esta banda precisava de funcionar, tinha mesmo de funcionar. Eu já tinha passado por tantas outras, e tocado com tanta gente, e nunca tinha sentido a química musical que senti no nosso primeiro ensaio. Éramos um grupo de pessoas, a tocar todos juntos pela primeira vez, e soávamos como se tivéssemos feito isto durante anos. Era incrível, e por muito que me custasse nenhum de nós estava disposto a deitar isso a perder.

-Ok-disse, por fim-Mas vais manter-te à distância de Axl. E sabes que também não te vou deixar a sós com ele, não sabes?

-Sei-assentiu pesadamente, de cabeça baixa.

-Eu juro, se lhe tocares de novo eu parto-te a cara-ameacei-o.

Slash levantou a cara, enfrentando-me.

-Podes poupar as ameaças para ti, ok?-disse, num tom irritado-Eu sei o que fiz, Izzy, eu sei que sou um monstro e tudo o que insistas em chamar-me. É verdade, eu errei, e o que eu fiz não tem perdão. Mas não tens de lembrar-me disso constantemente, entendes? Eu também estou a sofrer com isto tudo-

-Oh, olhem para ele!-interrompi-o com um grito, num tom irónico, agitando as minhas mãos no ar e olhando à volta. A fúria estava a consumir-me rapidamente-OUVIRAM ISTO? ELE ESTÁ A SOFRER!!

-Izzy, por favor, acalma-te-pediu-Eles podem ouvir-te!

-E ENTÃO?-apontei-lhe um dedo ao peito. Eu estava fora de mim, e isso era raro-TENS MEDO QUE DESCUBRAM O QUE FIZESTE, É? 

-Não é isso!-defendeu-se, mas eu já estava a agarrar-lhe pela t-shirt de novo, e sem notar já lhe tinha desferido um murro carregado de raiva no nariz.

Slash desequilibrou-se com um pequeno gemido, levando a mão à cara. Olhou-me, chocado, porém, não me atacou de volta.

-SIM, FAZ-TE DE VÍTIMA, IDIOTA-Eu sentia o meu sangue a ferver-SABES O QUE ELE SOFREU?? SABES PELO QUE É QUE ELE TEVE DE PASSAR DE NOVO?-levantei-o, forçando-o a olhar-me, e empurrei-o novamente contra a parede.

-EU NÃO SEI O QUE ACONTECEU, OK?-Slash respondeu, soluçando-EU PERDI O CONTROLO, ENTENDES?? NÃO ERA EU!!

-Desculpas...-sussurrei de maneira agressiva e provocante, ao seu ouvido-É o que fazes melhor...monstro...sim, monstro. Queres que repita?-Senti Slash a estremecer-se de raiva-MONSTRO!! ÉS UM MONSTRO!!

-EU NÃO SOU UM MONSTRO!-Percebi que tinha descoberto o ponto fraco dele à medida que ele me atingia com toda a força no estômago. Caí no chão, mas levantei-me de novo rapidamente, e fiz-lhe uma rasteira, atirando-o também para o chão.

-Agora sim, estamos a falar-cuspi as palavras enquanto atingia Slash várias vezes na cara, mas ele não deixou barato, e pegou no candeeiro mais próximo e deu-me com ele na cabeça, o que quase me deixou a ver estrelas.

Trocámos vários insultos, enquanto nos agredíamos com toda a força que tínhamos.

-Hey...HEY!!-Ambos ouvimos vozes a entrarem no quarto, mas ignorámos. O ódio que tínhamos um pelo outro naquele momento era mais forte.

Senti algumas mãos no meu corpo a tentarem separar-me de Slash, e os gritos de Steven a pedirem-nos que parássemos, mas a adrenalina da luta era mais forte, e embora eu sentisse a minha cabeça a começar a andar à roda e o típico sabor metálico do sangue a escorrer dos meus lábios, não parei.

Os braços de Duff e de Steven sobre os nossos corpos não nos podiam impedir. 

Mas havia algo que sim.

-PAAAREEEEEMMMMMMMMM-um grito estridente ecoou pelo quarto, pelo apartamento, pelo prédio e provavelmente pelo bairro inteiro. Congelámos nesse mesmo instante, mais parados que estátuas e olhámos todos para Axl, que arfava, com lágrimas à beira dos olhos

-Parem, por favor...-sussurrou, a sua voz partida e magoada.

-Nota-

Então, eu improvisei o final todo 😅 Mas espero que tenham gostado, já sabem que drama é o meu forte haha

Próximos caps: Alguns segredos de Slash serão descobertos...E ele não pretende desistir de Axl assim tão facilmente. Enquanto isso, Izzy vai tentar defender o seu amor à força toda. 

Steven e Duff também terão algumas surpresas...e diversão, muita diversão *cof cof* 

Quem irá ganhar? Slash ou Izzy? Será que Duff e Steven vão descobrir o que aconteceu? Ou estarão demasiado...distraídos...para o fazer?

Ou talvez...tenhamos o misterioso pesadelo de Axl revelado.

Fique connosco e descubra a verdade nos próximos episódios (ou seja, daqui a umas 3 semanas porque a escritora é extremamente preguiçosa e tem demasiadas fanfics para atualizar :')

Kisses


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