Doce Obsessão (Romance Lésbic...

By CarolRosa86

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Alice e sua família se mudam do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro por causa do trabalho de seu pai. Tím... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22 - Final
Aviso

Capítulo 12

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By CarolRosa86

Acordo praticamente às 11:00 da manhã de segunda-feira, isso porque tem algum desalmado batendo igual a um louco na minha porta. Levanto minha cabeça do travesseiro com os olhos entrecerrados e olho em volta, me sentindo atordoada.

Laura me manteve acordada até umas 03:00 da manhã. Ficamos "praticando" por horas no telefone. Depois ela me manteve entretida falando sobre as coisas que fez em São Paulo naquele dia. Segundo ela, não vê a hora de me levar para passar um final de semana por lá.

Olho em volta e vejo a bala vibratória sobre o criado-mudo, a pego e enfio na gaveta e me levanto para ver quem é que está batendo.

- Já vou... - Falo me arrastando para a porta.

- Você tá viva? - Escuto a voz de Amanda e rodo os olhos já me sentindo arrependida por ter respondido. Abro a porta e ela, como um tornado, entra pelo quarto à dentro. - Pensei que estivesse passado mal. - Fala se sentando na minha cama.

Vou até a cama e me lanço sobre ela, puxando as cobertas para voltar a dormir. - Não, só quero dormir.

- Pelo amor... é praticamente seu primeiro dia de férias. Vamos sair. - Amanda se joga sobre mim me fazendo perder o ar.

- Me larga Amanda. Não quero sair. - Falo me virando tentando tirar ela de cima de mim.

- Não saio! Vamos na praia?! Posso chamar a Bárbara. - Fala mordendo meu pescoço.

- Cacete Amanda!! Não quero sair. - Falei irritada. - Me deixa dormir.

- Ai meu Deus, você parece uma velha. Nem a vovó é tão desanimada quanto você. - Fala, finalmente, se levantando da cama e me deixando em paz.

- Então chama ela para ir com vocês. Eu quero dormir e ficar em casa. - Falo de forma irônica cobrindo minha cabeça.

- Que saco Alice... você precisa sair mais. - Amanda fala suspirando. - Mas ok, não quer ir? Beleza, não vai! Eu vou chamar a Bárbara para podermos ir, se importa?!

- Não... fiquem à vontade e se divirtam. - Falo sem interesse.

Como estou com a cabeça coberta, não percebo quando Amanda se aproxima de meu criado-mudo. - Aliás, me empresta seu carregar do celular? O meu não tá funcionando. - Fala já abrindo a gaveta e a única coisa que consigo fazer é levantar a cabeça com os olhos arregalados.

Na hora percebo a cara de espanto da minha irmã quando abre a gaveta e vê meu "brinquedo" dentro dela. Não faço a mínima ideia se ela algum dia teve um desses - afinal, diferente dela, eu nunca mexo em suas coisas sem falar antes – e, sinceramente, nem me importa saber. Porém agora estou com um problema, afinal, ela viu algo que eu venho escondendo bem, pelo menos vinha, até o presente momento. Mas também, eu lá imaginaria que minha irmã encontraria?!

Os olhos de Amanda estão vidrados e sua boca está aberta - "acho que é isso que querem dizer quando falam que alguém 'ficou de queixo caído'". Ela pega o brinquedo e o olha.

- Meu Deus! - Fala finalmente.

- Amanda, me devolve isso. - Falo me levantando correndo para tentar pegar da mão dela, mas ela logo reage e se afasta, não me deixando chegar perto.

- Maninhaaaa de Deus! Eu nunca iria imaginar isso... - Fala ligando o brinquedo que na hora começa a vibrar em sua mão. - Wowwww... e está com bateria. - Começa a rir.

- Amanda, por favor. Me devolve. - Falo estendendo a mão. "Droga, de todas as pessoas na face da Terra, precisava ser ela a achar? Apesar que se fosse minha mãe a coisa também não seria simples"

- Onde você comprou isso? - Começa a mexer nele, cambiando as funções de vibração. - E ainda tem várias funções. Interessante!

- AMANDA! - Grito a fazendo me olhar com uma sobrancelha levantada. - Por favor. Me devolve isso agora.

- Tudo bem! - Seu semblante fica sério e ela desliga o brinquedo. Sinto um alívio e estendo a mão para pegar de volta, mas é um mero engano. Ela o segura ainda consigo e vai em direção a cama se sentando. - Vem cá, senta aqui. - Fala batendo com a mão na cama ao seu lado.

Giro os olhos com desgosto "não acredito que ela quer ter essa 'conversa' comigo".

- Não adianta fazer essa cara Alice. Vem cá, precisamos conversar. - Fala cruzando as pernas.

Como não quero mais problemas, vou até ela e me sento ao seu lado, numa distância considerável, para termos uma dessas "conversas de adultos".

- Onde você conseguiu isso? - Pergunta erguendo a bala em sua mão.

- Onde eu conseguiria Amanda? Numa loja. - Falei tentando passar credibilidade. Afinal, sabemos muito bem quem me deu.

- E quando você foi lá?

- Tem, mais ou menos, um mês. - Isso não é de tudo mentira.

- Entendo. - Amanda olhou para o brinquedo sexual e suspirou. - Você tem alguma dúvida sobre esse assunto, irmã?

"Claro que não, mas se você tiver eu posso te ajudar." pensei, mas, obviamente, não falei. - Não!

- Alice, é normal sentir curiosidade e querer conhecer seu corpo. Lembra quando a mamãe falou? - Claro que lembro, na época foi a conversa mais constrangedora que já tive na vida. Acho que esse dia foi o responsável por eu, antes de conhecer Laura (a.L), ser tão travada sobre masturbação.

- Lembro. - Falei desviando o olhar.

- Então... é normal você sentir essa curiosidade e, agora que está começando algo com Bárbara, terá mais dúvidas e questionamentos. - Amanda afaga meus cabelos. - Só quero que saiba que, se tiver alguma dúvida, pode me procurar. E não faça nada que não queira, no momento certo, acontecerá. - Fala me dando um abraço.

- Acontecerá?! - Falo a olhando com uma sobrancelha levantada.

- Você sabe... sua primeira vez. - Amanda fala com a voz doce.

Confesso que nesse momento senti vontade de gargalhar na cara dela e tive que me concentrar muito para segurar o riso. "Filha, já aconteceu. Aliás, isso aí que você está segurando é um presente por isso." penso debochada.

- Tudo bem Amanda. - Falo contendo o riso.

- Que bom. - Fala me entregando a bala e se levantando para sair. - Só mais uma coisa. Esconde melhor isso, porque se a mãe vir, ela vai querer ter uma daquelas conversas. - Sai fechando a porta e me deixando sozinha.

- Deus me livre falar com minha mãe sobre isso. - Falei para mim mesma.

Peguei a bala vibratória e a escondi em uma caixa que fica no meu closet. Isso vai me atrapalhar na hora do uso, pois terei que vir aqui buscar, mas, pelo menos, ficará seguro de Amandas e Anas.

Meu sono a essa hora já foi para o espaço, então resolvo tomar um banho e descer para comer alguma coisa. Coloco uma roupa gasta, arrumo meu quarto e desço as escadas indo em direção a cozinha. Ale está jogado no sofá ledo uma HQ, como ele está proibido de sair, está buscando qualquer coisa com a que possa se distrair.

Felizmente minha mãe deixou o almoço pronto. Não que me importe de cozinhar, mas estou faminta e não quero fazer nada agora. Pego a lasanha na geladeira e a coloco para aquecer no micro-ondas. Enquanto a espero ficar no ponto para comer, ouço a campainha tocar e Amanda descer animadamente a escada para atender, já preparada para ir a praia.

Não demora muito e ouço a voz de Bárbara que, como sempre, ri alto de algo que minha irmã falou.

- Boa tarde, Alice. - Bárbara fala entrando na cozinha acompanhada de minha irmã.

- Boa, Bárbara. - Falo sorrindo, ainda apoiada na bancada da cozinha.

Bárbara se aproxima de mim sorrindo e deposita um beijo leve no meu rosto, além de acariciar minha mão.

- Amanda falou que você acordou agora!

- Ela hoje deu uma de bela adormecida. Pensei que ia ter que chamar o príncipe... ou quem sabe a princesa. - Amanda fala enquanto toma seu suco e fica nos olhando com um sorrisinho debochado. "Para... me poupa Amanda!"

- Só estava cansada. Ontem fiz bastante coisa. - Falei me afastando de Bárbara, que me olhava com cara de boba apaixonada, e indo até o micro-ondas pegar minha comida.

- Da próxima vez podemos fazer algo mais calmo e menos cansativo. - Bárbara falou de forma doce.

- Poderia ser hoje, mas a tartaruga não quer ir com a gente. - Minha irmã fala vindo até mim com um copo de suco de abacaxi.

- Obrigada. - Falo quando ela pousa o copo ao meu lado. - E não... deixa para uma próxima, não quero sair. - Dou uma boa garfada na minha lasanha a saboreando com vigor.

- É uma pena, ia adorar ter sua companhia hoje também. - Bárbara fala com a voz um pouco triste.

- Alice é dessas Bárbara, vai se acostumando. - Amanda fala bagunçando meus cabelos e me fazendo querer jogar o suco na sua cara.

- Não tem problema! - Minha "aspirante a ficante" fala com aquele sorriso bobo.

- Vamos para a praia, não quero chegar muito tarde! - Amanda fala finalmente. - Alice, estou indo, qualquer coisa me liga. - Pega suas coisas e sai.

Bárbara se aproxima de mim e, sem nem mesmo me dá tempo de reagir, me dá um beijo curto nos lábios. - Nos vemos, Alice.

Fico a olhando com cara de espanto e sem saber o que falar, enquanto ela vai na mesma direção que minha irmã. Pela forma como ela está à vontade diante de Amanda, com certeza, minha irmã ligou para ela ontem para fofocar sobre os acontecimentos. Pelo menos ela não está sendo incisiva com as demonstrações de carinho.

Termino de comer meu almoço, limpo tudo e vou ficar com Ale. Decidimos, já que ele não pode sair e eu não quero sair, assistir a um filme. Depois de algumas discussões, decidimos por um terror - Floresta Maldita.

Confesso que no começo estava com medo de assistir, mas depois de um tempo, o medo deu lugar ao tédio, afinal o filme é bem ruim. Mas, felizmente, deu para passar o tempo e me distrair. Depois fomos jogar videogame – nossos pais o proibiram de sair, não de jogar em casa. - Fizemos uma partida eletrizante de Mortal Kombat X, onde o sangue e a honra foram lavados com muita zoação e provocações de ambos os lados.

Paramos com nossa diversão quando já era praticamente 18:00, então decidimos fazer algo para comermos. Como já falei, nossa família não tem empregados, então tudo que deve ser feito é feito por nós mesmos. Cada um é responsável por organizar e limpar seus quartos e na hora de cozinhar, se mamãe não fez, nós fazemos.

Eu e Ale fizemos um arroz com estrogonofe de frango que, modéstia a parte, ficou delicioso. E o melhor, fizemos quantidade o suficiente para todos comerem. Tanto que quando nossos pais chegaram ficaram super felizes conosco. Infelizmente isso não foi o suficiente para Ale se livrar do castigo, mas, pelo menos, eles o trataram com mais atenção.

Finalmente esse dia está acabando e posso relaxar e montar minha mais nova aquisição, um P-51 Mustang Rtf Art-tech Class 500. Chegou hoje pela tarde e não quero perder tempo. Descobri que em Niterói, todo final de semana, domingo mais precisamente, há um grupo que se reúne para praticar o aeromodelismo e eu quero ver se consigo ir esse final de semana para ver e, quem sabe, praticar também.

Estou distraída aprontando as peças e os materiais sobre minha mesa, para começar a montar quando, mais uma vez, minha irmã entra no meu quarto como se o mundo estivesse acabando e se joga, toda folgada, sobre minha cama.

- Aliceeeeee... - Fala toda esticada na minha cama. - Quê que cê tá fazendo?

- Bem, estou com um monte de peças de "aviõezinhos", (ela os chama assim e eu odeio a forma pejorativa que ela usa) então acho que estou montando ele. - Falo de forma sarcástica.

- Ôhhh cavala! Não precisa responder assim. - Fala fazendo careta. - Você perdeu, a praia estava maravilhosa.

- Hmmm. - Não desvio os olhos do meu trabalho. - Que bom!

- Bárbara está flutuando. Ficou lamentando por você não ter ido.

- Numa próxima eu vou. - "Numa próxima encarnação".

- O que vocês vão fazer? - Amanda pergunta se aproximando de mim.

- Sobre?!

- Sobre vocês, ora. - Fala pegando uma peça sobre a mesa, que prontamente pego de volta e coloco no lugar. Com essa mão de ogra, se ela quebrar mato ela.

- Não mexe... estou posicionando para montar. - Falo com voz firme e o cenho franzido. - E não sei o que vamos fazer, está cedo para decidir.

Amanda cruza os braços e me olha com cara de poucos amigos, mas, sinceramente, não me importo com o que ela pense.

- Alice... Bárbara está apaixonada por você. Pelo que consegui arrancar dela, ela vai te dar um "tempo" nisso, mas não é justo para ela. - Fala com voz forte.

- Não é justo para quem?! - Ale pergunta entrando no meu quarto. "Ótimo, hoje é o dia que a família resolveu para se reunir no meu quarto" pensei rodando os olhos.

- Para ninguém pirralho. - Dou logo um fora. - E quem deixou você entrar assim no meu quarto? E se eu estivesse sem roupa?!

- Se você estivesse sem roupa, não estaria com a porta aberta. - Fala se aproximando de nós com a cara mais lavada do mundo. - E esse "ninguém" seria a Bárbara?! - "Oi?!"

Ao ver minha cara de espanto, Alexandre dá uma gargalhada alta e senta na minha cama. - Ah, fala sério. Todo mundo nessa casa sabe que Bárbara só vem aqui por sua causa.

-Ei!! Eu sou amiga dela. Ela também vem me ver. - Amanda fala com cara de chateada e recebe um olhar debochado de Ale. - Ok... é por você Alice. - Fala se sentando do lado dele.

- O que está rolando entre vocês? - Alexandre pergunta.

- Nada...

- Como "nada", Alice?! Vocês ficaram. - Minha irmã e sua bocona. Caras leitoras, se vocês têm algum segredo que não querem compartilhar nem com seu psiquiatra, não contem para Amanda. Pois se contarem, no dia seguinte estarão anunciando no jornal da noite. Quem avisa amigo é.

- Uau! Demorou! - Ale falou fazendo "mão chifrada" (aquele sinal do rock) e sorrindo. - E aí?!

- E aí que Alice não decide nada. Bárbara me falou hoje, na praia, que quer namorar, mas Alice pediu para irem devagar.

- E por quê?! - Meu irmão perguntou estranhado.

- Porque tenho planos, não tenho tempo para namoro agora e também, vocês sabem, se eu passar para o ITA, irei para São José dos Campos. Não quero manter nada a distância. - Falei dando mil e uma desculpas. Mas a verdade é que não quero me apegar a ninguém, pelo menos não sentimentalmente.

- Está trabalhando com muitos "se" aí. - Alexandre falou com uma sobrancelha erguida. - Você ainda nem passou para esse tal curso e também, se passar, podem dar um jeito.

- Ahhhh... chega de darem opinião. - Falei alçando a voz, estou cansada deles. - Não quero agora, mais para frente eu vejo o que vou fazer. Podem me deixar em paz para montar meu modelo?

- Ok... não vou dar mais opinião. - Ale foi o primeiro a falar erguendo as mãos em sinal de rendição e se levantando para sair.

- Eu vou dar opinião sim. - Tinha que ser Amanda, desde quando ela me deixa em paz? - Até porque, acho Bárbara uma ótima pessoa e ela gosta de você, maninha. Quero vê-las felizes. - Fala se aproximando de mim e me dando um beijo na cabeça.

- Tanto faz Amanda, desde que você deixe eu fazer as coisas do meu jeito.

- Vou pensar. - Fala dando uma piscadinha que me faz girar os olhos e vai em direção a saída agarrada no pescoço de Ale.

- Fechem a porta. - Falo me virando para minha mesa, mas, sinceramente?! Meu tesão de montar o aeromodelo já foi embora depois dessa conversa fraternal.

Apago a luminária e deixo as peças sobre a mesa. Vou até o banheiro para escovar meus dentes e quando volto para o quarto dou de cara com meu celular tocando. Pego e já vejo o nome de Laura.

- Alô – Atendo me jogando na cama.

- Alô pequena. - Sua voz do outro lado parece cansada, mas, ao mesmo tempo, feliz.

- Como está Laura?

- Agora, falando com você depois de um dia cansativo, estou melhor. - Fala me fazendo rir. - Como foi seu dia?

- Normal, fiquei em casa e agora estou me preparando para uma maratona de desenhos animados. - Falo e a ouço rir do outro lado da linha.

- Minha pequena Alice é tão doce e delicada. Adoro esse seu lado de criança. - Seu jeito de falar transparece meiguice, mas também excitação.

- Do jeito que você fala, quase consigo imaginar uma tarada pedófila. - Ao me ouvir dizer isso, Laura dá uma gargalhada alta do outro lado da linha, que quase me deixa surda.

- Ao contrário pequena. Tenho nojo desses que têm esse tipo de pensamento com crianças. O que me excita em você é que você é delicada e muitas vezes ingênua como uma criança, mas com corpo e desejos de mulher. - Fala e, acreditem, consegue me ruborizar. - Queria estar aí para participar dessa maratona com você.

- Sei... quem te ouve pensa que você me deixaria assistir alguma coisa. - Falo com voz provocativa e ela ri.

- Claro que deixaria... uns 5 min, mas deixaria. - Fala me fazendo gargalhar.

- Sua súcubo, você e essa sua fome insaciável.

- Minha fome de você... essa nunca acaba! Quando te vejo quero te fazer minha de várias maneiras possíveis, até que você diga que não aguenta mais e aí fazer novamente só para você saber o quanto te desejo. - Suas palavras fizeram minha excitação ir a mil. Laura é o tipo de mulher que sabe muito bem o que dizer para te fazer ficar com tesão só em escutar.

- Você me deixa maluca Laura. - Falo arfante.

- E é isso que quero pequena. Que você fique tão louca por mim quanto eu sou por você. - Fala num sussurro.

Estávamos em nosso jogo de provocações, quando escuto alguém bater à porta me trazendo de volta do transe de minha súcubo favorita.

- Quem é?! - Pergunto sem desligar a ligação.

- Sou eu filha. - Ouço minha mãe.

- Pode entrar mãe. - Convido, mas sem desligar a ligação. Sei que Laura está ouvindo e entende o porquê de eu ter parado de falar com ela.

- Boa noite filha. - Minha mãe fala colocando a cabeça pela porta sorrindo. - Está ocupada?

- Ahhh... não, estava me preparando para assistir algo na TV. - Falo deixando o celular com a tela virada para baixo sobre o criado-mudo.

- Entendi. - Ela veio até a cama e se sentou ao meu lado. - Você subiu depois do jantar, nem pudemos conversar. - Falou sorrindo.

- É... eu queria montar meu aeromodelo, aí subi. - Falei aprontando para as peças sobre a mesa.

- Ahhh! Mas então, o que quero falar com você é que quarta-feira tenho um aniversário de uma amiga da clínica para ir e não queria ir sozinha, queria saber se quer ir comigo? - Gosto da minha mãe por isso, ela não enrola muito no que quer e isso é ótimo.

- Que horas?

- Será a noite, num clube na Gávea. Amanda não quer ir e seu irmão e seu pai vão a um jogo de futebol. - Fala virando os olhos.

- Tiraram Ale do castigo? - Falei animada, pois, com isso, me veria livre da cara de tédio do meu irmão durante o dia.

- Não, mas esses ingressos eles já tinham comprado há dias, então não tem porquê não irem. - Minha mãe fala desprendendo importância. - Então, você aceita ir comigo?

Vamos ponderar as coisas, eu detesto ir a lugares com pessoas que não conheço e eu não conheço as amigas de trabalho de minha mãe, afinal ela trabalha lá há pouco tempo. Porém, vamos concordar?! Dizer não a sua mãe, depois que todos os seus irmãos já falaram é, no mínimo, pedir para receber alguns teleguiados durante o resto da sua vida. Então, acho melhor dizer que sim. E também, comer e beber de graça nunca é ruim para ninguém.

- Tudo bem mãe. Eu vou. - Falo sorrindo e recebendo dela um sorriso iluminado.

- Ai que bom filha! - Fala me dando um abraço. - Então na quarta-feira se prepare para se divertir com um grupo de mulheres acima dos 40 anos. - Debocha da situação me causando um sorriso amarelo. - Vou deixar você com seus desenhos agora minha menininha. - Fala pegando na minha bochecha e me fazendo fazer careta. Odeio isso. - Boa noite, filha.

- Boa noite, mãe. - Falo a vendo sair e fechar a porta. Corro para o celular e vejo que a ligação com Laura ainda está ativada.

- Alô, Laura?! Desculpe, era minha mãe. – Falo justificando minha ausência na ligação.

- Que porcaria de festa é essa? - Escuto sua voz irritada do outro lado da linha.

- Oi?! - "Isso é a única coisa que ela questiona?" - Não sei, uma amiga do trabalho da minha mãe.

- Não gosto disso. - Fala com a voz dura, não preciso ser vidente para saber que ela está com cara de poucos amigos.

- Eu também não gosto, mas fazer o quê? Minha mãe não quer ir sozinha. - Falo sincera, pois realmente não queria ir, mas não posso negar isso a minha mãe.

- Ela falou que você vai se divertir com mulheres de meia idade. Que tipo de diversão? Alice, se alguma delas der em cima de você eu...

O que? Ela está preocupada com alguma mulher dar em cima de mim? Ao ouvi-la falar isso, solto uma gargalhada alta que, com certeza, deve ter feito ela quicar de raiva.

- Alice! Não ri! Não debocha! - Fala praticamente gritando.

- Você acha que todas as mulheres do mundo vão dar em cima de mim, Laura. Nem se eu fosse a Angelina Jolie. - Falo debochada.

- Você não sabe o desejo que desperta nas pessoas, Alice.

- Não sei mesmo... mas acho que nenhuma das amigas da minha mãe dará em cima de mim com ela do meu lado.

- É o que eu espero... sua mãe não tem nada que te chamar para essas coisas. - Fala com voz nervosa.

- Ei... chega! Já tivemos uma conversa dessas antes. Não quero repeti-la. - Falo dando fim a conversa.

Sinceramente, essa conversa me deu dor de cabeça já, se antes estava excitada com as provocações de Laura, agora estou fula da vida com sua mania de querer controlar onde vou e com quem.

- Vou precisar desligar. Nos falamos amanhã. - Falo dando por terminada a conversa.

- Não quer mais falar comigo? - Sinto sua voz embargada, provavelmente está com os olhos aguados feito criança.

- Amanhã você tem que ir para o curso e já está ficando tarde. Descansa e nos falamos. - Falo tentando ser o mais natural possível, mas realmente não quero mais falar com ela.

- Eu não me importo.

- Mas eu sim, não quero que você fique debilitada. Quando acordar te mando uma mensagem de bom dia.

- Promete? - Fala de um jeito manhoso me fazendo sorrir.

- Prometo! Beijos Laura, ótimos sonhos.

- Beijos pequena, vou sonhar com você e seus beijos. Assim o sonho será magnífico. - Essa forma de falar dela me faz rir, realmente parece uma criancinha.

Desligamos a chamada e, finalmente, consigo parar para assistir meus cartoons, O Incrível Mundo de Gumball, The Loud House, etc. Não quero saber de nada, só de me distrair.

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.

.

Quarta-feira, minha terça-feira foi proveitosa, tirando o fato de minha irmã ficar me perturbando para chamar Bárbara para tomar banho de piscina conosco, consegui montar meu aeromodelo e meu pai deixou eu ir em Niterói no domingo para ver a exibição dos fãs dessa modalidade e, quem sabe, eu também colocar meu helicóptero para voar.

Estou terminando de me arrumar para sair com minha mãe quando alguém bate à porta.

- Fala maninha. Hmm tá gata. - Amanda fala entrando.

Como está fazendo calor, resolvi colocar um shortinho branco, com uma sandália de salto que tenho e uma camiseta de cor azul-marinho.

- Obrigada. - Agradeço sem desviar os olhos do espelho, pois estou terminando minha maquiagem. - O que você quer?

- Pode me emprestar sua sombra? A minha acabou e ainda não comprei uma nova.

- Pode pegar, só não esquece de devolver. - Falo passando o batom, quando vejo um flash atrás de mim, me fazendo virar assustada. - Você está tirando fotos minhas?

- Claro, você fica linda concentrada. - Falou olhando para o celular. - Hashtag Postei!.

- Babaca... apaga. - Falei indo para cima dela, mas, antes que pudesse fazer algo, minha mãe me chamou para irmos. - Salva pelo gongo. Estou indo mãe.

Chegamos na festa, que estava sendo realizada em um clube chamado Sociedade Germania na Gávea, e já pude ter uma noção do tipo de tédio que passarei. Afinal está repleto de pessoas bem mais velhas que eu, além das músicas não estarem ajudando. "Pelo menos tem comida" pensei assim que vi um garçom passando com uma bandeja.

Minha mãe, hiper animada, me apresentou a aniversariante, que pelo que entendi é pediatra e está fazendo 49 anos hoje, um ano a mais que minha mãe. Uma mulher muito bonita e que não aparenta nem um pouco ter a idade que diz. Morena, com olhos verdes e cabelos cacheados, além de um belo corpo.

Comi de tudo um pouco, como se não houvesse amanhã. Ainda bem que minha mãe não é de regular as coisas que comemos, desde que façamos de forma educada, podemos comer o quanto quisermos.

Num certo momento da festa minha mãe saiu da mesa, indo falar com uma amiga, me deixando sozinha. Aproveitei que ela se afastou e peguei uma taça de espumante, que estavam servindo, para beber. Estava distraída olhando no entorno, quando senti alguém tocando minhas costas, logo estremeci e cheguei a engasgar com a bebida pensando que era minha mãe.

- Nossa! Você está bem?

Virei e dei de cara com Juliana, minha professora de matemática, me olhando assustada enquanto dava palmadinhas nas minhas costas tentando me ajudar.

- Professora Juliana?! - Falo com cara de espanto e estupefação, afinal não imaginei que fosse vê-la hoje.

- Sim, sou eu Alice. - Juliana sorri. - Te assustei? - Fala com cara de culpa.

- Tudo bem... pensei que fosse outra pessoa. - Falei colocando a taça na mesa e sorrindo para ela.

- Desculpe, eu te vi aqui sozinha e resolvi vir dizer um oi, não foi minha intenção.

- Tudo bem! Acontece quando se está fazendo "coisas erradas". - Falo sorrindo sem graça a fazendo rir.

- Não imaginei que bebesse.

- Não é todo o dia que se tem espumante para beber. - Falo rindo e fazendo ela rir mais ainda. - Não pensei que fosse ver alguém do colégio aqui.

- Nem eu, você veio com quem? - Pergunta puxando uma cadeira e se sentando de frente para mim.

- Com minha mãe, ela trabalha com a aniversariante. E você?

- Que bacana! Marisa é minha prima, então vim prestigiá-la.

Juliana é o tipo de beleza simples, aquela mulher que você olha e fica embobada. Que é capaz de parar o trânsito sem muito esforço, mas que você pode encontrar em outra pessoa. O que se destaca nela é o carisma incomparável. Seu sorriso e sua forma calma de falar te deixa fascinada e encantada.

Descobri que ela tem 31 anos, que havia ido sozinha a festa da prima e que estava se sentindo deslocada. Sem muito pensar a chamei para me fazer companhia, pois estava no mesmo barco e, para meu agrado, ela aceitou. Passamos a noite conversando sobre diversos assuntos, desde a matéria dela até a forma de dançar e se vestir de alguns altinhos que atacaram a pista.

A apresentei a minha mãe que fez questão de perguntar por mim no colégio, porém ela só ouviu elogios de Juliana, que me chamou de "aluna modelo" e tudo, me fazendo corar e minha mãe ficar cheia de si.

- Então você quer ser engenheira aeroespacial? - Juliana perguntou.

Estávamos na área externa da festa aproveitando o ar fresco e o pouco barulho para conversar, enquanto minha mãe estava lá dentro bebendo e conversando com suas amigas.

- Sim, é um sonho antigo. - Falei sorrindo. - Desde pequena ouço meu avô falando sobre e a vontade só fez crescer.

- Que legal! Seu avô é da área?

- Sim, ele estudou na mesma instituição onde pretendo estudar. Ele é Engenheiro Mecânico Aeronáutico.

- E onde você pretende estudar? - Juliana perguntou enquanto bebia de seu pró-seco.

- Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA.

- É uma prova muito concorrida. Espero que consiga. - Falou sorrindo para mim.

Estava me sentindo cômoda em ficar conversando com ela. Juliana é mais legal do que imaginei e muito divertida. Espero poder manter uma amizade com ela fora do colégio, sei que já estamos no caminho, mas uma coisa é uma festa, outra bem diferente é o dia a dia.

- Eu acho que tenho alguns livros de simulados de vestibulares, vou dar uma olhada e te empresto, assim vai poder se preparar melhor.

- Nossa... vou aceitar, estou muito... - Quando ia falar o quanto estou feliz com sua ajuda, meu celular tocou dentro da bolsa de mão que levava. Peguei para ver quem era e logo vi o nome de Laura brilhando na tela. - Vou atender, com licença. - Falei me levantando e me afastando do barulho para ouvi-la melhor.

- Alô, Laura.

- Alô pequena... ainda está na festa? - "Essa mulher não perde uma."

- Sim, está bem animado aqui, minha mãe está perdendo um pouco a noção do tempo. - Falei dando pouca importância. - Como você está?

- Estou bem, dentro do possível. - Falou de forma séria, com certeza está louca com o fato de eu ainda estar aqui. Problema dela.

- Isso melhora.

- São quase 0:00, não pensam em ir embora?

- Está controlando meu tempo fora de casa, Laura? - Falei e pude a ouvir suspirar do outro lado da linha.

- Não quero... - Não terminou de falar. - Como são as pessoas que estão aí?

- Um bando de gente de meia idade, como imaginei, mas são divertidos.

- Hmm.. conheceu alguém aí? - Perguntou em um sussurro.

Pensei um pouco no que ia dizer, porém nem foi preciso falar nada, pois Juliana me chamou de longe e Laura a escutou.

- Essa foi a voz de Juliana? - Senti sua raiva emanando do telefone.

- Sim, você não vai acreditar, ela é prima da aniversariante. - Falei sem muito alarde, tentando manter o clima de paz na ligação, porém não adiantou muito, pois Juliana se aproximou para falar comigo.

- Alice, desculpe atrapalhar sua ligação, é que estou indo. - Falou sorridente. - Vou aproveitar uma carona.

- Ahh... tudo bem.

Juliana se aproximou e me deu dois beijos no rosto (seu perfume é maravilhoso). - Foi muito bom te ver aqui, vou procurar o que te falei e, assim que achar, te falo e marcamos de você pegar, tá bom?!

- Sim, vou ficar no aguardo, obrigada Juliana e bom regresso. - Falei o mais tranquila possível, mas sabia que, assim que minha professora de matemática saísse, teria que enfrentar uma fera.

- Você também. Beijos e boa noite Alice. - Falou acenando e indo em direção a saída.

Expirei e aspirei o ar continuamente tentando me preparar para não pirar com Laura, já sabendo o que vinha e não estava enganada, ao aproximar o telefone do ouvido, pude ouvi-la gritando meu nome.

- ALICE?! ALICE ME RESPONDE!

- Estou aqui. - Falei com voz calma.

- O que você tem que pegar com ela? Por que ela está tão íntima assim de você? - A voz de Laura parecia o rugido de um leão enjaulado. Tenho certeza que ela estava dando voltas pelo cômodo a essa hora.

- Uns livros com simulados, ela disse que tem e vai me emprestar.

- E por que ela quer tanto assim te emprestar isso?

- Ai Laura, para. Por favor, só para. Não sei que paranoia é essa. São livros ora, falei com ela dos meus planos para o ITA e ela disse que tem alguns livros que podem me ajudar, só isso. - Falei já perdendo a paciência, afinal Laura está pedindo explicações demais pro meu gosto.

- Não estou gostando disso. - Laura falou num tom duro.

- Você não tem que gostar ou não gostar Laura. É meu sonho e ela quer me ajudar. Para de ficar dando chilique por qualquer coisa. - Falei com a voz mais dura ainda, afinal já enchi desse papo.

- Às vezes acho que você está interessada nela, sabia? - Sua voz era de desgosto.

- E se eu estiver?! Qual o problema? - Falei na raiva. Sei que Juliana me chama a atenção pela beleza, porém não penso a esse ponto, acho que só tenho fascinação, nada mais.

- Não vou permitir, simplesmente acabo com isso antes que aconteça. - O tom de Laura mudou, ela estava fria e com voz grave. Não sei se é possível dizer, mas, nesse momento, senti medo do que ela poderia fazer.

- Laura, por favor. Eu não quero nada com ela. A professora Juliana só foi gentil comigo, como é com todos os alunos. - Falei tentando a acalmar e terminar logo com essa tensão que se formou na ligação.

- Torço para que seja só isso mesmo Alice, pois, ela não vai tirar você de mim.

- É só isso sim, pode confiar em mim. - Nesse momento vi minha mãe na entrada do salão acenando para mim, parece que vamos embora. - Preciso desligar, minha mãe está me chamando para irmos.

- Tudo bem! Bom regresso para casa Alice, quando chegar me manda uma mensagem. Estou sentindo sua falta na minha cama.

- Também estou sentindo sua falta. Beijos e boa noite. - Desliguei e me encaminhei para onde minha mãe estava.

Não sei porquê, mas essa conversa com Laura me deixou com uma pulga atrás da orelha. Sei que ela é possessiva e gosta de manter um certo controle, mas a forma como ela falou, não sei, me pareceu um pouco ameaçadora. "Só espero que ela fique bem e tire essas coisas da cabeça" pensei me dirigindo para a saída junto com minha mãe, afinal, a noite acabou.


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