Jogo de Máscaras

By AliceHAlamo

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Não era para ser difícil ou perigoso, era para ser relaxante e prazeroso, apenas isso. Que ironia... Como se... More

Capítulo 1 - Vista sua Máscara
Capítulo 2 - Tire sua máscara de inocente
Capítulo 3 - Tire sua máscara de puritano
Capítulo 4 - Vista sua máscara de bom amigo
Capítulo 5 - Vista sua máscara de bom partido
Capítulo 6 - Tire sua máscara de cara paciente
Capítulo 7 - Vista sua verdadeira máscara
Capítulo 8 - Vista sua máscara de felicidade
Capítulo 9 - Tire sua máscara de insegurança
Capítulo 10 - Vista sua primeira máscara
Capítulo 11 - Tire a máscara dos outros
Capítulo 12 - Vista sua máscara de enfermeiro
Capítulo 13 - Tire sua máscara de frieza
Capítulo 14 - Vista sua máscara de Mentiroso
Capítulo 15 - Vista sua máscara de protetor
Capítulo 16 - Vista sua máscara de Sasuke
Capítulo 17 - Vista sua máscara de honestidade
Capítulo 18 - Tire a máscara do seu adversário
Capítulo 19 - Vista sua máscara de Apaix-..., quer dizer, de viciado
Capítulo 20 - Vista sua máscara de cumplicidade
Capítulo 21 - Tire sua máscara de sob controle
Capítulo 22 - Tirem suas máscaras sociais
Capítulo 23 - Vista sua máscara de traído
Capítulo 24 - Tirem suas máscaras de protegidos
Capítulo 25 - Vista sua máscara de bom entendedor
Capítulo 26 - Vista sua máscara de ingênuo
Capítulo 27 - Vistam suas máscaras de aliados
Capítulo 28 - Tire sua máscara de encurralado, ainda há saída
Capítulo 29 - Vista sua máscara de John Dillinger
Capítulo 30 - Tire sua máscara de amigo leal
Capítulo 31 - Vista sua máscara de desespero
Capítulo 32 - Vista sua máscara de Giselle
Capítulo 33 - Vista sua máscara de precaução

Capítulo 34 - O cair das máscaras

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By AliceHAlamo

  Capítulo final, gente ='(


Hiashi conversava tranquilamente com Orochimaru e a senadora Mitashi enquanto a exposição prosseguia. Não havia visto o sobrinho e, como de praxe, ele não atendia o celular. Pensou em ligar para Ten-Ten, contudo, fora naquele momento que esbarrou, sem querer, em Orochimaru junto à senadora.

Olhou ao redor ao ouvir a voz da artista ressoar pelo salão:

— Senhores, senhoras, caros convidados, chegamos ao momento da surpresa desta noite. O salão audiovisual está aberto! Entretanto, como devem ter notado, há duas cores de máscaras nesta exposição, e isso não foi sem propósito, afinal, tudo na arte possui uma finalidade, não é? — Ela riu, cordial. — Primeiro, entrarão no salão todos os que estiverem com a máscara branca. Depois, a preta. Espero que gostem do que preparamos!

Hiashi enfim reparou nas máscaras.

— Ótimo! — a senadora tomou à frente. — Estamos todos de branco. Vamos, senhores?

Hiashi queria negar, nada naquela exposição o interessava e lhe era muito melhor permanecer longe da multidão para poder conversar com Orochimaru. Entretanto, o outro político logo seguiu a senadora, o que o obrigou a ir junto.

Sasuke e Naruto trocaram um olhar cúmplice quando perceberam a movimentação do trio. Seguiam Hiashi a uma distância curta, sem conversarem ou se fazerem presentes. Ino estava na entrada do salão, recepcionando cada convidado com um sorriso enorme enquanto entregava os aparelhos com os fones, os audioguias. Gaara estava ao lado dela, sério, os olhos verdes atentos na multidão. Sakura, Hinata e Itachi já estavam no salão, como combinado.

Sasuke sorriu. A adrenalina corria pelo corpo, o cérebro criava cenários e mais cenários possíveis. O que Hiashi pensaria? O que faria? Como reagiria? Qual era o próximo passo? Ah, como era bom se sentir assim, como era excitante ver o plano sendo executado com tantas chances de sucesso! Apertou a mão de Naruto, notando-a gelada. Olhou para o outro e sorriu encorajador: não tinha volta.

Naruto assentiu e respirou fundo. Já estava feito, não podiam se arrepender das decisões tomadas. Viu Neji e Ten-Ten pararem diante de Ino, cumprimentando a artista como todos esperavam que o prefeito o fizesse. Depois, eles sumiram pela porta. Óbvio que, para aqueles dois, nada do que estava exposto naquela sala era novidade, mas, ainda assim, como Neji reagiria na frente dos demais? Como atuaria?

Engoliu em seco ao se ver logo atrás de Hiashi, que apertava a mão de Ino e tecia um comentário qualquer sobre a exposição. Olhou para Gaara, recebendo um aceno em resposta. Ok, estava tudo bem, se Gaara não estava agitado ou preocupado, então tudo caminhava de acordo com o plano.

Sasuke mal olhou para Ino quando parou diante dela. E não fez por mal! Mas a ansiedade de ver a reação de Hiashi não o deixou perder muito tempo saudando a artista como deveria. Entrou na sala rapidamente, com Naruto resmungando alguma coisa que não entendeu nem prestou atenção.

O salão era o menor dos demais e mais iluminado, era ali o lugar onde as máscaras cairiam. As paredes continham folhas de jornais ou textos impressos de modo similar, que estavam bem distribuídos cronologicamente, intercalados por estações audiovisuais, onde telas passavam vídeos, fotos ou trechos de textos em uma apresentação bem coordenada.

Sasuke colocou o fone, os olhos presos na imagem de Hiashi enquanto o via fazer o mesmo sem se dar conta do que havia ao seu redor. Assim que parou ao lado dele, diante do primeiro jornal exposto, o áudio começou.

Era a voz de Neji.

Viu Hiashi franzir o cenho ao reconhecer também e, então, ele olhou para o jornal exposto. Sasuke sabia que aquele não era um jornal já publicado, era um feito recentemente por Sakura com as pesquisas que ele tinha feito e com os dados que Ten-Ten havia passado. Falava sobre um esquema antigo, um desvio de verba ocorrido há mais de sete anos quando Hiashi ainda era um deputado, e o áudio de Neji detalhava bem como tudo tinha acontecido, uma vez que, aparentemente, tinha "achado" algumas gravações de ligações que ocorreram entre os envolvidos. As ligações gravadas começaram a ser passadas nos fones assim que se parava na frente do primeiro visor, que mostrava fotos de orçamentos e encontros, além de uma pequena legenda do áudio que ouviam.

Demorou pouco para os sussurros começarem, para os celulares começarem a disparar numa chuva de flashes sobre a exposição ou então para ligações começarem a ser feitas. Sasuke sorriu com aquilo, sem se conter, enquanto Hiashi permanecia ali, andando apressado pela exposição a fim de ver até onde aquilo tudo iria. O celular dele também estava já na mão, advogado certamente, pensou ao rir.

Todos os convidados com máscara branca eram políticos, empresários de grande nome envolvidos de alguma forma, lícita ou ilícita, com Hiashi, os que planejaram aquele momento e, principalmente, em grande peso, mídia. Todos os jornalistas que Sasuke conseguiu, todos os colunistas e formadores de opinião a que Ten-Ten tinha acesso e todos os que eram comprados pelo dinheiro da senadora Mitashi.

A exposição cobria até mesmo a conversa com Orochimaru que Naruto havia gravado na casa de Neji, com direito a imagens conseguidas na Akatsuki do dia em que Gaara tinha sido atacado e um depoimento breve de Itachi e Ten-Ten de quando o político havia ameaçado Sasuke a respeito da investigação.

Para fechar o quadro, o melhor que Ino poderia ter feito!, havia um mural no centro da sala, branco, com nomes escritos em negro sobre a imagem de uma máscara caída e rasgada. Todos os políticos citados e envolvidos nas notícias espalhadas pelo salão estavam ali. Um a um, desmascarados.

Sasuke percebeu quando Hiashi se virou em direção à porta, fechada. E aquela era a melhor parte. Ele não podia fazer um escândalo para que abrissem a porta, não podia chamar a atenção de todos aqueles repórteres com câmeras já em mãos, vídeos sendo filmados, fotos postadas nas redes sociais! Até mesmo aquela jornalista que tanto seguia Ino estava ali; pelo que Naruto lhe contara, Ino tinha negociado com a garota para deixar Gaara longe de suas fofocas em troca daquela notícia em primeira mão. Irresponsável como ela era, Sasuke podia apostar que a garota já estava fazendo textos sensacionalistas como sempre. O que era bom... chamaria atenção! Naquela guerra, tudo valia.

Do outro lado do salão, Ten-Ten não pensava muito diferente nem seu sorriso divergia do de Sasuke. Assistir à queda de um inimigo sempre traz satisfação aos que permanecem de pé, e ela estava de pé, erguida, firme, vendo Hiashi tirar os fones enquanto andava de um lado ao outro falando ao telefone.

Neji beijou-lhe a têmpora, e sua mãe parou ao seu lado. Avistou Sasuke, e ele também a encarava. Naquele momento, naquele breve momento, eles sabiam que estavam pensando e sentindo a mesma coisa.

— Está tudo bem? — Neji perguntou ao notar para onde ela olhava.

— Tudo de acordo com o plano — ela sussurrou, satisfeita.

Não foi difícil saber quem havia sido o primeiro a sair do salão quando as portas foram novamente abertas. Gaara segurou Ino quando ela se desequilibrou pelo esbarrar de Hiashi, e os que aguardavam para entrar no salão se entreolharam confusos pela pressa do convidado.

Hiashi não perdeu tempo ao entrar em seu carro. Antes de sair da exposição, vira o sobrinho ao lado de Ten-Ten e a mãe dela. Ten-Ten lhe acenou, aquela maldita sorriu ao acenar para si!

Socou o acento do carro! Pressionou os olhos e prendeu a vontade de gritar pela raiva. Caíra em uma armadilha, uma traição, mas não seria o único, arrastaria cada um que pudesse consigo! Na política, ninguém caía sozinho! Pegou o telefone mais uma vez, uma última ordem.

* * *

Caos. Se tinha uma palavra para descrever o que foram os dias depois da exposição de Ino era essa: caos. Não que não fosse esperado, mas até mesmo Sasuke estava surpreso pela velocidade com que as coisas iam se desenrolando.

A exposição de Ino não havia sido suspensa, mas a polícia federal exigiu tudo o que havia no salão audiovisual. Como o consultor da artista havia dito, alguns sites e revistas comentaram sobre Gaara e a antiga profissão dele, porém, pela forma como a apresentação tinha sido montada, ressaltando o desejo e os tabus da sociedade, a crítica não conseguiu impactar como Kakashi temia, nem mesmo a falta de algumas obras permitidas foi notada ou comentada. Além disso, o que era uma exposição de quadros de um antigo garoto de programa quando se tinha um escândalo de corrupção gritando em cada manchete do país?

Nos dias que se seguiram, Sasuke assistiu religiosamente cada noticiário exibido pela televisão. As provas que eles haviam levantado estavam disponíveis na internet, espalhadas por sites e redes sociais, contudo, era a televisão e os jornais que importavam e, para alguma coisa sair ali, era só depois que a polícia federal investigasse.

As medidas preventivas foram rapidamente tomadas, é claro: Hiashi estava proibido de sair do país, Orochimaru também e até mesmo Neji, uma vez que, embora ele houvesse apresentado provas de que tinha participado de uma reunião para um golpe apenas para juntar mais provas contra o tio, isso também seria detalhadamente averiguado, bem como suas alegações no áudio e seus prováveis envolvimentos anteriores.

Mas isso ainda era o começo! Aquelas coisas levavam tempo, e Sasuke odiava saber que não teria o resultado de tanto esforço em suas mãos logo. Pelo menos, seu emprego tinha voltado. Enquanto entregava Hiashi, tinha entregado (com ajuda de Deidara odiava admitir) o dono, ou sócio majoritário, do jornal onde trabalhava anteriormente. Com isso, a presidência do jornal mudou, e Pain teve carta branca para readmitir tanto Sasuke quanto Sakura. A questão era aceitar ou não...

Graças ao acordo feito com seus colegas que ajudaram a publicar as matérias sobre a exposição de Ino, o que não faltava nem a ele nem a Sakura eram propostas de emprego. Certo, certo, não era que tinham recebido cem convites, mas pelo menos uns cinco, três muito bons, incluindo o de Pain. Sakura havia recusado dois já, a amiga estava firme na decisão de que, a menos que ele escolhesse um lugar ruim, trabalhariam juntos novamente. Já ele, analisava duas opções apenas, uma vez que era fácil saber que o melhor jornal entre suas opções era o aquele que Itachi lhe havia conseguido com Kurenai: o melhor jornal do país, fora daquela cidade e, portanto, de seus inimigos; tudo o que o irmão mais velho podia querer naquele momento, não é?

— Sasuke! Pelo amor de Deus, me ajuda aqui!

Tirou os olhos do noticiário ao ouvir o grito de Naruto. Levantou-se e caminhou até a cozinha, observando a forma como o namorado se espremia no canto da parede com um pedaço de pizza na mão enquanto que Pandora estava bem na frente dele, pulando sem parar na tentativa de lhe arrancar a comida. Cruzou os braços, dividido entre assistir à cena patética protagonizada por Naruto e seu medo idiota da cachorra e interferir para impedir que Pandora comesse, mais uma vez, uma das porcarias que Naruto insistia em comprar nas quintas-feiras.

— Sasuke! — Naruto choramingou.

— Pandora! — falou firme.

A cachorra parou de pular e o olhou com o rabo balançando furiosamente.

Naruto aproveitou e saiu depressa de onde estava para se esconder atrás de Sasuke, que revirou os olhos e deixou um riso debochado escapar.

— Termina logo de comer isso ou ela não vai parar de te pedir um pedaço.

— Pedir? — Naruto questionou, indignado. — Ela quase roubou, Sasuke! Sua cachorra é um monstro!

Sasuke o ignorou e caminhou até Pandora para encher o pote de ração dela. Acariciou as orelhas e riu enquanto a via devorar com vontade tudo o que tinha servido, empurrando o pote para o lado e espalhando ração pelo chão pelo modo desajeitado e esbaforido.

— É... um grande monstro... — Riu inconformado antes de se levantar.

— Sasuke! Ten-Ten na televisão! — Naruto gritou.

Sasuke correu de volta à sala enquanto Naruto aumentava o volume da TV. Não era uma reportagem, era uma entrevista em um daqueles programas onde vários convidados compareciam para um debate amistoso. E lá estava Ten-Ten... Ela parecia bem, o vestido justo dava, enfim, visão da barriga que ela já apresentava devido à gravidez, e Sasuke xingava baixo por saber bem o quanto aquilo mais um pouco de lágrimas nos olhos faziam com a massa em geral.

Eles não falavam de política, ainda. E Sasuke cerrou os punhos toda vez que via aquela mulher acariciar a barriga de forma natural. Ela estava manipulando o público e fazia isso com maestria! Quando a exposição e as investigações sobre Neji surgiram no assunto, ela baixou a cabeça e mordeu o lábio, as mãos cruzaram-se em frente ao ventre, e Sasuke grunhiu ao jogar a cabeça para trás com raiva.

— Filha duma puta! — gritou.

A defesa de Ten-Ten e Neji se baseava em dizer que Hiashi os havia ameaçado, física e emocionalmente. E, para piorar, Itachi tinha ajudado Ten-Ten sem nem ao menos perceber! Tão focados em reunir tudo o que tinham contra Hiashi, Itachi gravou o áudio sobre o dia em que Hiashi tentara intimidar a ele e a Sasuke, mas não só isso... No áudio, Itachi havia falado tudo o que tinha acontecido, sem esconder nada, ou seja, ele falou basicamente que tinha percebido como Ten-Ten estava apavorada diante dele em uma consulta contra a vontade dela, organizada unicamente por Hiashi para saber se ela estava ou não grávida e que ela, como último recurso, havia-o convencido a mentir sobre o resultado do exame e ajudá-la a denunciar o político. Como era incrível como a falta de contexto tornava tudo favorável a Ten-Ten! O depoimento de Itachi só dera mais credibilidade ao discurso dela...

A entrevistadora teve de repetir a pergunta. Ten-Ten pareceu sair de um transe e, enfim, engoliu em seco antes de repetir o discurso que Sasuke e Naruto já haviam decorado. As notícias sobre ela e Neji se atrapalhavam na mídia, cruzavam-se e uma sobrepunha a outra, dia sim dia não. Em um dia se falava de violência dentro do núcleo familiar, no outro de corrupção, no outro de gravidez, no outro da retirada voluntária da candidatura de Neji à prefeitura.

— Voluntária! — Sasuke balançou a cabeça, descrente. — Ele ia ser afastado de qualquer forma! Só adiantou o processo! Como ninguém vê isso? Não podem engolir essa, pelo amor de Deus!

— Pelo menos ele não irá mais ser candidato, Sasuke, nem ele nem Orochimaru — Naruto deitou a cabeça no ombro do outro. — É uma vitória. E é certeza que Hiashi será preso, não tem como ele escapar quando nem apoio político mais ele possui.

Sasuke estalou a língua no céu da boca. Era uma vitória parcial, e estar ciente disso o deixava extremamente irritado. Neji não poder mais ser candidato à prefeitura era ótimo, mas não o bastante. O depoimento dele já havia sido tomado pela polícia, Neji explicou tudo sobre o esquema referente ao hospital de que era suspeito. Claro que ele contou a versão dele, numa delação premiada muito boa, entregando dois ou três nomes de que Sasuke não tinha conhecimento. Mas ele não seria preso, todos sabiam que não...

Mesmo admitindo a participação no desvio de dinheiro para o hospital, era a única coisa que se tinha contra Neji. E Ten-Ten havia garantido que fosse assim. Quando Hiashi saiu da exposição, ordenou que Sai e dois seguranças de confiança o escoltassem até em casa, onde pegaria o que tinha contra o sobrinho e levaria para o advogado. Ten-Ten era contra a violência, mas, ali, naquela hora, não fez muita questão em saber como Sai havia roubado os documentos e convencido Hiashi a apagar alguns outros.

Então, tecnicamente falando, Neji era acusado de um único esquema, em que não se sabia ao certo se participara por vontade própria ou por ameaça do tio, cuja pena era não poder participar das eleições atuais, o que não era tão ruim assim, e pagar a quantia roubada, o que não era difícil por uma coisa chamada juros. Todo o dinheiro que eles recebiam de golpes era investido em alguma aplicação, qualquer uma, o que importava eram os juros, porque uma quantia absurda de dinheiro, mesmo que durante pouco tempo investida, gera muito lucro – às vezes, lucro o suficiente para dobrar a quantia inicial a depender do tempo que está no mercado. Assim, mesmo que fossem obrigados a devolver o dinheiro, o lucro obtido garantia que não saíssem perdendo nada. Tudo o que Ten-Ten precisara fazer fora conferir as contas bancárias, verificar o quanto aquele pequeno desvio havia lhes gerado e deixar o dinheiro de prontidão para quando a hora chegasse.

Sabendo de tudo isso, nem Sasuke nem Sakura conseguiram comemorar tanto quando os jornais estamparam em suas capas o depoimento de Neji e o fato de ele ter que devolver sabe-se lá quantos milhões.

Neji, sim, comemorou. Mesmo que Ten-Ten não lhe tivesse contado seus planos para que conseguissem escapar daquele tiroteio, acreditava nela, confiava nela, então sabia que não tinha com que se preocupar. Hiashi estava fora de sua vida por um tempo, e isso o deixava mais que satisfeito. Por um momento, duvidara de que fossem conseguir. O próprio partido tinha pensado em ajudar Hiashi, mas foi uma agradável surpresa quando a mãe de Ten-Ten junto de uma Ministra, Kurenai se ele não se enganava, usaram de suas influências para subir outro candidato e, assim, assinar de vez a queda de Hiashi.

— É uma pena que não possa continuar com a sua candidatura — Ten-Ten lamentou ao terminar de soltar os cabelos e virar-se de costas para que Neji a ajudasse com o zíper do vestido. — Pelas pesquisas, você ganharia, mesmo depois de tudo isso.

Ele beijou-lhe o ombro e a abraçou antes de girá-la em seus braços.

— Não é tão ruim assim, se analisar bem. São apenas duas eleições, oito anos, as pessoas esquecem fácil tudo que envolve política, sabe melhor que eu como funciona. — Neji deu de ombros.

Ela passou os braços peço pescoço dele e se ergueu para selar brevemente os lábios.

— Temos oito anos para sua nova candidatura, então?

— Ou a sua — sugeriu ao deixar o vestido escorrer pelos dedos e cair ao chão.

— A minha? — Franziu o cenho, surpresa.

— Convenhamos, você é muito melhor nisso do que eu. — Neji riu, mordendo-lhe o queixo enquanto a conduzia até a cama. — É algo a se cogitar, não acha?

Ten-Ten mordeu o lábio ao cair sentada no colchão. Esticou a mão para pegar a gravata que o marido usava e sorriu ao puxá-lo para si até que o corpo dele estivesse sobre o seu.

— É... quem sabe...

* * *

Sakura compartilhava da insatisfação de Sasuke sobre Neji, mas sabia que falar daquilo com Itachi não era a melhor opção. Ao menos, Hinata a entendia. Depois de terem esclarecido tudo o que tinha tornado o conturbado a primeira tentativa de aproximação, resolveram que um recomeço não era uma ideia tão ruim... Durante os almoços que marcaram na semana, foi inevitável não focarem exclusivamente nos prováveis resultados de seus esforços. Além do que, havia alguns assuntos que Sakura precisava falar, mas que não tinha como com Sasuke ou Itachi.

— Deidara foi preso... — ela sussurrou após um longo silêncio.

Hinata remexeu-se na cadeira e olhou para o lado externo do restaurante. Sakura riu, anasalada.

— Não devia estar surpresa, mas, não sei, a ideia de que alguém tão próximo fazia parte dessa sujeira toda me tira do sério... ainda assim, me sinto mal por ele. — Sakura suspirou.

— Ele era seu amigo, faz sentido sentir-se assim. Mas, pelo menos, ele tem alguns pontos a seu favor, ele nos ajudou — Hinata explicou, calma, segurando a mão da outra sobre a mesa.

— Ele está preso e Neji não. — Sakura bufou.

— Isso não é novidade, sabe disso, sempre quem tem menos poder se ferra mais. O bom é que Hiashi também irá, tenho certeza.

— É, eu sei. Ok, chega desse assunto. — Gesticulou, desconfortável, mas aliviada por finalmente ter comentado o que a vinha atormentando. — E Gaara? Pensei que ele viria hoje.

— Durante esse mês todo ele é da Ino, precisa ir nas exposições e participar de uma ou outra entrevista. Além disso, ela ficou muito animada depois que ele recebeu uma proposta para um desfile — comentou sem conseguir segurar o riso, ainda se lembrava da expressão de assombro do amigo quando o convite chegou.

— Desfile? — Sakura arqueou a sobrancelha.

— Bem, não é como se ele não estivesse acostumado a se exibir pros outros, não é? — Riu, recordando-se do tom debochado de Naruto ao usar este mesmo argumento para convencer o amigo a aceitar. — E é bom vê-lo se dedicando a algo novo. Antes, ele fazia faculdade, mas, por conta da dívida do pai, largou tudo e nunca mais voltou.

— E Ino está o ajudando?

— Está, até porque é bom para ela também. Quanto mais conhecido ele for, mais os quadros dela valerão. É uma troca justa. — Hinata deu de ombros e olhou o relógio. — Preciso pegar Hanabi na escola e levá-la para a casa de uma amiga.

— Seus pais ainda estão causando problemas? — Sakura perguntou e sinalizou para que o garçom trouxesse a conta.

— Sempre. — Hinata cruzou os braços. — Mas tudo bem, ela vai vir morar comigo quando fizer dezoito. Só preciso achar um emprego até lá ou ela vai me levar à falência!

— Quer uma carona até a escola dela? Naruto que te trouxe, não foi? Posso deixar sua irmã na casa da amiga e depois te levo para a sua — sugeriu, hesitante, tentando seguir os conselhos de Itachi e se aproximar mais da outra aos poucos.

Hinata sorriu, doce, ao perceber o rubor que tomava conta da face de Sakura e os dedos que giravam o cartão repetidamente em um tique. Aceitou, achando adorável a forma como a postura dela relaxou com isso. Dividiram a conta, e Sakura aproveitou-se da distração de Hinata com o garçom para mandar uma mensagem para Itachi. Certo, ele estava com a razão, elas ainda podiam ter alguma chance...

* * *

Gaara ainda tentava entender como tinha acabado naquela situação... em uma hora estava dando uma entrevista junto de Ino e na outra ela estava com Shikamaru para acharem um bom agenciador para ele, sendo Shikamaru também o responsável por trabalhar sua imagem naquele meio tempo.

Ino estava radiante com aquilo, e Gaara tentou mesmo entender no que ela via tanta graça. Era óbvio que ele só havia recebido aqueles convites para desfiles, revistas e propagandas porque seu nome e o da artista estavam em alta associados ao escândalo do momento. Era sempre assim...

— Mas é por isso mesmo que você tem que aproveitar! — ela explicou, bebendo um milk-shake tamanho gigante enquanto Shikamaru conversava com o possível futuro agenciador dele. — Você saiu da Akatsuki, está sem emprego, vou te pagar pelos seus serviços de modelo obviamente, mas e depois? Só Naruto possui algo certo, ele já está atrás de um estágio com o curso dele. Você precisa aproveitar esse destaque para abrir portas. Depois, se não gostar, ao menos terá tempo e dinheiro para se dedicar a outra coisa. — Ela sorriu, inclinando-se para beijá-lo no rosto e oferecer o doce gelado.

— Consegui uma reunião para daqui a dois dias — Shikamaru falou ao finalizar a ligação. — Basta encontrá-lo neste endereço para conversarem.

Gaara pegou o papel estendido, derrotado pela forma animada e ansiosa como Ino o olhava.

— Se eu não gostar, caio fora na primeira semana.

Ela riu, empolgada, e beijou-lhe os lábios de forma carinhosa.

— Feito. Mas, se gostar, vai ter que me deixar te desenhar mais uma vez.

— Como se você já não fizesse isso de madrugada ou de manhã — ele provocou, sorrindo de canto por ter achado o caderno de rascunhos da artista naquela semana.

Ela corou e virou o rosto com falsa irritação, voltando a tomar o milk-shake enquanto Gaara ria, discreto.

— Acho que a paz de vocês acabou, Ino — Shikamaru falou quando notou um flash em sua direção.

Ela revirou os olhos, pouco incomodada de fato, já era acostumada a aquilo. Mesmo assim, levantou-se e acabou sorrindo satisfeita quando Gaara naturalmente passou o braço pelos seus ombros enquanto andavam para o carro. Piscou para ele e o deixou entrar primeiro no veículo para então se virar e acenar aos fotógrafos como sempre.

* * *

Itachi acordou com Pandora em sua cama. Bocejou e se sentou preguiçosamente, tateando o criado mudo para checar as horas no celular. Tinha acordado antes do que deveria, mas tudo bem, era até que bom, afinal, seu voo seria em poucas horas.

Acariciou a cabeça da cachorra, vendo-a nem se mexer, o que indicava que ela havia ficado a noite toda acordada com Sasuke enquanto ele trabalhava. Pegou o celular e caminhou até a cozinha. Felizmente, Naruto havia o ajudado a fazer algumas compras enquanto Sasuke se empenhava em uma nova matéria que Pain lhe havia incumbido. Colocou água na cafeteira e a ligou para aproveitar e ligar a televisão enquanto esperava o café. Massageou a nuca. Os jornais ainda falavam dos resultados das eleições... Tobirama, um candidato fraco até que Neji saísse de cena, havia ganhado por falta de outras opções. Paralelamente, o julgamento de Hiashi estava marcado, contudo, a defesa dele estava tão fraca que nem mesmo ele, Itachi, quem sempre se preocupava com tudo, conseguia pensar numa forma de o político se safar. Ainda mais depois que Sasuke explicou que Hiashi havia sido abandonado pelos membros do próprio partido. Sacrificaram um para que pudessem continuar com a imagem minimamente abalada e conseguirem talvez um bom candidato nas eleições para governador.

Ah, como odiava política...

Mudou de canal, ignorando com certeza os programas matinais de "novidades dos famosos" que mostravam Ten-Ten e Neji de férias em algum lugar. Que Sasuke não resolvesse se envolver com eles de novo...

Desligou a televisão ao ouvir o celular tocar na cozinha. Desbloqueou a tela de segurança enquanto desligava a cafeteira e riu com gosto com a mensagem de Sakura:

"Finalmente!"

"Usou proteção?", brincou, a amiga havia passado a noite na casa de Hinata, pela primeira vez, após um jantar com os amigos dela.

"Claro! Orei duas vezes pedindo que ela não desistisse na hora H e deu certo! Com certeza, alguém lá em cima me protegeu hahahahahaha".

Itachi balançou a cabeça em descrença e adoçou o café. Virou-se ao ouvir o barulho da porta do quarto do irmão e viu Naruto bocejar enquanto se arrastava até a cozinha.

— Bom dia. Café? ­— perguntou, e Naruto apenas concordou sonolento. — Está tudo bem? Ouvi você e Sasuke discutindo ontem.

— Eu joguei os cigarros daquele bastardo fora — explicou e respirou profundamente o aroma do café. — Quero ver ele se atrever a comprar mais.

Itachi sorriu, de leve, e sentou-se para fazer o desjejum com o outro. Apesar de fora dos padrões e totalmente cabeça oca, Naruto não era de todo mal...

— Você... nada, esquece...

— O quê? — Naruto ergueu a cabeça.

Itachi respirou fundo, indeciso, e soltou o ar dos pulmões de uma única vez.

— Nada, fique tranquilo. — Riu da apreensão do outro. — É só bom saber que agora ele tem alguém por perto.

Naruto piscou, aturdido, e compreendeu.

— Itachi — chamou-o, sério, e disse a única coisa que talvez o outro precisasse ouvir. —, eu também me importo com ele.

Itachi o encarou surpreso e sorriu tranquilo.

— Sei que sim.

Sasuke demorou para acordar, e só o fez porque Pandora cansou-se de esperar pelo dono e invadiu o quarto e a cama para lamber-lhe o rosto. Almoçou com o irmão e Naruto, fingindo não saber que Itachi tinha feito uma quantidade absurda de comida para, assim, garantir que eles jantariam algo "decente" quando fosse embora.

Às duas horas, ajudou Itachi a colocar as malas no carro de Naruto e seguiram para o aeroporto. Sakura já os esperava na área de embarque e mal conseguia disfarçar o nariz avermelhado e os olhos marejados ao se despedir de Itachi. Sasuke esperou que ela finalmente largasse seu irmão e se aproximou, abraçando-o.

— Vai se cuidar, não vai? — Itachi afastou-se apenas o suficiente para olhá-lo.

— Vou — respondeu, vendo, mais uma vez, o irmão sem máscara alguma, observando-o do mesmo modo protetor de sempre.

— Não se esqueça de que eu me importo... — sussurrou, puxando-o mais uma vez para um abraço que Sasuke não conseguiu nem quis rejeitar. — Prometa.

— Eu prometo. — Sasuke apertou o irmão uma última vez antes de soltá-lo e se afastar.

Itachi encarou Naruto e estendeu a mão em cumprimento.

— Me avise se esse idiota entrar em confusão de novo, Naruto.

— Pode deixar — respondeu, sério.

— Obrigado.

Sasuke franziu o cenho e então observou o irmão sumir pelo portão de embargue. Passou o braço pelos ombros de Sakura e revirou os olhos pelo choro silencioso da amiga.

— E depois não queria que eu achasse que você era apaixonada por ele — debochou ao vê-la limpar o rosto.

— Ele só é um amigo muito melhor que você — ela rebateu e se recompôs. — Vocês estão de carro? Precisam de carona?

— Não precisa, Sakura, eu vim com o meu — Naruto agradeceu, e Sakura se despediu dos dois.

Naruto segurou a mão de Sasuke, falou qualquer coisa sobre o desfile em que Gaara estaria, mas Sasuke não prestou atenção, ele apenas esperou entrarem no carro para interromper o outro e perguntar:

— O que você e Itachi combinaram?

Naruto deu de ombros ao fechar a porta do veículo.

— Ele só precisava de uma certeza antes de viajar e te largar sozinho comigo — disse.

— Que certeza? — Sasuke perguntou enquanto colocava o cinto de segurança.

Pelo silêncio de Naruto, ergueu o rosto para encará-lo e arqueou a sobrancelha diante da expressão animada e do carinho refletido nos olhos azuis. Sentiu a mão dele em seu rosto e o viu se inclinar para si, tocando-lhe os lábios tão de leve que mal soube se a intenção era mesmo beijá-lo. Ainda assim, sua respiração se intensificou e seu coração, mais uma vez, puxou todo o sangue para si, bombeando com força. Olhou para Naruto naquela pouca distância e o viu sorrir ainda mais antes de sussurrar:

— Que eu faço, e continuarei a fazer, você se sentir vivo.

Sasuke fechou os olhos, rindo baixo por saber que estava constrangido demais para responder a aquilo. Fechou as mãos na gola da camiseta que Naruto usava e o puxou para si, beijando-o intensamente. E, enquanto a mente praguejava por mais uma vez ter sua máscara de indiferença arrancada pelo outro, o coração batia forte, feliz por realmente estar vivo, sem em nenhum momento se importar em mascarar o que sentia por Naruto...




E... acabou.

Dá para acreditar? A fic realmente acabou. Eu agradeço a todos que leram até aqui, espero que tenha sido uma leitura divertida pelo menos <3

Espero vocês uma última vez nos reviews, MPs, facebook, ou seja lá onde queiram falar comigo!

Beijinhos!!

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