Conexão Seul [COMPLETO]

Par MariannaLeao

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Desde que eu me entendo por gente meu maior sonho é ser cineasta. De Hollywood mesmo, nada de falsa modéstia... Plus

Deportada para a Coreia
Chega de lágrimas!
A viagem mais longa do universo
Não adianta, tem que beber
Pelados em Seul
Mau humor e frango frito não combinam
Transforme o seu drama em dinheiro
Gyeongpo Sunrise Festival
Diary Day - 1º Dia de Amor na Coreia
Luz, câmera, beijo, AÇÃO!
Mal entendidos em série
A última neve de Seul
Seollal - Ano Novo Lunar
O quase e o nunca
Ninguém Precisa Saber - 2º Dia de Amor na Coreia
Uma visita inesperada
Um passo para frente, dois passos para trás
Todas as Vezes Que Te Amei - Piloto
Você é a protagonista
Operação Cupido
Como ser um idol
Meu 1º encontro às cegas - parte 1
Meu 1º encontro às cegas - parte 2
Um jantar (nada) amigável
#PartiuJeju
Se eu ficar bêbada hoje
White Day - 3º Dia de Amor na Coreia
Quando o sol sair
O melhor pior aniversário
O último dia no paraíso
Um namorado para o meu amigo
Parabéns para a nova mamãe
O passado e o futuro
O general
Tchau, Coreia!
May - Atualização no Instagram
Korea News - Desempenho de Todas as Vezes que Te Amei
Korea News - SM Debuta novo membro em NCT 127
May - Atualização no Instagram
Korea News - General Gong Yoon Jae perde guarda dos filhos
SMS | May -> Sang-Woo
Você está convidad@ para o casamento de Sang-Woo e Joon-Young
SMS | Yul -> Sang-Woo
SMS | Seo-Jin -> May
Korea News - Dong-Wook, integrante do NCT 127, tem namorada
O que acontece em Vegas fica em Vegas
Presa em uma mentira
Estigma
Novas Regras
Eu tenho 99 problemas, mas você não vai ser um
Korea News | TvN Anuncia Mais Um Drama de Yujin May
Torta de climão e bolo de aniversário
O Dia da Caça
O melhor presente de Natal
EPÍLOGO
Hater Nº1 vai virar livro físico!

100º dia - Nossa última dança

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Par MariannaLeao

Contrariando a crença popular, as cenas mais aterrorizantes da vida real não começam em casas esquisitas habitadas por adolescentes com hormônios de sobra e pouco (ou quase nenhum) neurônio. Na vida real, as cenas mais apavorantes que alguns de nós temos o azar de protagonizar, acontecem nos lugares que você está acostumado a frequentar todos os dias, onde você se sente mais seguro e envolvem as pessoas que você mais ama.

Porque a verdade é que poucas coisas são tão assustadoras quanto testemunhar as pessoas que você ama sofrendo sem saber como ajudar.

— Que bom que vocês chegaram. Agora podemos começar a festa de verdade! — ele disse, reservando um sorriso demoníaco apenas para mim.

Desviei dos olhos da besta para me concentrar nas pessoas que mais importavam para mim no momento: Dong-Yul e Kyang Joon. Yul estava sentado a um canto da sala com os braços fechados sobre o irmão que estava tão assustado que se agarrava à Yul como se a qualquer momento alguém fosse separá-los.

O general Gong não brincava com suas ameaças e veio aqui depois de anos de ausência para se certificar de que as levaria a sério também.

— Você chegou bem no momento em que eu me perguntava se não veria mais o meu filho Dong-Wook! Mas... ele também não está com vocês? — Apesar do tom de desentendimento, o brilho de felicidade nos olhos dele deixava claro que ele já sabia porque Dong-Wook não estaria conosco e queria ver até onde iríamos com a farsa só para ter o prazer de nos desmascarar.

Sem esforço, o pai dos meninos Gong preparou e serviu a maior torta de climão já vista na história da família Yujin. Superando até o meu mico na sauna logo no começo da viagem. Isso porque, todos nós sabemos a postura do general em relação aos idols e o tipo de vida que levam. Bem como sua reprovação total do envolvimento de seus filhos com esse tipo de universo.

Agora imagina você ter que admitir para o "adulto" responsável que abandonou a família a seus cuidados que você permitiu (e apoiou) que o filho dele virasse uma das coisas que ele mais despreza?

— É ótimo tê-lo de volta, Gong Yoon Jae, mas qual é o motivo de sua visita? — meu tio perguntou enquanto servia chá.

— Lee Seung-Hyuk me ligou dizendo que jantou com meu filho Yul e sua namorada. — O general olhou para mim, deixando claro que também já sabia deste detalhe. Ele me contou algumas coisas interessantes sobre o que se passou lá... Fiquei curioso para conhecer a menina.

O pai de Sang-Woo.

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas fechei antes que meu temperamento levasse a melhor. Esta não é uma batalha que se ganha de cabeça quente.

Senti os olhos de Yul chamando por mim, mas não consegui encará-lo de volta. Tinha medo de que se o fizesse, ele descobriria tudo sobre a ligação e o que eu pretendo fazer.

— Estou esperando a resposta — o general falou olhando para mim. Como se eu tivesse gravado um áudio hipnótico dizendo "jogue a sua vida para o alto e vire idol" e tocasse para Dong-Wook toda noite antes de ele dormir.

— Ele está no alojamento dele — Yul respondeu enquanto reforçava o aperto em Kyang Joon, deixando o menino ainda mais assustado. — Dong-Wook é um trainee da SM entertainment.

O sorriso do general se transformou em um esgar quando ele se voltou para o filho mais velho. Ele ficou de pé num salto e se pois de frente a Dong-Yul com uma postura que o fazia parecer um gigante perto de nós. Um gigante que com apenas um sopro destruiria tudo.

— Então você tem coragem de admitir o que fez, hum? Achei que pudesse confiar em você para cuidar dos seus irmãos, mas me enganei.

Yul pôs Kyang Joon no colo da avó de Seo-Jin e ficou de pé, mostrando para o pai que não era mais o menino triste e assustado que ele deixou para trás quando abandonou a família para voltar para a base militar. Yul se transformou em um homem mais alto e mais nobre que o pai.

— Pelo menos eu estive aqui. Quando ficaram doentes, quando precisavam de roupas novas, quando tinham fome. Onde você estava?

Ignorando a nossa presença, o general marchou até Yul segurando-o pelo pescoço com tanta força que quase o ergueu do chão.

— E onde você estava quando seu irmão mais novo foi expulso da escola? Acha que eu não fui avisado disso? Onde você estava quando Transformaram Dong-Wook em um palhaço da mídia? E aqueles cachorros xexelentos que quase destruíram a minha casa? Você deixou tudo acontecer bem debaixo do seu nariz e não fez nada para impedir. Sua mãe estaria envergonhada de você se estivesse aqui.

Yul cerrou os punhos com força, mas não emitiu som algum.

Dei um passo a frente, pronta para defendê-lo, mas fui impedida pelo meu tio. Ele segurou meu ombro e disse que não deveria me meter no assunto dos Gong.

No fim das contas a avó do mal convenceu os dois a levarem a briga para a casa deles, deixando Kyang Joon conosco. Enchemos ele de doces e filmes da Disney para ele não gravar na memória a cena que presenciou. Só posso torcer para que isso funcione.

Tentei não ficar olhando para a casa dos Gong a cada cinco segundos, mas nem a Ariel e todos os seus amigos eram distração páreo para a minha preocupação com Yul. Seo Jin tentava fingir que estava bem, mas eu contei todas as vezes que ela levantava para ligar pra o celular de Dong-Wook.

— Ele disse que o pai vai ter que tirá-lo arrastado de lá, se quiser — ela sussurrou depois que Kyang Joon finalmente pegou no sono. — E que isso não funcionar, a multa de rescisão de contrato dará um jeito.

— Acho que ele não conhece o pai que tem.

— O que não é difícil se você levar em conta que eles não se veem há quase sete anos.

Quando eu estava prestes a pular a janela e colocar um copo na porta da casa dos Gong, Yul deu sinal de vida.


Esperei a fuga seguinte de Seo-Jin ao "banheiro" para discar o número que o general tinha usado para me ligar mais cedo. Quando ouvi o pique na ligação que sugeria que ele tivesse atendido falei as palavras que estava torcendo para não ter que dizer:

— Eu faço o que você quiser, se deixá-los em paz.

— Você vai encontrar a sua passagem em cima do travesseiro, em um envelope pardo — ele respondeu entediado, como se destruísse a felicidade dos outros todos os dias. Então ele desligou, como se meu maior sacrifício não significasse nada para ele.

Subi as escadas rápida como um tiro e encontrei o envelope do jeitinho que ele disse que estaria. Encarei a data, daqui a 6 dias e, em seguida, joguei a passagem dentro da minha mala como se fosse tóxica.

Eu só precisava do consentimento de mais duas pessoas para seguir com o plano.

— Pai? — Falei depois que ele finalmente atendeu. — Eu quero ir pra casa. —Só percebi que estava chorando quando solucei alto, quase derrubando o celular no chão.

***

Por mais que todos nós quiséssemos ignorar nossas vidas e focar nossa atenção no que acontecia na casa dos Gong, as nossas obrigações nos insistiam em nos chamar. Então no dia seguinte meu tio voltou para o escritório, minha tia e a avó do mal se ocuparam com os afazeres de casa e Seo-Jin e Kyang Joon iam para a aula.

A visita de inspeção do general era o grande elefante branco no meio da sala. Ninguém comentava sobre o que ele fez com os cachorros (pagou transporte para que todos fossem devolvidos aos donos imediatamente, incluindo o filhote que tinha sido dado para Kyang Joon).

Fiquei feliz por todos estarem ocupados demais tentando cumprir seus próprios deveres e ajudar Yul. Porque se eles tivessem um minuto sequer para prestar atenção em mim, perceberiam que aos poucos as minhas coisas sumiam das áreas comuns da casa para reaparecer alguns minutos depois na minha mala.

Fugir de Yul foi mais fácil do que eu queria que fosse. Quando ele não estava se desdobrando para atender às exigências do pai sobre a educação e saúde dos irmãos estava no trabalho. E lá eu era tão ocupada quanto ele. Então nossas conversas se limitavam a mensagens de texto que ficavam cada vez mais curtas e escassas.

Até então, a parte mais difícil foi convencer os meus pais a me deixar voltar. Na cabeça deles, tudo estava perfeito e não havia motivos para eu encurtar a minha estadia. Então tive que apelar para a boa e velha mentira. Inventei que a UCLA se recusou a trancar a minha matrícula mantendo a bolsa.

Eles continuaram tristes, mas entenderam.

Pedi para que me deixassem contar a notícia a todos, mas mesmo agora, quando apenas doze horas me separam do horário da minha partida, ainda não encontrei as palavras que preciso para me despedir.

— May?

Quase caí do sofá quando escutei a voz do Yul me chamando da porta. Ele colocou apenas a cabeça para dentro como se não quisesse que apenas eu soubesse que ele estava ali.

— Você pode sair por alguns minutos?

Acenei positivamente e calcei minhas sandálias de qualquer jeito. À luz do luar o rosto de Yul parecia mais pálido que de costume e suas olheiras estavam tão escuras que parecia que ele tinha levado uma surra.

Quando finalmente nos afastamos de casa ele me puxou para um abraço apertado.

— Sinto muito que as coisas estejam tão difíceis para você — sussurrei encarando apenas meus próprios pés.

Mas as palavras que eu realmente queria dizer eram as que só o alcançaria quando fosse tarde demais.

Você não vai entender o motivo da minha partida Yul. Pelo menos não imediatamente. Só espero que você entenda que estou fazendo isso por você e por seus irmãos.

— Ele disse que vai embora amanhã "se tudo der certo". O que quer que isso signifique — Yul fez aspas no ar, marcando as palavras do pai.

Significa que ele está esperando a minha partida.

— Hey, não se preocupe — Yul falou enquanto secava uma lágrima que conseguiu escapar. — Eu tenho um plano, está bem?

— Onde estamos indo? — Yul continuou me guiando em silêncio e só parou quando entramos em um táxi.

— Eu sei que é egoísta da minha parte, mas eu preciso de um momento bom. Algo de onde eu consiga retirar as minhas forças para continuar enfrentando esta batalha.

Encarei meus pés mais uma vez, fugindo dos olhos de Yul. Quanto mais ele me trazia para perto, mas tensa eu ficava porque eu sabia que se deixasse ele me convencer de que tudo ficaria bem, eu cancelaria a viagem e ficaria em seus braços para sempre.

— Eu queria te trazer para um lugar especial — ele disse quando o táxi estacionou em frente ao Oppa Dak.

Mordi meus lábios para conter o sorriso que teimava em querer surgir diante das lembranças que o lugar trazia a tona. Foi naquele restaurante que Yul me encontrou pela segunda vez na Coreia. Pela primeira sabendo que eu era.

— Vou entender se quiser fingir que foi aqui que nos reencontramos depois que você voltou. — Ele deu um beijo na minha testa e se afastou para sorrir para mim. — Você provavelmente não se lembra — Yul disse enquanto me guiava até uma mesa mais no fundo —, mas hoje é o nosso centésimo dia juntos.

Meu choque diante da informação deve ter ficado evidente porque Yul sorriu e disse:

— Não se preocupe. Sei que no Brasil vocês não comemoram esses tipos de data.

— Sinto muito.

Por ter esquecido a data, por tudo que vou dizer hoje...

— Você não parece bem hoje... — Mesmo com a ruguinha de preocupação que nascia em sua testa, Yul ainda se esforçava para parecer feliz, forte e positivo. Mas eu sentia que meu silêncio e minhas evasivas minavam sua confiança pouco a pouco.

— Não consegui adiar a minha matrícula na UCLA — soltei todas as palavras de uma vez, como se respirasse pela primeira vez depois de muito tempo prendendo o fôlego.

Decidi contar a mesma mentira que inventei para os meus pais, assim, se eles conversassem entre si eu não seria desmentida.

Com delicadeza, Yul ergueu o meu queixo me forçando a encará-lo.

— Nós sabíamos que isso era uma possibilidade. — A tristeza na voz dele me cortou o coração. — Pelo lado positivo, você vai poder explorar e conhecer Los Angeles bem o suficiente para me apresentar seus lugares favoritos quando eu for.

"Eu vou procurar uma casa com quintal. Sei que Kyang Joon vai adorar ter muito espaço para brincar. Também podemos adotar um cachorro para que ele não fique tão deprimido por ter sido obrigado a devolver o primeiro. Quando penso nos dias que teremos pela frente, fica mais fácil encarar esta tempestade."

"Você acha que casas com três quartos são muito difíceis de se encontrar em Los Angeles? Queria ter um quarto de hóspedes para recebermos nossos amigos e familiares sempre que quisermos. O que você acha?"

Aos poucos, o saguão do restaurante foi saindo de foco por causa das lágrimas que nublavam a minha visão.

— Nós precisamos conversar. — Minha voz saiu rouca e esquisita, mas ainda compreensível o suficiente para que Yul ficasse alerta. — Estes últimos dias serviram para me mostrar que isso pode ser muito mais complicado do que eu imaginei...

— O que você...

— Não. Me deixa terminar de falar — ou eu não vou conseguir chegar até o fim. — É só que, eu percebi que sou nova demais para mergulhar nesse tipo de drama familiar e... Só é demais.

Yul não disse nada, mas algumas lágrimas começaram a correr pelo rosto dele, fazendo companhia para as minhas.

— Você pediu para que eu te dissesse se mudasse de ideia, que entenderia e respeitaria a minha decisão porque Los Angeles é o meu sonho. — Cada palavra cravava uma faca mais fundo no meu coração.

A dor que eu causava em Yul, me machucava dez vezes mais.

E ele nunca vai saber.

— Eu volto para o Brasil amanhã e acho que o melhor para nós dois é fingir que a minha vinda para cá nunca existiu.

— Eu... eu não acredito em você... — Era o que as palavras dele diziam, mas seus soluços e o modo nervoso com que ele passava a mão na lateral da calça mostrava que seu coração acreditava em minhas palavras. — Você não pode... você não faria...

Fiquei de pé, porque eu sabia que não conseguiria continuar mentindo se o visse sofrer desse jeito.

— Eu estou indo para casa e agradeceria se você não me seguisse.

Senti a mão de Yul se fechar ao redor do meu pulso, mas ele não me segurou com força. Eu mal sentia a pressão dos seus dedos em minha pele no que, provavelmente, era a última vez que ele me tocava.

Puxei meu braço e parti sem olhar para trás, torcendo para que meu sacrifício facilitasse a vida dos Gong o pouquinho que fosse.

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Beijos <3

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