Doce Obsessão (Romance Lésbic...

By CarolRosa86

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Alice e sua família se mudam do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro por causa do trabalho de seu pai. Tím... More

Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22 - Final
Aviso

Capítulo 2

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By CarolRosa86

Mais uma semana de aulas, me sinto cansada e um pouco irritada hoje. Já é quarta-feira e estamos terminando uma aula, chatíssima, de geografia e vamos nos preparar para educação física. O sinal soou e estou guardando minhas coisas para poder me dirigir aos vestiários para me trocar.

- Ei Lice. - Dani me chama.

- Oi?!

- Você tem uma camisa extra para me emprestar, esqueci de colocar a minha na bolsa. - Dani falou com a cara mais lavada do mundo, me fazendo rir de sua cabeça oca.

- Você só não esquece a cabeça porque está presa pelo pescoço. - Falei rindo.

- Está parecendo minha mãe falando isso. - Dani falou imitando uma careta. - Mas então, tem ou não?

- Tenho sim. - Abri a mochila e puxei uma camisa extra que havia colocado no caso de precisar e, acabou que eu precisei, para emprestar para minha esquecida amiga.

Estávamos no vestiário trocando de roupa quando o sinal soou e fomos para a quadra ter aula com a professora Ângela, que era quase uma cópia da Graciane Barbosa, musculosa, alta e morena. Confesso que tenho um pouco de medo dela, quando abre a boca para falar, sua voz sai mais rouca e forte que o "normal" e isso me assusta.

- Ok pessoal, hoje vamos tirar todo esse cansaço e moleza do corpo de vocês. Vamos começar com 10 voltas na quadra. - Ângela falou soprando seu apito e nos colocando para correr.

Eu ia no meu ritmo junto com Dani, que só sabia resmungar o tempo inteiro e dizer que não nasceu para suar, o que me causava crises de riso.

- Molengas, a professora não gosta de corpo mole não. - Alessandro falou se aproximando de nós e seguindo nosso ritmo.

- Então é bom você se afastar, pois pode pegar nossa moleza. - Dani respondeu entre risos.

Continuamos nossa corrida rindo e debochando uns dos outros e quando terminamos, parei para beber água para ir para a outra atividade que a professora havia passado, que era troca de passes de vôlei, quando, por um instante, pensei ter visto ao longe Laura nos observando, porém quando tentei forçar a vista para enxergar melhor, ouvi o apito de Ângela me advertindo para ir para a quadra.

Terminadas as aulas, estava guardando minhas coisas e me preparando para ir para casa. Dani foi na frente, pois iria com sua mãe a algum lugar e Alessandro iria direto para o clube onde treina natação.

Saí do vestiário e segui em direção a saída, mas antes que pudesse alcançar, trombei com alguém que deixou cair um punhado de folhas no chão.

- Desculpe... - Falei me agachando rapidamente para ajudar a pegar tudo. - Não estava prestando atenção. - Levantei já com algumas folhas em mãos para entregar para a pessoa e, para meu assombro, dei de cara com os olhos de Laura me encarando e sorrindo.

- Eu que peço desculpas, estava distraída. - Falou pegando as folhas de minhas mãos. - Já está saindo?

- Ah... sim, minhas aulas terminaram e meu irmão está me esperando. - Falei sorrindo sem graça.

- Hum... entendo. Bom regresso a sua casa, Alice. - Laura falou se virando e indo em direção a sala dos professores.

Ela dessa vez usava um vestido florido de cor clara que ia até a altura de seus joelhos e uma sandália de salto. Não sei porque, mas percebi que ela acentuou seu requebrado ao se virar de costas para mim, o que deixou bem evidente seu traseiro "arrebitado" e sua cintura definida. "Meu Deus... o que eu estou pensando, ou melhor, o que eu estou olhando?!" me repreendia mentalmente, afinal não é comum ficar olhando para a bunda de alguém assim, ainda mais minha professora.

Balancei a cabeça tentando afastar ideias estranhas e segui meu caminho encontrando meu irmão, irado, me esperando do lado de fora. Assim seguimos para casa "discutindo" sem parar.

.

.

.

Sexta-feira, último dia da semana e, graças a Deus, o início do final de semana. Não que eu vá sair, dançar, ou seja lá o que se faz nesses dias, mas é o primeiro dia de ficar sem fazer absolutamente nada em casa.

Nosso último horário nesse dia estava vago, pois - felizmente para mim que detesta a matéria – nosso professor de Filosofia não iria devido ao nascimento de seu filho. Como estamos no último ano de colégio, resolvi ver algumas coisas referentes a cursinhos pré-vestibulares para poder melhorar minhas chances de entrar no curso que eu desejo, então fui até a biblioteca realizar algumas pesquisas.

Sei que poderia fazer isso em casa, porém, conhecendo meus pais, ao me verem realizando esse tipo de pesquisa, tentariam me influenciar em entrar nos cursos que eles desejam e eu não quero isso, quero um curso que tenha um alto índice de aprovados em vestibulares concorridos, então me decidi por usar os computadores da escola para tal.

Estava distraída olhando alguns sites quando alguém tocou meu ombro me fazendo virar.

- E aí gatinha... fazendo?! - Alessandro perguntou se sentando ao meu lado.

- Oi... - Sorri para ele. - Pesquisando alguns cursos de pré-vestibular. Já sabe, último ano. - Falei percebendo uma munheca de medo vinda dele, o que me fez rir.

- É... eu sei. O que achou até agora?

- Nada de muito animador, quero um que me permita ter uma grande chance de entrar no curso que pretendo. - Falei olhando para a tela e suspirando forçosamente.

- E qual curso pretende fazer? - Alessandro perguntou apoiando os braços na mesa e recostando a cabeça sobre eles.

- Engenharia Aeroespacial.

- Owww... só o nome já me deixa com medo. - Falou nos fazendo rir.

- Imagino... mas é algo que amo, sempre fui apaixonada por coisas que envolvem aviação, satélites e foguetes. - Falei de maneira tímida.

- Bem, eu sou mais simples. Amo o esporte e pretendo seguir nessa carreira.

- Tenho certeza que se sairá bem, afinal você, pelo que ouço falar, é um talento nato. - Falei arrancando um sorriso dele.

- Mas nem só de talento se consegue vencer. É preciso determinação e treinamento duro. - Os olhos de Alessandro brilhavam conforme ele falava sobre sua paixão pelo esporte. Ele, mesmo sendo tão novo, já era campeão de diversas modalidades na natação e tinha uma bolsa para competir pelo clube Botafogo, onde era tratado como uma joia.

Com seu carisma, talento, e sua força de vontade, tenho absoluta certeza que ele chegará muito longe em sua carreira. Acredito até que poderei vê-lo em uma Olimpíada brevemente, o que será um orgulho e merecedor para ele.

- Eu estou matando o tempo, então vou te ajudar a procurar o curso. - Ele falou aproximando sua cadeira de mim enquanto mexia no teclado do computador.

Estávamos entretidos olhando algumas informações, quando alguém se aproximou de nós dois e se prostrou atrás da gente.

- Boa tarde senhores. - Ao ouvir a voz de Laura, meu coração estremeceu. Não sei dizer ao certo, mas seu tom passava um ar de reprovação e raiva ao se dirigir a nós, o que me deixou um pouco receosa.

- Boa tarde professora Laura. - Alessandro respondeu sorridente. Pelo visto não percebeu o tom que ela usou, ou eu que estou fantasiando demais.

- Boa tarde. - Respondi num sussurro.

- O que estão fazendo aqui, sozinhos? Pelo que sei as aulas de vocês já terminaram. - Falou cruzando os braços.

- Alice está procurando alguns cursinhos pré-vestibulares e, como não estou fazendo nada, resolvi ajudar. - Meu amigo respondeu naturalmente.

Não sei porque, mas algo no olhar de Laura para Alessandro não era tranquilo. Ela o fuzilava com os olhos desde que chegou, era como se ele a desagradasse violentamente, o que deixava o ar um pouco pesado.

- Está procurando um curso pré-vestibular Alice? - Perguntou para mim com um olhar acusador e inquisitório. "Não me sinto bem" pensei já sentindo meu estômago revolto e minha cabeça doer.

- Sim... quero entrar em um bom curso para conseguir entrar na instituição que desejo. - Falei sentindo a vista pesada e o corpo mole.

- Você está bem Alice? - Alessandro perguntou percebendo meu mal estar.

- Estou um pouco enjoada. - Falei com dificuldade.

Laura se aproximou e me segurou pelos ombros me fazendo recostar na cadeira. - Ela está pálida. - Falou me olhando de perto. - Vou levá-la a sala dos professores. - Pegou meu braço e passou em volta de seu pescoço e, segurando minha cintura, impulsionou meu peso para que apoiasse em seu corpo.

- Deixa que eu carrego...

- NÃO! - Laura praticamente gritou para meu amigo o fazendo olhá-la assustado. - Eu a levo, traga as coisas dela. - Falou me levando com ela enquanto meu amigo recolhia minhas coisas e nos seguia.

Ao chegar na sala dos professores, que era tão grande quanto eu podia imaginar, Laura me levou até um sofá e me recostou, correndo até um filtro pegando um copo de água para mim.

- Vem minha pequena, beba isso, devagar. - Ela falou de forma carinhosa levando a água até meus lábios para que eu pudesse beber. - Deixe as coisas dela aí e já pode ir, eu cuido dela. - Falou se virando para Alessandro que, mesmo deixando transparecer sua vontade de falar algo, ficou calado e fez o que ela mandou.

Meu amigo se aproximou de mim e pegou em minha mão de forma carinhosa. - Eu vou indo Alice, quando estiver melhor, me manda uma mensagem. Fica bem linda. - Falou se aproximando e me dando um beijo no rosto para, logo depois, sair da sala me deixando sozinha com nossa professora.

Laura ficou ao meu lado, me observando atentamente. Seus olhos eram um misto de ternura e cuidado com raiva e desagrado.

- Ele costuma te dar beijos na bochecha assim? - Ela perguntou me pegando de surpresa e me fazendo olhar para ela.

- Somos amigos, isso não tem nada de mais. - "Espera, porque diabos estou dando satisfação para ela?!"

- Hmm... não acha muita intimidade?

- Ele tem essa intimidade, afinal é meu amigo. - Falei a fitando de forma intensa e recebendo em troca um olhar raivoso.

- Quer dizer que se eu fosse sua amiga poderia te beijar dessa forma? - Perguntou me encarando.

- Mas você não é minha amiga, é minha professora. - Falei cortante, aquele assunto já estava me enchendo. Não me sentia 100% ainda, mas já não estava gostando do rumo que essa conversa estava tomando. Não é fácil para eu fazer amigos e, quando finalmente faço, vem alguém questionar como nos tratamos? Levantei lentamente do sofá me sentando. - Eu estou melhor, vou para casa.

- Mas você não me parece bem. - Falou me olhando espantada.

- Eu estou bem, pode acreditar, deve ter sido o calor. A água que você me deu me ajudou. - Falei tentando me levantar, mas, para minha surpresa, senti uma mão me empurrando de volta ao sofá.

Laura me segurou pelo ombro e se sentou ao meu lado, me olhando de uma maneira intensa. - Não posso deixar que você saia assim. - Falou me fitando nos olhos, o que fez um frio subir pela minha espinha.

- Eu já disse, estou melhor. Já posso ir para casa. - Falei tentando me livrar dela, mas seu agarre era forte e seguro.

- Não é disso que estou falando. - Aproximou seu corpo do meu, me fazendo retroceder e chocar com o braço do sofá.

- É sobre o que então?! - Perguntei assustada.

- Você é linda Alice. - Laura passou a mão delicadamente pelo meu rosto me fazendo arregalar os olhos a ponto de sentir que escapariam de meu crânio. - Você não percebe isso.

- Não percebo o que? Do que você está falando? - Perguntei atônita enquanto ela aproximava mais seu corpo do meu.

- Do que você causa nas pessoas. - Falou aproximando seu rosto do meu a ponto de conseguir sentir o ar saindo de sua boca e nariz.

- Você está me assustando. - Queria sair dali, não posso mentir dizendo que ela não estava causando algumas coisas no meu interior, mas aquilo era novo para mim e eu estou com medo.

- Não precisa se assustar Alice, minha pequena e delicada Alice. Eu nunca te farei mal. - Senti seus lábios tocarem minha bochecha, próximo a comissura de meus lábios, o que me fez arfar. - Ahh Alice, desde o primeiro dia. O dia que você entrou por aquela porta. Aquele dia, você revirou minha vida e não posso mais suportar. - Falou e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, seus lábios tomaram os meus em um beijo lento.

Meus olhos estavam abertos, encarando suas feições durante o beijo e minha boca não se movia. Eu estava totalmente sem ação. "Minha professora está me beijando". Seus lábios tomavam minha boca como se estivesse se deleitando com a coisa mais saborosa do mundo. Senti sua língua percorrer meus lábios, como se estivesse os saboreando. Ela, lentamente, após isso, afastou nossas bocas e me olhou com um sorriso.

- Doce como eu imaginei. - Falou por fim, enquanto suas mãos envolviam meu rosto.

Eu fiquei parada a encarando sem saber o que dizer, o que fazer. Por um lado minha consciência dizia para dar o fora dali correndo, mas por outro meu corpo não me obedecia. Sentia meu coração batendo desesperadamente, como se fosse explodir dentro do meu peito e minha respiração estava pesada.

- Fique comigo, só comigo, minha Alice. - Ela falou pressionando meu rosto e o aproximando do seu. - Seja minha. - Aproximou novamente seus lábios dos meus e, dessa vez me beijou de forma incisiva e faminta. Eu queria não corresponder, mas dessa vez não tive como não fazê-lo, acabando por beijá-la também.

"O que eu estou fazendo? Estou na sala dos professores, beijando minha professora. Preciso parar com isso, agora." pensei desesperada, me enchendo de força para me desvencilhar de seu agarre e me colocar de pé, a deixando tumbada sobre o sofá me olhando sem entender nada.

Fui até minhas coisas as pegando e fui correndo até a saída. - Obrigada por cuidar de mim, professora, nos vemos na segunda-feira. - Falei abrindo a porta e saindo em disparada pelo corredor a deixando lá.

"Eu devo estar louca, só pode ser." Fui correndo para casa e, ao chegar, para minha felicidade, não encontrei ninguém. Subi às pressas para meu quarto e me tranquei lá pelo resto da tarde. Queria entender o que havia acontecido, mas não conseguia pensar nada aceitável. Laura é bem mais velha que eu, bonita e minha professora, não é correto o que ela fez. "O que devo fazer?" me perguntei, porém não sabia a resposta. A única coisa que sei é que aquilo mexeu comigo, algo dentro de mim estalou de uma forma que não sabia explicar. "Eu gostei do beijo" pensei levando os dedos aos lábios que ainda estavam quentes devido ao contato com sua boca.

.

.

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O final de semana passou como num sopro e, para meu desespero, fiquei todo ele enfurnada no meu quarto, pensando no que fazer para resolver meu problema. Até meus pais, que não costumam me perguntar sobre meu jeito calado, estranharam e me perguntaram se havia ocorrido algo comigo, o que, obviamente, neguei, dizendo que só estava nervosa sobre o vestibular no ano que se aproximava.

Segunda-feira, estou aqui, novamente em frente ao portão principal do colégio. Minha vontade de voltar para casa e me esconder debaixo das cobertas é tão intensa que, por alguns segundos, cheguei a pensar nas possibilidades disso dar certo. "Amanda não estará em casa durante a manhã, mamãe está na clínica e meu pai está no trabalho, ficaria sem perguntas durante um bom tempo.", mas aí veio na minha cabeça a imagem de Alexandre, que, infelizmente, estuda no mesmo colégio que eu e ao não me ver em lugar nenhum, iria me questionar em casa, fazendo todos desconfiarem.

Suspirei fundo e, quando estava pronta para dar o primeiro passo para entrar, alguém me agarrou por trás me fazendo enrijecer o corpo por inteiro.

- Sempre assustada. - Alessandro falou me dando um beijo na bochecha e rindo da minha reação.

- Droga Alessandro, não fica fazendo isso. - Falei dando um tapa nele e rindo junto.

- E aí... como está hoje?

- Estou bem e você? - Perguntei enquanto íamos para dentro do colégio.

- Estou bem também. - Passou um braço por meus ombros. - Tenho uma novidade para contar para você e a Dani. - Falou nos guiando até a sala de aula.

Novamente senti aquela mirada me invadir e o incômodo tomar conta do meu ser. "Estão nos olhando". Pensei em me virar e procurar a pessoa, mas desisti assim que alcançamos a porta da sala 401. Ao entrarmos, como sempre, Alessandro se despediu e foi direto para sua carteira e eu fui para a minha.

Logo depois Dani chegou correndo, segundos antes do sinal soar anunciando o começo das aulas.

- Droga.. quase me atraso. - Falou ofegante ao meu lado.

- Dormiu demais?! - Perguntei rindo.

- Fui dormir hiper tarde ontem, fui a uma festa e cheguei tarde em casa e ainda tive que ouvir um belo sermão de meus... - Enquanto Dani falava desesperadamente sobre seu fim de semana, foi interrompida por um estrondo na porta que pegou todos nós de surpresa.

Laura entrou feito um foguete e, sem dizer sequer um bom dia, jogou suas coisas sobre sua mesa. Seu olhar era de desagrado total e sua feição não era das melhores. Toda a sala ficou em um silêncio que se passasse um mosquito a km de distância poderia ser ouvido por todos.

- Quero que se separem, vamos ter um teste surpresa. - Virou-se para a lousa escrevendo algo, enquanto se ouvia um murmuro de desagrado pela sala. - Quem não estiver satisfeito pode deixar a sala imediatamente. - Falou sem parar de escrever.

Logo pode-se ouvir o barulho de carteiras sendo arrastadas, se distanciando uma das outras. Dani me olhou como quem diz 'me salva, não sei nada dessa matéria'. Laura se virou para nós e nos fitou com os braços cruzados esperando que a sala estivesse toda em silêncio.

- Peguem uma folha do caderno e guardem tudo. Só caneta e papel sobre a mesa. Vou ditar as perguntas.

Fizemos o que ela ordenou e ela começou a ditar as perguntas, dez para ser exata. Podia-se sentir o enfado em sua voz, algo havia ocorrido com ela e, mesmo não querendo pensar nisso, algo me faz crer que a culpa é minha, ou melhor dizendo, do que ocorreu na sexta-feira na sala dos professores.

- Vocês têm 30 min para responderem e se pegar alguém copiando vou mandar para fora. Ouviram? - Falou de forma ríspida e firme.

Começamos a fazer o teste e, a todo momento, sentia seu olhar sobre mim. Levantei a cabeça algumas vezes para ver sua posição e, em todas elas, percebi seu olhar me fitando intensamente, o que me deixava angustiada. Decidi focar em meu teste e responder o máximo de perguntas que pudesse, afinal, eu também não havia me preparado para isso e estava com dificuldade em fazer.

Acho que já havia se passado metade do tempo para fazermos o teste, quando Laura se levantou de seu assento e foi até o fundo, passando por todos nós mais rápido que o Papa léguas fugindo do Coiote.

- Por favor, levante-se. - Falou com alguém que não soube quem era até que ouvi sua voz, o que me fez virar espantada.

- Mas por quê? - Alessandro perguntou, seus olhos transpareciam confusão.

- Eu vi que você estava olhando para o teste de seu colega. - Laura falou arrancando a folha de suas mãos. - Eu avisei que se colassem iam ser postos pra fora. Agora saia. - Falou de forma firme e com muito ódio na voz.

- Eu não fiz isso...

- Vai tentar se justificar Sr. Marques? Eu vi e não vou aceitar desculpas. - Laura o interrompeu alçando a voz nos fazendo olhá-la assustados.

Alessandro bufou resignado e se levantou indo em direção a porta. Eu fiquei olhando para ele sentindo uma dó e ao mesmo tempo raiva pela forma como Laura o tratou. Tenho certeza que ele não fez isso, afinal ele é um ótimo garoto e muito competente, não creio que ele estragaria tudo por um teste como esse.

- Voltem para seus testes, não quero colocar mais ninguém para fora. - Laura falou voltando para seu lugar. Quando ela passou por mim, senti seu olhar sobre os meus e um leve toque no meu ombro.

Terminamos o teste e, como num passe de mágica, Laura mudou da água para o vinho. Retomou sua aula agindo como sempre, jovial e animada ao explicar sua matéria. Por incrível que pareça, ela até sorria e fazia algumas piadas. Foi como se ela só precisasse descontar sua raiva em alguém e Alessandro tivesse sido o escolhido para isso.

O sinal soou avisando o fim da sua aula e ela recolheu suas coisas saindo em direção a porta, mas sem antes me dirigir uma nova mirada. Ao chegar na saída, cruzou com Alessandro, que retornava para a próxima aula e, não sei se foi impressão minha, lhe dirigiu uma mirada quase que assassina.

Tivemos o restante das aulas antes do intervalo do recreio e, como sempre, me dirigi até meu local preferido do colégio, o pátio atrás da quadra, que me permitia ficar em paz. Chegando lá encontrei com Alessandro e Dani sentados conversando.

- Oi gente. - Falei me sentando ao lado deles, que me cumprimentaram também. - Como você está Alessandro?

- Vou sobreviver. - Falou enquanto comia uma banana.

- Eu não entendi porque a professora Laura estava tão irritada hoje pela manhã. - Dani falou enquanto recostava a cabeça no ombro de Alessandro.

- Eu também não entendi nada, ela disse que eu estava olhando para a folha do Gabriel, mas nem desviar o olho do meu teste eu desviei. - Alessandro falou fazendo uma careta confuso.

- Também não entendo... - Abaixei a cabeça confusa e achando estranho o comportamento dela, era como se ela não gostasse dele e quisesse prejudicá-lo.

- Mas não vamos pensar sobre isso. - Ele falou se animando. - Tenho uma coisa para falar para vocês. - Sorriu.

- O que? Pela sua cara é algo muito bom. - Dani falou se virando para ele espectante, confesso que eu também estou.

- Recebi um convite para participar do campeonato brasileiro de natação. - Alessandro falou erguendo os braços e sorrindo largamente.

Dani e eu nos olhamos e, como num surto de alegria, começamos a gritar e pulamos sobre ele, comemorando a notícia. Sabíamos como ele luta por uma chance como profissional na natação e, esse convite, representa um prêmio para todo o seu esforço e dedicação.

- Parabéns Ale. - Dani falou ainda sobre ele enchendo seu rosto de beijos.

- É Alessandro, parabéns, você lutou muito por isso. - Falei dando um sonoro beijo em sua bochecha.

- Obrigado meninas. Não sabem o quanto estou feliz. - Alessandro falou ainda deitado no chão conosco sobre seu corpo.

Deitamos cada uma de um lado dele, apoiando nossas cabeças sobre seus ombros. Ele exibia um riso encantador e alegre, que chegava a ser terno. Era nítida sua felicidade e sua satisfação e, eu posso dizer com certeza, estou muito feliz e orgulhosa por ele.

- Eu quero que vocês estejam lá, torcendo por mim, hein. Afinal são minhas melhores amigas. - Alessandro falou nos apertando contra ele.

- Não precisa nem pedir, é claro que estaremos lá. - Dani falou e eu concordei com a cabeça erguendo a mão que ela chocou com a sua.

Ficamos ali no nosso cantinho comendo, conversando e ouvindo Alessandro falar como recebeu a notícia do convite de seu treinador. Também falou que teria que viajar algumas vezes e, juntamente à seu pai, estava tentando acertar com o colégio para não perder o ano letivo.

Dani conseguiu terminar de contar o que havia ocorrido no seu final de semana, nos matando de rir com suas peripécias. Essa garota nem parece filha de um militar de tão destrambelhada que é.

O sinal soou e fomos para a sala de aula terminar o dia de aulas, já nos sentindo um pouco mais leves depois do ocorrido na primeira aula. Terminadas as aulas, me despedi de meus amigos, Dani porque iria ver um curso ali perto com sua mãe e Alessandro porque estava apressado para ir para seu treino, e fui ao banheiro.

O local estava vazio quando entrei e fui direto para um reservado, pois estava apertada. Pendurei minha mochila em um suporte, abaixei minhas calças e "me concentrei", sentindo o alívio percorrer meu corpo.

Estava ali dentro quando ouvi a porta principal se abrir e fechar, mas nem me importei, pois era um local público e, obviamente, não estaria sozinha ali.

Terminei, dei a descarga, recoloquei minha roupa, saí do reservado indo lavar minhas mãos e me ajeitar no espelho. Estava acabando de ajeitar minha roupa quando vi um dos reservados se abrindo e, para meu desespero, Laura sair dele, vindo em minha direção. Ela parou ao meu lado e ligou a torneira, lavando suas mãos sem dizer uma única palavra.

Tentei me manter calma e minha postura o mais que conseguisse para terminar logo o que estava fazendo e sair dali, mas antes que pudesse reagir a algo, ela se virou para mim e, me pegando de surpresa, empurrou meu corpo até a parede, o prensando sem deixar margem para escapatória.

- Me larga. - Falei a fitando com medo.

- Você tem medo de mim? - Laura perguntou aproximando seu corpo do meu e me espremendo mais contra a parede.

- Você está me deixando com medo. - Falei respirando aceleradamente.

- Já falei minha doce Alice. Eu nunca te farei nada, nunca vou te machucar. - Laura falou aproximando seu rosto do meu e beijando minha bochecha, me fazendo arfar.

- Se você não me soltar eu vou gritar. - Falei com dificuldade, o perfume dela era maravilhoso e estava me deixando atordoada.

- Por que não falou com ninguém sobre o que aconteceu na sexta? - Ela falou ignorando meu aviso e levando sua mão até meu pescoço, o acariciando com seus dedos enquanto que a outra segurava a minha cintura.

- Como sabe que não falei com ninguém? - Perguntei arfante. "Eu preciso sair daqui."

- Se tivesse falado eu saberia imediatamente, esse é um colégio prestigiado, não me deixariam em paz. - Falou voltando a beijar meu rosto, só que dessa vez na comissura de meus lábios, o que me fez suspirar.

- Por que você está fazendo isso comigo? - Perguntei com um fio de voz, estava começando a perder as forças.

Laura me olhou nos olhos e sorriu carinhosamente. - Eu já falei meu amor. Desde o primeiro dia que te vi, senti que é você. Que somos uma da outra e não posso deixar que ninguém te tire de mim. - Aproximou seus lábios dos meus e me deu um selinho delicado.

- Eu não entendo.

- Você não entende porque está confusa com seus sentimentos meu amor. Eu sinto que você está perdida e com medo, mas confie em mim, eu vou te ajudar a entender isso. - Deu outro selinho nos meus lábios. - Esse desejo. - Beijou meu queixo. - Esse sentimento. - Beijou meu pescoço me fazendo suspirar. - Esse amor. - Beijou minha boca com veemência, com desespero.

Não posso dizer o que me deu naquele momento, nunca havia feito isso antes, eu sempre fui contida e medrosa no que diz respeito aos meus desejos. Tanto que nunca namorei e ainda sou virgem, posso, até mesmo, contar nos dedos quantas vezes já me masturbei na vida. Porém ela estava, com seu jeito louco e assustador, despertando em mim um desejo que eu nunca senti.

Correspondi a seu beijo com vontade, passando meus braços por seu pescoço, sentindo sua língua se encontrar com a minha de uma maneira magistral. Era como se ela quisesse me comer por inteira, como se eu fosse um alimento que ela necessita para viver.

Laura levou sua mão da minha cintura até minha coxa e a puxou para cima, entrelaçando em sua cintura. Percorreu com sua mão minha coxa e, para meu espanto, chegou até minha bunda apertando com força e possessão. Aquilo me fez dar um salto e cortar nosso beijo.

Ela me olhou como se não entendesse o que havia acontecido, mas, para minha surpresa, seus olhos brilharam e um sorriso brotou de seu rosto, me fazendo ficar corada.

- Alice... minha pequena Alice... você é tão pura e perfeita assim? - Sua pergunta me fez erguer uma sobrancelha inquisitória. "Ela quer saber se eu sou virgem?"

- Como assim? - Perguntei soltando minhas mãos que estavam em sua nuca.

- Não precisa ficar com vergonha, eu vou te ensinar tudo que você precisa saber. - Laura falou beijando meu pescoço e levando, a mão que estava apertando minha bunda, para meu seio e o acariciando por cima da blusa, me fazendo suspirar.

Ela apalpava meu seio com delicadeza e ao mesmo tempo com mãos firmes. Eu me sentia excitada com seu toque e, por mais que minha mente dissesse que era para afastá-la, meu corpo e instinto diziam para ficar e aproveitar cada instante. Porém, para infelicidade geral, ou quem sabe sorte, meu celular tocou dentro da mochila, me fazendo desvencilhar dela e ir pegá-lo.

Olhei a tela e vi que era Alexandre "Droga, ele deve estar me esperando para irmos juntos". Atendi ainda ofegante e sem saber direito que desculpa dar.

- Alice... onde você está? - Alexandre perguntou com raiva.

- Oi Ale, desculpe. Estou saindo agora, parei para ver algumas coisas. - Respondi sem jeito.

- Anda logo, não vou te esperar mais se você demorar... - Ele falava enquanto senti as mãos de Laura entrelaçarem minha cintura e seu corpo colar no meu por trás. Ela levou sua boca a minha nuca e beijou de forma molhada, me arrancando um suspiro.

- O que você está fazendo Alice? - Meu irmão perguntou após ouvir meu suspiro, fazendo meu corpo estremecer.

- Nada, estou correndo para ir te ver. Me espera. - Falei e, antes mesmo dele falar algo, desliguei a ligação.

- Droga, por que fez isso? - Falei me afastando de Laura que me olhava sorrindo.

- Desculpe.. é que você é irresistível. - Ela se aproximou e pegou meu rosto com as duas mãos. - Quando te vejo, só quero te abraçar, beijar... te fazer minha de todas as formas. - A maneira como ela falava me fazia estremecer dos pés a cabeça, era como se ela estivesse me desnudando a todo o momento. - Agora que sei o quão pura você é, te ensinarei tudo que precisa e te farei minha por completo. - Falou e me beijou novamente.

- Eu preciso ir. - Falei me desvencilhando do beijo. - Meu irmão está me esperando. - Fui até minhas coisas as pegando e indo em direção a saída do banheiro que, para meu espanto, estava fechada por dentro. "Por isso ela estava tão calma ao fazer isso comigo." pensei.

- Tudo bem, mas logo teremos essa oportunidade. - Laura me deu um último beijo, destrancou a porta e saiu.

"Meu Deus... o que eu estou aprontando para minha vida?!" pensei antes de sair também.

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