Doce Obsessão (Romance Lésbic...

By CarolRosa86

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Alice e sua família se mudam do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro por causa do trabalho de seu pai. Tím... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22 - Final
Aviso

Capítulo 11

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By CarolRosa86

Primeiro dia de férias, um sábado ensolarado, quente, com possibilidades de filmes, festas, ficar em casa sem nada para fazer, etc. Porém, cá estou eu, em pleno sábado, no curso pré-vestibular. Felizmente o dia já está acabando e posso ir para casa descansar.

Laura já foi para São Paulo, apesar do curso dela só começar na segunda-feira, ela foi chamada pelo seu pai para ir antes para conversarem sobre assuntos de família, pelo que ela me falou quando me ligou na hora do almoço. Pelo que percebi, ela vai me reportar toda essa viagem dela, porque já me ligou, mandou mensagem com fotos, etc.

Estou saindo do curso para, finalmente, ir para casa aproveitar meu primeiro final de semana de férias. Já até sei o que vou fazer: vou comprar um pote de sorvete, fazer pipoca, ir para meu quarto e ter uma overdose de desenhos animados.

Sim, eu quero ficar sem fazer nada, esquecer do mundo exterior e ficar de preguiça o resto do final de semana. Pego a condução que me levará para casa, vou ouvindo música e lendo um livro que ganhei de minha mãe. Deixe-me Ir, de Daniela Sacerdoti, é uma história que me chamou a atenção desde que recebi e, durante os momentos que preciso passar o tempo, me afundo nessa história.

Estou a poucos minutos de chegar até meu ponto quando sinto meu celular vibrar. Pego e vejo o nome de Bárbara na tela, o que me faz abrir um sorriso e atender.

- E aí! - A escuto alegre, parece estar em um lugar movimentando, afinal tem uma música tocando ao fundo.

- Olá Bárbara, tudo bem?

- Estou sim.. e você? - Pergunta animada. "Será que bebeu?!"

- Estou bem, acabei de sair do curso.

- Hmm... pensei que estava de férias.

- E estou, mas o pré-vestibular continua nessas semanas. - Falei sorrindo. - O que está fazendo?

- Estou em um churrasco, um amigo do curso está realizando para comemorar o fim do semestre. - "Ahh... entendi, por isso essa animação toda."

- Bacana... por isso está tão animada. - Falo rindo e escuto uma gargalhada do outro lado da linha.

- Está dizendo que estou bêbada senhorita Alice?! - Fala com uma voz brincalhona.

- Claro... que estou. - Confirmo a fazendo rir alto do outro lado.

- Saiba que estou alegre, só isso.

- Sei... vou fingir que acredito em você. - Vejo meu ponto se aproximando e já começo a me preparar para descer.

- Estou com tão pouca moral assim com você?! Pensei que éramos mais que isso. - Fala fingindo voz indignada. Não preciso ver seu rosto para saber que está com um sorriso nos lábios.

- Somos mais que isso, por isso falo dessa forma. - Falo rindo e escuto sua gargalhada. - Estou no ônibus e está chegando meu ponto, vou ter que desligar.

- Ok... te ligo depois. Quero te chamar para algo. - Isso atiça minha curiosidade, mas nem posso questionar o que é, afinal preciso descer e só me resta desligar.

- Detesto ficar curiosa... beijos Bárbara, nos falamos.

- Beijos Alice. - Responde rindo antes de desligarmos.

Apesar da curiosidade que estou em saber o que Bárbara tem para me falar, mantenho meus planos. Compro meu sorvete de creme, pipoca para fazer e uma garrafa de dois litros gelada de Fanta Uva, minha preferida.

Chegando em casa, para minha tristeza, meu irmão está na piscina com alguns amigos, com música alta e pizza – Como alguém come pizza e vai para a piscina? Respondam. - Isso vai me causar um pouco de mudanças nos meus planos, pois, para minha tristeza, meu quarto fica voltado para a área da piscina e todo o barulho que eles fazem lá fora vai direto para dentro. "Vou ter que ficar na sala de TV." penso desanimada.

- Oi Alice. - Ale entra pela cozinha molhando tudo.

- A mãe vai te matar se chegar e ver a cozinha molhada. - Falo colocando as coisas na geladeira e colocando pipoca para fazer.

- Relaxa, vou limpar antes dela chegar. - Fala pegando algumas laranjas. - Eu tô querendo comprar algumas coisas, pode me emprestar 20 reais?! - Diz parando ao meu lado.

- Quê?!

- Meu dinheiro acabou, papai só vai nos dar mesada na segunda-feira, por favor, eu te pago. - Ale só faltou se ajoelhar aos meus pés enquanto o olhava com a sobrancelha erguida, sem acreditar que ele estava me pedindo dinheiro.

O problema aqui nem é emprestar dinheiro para o meu irmãozinho e sim saber que ele não vai me pagar. Da última vez que lhe emprestei algo ele ficou três meses para me devolver e só o fez porque falei com minha mãe e ela o obrigou.

- Eu não... ninguém manda você não saber administrar as coisas que papai te dá. - Falo fechando a geladeira e indo em direção a porta.

- Ahhh... por favor Alice, eu juro que vou pagar. - Ale fala segurando meu braço. - Nós vamos comprar algumas coisas e precisamos inteirar o dinheiro.

Suspiro pesadamente com desgosto por sua insistência. Eu realmente não quero emprestar. Mas, pensando bem, pode me ser útil ter meu irmãozinho do meu lado.

- Ok... vou me trocar e quando descer te dou. - Falo e ele me agarra me erguendo do chão e me dando um beijo barulhento na bochecha. - Ahhh... chega...

- Obrigado mana. Vou levar isso para a piscina para eles e venho pegar. - Fala pegando as laranjas e saindo pela porta todo alegre.

Vou para meu quarto e arranco minha roupa seguindo para o banheiro. Preciso tomar um banho e relaxar, afinal o curso foi puxado. Tomo um banho demorado e visto a roupa mais largada que tenho: Uma calça de pijamas velha de cor azul, uma regata branca esgarçada e umas havaianas cheias de desenhos de pandas. Estou pronta para me jogar no sofá e maratonar meus desenhos animados.

Pego na minha bolsa os tais 20 reais para Ale e desço. Ao chegar o encontro na cozinha, pronto para abrir meu refrigerante.

- Eiiii... pode tirar suas mãos da minha Fanta. - Grito assim que chego na porta.

- Foi mal. - Fala com a cara mais lavada do mundo.

- Não comeu nada meu não, né?! - Falo indo em direção a geladeira e olhando as coisas que comprei.

Felizmente ele não tocou no meu sorvete de creme, nem na minha pipoca que já estava pronta no micro-ondas.

- Relaxa, não peguei nada. - Fala indo até a pia. - Trouxe o dinheiro?

- Toma. - Estendo a nota para ele. - Agora me deixa em paz. Se alguém perguntar, estou vendo TV na sala. - Falo pegando minhas coisas e indo em direção a sala de TV.

Felizmente a sala de TV da minha casa tem um pouco de isolamento acústico, senão a zona na piscina atrapalharia meu momento de diversão. Sinceramente, nem sei como meus pais permitiram que Ale recebesse seus amigos aqui em casa assim. Bem provável que não saibam, mas não vou falar nada. Desde que não me incomodem, podem fazer o que quiserem.

Estava imersa na minha bolha pessoal, assistindo Avatar – A Lenda de Aang - já estava no final do livro 2, minha pipoca já tinha acabado, minha Fanta se resumia a, praticamente, metade de um copo e meu sorvete estava pela metade - quando ouvi um barulho, que pareciam gritos, vindo de fora.

Abaixei a volume da TV e pude perceber que era minha mãe e pelo que parece, estava tendo um surto com Ale. "Pelo visto ela chegou antes de arrumarem a zona" pensei voltando a aumentar o volume. A última coisa que quero é me envolver em problemas por causa de meu irmão.

Mas, sabem o que dizem, quando a você não vai a montanha a montanha vai até você. Não demorou muito para a porta da sala de TV abrir bruscamente e eu ouvir a voz da minha mãe ecoando por todo o cômodo.

- Alice!

Pauso o desenho e a vejo acender a luz. - Oi mãe?!

- Você não viu a bagunça que seu irmão e os amigos dele fizeram? - Fala parando na minha frente. - Aliás... você não viu que tinha gente em casa?!

Ajeitei meu corpo no sofá, me sentando. - Eu vi que tinha gente com ele aí, mas não sabia que você não tinha deixando ele receber visitas. - Falei com naturalidade. - Aliás, nem sabia que ele não tinha pedido permissão.

- Pois é! Ele não pediu. Era sua obrigação nos ligar para saber se havíamos deixado. - Fala de forma estérica.

- Ahh não mãe! Desculpe. - Levanto do sofá. - Eu não tenho a obrigação de ficar de babá dele. Pelo menos não quando estamos em casa. - Percebo que minhas palavras a pegam de surpresa, afinal nunca fui de responder.

- Claro que você tem. - Fala me encarando.

- Não! Não tenho. Ele mora aqui e recebeu amigos. Para mim você ou o pai tinham dado permissão. Não posso controlar quais amigos do Alexandre entram ou saem daqui. - Falo de forma firme e consigo perceber como ela fica com o semblante confuso.

No fim, ela sabe que estou certa, afinal, nenhum de nós recebe ninguém sem falar antes. No mínimo, ao ver meu irmão com um grupo de amigos na piscina, pensaria que ele havia avisado para meus pais, então estou isenta da culpa.

Ela olha para um lado e para o outro e passa as mãos pelo cabelo suspirando audivelmente. - Você tá certa... - Ainda bem que admite. - O que deu na cabeça do seu irmão? - Pergunta com os olhos perdidos.

- Não sei. Onde ele está?

- Limpando a bagunça que ele e os tais "amigos" fizeram na piscina. - Fala com o rosto transbordando irritabilidade. - Mas isso não vai ficar assim... ele pode esquecer férias.

Ouvimos o barulho de chaves na porta principal e vamos até lá para ver quem é. Amanda entra com a cara de quem bebeu todas e logo percebo minha mãe virar os olhos insatisfeita.

- Calma aí mãe. - Amanda fala erguendo as mãos em sinal de paz. - Não estou fora de mim. Fica tranquila.

- Isso eu espero, Amanda! - Minha mãe fala indo em direção a escada. - Isso eu espero!

- Nossa! O que houve? - Minha irmã pergunta vindo até mim.

- Ale fez uma festa na piscina sem avisar e ela está possessa com isso. - Falo de forma trivial.

- Wow... ele é louco?! - Amanda fala indo até a cozinha. - Até parece que não conhece nossos pais. - Ri alto.

- Né?!

Volto para a sala de vídeo e pego a minha bagunça, nessa altura meu tesão de terminar de assistir o desenho foram para o brejo. Recolho tudo e vou em direção a cozinha, encontrando meus irmãos conversando. Ale estava mais amuado que cachorro que caiu da mudança.

- Você não pensou que ela poderia brigar? - Amanda falava com ele. - Pelo menos falasse com ela, pedisse permissão.

- Eu não pensei que ela fosse brigar. - Ale fala num sussurro. - Eles vieram aqui me chamar, acabei chamando eles para ficarmos na piscina...

- Agora você está num problema. - Falei fazendo ele me olhar com cara de choro.

- Para Alice, deixa ele em paz.

- Não estou falando por mal. - Aproximo dele e lhe dou um beijo no rosto. - Sabe como ela é, agora é aguentar as consequências. - Falo saindo em direção ao meu quarto, os deixando ali conversando.

Assim que entro, percebo meu celular tocando. Corro para atender e vejo que é Bárbara.

- Alô!

- Alice... ice... ice... ice – Responde com a voz mole. "Meu Deus! Ela tá bêbada?!"

- Bárbara.. ara... ara... ara. - Falo entrando na brincadeira e a ouvindo rir alto.

- Isso aí linda. Tá ocupada?

- Se for para sair de casa agora, estou. Se não, estou livre. - Escuto uma gargalhada.

- E para me aguentar no celular? Está ocupada ou livre?

- Digamos que, se for para você dizer para quê vai chamar, estou livre sim.

- Tocou meu orgulho... quer dizer que só fala comigo por interesse?! - Fala fingindo indignação.

- Vai dizer que não sabia disso? - Falo me jogando na cama e rindo e a escuto rir do outro lado.

- Ok... vou aceitar isso, por mais que doa.

- Mas então, para o que você queria me chamar? - Falo já remoendo de curiosidade.

- Ah... quer sair amanhã?

- Amanhã?! - Pergunto com espanto.

- Sim... a não ser que esteja ocupada. Queria te levar num lugar.

- Não... estou livre amanhã. - Falei me sentando na cama. - É que não esperava.

- Então... gostaria de conhecer um lugar no Rio comigo moça?! - Falou com a voz mansa e suave.

- Acho que tudo bem... vou ver com minha mãe se posso. Vamos só nós duas?

- Bem... pretendo que seja, mas se quiser chamar mais alguém... - Falou deixando em aberto.

- Não! É só para poder falar com ela. Vou perguntar e te mando uma mensagem respondendo. Tudo bem?

- Tudo perfeito. - Fala e consigo perceber que está sorrindo. - Vou esperar a mensagem então.

- Ok... obrigada pelo convite.

- Eu que agradeço. Beijos linda, preciso desligar, vou entrar no elevador.

- Beijos! Se cuida.

Desligamos a chamada e fico pensando no que significa isso. Eu e Bárbara já saímos para ir no museu aquela vez, mas, não sei porquê, sinto que dessa vez é diferente. "Ou será que sempre foi e eu que me fiz de desentendida?"

Como imaginei, a noite não foi fácil falar com minha mãe. Ela estava uma fera por causa do meu irmão e, assim que meu pai chegou, os dois se trancaram com Ale no escritório e ficaram um bom tempo lá. Quando saíram descobri, para desespero de meu irmãozinho, que ele ficaria de castigo as férias inteiras, sem poder sair.

Depois do jantar, consegui falar com eles e me deixaram sair, desde que não demorasse para voltar e que mandasse uma mensagem avisando onde estava. "Não tem problema". Então antes de dormir mandei uma mensagem para Bárbara avisando que deixaram eu ir e ela fez uma verdadeira festa.

Quando estava prestes a dormir, recebi uma mensagem de Laura, avisando que havia chegado em casa e que estava com saudades.

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Domingo, 10:30 da manhã e estou pronta para sair com Bárbara. Pelo que ela me falou vamos almoçar e depois ela me levará para um passeio. Não demorou muito e ela tocou a porta e eu fui atender e assim que abri dei de cara com um lindo sorriso me esperando.

- E aí... - Falou sorrindo.

- Oi Bárbara. - Falei a cumprimentando. - Estou pronta, vamos?

- Nem se vocês estivessem fugindo da polícia. - Minha mãe falou chegando a minhas costas. - Como está Bárbara? - Cumprimentou-a animada.

- Estou bem Ana, e você? - Bárbara perguntou de forma cortês. Minha mãe a proibiu de tratá-la de maneira formal.

- Estou bem meu anjo. Só curiosa em saber onde levará minha princesa. - Falou passando o braço pelos meus ombros e me apertando contra ela.

- Em nenhum lugar perigoso, pode ficar tranquila. - Bárbara respondeu rindo da cara que fiz.

- Espero! Em vocês eu confio. Quer tomar um café antes de sair?

- Não, obrigada Ana. Eu já tomei.

- Podemos ir Bárbara? Para não ficar muito tarde. - Tratei logo de cortar o papo delas antes que minha mãe a chamasse para o almoço.

- Sim... foi um prazer revê-la Ana, até uma próxima. - Bárbara falou se despedindo de minha mãe.

- Até Bárbara. Cuidado filha, qualquer coisa me liga. - Minha mãe falou da porta enquanto íamos para nosso passeio.

Fomos andando pela saída de pedras que tinha na frente da minha casa em direção a um carro, que pelo que Bárbara me falou, pertence a uma amiga dela. Ela não queria preocupar minha mãe me levando de moto, então conseguiu o carro emprestado para me levar em segurança.

Assim que o alcançamos, Bárbara abriu a porta do carro para mim e, quando entrei, no painel a minha frente, havia um botão de rosa branca, o que me fez rir. Bárbara deu a volta entrando no lado do motorista e me fitou, observando meu sorriso.

- É para mim? - Perguntei encantada.

- Sim... uma vez você falou que ama a cor branca. Achei que gostaria. - Bárbara falou de maneira doce.

Peguei a rosa do painel de maneira gentil, fechei os olhos e a levei ao nariz, aspirando seu sutil, mas maravilhoso, perfume.

- É linda. - Falei sorrindo agradecida e a percebendo ruborizar. - Adorei.

- Fico feliz. - Abaixou a cabeça sem graça. - Vamos?

- Vamos!

Bárbara ligou o carro e fomos, conversando e rindo bastante, além de ouvir música e cantar, primeiro a um restaurante, onde vamos almoçar. Ela me contou suas peripécias de infância e como ganhou uma cicatriz nas costas quando caiu do muro de sua casa. Uma garota tipicamente travessa.

Ao chegarmos no restaurante me deparei com a vista mais linda que já vi desde que cheguei nessa cidade, ele possui um deck onde é possível ver uma área de mata e ter uma vista da Zona Sul da cidade. Fiquei maravilhada com o lugar.

- Gostou da vista? - Bárbara perguntou.

- É linda, nunca imaginei que fosse conhecer um lugar assim. - Falei fascinada.

- Que bom. - Bárbara sorria satisfeita, pelo visto ela planejou tudo nos mínimos detalhes para me agradar. - Quer sentar aqui para almoçarmos ou lá dentro?

- Com certeza aqui. - Respondi eufórica.

A comida era muito boa, tanto que comi mais do que normalmente como. Além de comer uma deliciosa sobremesa que me fez querer mais. Bárbara se divertia com minhas caras e bocas e ainda brincava a todo o momento comigo, me fazendo perder o controle dos risos.

Depois de um momento maravilhoso e um almoço espetacular, fomos para um outro caminho, seguindo em direção a Mesa do Imperador, que, segundo ela, era um local maravilhoso. E, posso ser sincera, era mesmo. Assim que chegamos, pude notar a paz e a beleza do local.

Minha empolgação era tanta que tirei diversas fotos: sozinha, do local, com ela, fingindo pose de moda, intelectual. Ela é muito prestativa e carinhosa, além de ser cuidadosa, me dando a mão para me ajudar a descer dos lugares, para subir, além de abrir a porta toda vez que ia entrar ou sair do carro.

Assim que saímos dali nos dirigimos para, o que ela chamou, de penúltimo ponto do dia. Estava tão entretida e me divertindo tanto que nem percebi como o tempo passou. Ao chegarmos no tal local, me deparei com uma linda construção em estilo oriental.

- Essa é a Vista Chinesa. - Bárbara falou assim que saímos do carro.

Fiquei encantada com o visual do lugar. Bárbara se aproximou comigo da barra e foi mostrando cada um dos lugares que se podia ver dali. Cristo Redentor, Baía de Guanabara, Pão de Açúcar, Lagoa Rodrigo de Freitas, praias de Ipanema e Leblon, além do Morro Dois Irmãos. Cada coisa que ela falava, dizia com uma doçura na voz e tendo o cuidado em que eu estivesse visualizando o lugar que ela apontava.

- O que está achando? - Perguntou apoiada na barra ao meu lado enquanto eu tirava uma foto.

- Lindo, Bárbara. Eu estou encantada. - Falei me virando para ela e sorrindo.

- Fico feliz. Queria te levar a lugares legais. - Falou abaixando a cabeça ruborizada.

- Você acertou em cheio. Amei os lugares. - Falei olhando em volta, admirada.

- Alice... - Bárbara me chamou me fazendo olhá-la.

- Sim?!

- Sabe... eu sou um pouco torpe para falar certas coisas... - Percebi como ela apertava as mãos, nervosa. - Mas eu quero que você saiba que eu... eu estou feliz por ter passado essa tarde com você.

- Eu também estou feliz por ter passado essa tarde com você Bárbara. Como falei, você acertou em cheio nas escolhas. Como sempre. - Falei a fazendo rir e me olhar com ternura nos olhos.

- Quando estou com você, eu não quero fazer nada errado. Quando estou com você... - Bárbara se aproximou de mim. - Sinto que posso fazer tudo certo. - Seus olhos fitavam os meus com ternura e intensidade, me causando arrepios.

- Você... - Eu não sei o que dizer, as palavras me falham, as mãos me suam.

- Eu gosto de você Alice. - Bárbara fala pegando delicadamente minha mão. - E não quero mais esconder isso.

Não sei o que dizer. Minha mente está em branco, sinto meu coração palpitar forte dentro do peito e o ar me faltar. A forma intensa com que ela me olha, ela tem uma chama nos olhos, mas não é a mesma chama que estou acostumada a enfrentar, é uma chama calma, delicada, cálida.

Bárbara se aproxima mais de mim e não consigo reagir a nada, só esperar. Percebo como ela, por ser mais alta que eu, se inclina lentamente e cola seus lábios nos meus. Seus lábios são suaves, macios, calmos e carinhosos. Sei que não deveria fazer comparações agora, mas foi inevitável não comparar com os lábios de Laura, que são nervosos, famintos e ávidos, apesar de macios.

Bárbara é delicada e gentil, seu beijo é doce e sem pressa. Suas mãos são respeitosas e suaves. Correspondi seu beijo e senti a diferença imediatamente, não que o beijo dela não tenha mexido comigo, pelo contrário, me senti cuidada. "São totalmente diferentes uma da outra e ambas me atraem" pensei após finalizar o beijo. "Estou perdida."

Após finalizar o beijo, Bárbara sorriu carinhosamente para mim, seus olhos brilhavam de felicidade. Também estou feliz, também estou me sentindo bem, mas não sou garota de somente um beijo gentil, não mais. Porém como agir diante de alguém tão meigo quanto ela?

- Podemos ir com calma? - Falo abaixando a cabeça.

- Claro! Podemos ir como você quiser. - Bárbara fala me acariciando o rosto. "Seu toque é cortês como ela".

- Obrigada. - Falo sem graça.

Bárbara me abraça por trás e continua me mostrando as coisas que há no lugar e também a contar como teve a ideia do passeio. Sinto-me feliz, acarinhada e protegida com ela. Suas mãos acariciam meus braços e seu perfume cítrico me invade me trazendo paz.

Sei o que vocês devem estar pensando. "Como ela pode agir assim?!/ mas e a Laura?! / ela será sincera com Bárbara e Laura?!". A resposta para todas essas perguntas é: Não sei.

Não quero pensar nisso agora, não quero perder tempo pensando em coisas que podem me fazer entrar em parafuso. Quero aproveitar os momentos e ver no que pode dar. E é isso que vou fazer.

Terminamos, o que agora sei que foi um encontro, em uma sorveteria maravilhosa onde serviam diversos sorvetes exóticos. Adorei o de cupuaçu, agora vou procurar esse sabor onde eu for. É delicioso, um dos melhores que comi até hoje, sem dúvida.

Já eram quase 19:00 quando Bárbara me devolveu para casa. Como sempre, ela desceu e abriu a porta para mim, me ajudando a descer com um monte de souvenirs que comprei e o botão de rosa que ela me deu.

- Não precisa me levar até a porta, aqui está bom. - Falei a liberando desse ato de cavalheirismo.

- Tem certeza? Não me importo de te ajudar.

- Eu sei que não se importa, mas está bom até aqui. Pode ir. - Falei sorrindo para ela que retribuiu o gesto.

- Ok... vou aceitar, mas só dessa vez. - Falou se aproximando de mim e depositando um beijo suave em meus lábios. - Se cuida Alice.

- Você também. Cuidado na volta a sua casa. - Falei me dirigindo até a porta de entrada.

Assim que cheguei na porta me virei a vi me olhando. Acenei e ela acenou de volta, entrando, finalmente, no carro e dando a partida para sair. Ao entrar em casa me deparei com Ale sentando à mesa montando um quebra-cabeças.

- Boa noite mano. - Falei me dirigindo a escada. - Onde estão papai e mamãe?

- Saíram para jantar fora. Mamãe falou que tem comida na geladeira, só esquentar. - Respondeu sem nem mesmo desviar as vistas do seu jogo.

Subi as escadas e fui em direção a meu quarto, mas, antes que pudesse segurar a maçaneta para entrar, fui segura por Amanda que me puxou para seu quarto, que fica de frente ao meu.

- Eiii... me solta! - Falei irritada com sua atitude.

- Não solto... anda, desembucha tudo. - Falou se sentando na cama e me puxando para sentar junto com ela.

- Conta tudo o que? - Perguntei me fazendo de desentendida. - O passeio foi muito legal, ela me levou para lugares muito bonitos e encantadores...

- Sem essa Alice. Não me enrola. - Amanda falou me cortando. - Eu vi vocês duas agora. Conta tudo.

Essa eu não esperava. Senti um frio subir pela minha espinha e meu coração explodir dentro do peito. Estou ciente que, assim como o quarto de nossos pais, o quarto de Amanda dá para a rua, ou seja, que ela podia ter nos visto da sua sacada, mas não imaginei que isso realmente fosse acontecer.

- O que você viu?! - Perguntei arregalando os olhos.

- O beijo... - Amanda falou rindo e dando gritinhos. - Vai mana, conta. Afinal foi graças a mim que vocês se conheceram.

- Não há nada... estamos nos conhecendo. - Falei sem pensar, só quero me livrar disso.

- Hmmm... mas já é algo. Sabia que não ia demorar para rolar algo. - Fala se jogando na cama.

- Como assim? - Pergunto com uma sobrancelha erguida.

- Ahh para! - Fala rodando os olhos. - Bárbara não para de falar de você desde que te conheceu. É Alice para cá, Alice para lá... Ela tá caidinha por você há um tempinho mana. - Faz cócegas na minha barriga me fazendo cair na cama junto à ela. - E você também a olhava de uma forma diferente. Tava na cara, só não quis me meter para não estragar nada.

Essa para mim foi surpresa. Imaginei que Bárbara tivesse um interesse em mim, mas que era tão explícito assim a ponto de falar de mim para minha irmã, isso é surpreendente.

- Mas não vamos apressar nada, por favor. Que isso fique entre nós. Ok Amanda?! - Falei efusivamente. Não quero criar problemas ou expectativas para minha família.

- Ok capitã, vou guardar o segredo de vocês. Pelo menos por enquanto. - Fala dando uma piscadinha em minha direção.

- Agradeço, vou tomar um banho agora, estou cansada. - Falo me levantando, pegando minhas coisas e indo para meu quarto, de onde não pretendo sair mais hoje.

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Hora de falarmos sobre os Aguiar e a homossexualidade. Sabem o que meus pais falariam se eu chegasse para eles, durante um jantar de família, e dissesse "pai, mãe, sou gay"?! Provavelmente eles olhariam para mim, fariam um som do tipo "hã" e diriam "Ok, mas nada de perder o foco no colégio".

Exatamente, meus pais não ligam se um de seus filhos disserem que é gay, para eles isso não importa nem um pouco, afinal não é isso que faz uma pessoa ser boa ou má, ser bem ou mal sucedida, ter ou não caráter. Para eles isso é só algo que pode ocorrer e que não mudará a forma como eles nos veem.

Vocês podem achar que isso, que esse esclarecimento, está ligado ao fato de ambos serem médicos pesquisadores. Bem podemos dizer que a profissão deles ajuda um pouco, mas não é por isso, especificamente, que eles agem dessa forma. Meu pai é o filho mais novo de dois irmãos, além dele, meus avós tiveram a tia Lucrécia.

Tia Lucrécia, ou Lú como a chamamos, é lésbica assumida para a família e passou por maus bocados na vida por conta disso. A ponto de uma vez ser ameaçada por um vizinho de meus avós na rua. Meu pai presenciou todo o sofrimento e luta que ela passou para conseguir vencer o preconceito.

Tia Lú vive em São Paulo com nosso priminho, Luís, que ela e Daniele, sua companheira de anos e hoje esposa, adotaram há 7 anos atrás, ainda bebê. Temos muito respeito por ela e por tia Dani e tanto meu pai quanto minha mãe, são super companheiros e amigos delas, tanto que são testemunhas de casamento e padrinhos do Luizinho.

Vivemos numa família em que meus pais nos ensinaram, desde a tenra idade, a respeitar as diferenças a olhar a pessoa como ser humano, independente de cor, sexo, orientação sexual, credo etc. 'Desde que te respeitem, os respeitem sempre e nunca use nada disso como forma de defesa, sejam honrados com todos', é o que meu pai diz.

Lembro-me inclusive, quando Ale tinha 12 anos, que meus pais foram chamados no colégio porque ele estava cometendo bullying contra um garotinho, só porque ele era um pouco mais sensível que os demais.

Meus pais não só o fizeram pedir desculpas ao pobre garoto como o deixaram de castigo por dois meses, sem sair, sem videogame, sem TV, só estudando. Meu irmão aprendeu tão bem a lição que nunca mais o fez e, hoje em dia, defende quem passa por esse tipo de situação.

O que quero dizer com toda essa baboseira? Que não tem importância nenhuma eu falar com minha família que tenho interesse em garotas. Eles vão me apoiar e vão continuar me tratando como sempre me trataram.

O caso aqui é, mesmo eles sendo tão cabeça aberta para o mundo, uma coisa é eu dizer que sou gay outra bem diferente é falar "pai, mãe, gosto de garotas e atualmente transo com minha professora e estou conhecendo uma das amigas da minha irmã". Entendem?! Eles me matariam, a honra e respeito que eles pregam estariam manchados. Possivelmente seria mandada para o interior para morar com meus avós maternos, sem direito nem sequer a ligar do fixo.

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Termino meu banho e me jogo na cama, só de calcinha e uma regata de lã. Estou destruída e cansada, não quero fazer mais nada hoje, só deitar e dormir. Porém como nada comigo está sendo simples hoje, meu celular começa a tocar e me deparo com o nome de Laura na tela.

- Alô pequena.

- Alô Laura, como está?

- Agora melhor por falar com você, mas morrendo de saudades. E você? - A forma como ela fala me faz rir.

- Estou bem, já jogada na minha cama.

- Hmm.. sério? - Noto um tom safado em sua voz, que me faz sorrir também.

- Sério...

- Que vontade que eu não estou de ir aí, me jogar contigo nessa cama.

- É uma pena que você não pode, está longe. - Falo com voz debochada a fazendo rir.

- Estou... mas isso não afasta minha vontade de estar aí com você. - Fala em um sussurro.

- Seria maravilhoso, essa cama hoje está tão espaçosa e fria. Acho que é porque estou com uma roupa muito leve. - Falo com voz provocante e a escuto suspirar do outro lado.

- Roupa leve é? O que seria essa roupa leve?

- Hmm.. uma calcinha e uma regata, ambas de algodão. - Falo com voz manhosa e a escuto suspirar mais forte.

- Realmente muito leve e fácil de tirar. - Fala com voz safada me fazendo suspirar contidamente.

- É... mas não tem ninguém para tirá-la. É um desperdício. - Falo de forma provocadora, sei que ela já está imaginando mil e uma coisas.

- Se eu estivesse aí, arrancaria essas peças, sem cuidado.

Ao ouvir ela falar assim dou um suspiro forte. - Você sempre intensa.

- Você não gosta? - Pergunta de maneira safada.

- Adoro... - Respondo no mesmo tom.

- Adora minhas mãos te segurando com força, minha boca te roubando o alento, te comendo por inteira?! - Já estou excitada com ela falando, Laura me acende só com palavras, com insinuações.

- Que vontade que estou te de beijar, arrancar sua roupa e te chupar até seu corpo não aguentar mais. - Fala me fazem soltar um gemido. Minhas mãos já percorrem meus seios, minha barriga e coxas.

- Pequena..

- Oi?!

- Seu brinquedo está aí por perto? - Fala de forma insinuante, me fazendo arfar.

- Está a um esticar de braço, por quê? - Falo num sussurro manhosa.

- Pega ele, quero que você experimente meu presente agora, quero te ouvir usá-lo. - Suas palavras me deixam com mais tesão ainda. Estico meu braço, abrindo meu criado-mudo e o pego, ligando.

- Isso pequena, vejo que já o ligou. Mas antes de levá-lo ao ponto, sinta-o. Lembra que te falei que há um mundo enorme agora? - Pergunta e eu só consigo responder com um som nasal. - Leve ele aos pontos sensíveis de seu corpo, toque todos com ele e sinta as sensações que ele proporciona.

Faço o que ela fala e, lentamente começo a passá-lo pelo meu corpo, seios, pescoço, barriga, pernas, sinto uma corrente de prazer invadir meu corpo, Laura fala coisas no telefone me incitando a continuar, o que me deixa mais de mil por hora.

- Imagina que sou eu pequena, experimentando todo seu corpo. Minha boca, minha língua, passando por todo ele. - Libero um gemido baixo por imaginar que é ela. - Estou tão excitada pequena. Minhas mãos já estão me tocando, como se fosse sua boquinha linda.

- Você está me enlouquecendo. - Falo gemendo, não aguento mais, levo a bala entre minhas pernas e, ainda por cima da calcinha, começo a esfregá-la no meu clitóris, o que me faz liberar um gemido mais agudo.

- Já está lá pequena? Está como eu, ansiosa por isso não é?! - Laura fala e a ouço gemer.

Estamos em sintonia e a única coisa que toma conta da ligação são suspiros e gemidos. Chamamos um o nome da outra, sinto como se ela estivesse entre minhas pernas me levando a outra galáxia com seu esplêndido oral, enquanto ela me estimula a continuar.

- Estou chegando... Laura... - Falo entre gemidos, sentindo uma corrente subir por meu corpo e o orgasmo me invadindo.

- Vem comigo pequena, vem... - Laura geme audivelmente do outro lado e começa a respirar forte.

Meu corpo começa a se contorcer e não consigo segurar um gemido alto e me deixo cair na cama com força depois da intensidade do gozo. Durante alguns minutos, nossas respirações são as únicas coisas que escutamos.

- Pequena?! - Laura quebra o silêncio.

- Estou aqui... destruída. - Falo rindo e a fazendo rir também.

- Estamos... mesmo assim minha fome de você não passa. - Fala me fazendo suspirar. - É uma pena que estamos longe.

- Concordo... - Falo baixinho, ainda tentando recuperar o fôlego.

- Mas podemos tentar domar essa vontade com nossa imaginação. - Logo ao ouvi-la falar, já percebo o que ela quer novamente.

- Podemos é?! Como?! - Falo a provocando...

Daí vocês já imaginam o que aconteceu novamente. Pois é, esse dia de domingo foi bem louco para mim. Durante o dia tive um momento de carinho e romantismo com Bárbara e agora estou fazendo sexo por telefone com Laura. Não sei o que dizer, só que ambas mexem comigo, cada uma a sua maneira. Vou tentar controlar essa situação da melhor forma possível, mas só o destino poderá me dizer onde isso vai dar.


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