Coração de Ômega(Romance Gay)...

By SPFCoust

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Hades era só mais um dos centenas de garotos sem sorte que moravam em um vilarejo pobre e abandonado pelo rei... More

Introdução.
Capítulo 1:Um garoto na neve
Capítulo 2:Estranhos Visitantes
Capítulo 3:Um Último Beijo
Capitulo 4:Neve, Visões e Monstros
Capítulo 5:Lendas e Realidade
Capítulo 7:Ômega
Capítulo 8:Belezas Perigosas
Capítulo 9:Bailes, Nobres Idiotas e Confusão.
Aviso
Capítulo 10: Escolhas Difíceis
Capítulo 11:Mentiras Veladas e Verdades Dolorosas
Capítulo 12:Monstros de Gelo e um pouquinho de chá.
Capítulo 13:Invasão.
Aviso
Capítulo 14:Batalha no Castelo
Capítulo 15:Segredos Revelados
Capítulo 16:Ascendência e Visitas Familiares
Capítulo 17:Homens Voadores
Capítulo 18:Fadas e Sexo
Interlúdio 1.
Capítulo 19:Ressaca e Arrempedimento
Interlúdio 2
Capítulo 20:Confissões de um lobo apaixonado.
Capitulo 21:Guerra
Capítulo 22:Demônios e mais confissões apaixonadas
Capítulo 23:Capital Real e Esqueletos no armário
Capítulo 24:Viagens e Degradação.
Capítulo 25:Sobre quem você é..
Aviso.
Capítulo 26:Prelúdios e Surpresas
Capítulo 27:O Corvo e a Serpente
Capítulo 28:Despedida e Reunião
Capítulo 29:Primeiro Contato.
Aviso.
Capítulo 30:Memórias de Você.
Capítulo 31:As peças se movem
Capítulo 32 (Reta Final):Bebê!?
Capítulo 33(Reta Final):Traição e Ameaças
Capítulo 34(Reta Final):Início da Discórdia.
Capítulo 35(Reta Final):Invasão a Capital
Antepenúltimo Capítulo:A Arte de Sobreviver
Penúltimo Capítulo:Prelúdios de uma Tragédia
Final:Fim da Magia.
Epílogo.
SEGUNDO LIVRO !

Capítulo 6:Castelos e Lobos

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By SPFCoust

Acordei sobre uma superfície macia enquanto meu corpo reclamava de dor. Raios de sol aqueciam minhas pálpebras dormentes e me faziam querer levantar, porém, quando tentei me mover, nada aconteceu. Meu corpo continuou imóvel como uma pedra. Usando toda a minha força, consegui abrir meus olhos me deparando com um grande espaço, cheio de móveis lustrosos e decorado com quadros elegantes nas paredes.

Percebi que estava em uma cama, não uma feita de feno como em um estábulo qualquer que eu estava acostumado dormir. Essa era grande, macia e fluída, quase como se ela se fundisse com minha pele. Era uma sensação estranha e nova. Era um tipo de tecido, talvez?. Não sabia dizer. Ela era mesmo enorme, como tudo no quarto também era aliás e então, em meio a minha confusão mental, as lembranças da luta contra a fera e logo depois, da aparição do grande lobo negro surgiram bem vívidas na minha cabeça me fazendo ficar inquieto.

Não foi um sonho ruim..

Onde eu estava? Onde estavam o comandante e os outros? Será que estavam bem, será que estavam seguros? Minha mente se enchia com perguntas na medida em que a força do meu corpo voltava. Com muita dificuldade, sentido cada músculo das minhas pernas protestar, consegui ficar de pé.

Minhas roupas tinham sido trocadas. Alguém fez isso enquanto eu dormia. As de couro que eu usava tinham sumido do meu corpo e no lugar delas, roupas finas e brancas me cobriam por inteiro. Leves e macias como plumas, eram tão confortáveis que passavam a impressão de que eu estava nu. Minha mente voltou a ficar enevoada de repente e por um momento quase cai na cama outra vez.

Tudo estava tão confuso...

O que tinha acontecido?!Eu precisava sair daqui para descobrir. No canto mais distante do quarto, avistei uma grande porta avermelhada. Era a minha saida desse lugar, pensei, indo até ela. Quando cheguei, tentei abri-la, forçando-a para o lado de fora, mas não deu certo. Eu estava trancado?!Tentei usar minha magia para abri-la a força, mas quando chamei por ela, meu corpo latejou, em aviso, como se dissesse que era inútil.

Maldição

Olhei em volta e vi uma varanda. Era por onde os raios de sol entravam e caminhei com dificuldade até ela. Se eu conseguisse fugir pulando dela poderia encontrar Tuck e os outros e assim dar o fora daqui. Mas fui tolo em pensar que daria certo. Pois assim que cheguei, percebi que estava há muitos metros acima do chão e abaixo de mim, uma linda paisagem verde e florida se estendia por um imenso jardim. Sem minha magia era impossível escapar por aqui e embora uma parte de mim tenha ficado bastante decepcionada, a outra não pôde deixar de ficar extasiada contemplando uma vista tão maravilhosamente exótica e colorida abaixo de mim.

Era incrível.

Eu, que tinha passado a vida toda convivendo com o branco forte e uniforme da neve, estremeci de fascínio vendo tanto verde se mesclando graciosamente a outras cores. Eu, que nunca tinha visto uma única flor sem ser congelada, fiquei hipnotizado ao ver, abaixo de mim, um jardim inteiro cheio delas.

Respirei fundo, absorvendo o calor da manhã penetrar minha pele suavemente, como nunca tinha feito em Frost. Seja onde eu estivesse, ficava bem longe do frio gélido e morto de onde cresci. Mas a questão aqui era, o lugar era seguro?. Escutei o som da porta sendo aberta e me virei, alerta e assustado.

Era uma mulher de aparência calma, baixa e de idade. Carregava consigo uma muda de roupas em silêncio e de cabeça baixa. Quando viu a cama vazia, vasculhou o quarto com os olhos até me encontrar prostrado na varanda da janela obsevando-a de volta.

Então sorriu, um riso obviamente amarelo, nervoso e cheio de medo. Ela não era uma ameaça e provavelmente era um serva deste local, percebi. Quando a mesma se aproximou, fez uma leve reverência cheia de classe. Alguns fios de seu cabelo preso e mal cuidado cairam-lhe sob a face ressaltando o quão mal cuidada estava.

---A senhora pode me dizer onde estou?_perguntei, desconfortável e nervoso.

Seus olhos verdes me fitaram confusos e ela arfou, surpresa.

Seja lá o que eu tenha feito, pareceu estranho pra ela e por isso me preocupei, pois, desde que pôs seus pés neste cômodo, eu soube que a minha única chance de sair daqui estava guardado dentro das suas mãos. Se eu tivesse a sua chave, andar por aqui seria bem mais fácil.

---O senhor está em Toca do Lobo_.respondeu, encarando o chão enquanto apertava as roupas contra si.---O grande castelo dos Lordes do Norte... O famoso castelo branco, dos grandes lobos do rei...

Fiquei surpreso. Toca do Lobo?Como tínhamos chegado aqui tão rápido?A última lembrança que eu tinha era das grandes estacas de gelo atravessando o habitante de gelo e de tudo escurecendo. Não me lembrava do resto da viagem e nem de nada sobre meus companheiros depois disso.

---Quanto tempo fiquei desacordado? _perguntei, aflito.

---Quase uma semana senhor.._repondeu ela receosa, pondo a roupa na cama.---O Lorde do castelo já estava preocupado com sua saúde.

Uma semana?!

Teria o feitiço que eu lancei me causado tanto dano assim?Me forcei a lembrar mais detalhadamente da memória da luta. Naquele hora, minha magia tinha ficado louca, tão desesperada para ser liberada que nem precisei pensar. Ela explodiu de dentro de mim quase que por vontade própria. Talvez tenha sido por pouco, mas eu quase morri de exaustão.

Me aproximei dela e a mesma se afastou abruptamente ,parecia com medo de mim. Logo supus que, ou ela estava ciente das minhas habilidades ou então, não estava acostumada a ser tratada como uma pessoa e, em ambos os casos, isso era bem ruim.

---Não se preocupe..._falei, vendo-a me fitar de esguelha.---Eu não vou fazer nada a você e não precisa me chamar de senhor... Eu não sou nobre.. Sou só um simples cidadão, como você. Pode me chamar de Hades, se quiser. Eu não ligo.

Ela pareceu surpresa

Pelo visto, a realeza não devia ser muito igualitária com aqueles que a serviam, o que não me surpreendeu em nada. Sempre soube como eles eram com os que consideravam " classe inferior". Uma vez ouvi através de um mercador em Frost, que havia um nobre do leste que adorava colocar coleiras nos empregados e tratá-los como cachorros. Eram uma classe cruel e cheia de hábitos estranhos.

A mulher sorriu, dessa vez um riso de verdade, ainda acanhado, mas ainda assim melhor do que o riso falso de antes. Depois disso se aproximou de mim, mais calma, avaliando meu rosto a procura de algo, talvez permissão para chegar mais perto.

---Hades.. Meu Lorde ordenou que eu lhe trouxesse esta vestimenta para que usasse assim que recobrasse a consciência_avisou ela, apontando para a roupa na cabeceira da cama.---Ele também me pediu para ser avisado de seu estado.. Então, se me permite, devo informa-lo agora. Ele anda muito impaciente desde que você chegou..

Depois do aviso, fez uma reverência educada, deu outro riso tímido e saiu do quarto.

---Espere!!_gritei, tentando alcança-la---Me deixe ir com você!!

Obervei-a sair do quarto sem poder fazer nada. As chaves, minha unica chance de fugir, tinha ido embora com ela. Derrotado por minha própria fraqueza, caminhei até a cabeceira da cama com dificuldade e peguei a roupa que ela trouxe, sentindo sua textura fina e macia acariciar minhas mãos, suave como uma nuvem. Assim como quase tudo nesse lugar, era confortável demais e ainda assim, não me senti nenhum pouco aliviado por causa dela.

Olhei ao redor receoso.

Então este grande palácio era o meu destino?. Será que minha mãe andou por entre os corredores desse lugar no passado? Pensar nisso me deixava ansioso e assustado ao mesmo tempo. Tinham muitas coisas que eu precisava saber e nessas horas, a ausência de Franklin doía em mim ainda mais. Se ele estivesse aqui, me acalmaria com um dos seus abraços macios e me diria que tudo ficaria bem.

Precisava ser forte como ele.

Sem perder tempo com besteiras, tratei de cumprir a vontade do Lorde. Logo vesti a roupa, toda em tons de vermelho sentindo minha pele arrepiar irritada. Ao contrário do que era esperado, o macio exagerado me deixou desconfortável a ponto de querer arrancá-la de mim. Sempre dormi no áspero dos celeiros. Meu corpo já tinha se acostumado ao toque duro do feno contra ele. O mais perto que já cheguei de um tecido na minha vida foi quando minha mãe ainda era viva e por isso essa roupa me incomodava.

Vasculhei o quarto e percebi um enorme espelho no canto e por me sentir curioso sobre como estava,fui até ele e céus.. eu estava acabado.

Meus cabelos negros desgrenhados e opacos sobre meu rosto pálido e cheio de olheiras me davam a impressão de morte. Minha boca estava cheia de rachaduras e minha face de pequenos arranhões quase já cicatrizados pelo tempo. Eu parecia um zumbi. Se Franklin me visse desse jeito agora, provavelmente me diria para tomar cuidado para não parecer um throl do pântano antes dos trinta anos. Ele saberia como me animar, ele sempre sabia.

Não.. Eu tinha que parar...

Pensar no que Franklin diria não o traria de volta, eu tinha que entender isso de uma vez. Ele estava longe de mim e provavelmente nunca mais nos veríamos de novo. Decidi voltar para a janela e esperar que alguém aparecesse logo. Queria parar de me lembrar dele usando a linda paisagem como distração e assim me concentrar no que era importante. O significado da minha vinda até aqui. Será que próprio Lorde, que tanto requisitou a presença de minha mãe, viria me ver pessoalmente?

A impaciência me dominava a medida em que eu refletia sobre o fato de que, finalmente, minhas dúvidas sobre minha mãe seriam saciadas. Íliria Boullevard deixaria de ser um mistério e passaria a ser alguém novo. Cada parte de mim vibrava de ansiedade por isso, tanto que, minutos depois, eu já tinha voltado até a porta na esperança de conseguir abri-la outra vez.

Forcei suavemente um dos lados e dessa vez, ela se abriu facilmente. A senhora... Ela tinha deixado a porta aberta de propósito?! Avaliei o local antes de sair, queria saber se estava vazio e para minha sorte estava. Eu poderia sair. Poderia ir para onde eu quisesse sem que ninguém me visse e por um momento, quase fiz isso. Só não o fiz porque me dei conta de algo importante.

Eu não tinha para onde ir.

Eu era um estranho em lugar desconhecido que se quer sabia como tinha vindo parar aqui. Não conhecia nada e nem ninguém. Estes jardins por mais belos que fossem, este clima por mais agradável e sereno que fosse eram de outro lugar onde eu nunca havia vindo antes. Franklin, assim como tudo o que eu conhecia e amava tinham ficado para trás, enterrados sobre a densa neve de Frost em um inverno terrível.

Voltei para dentro do quarto e me sentei no chão. Era ilógico tentar fugir depois de todo o trabalho em chegar aqui. Eu precisava me acalmar e torcer para que objetivo do Lorde para mim fosse algo passageiro e que eu pudesse voltar para casa. E então esperei, sentindo cada segundo durar uma eternidade, sentado em posição fetal no piso frio do quarto imaginando como seria minha vida daqui para frente ou se ao menos eu teria uma.

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