Casamento Arranjado [Completo]

By MM_Autora

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Ela sempre sonhou em casar por amor, mas ao descobrir que foi prometida em casamento para unificar os negócio... More

Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36 (BÔNUS)
Capítulo 37
Capítulo 38 (BÔNUS)
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59 (Bônus)
Capítulo 60 (Bônus)
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77 (Bônus)
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80 (Bônus)
Epílogo
Playlist

Capítulo 44

25.3K 2.5K 142
By MM_Autora

   Levei Ian para minha cama e o obriguei a se deitar de costas para cima, para que eu pudesse limpar suas feridas.
  Peguei água e um pano macio para poder fazer a limpeza.
- Meu Deus... - sussurrei chorando.
- é horrível. Não é? -perguntou Ian enojado. - não sente repulsa?
- não... - sussurrei.
   Minhas mãos estavam trêmulas, tinha medo de machucar ainda mais.
  Assim que o toquei, senti seu corpo inteiro enrrigecer.
- argh!-resmungou ele.
- desculpe! -falei com a voz rouca.
- não tem problema, estou acostumado com a dor...
- ninguém se acostuma com a dor. E não é disso que estou falando. Eu sinto muito por ter lhe causado isso!
- não Helena! -disse ele irritado.
  Ian se apoiou nos braços para poder olhar para mim.
- coloque uma coisa na sua cabeça, isso não foi culpa sua! Isso é muito mais... Argh!-resmungou ele.
- pare de tentar fazer eu me sentir melhor Ian. Eu sou a única culpada disso tudo. Se eu não fosse tão cabeça dura, irresponsável e infantil, isso nunca teria acontecido... Então não venha me dizer que não tenho culpa, porque sei que tenho!-falei irritada.
  Ian se deixou cair na cama novamente, seu rosto estava virado para o outro lado, fitando a porta. Eu estava sentada na cama ao seu lado, limpando suas feridas.
- isso não é culpa sua!-sussurrou ele novamente.
- como pode não ser Ian? Quantas vezes isso aconteceu depois que eu cheguei? -perguntei irritada.
- não vou responder! -disse ele irritado.
- foi o que pensei!
-foram só umas duas ou três vezes. Mas isso não tem nada a ver com você Helena. Talvez comece por sua causa, mas o verdadeiro motivo é sempre outro... Como se me bater não fosse o suficiente, ele tem sempre que me fazer lembrar! -disse Ian com a voz amargurada.
- lembrar de que?-perguntei confusa.
- não sente nojo?-perguntou ele mudando de assunto. - Não sente repulsa por ter que se casar com um homem que se submete a isso? Um covarde que deixa o pai o espancar? Eu teria nojo...
- pare com isso Ian! Eu não sinto nojo. Sei que tem alguma coisa a mais que não está me contando. Eu te conheço. Você não se sujeitaria a isso, se não achasse que merece... Por favor Ian, deixa eu te ajudar! -implorei a ele.
- não... Isso é pessoal! Um problema da nossa família. - disse ele.
- sou sua noiva. Em breve serei sua esposa. Não acha que já está na hora de confiar em mim?
  Senti seu corpo relaxar. Como se ele tivesse desistido de tudo.
- você tem razão! -disse ele.- A culpa é toda e exclusivamente minha. Eu mereço passar por isso mais do que você imagina, mereço cada chibatada, cada xingamento...
  Meu coração se apertou.
- tudo começou quando eu tinha cerca de doze anos. Eu era uma criança na época, mas já tinha responsabilidades, responsabilidades das quais não fui bom o bastante para assumir...
  Eu não podia ver seu rosto, pois ele estava virado para o outro lado, me impedindo de saber o que ele realmente estava sentindo.
- Dorian tinha quinze anos na época. Nós passávamos a maior parte do tempo na casa da vovó. Tinha uma família que morava perto de lá. Eles tinham cinco filhos homens, todos tinham menos de onze anos. Eu e meu irmão gostávamos de ir lá bricar com eles.
  Eu ouvia atentamente a história de Ian, não sei por que mas meu coração estava cada vez mais apertado.
- O nome dele era Anthony... Ele tinha só cinco anos. E era minha responsabilidade, meu irmão mais novo era minha responsabilidade Helena...-  dizia Ian com a voz trêmula.
  Não sei dizer com certeza, mas acho que ele estava chorando, pois a cama estava com pequenos tremores. Ou seria eu quem estava tremendo?
- sua família... Nunca imaginei que tivesse outro irmão. Nada nem ninguém deixou transparecer...- falei surpresa.
- as pessoas tendem a guardar segredos Helena, e nós somos muito bons nisso. Nós não gostamos de lembrar... Bom, pelo menos a maioria de nós...
  Ian se perdeu em pensamentos por alguns minutos, então simplesmente voltou a falar:
-Dorian se achava velho de mais para brincar com a gente, então só eu e Anthony íamos para a casa dos vizinhos. O meu pai sempre deixou bem claro que era pra eu tomar conta do Anthony quando Dorian não estivesse por perto, e eu fazia sem questionar, afinal eu amava meu irmãozinho.
  Ele parou e ficou alguns segundos em silêncio. Minha curiosidade estava me matando, mas tinha medo do resto da história.
- aquela tarde, vovô disse que não era pra gente sair, porque eles receberiam visitas. Mas éramos crianças, não queríamos ficar em casa com gente velha e chata. Eu não queria... Então Anthony e eu fugimos. Para chegar na casa dos vizinhos, havia um grande perigo que todos ignoravam... A linha do trem.
  A voz de Ian de repente ficou rouca.
- eu não reparei que Anthony tinha sumido, ele não era muito falante na época. Mas quando cheguei na casa, percebi que ele não estava mais lá. O apito alto do trem me fez correr, correr mais do que nunca em toda minha vida... Mas não deu tempo. O pé dele ficou preso nos trilhos e o trem... O matou! Meu irmão morreu na minha frente, e eu não pude fazer nada.
  Cobri a boca para evitar que o meu soluço de choro o deixasse ainda mais triste.
- Anthony era um menino lindo. Cheio de vida, inteligente e um amor de criança. Era comportado, silencioso e amável. Todos se encantavam com sua beleza e inocência.
  Ian suspirou profundamente.
- Minha mãe,  meus avós e Dorian me perdoaram. Mas meu pai nunca me perdoou. Ele me deu uma única responsabilidade, e eu fracassei. Ele nunca vai me deixar esquecer o que eu fiz, e sempre terei as marcas para lembrar que a culpa é minha. Aquele foi o primeiro dia em que eu apanhei, eu quase morri. Queria ter morrido! Tentei me matar três vezes, mas nem isso consegui. Então eu entendi que meu castigo é conviver com a culpa de ter matado meu irmão. Por isso deixo ele me bater... Pra me lembrar que se hoje Anthony não está aqui... A culpa é minha!
  Não consegui falar nada, apenas me deitei ao lado dele e acariciei seus cabelos negros.
- a culpa não foi sua Ian. Foi um acidente, vocês eram crianças...
- para Helena, eu ouvi esse discurso a vida inteira. Sobrevivi do olhar de pena das pessoas. Sei que sou culpado, nada vai mudar isso! Minha falta de atenção, minha irresponsabilidade matou meu irmão. -disse ele irritado.
-pare com isso Ian! Era você quem estava controlando o trem? Foi você quem prendeu seu irmão aos trilhos? -perguntei irritada.
- não, mas...
-mas nada Ian. Deixa de ser burro, você passou a vida inteira se culpando por um acidente, deixando ele dizer que a culpa foi sua, quando na verdade não foi... Você acreditou nas palavras que ele quis que você acreditasse, você era só uma criança assustada que acredita em tudo o que o pai diz... Tá na hora de crescer Ian. Passou da hora de matar esses demônios que te perturbam. A culpa disso não é sua, e você é muito estúpido se não consegue ver isso!-desabafei irritada.
  Ian ficou quieto por alguns segundos, então se virou para me encararar. Sua expressão me deixou um tanto surpresa, ele tinha um leve divertimento no olhar.
- você sabe que chamar uma pessoa de burra, criança e estúpida, não é a melhor maneira de consolar ela... - disse ele.
- e quem disse que eu estava te consolando? Eu estava falando a verdade. Te alertando. Você precisa parar de se vitimizar!- falei convencida.
  Ele sorriu e tocou suavemente seus lábios nos meus.
- obrigado! -sussurrou ele.
  Sorri para ele e me aconcheguei mais perto de seu corpo, sentindo o calor irradiar dele.
- não devia ficar tão perto assim... - avisou ele sorrindo de lado.
- gosto do perigo. Apesar de não está vendo nenhum!-provoquei.
- você não perde por esperar! -disse ele.
- isso é uma ameaça? -perguntei sorrindo.
- não... é uma promessa! -disse ele maliciosamente.
  Dei uma risada nervosa. Desde quando estamos tão íntimos a ponto de falar essas coisas? E ele não está brincando como o Dorian faz... Ele falou sério.
  Um arrepio varreu meu corpo. Melhor não pensar nisso. Não agora e não nessa situação.
  Peguei a mão dele e enlacei seus dedos nos meus, dando um beijo suave em sua mão sussurrei:
-Boa noite Ian...
  Ele não respondeu, já havia dormido de exaustão.
  Nos cobri até a base da cintura, para que a coberta não grudasse em seus machucados, me aproximei até que minha cabeça ficou apoiada em seu ombro, onde finalmente eu dormi.

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