_ Oi! _ disse Eddye se aproximando da mesa.
_ Oi!
_ Já pediu alguma coisa?
_ Não, estava te esperando.
_ Obrigado. Quer pedir então?
_ Claro _ Eddye acenou para a garçonete e ela veio até a mesa.
_ Gostariam de fazer o pedido?
_ Sim eu vou querer um café médio e você Audy?
_ Um cappuccino por favor.
_ Ok, já trago para vocês.
_ Então, e as novidades de Framlingham?
_ Nada de mais, continua a mesma de sempre.
_ Faz um bom tempo que não vou para lá, e agora com um novo álbum e uma nova turnê, será mais difícil ainda. E o seu trabalho?
_ Vai bem, sou auxiliar ainda mas espero logo ter a minha própria sala.
_ Espero que consiga _ sorriu.
_ Obrigada _ por um instante ficamos sem falar. Um vácuo preencheu a nossa mesa e um constrangimento estava chegando. Mas logo Eddye o quebrou.
_ Veio para visitar a cidade?
_ Não, vim por causa do trabalho.
_ É que vi a Chris e suas amigas, achei que era.
_ Não, não _ Eddye poderia ter achado isso mas como ele sabia que eu estava na cidade? _ Eddye como sabia onde eu estava? Como sabia que eu estava na cidade? _ perguntei sem pensar duas vezes.
_ Acho que... que... que foi o destino _ ele gaguejou e desviou o olhar de mim.
_ Acha mesmo?
_ Acho.
_ Ou foi uma mulher ruiva, que faz uns bolinhos de chocolate incríveis que me chamou para tomar chá dias atrás? _ o fitei e ele não sabia o que fazer, e logo deu um ar de riso. _ Eu sabia.
_ Foi ela mesma _ disse com um sorriso ainda nos lábios.
_ Foi legal da parte dela. Você foi até mim de propósito? _ estava na hora de falar a verdade, de dizer o que estava guardado em si há um bom tempo, estava na hora de abrir o jogo. No mesmo momento que disse, o sorriso de Eddye desapareceu e a garçonete veio com o nosso pedido.
_ Aqui está o seu café e o seu cappuccino _ falou colocando as bebidas na mesa.
_ Obrigada _ Eddye também agradeceu e olhou para o café em busca de uma resposta para a minha pergunta.
_ Olha Audrey... _ desviou o olhar e logo voltou a mim. _ O que aconteceu entre a gente já se passou um tempo, e eu não sou o mesmo de antes, e sei que você também não é. _ eu olhava atenta. _ Eu tive uma longa conversa com a minha mãe alguns dias atrás e ela me deu muitos conselhos. Depois de todo o conversado, eu tinha que te pedir desculpas por tudo o que fiz. Então ela mencionou que você estaria aqui, e eu apenas deduzi o pub, já que você adorava ir lá com os seus amigos da faculdade, achei que não seria diferente do trabalho _ sorri pelas palavras ditas. _ Eu só quero que a gente volte a ser amigos, nós éramos antes de tudo _ ele tinha um olhar de arrependimento. _ A gente viveu tantos momentos juntos e... _ suspirou. _ Eu só quero voltar a ser o seu amigo e esquecer tudo aquilo.
Eddye olhava fixamente para mim com as mãos ainda no café que não tinha bebido. Eu nunca pensei que ele pensava como eu, que queria fazer o mesmo que era esquecer e recomeçar. Acho que o destino pelo menos uma vez nos colocou no caminho certo, com as mesmas opiniões e sensações, e por esse milagre, não achava mais justo do que aproveitar.
_ Sabe o que é engraçado? _ ele olhava atento. _ Também tive a mesma conversa com a minha mãe _ ele sorriu. _ E se não fosse por ela insistindo para mudar os meus pensamentos, eu não estaria aqui com você _ ele ainda demonstrava o sorriso mas ainda tinha curiosidade para saber a onde eu queria chegar. _ Eu penso da mesma maneira que você Eddye... _ ele me olhou assustado. _ Nós sempre fomos amigos e estragar tudo realmente seria melhor? Sei que hoje você pensa diferente de antes, como eu, então é um bom recomeço.
Um sentimento reciproco de esperança batia em nós dois. Tudo poderia voltar aos trilhos. Mesmo se não voltássemos a ser como antes, inseparáveis, ainda ficaria feliz por ter finalmente me libertado, ter feito o certo. Nós nos olhávamos ainda tentando processar o que havia sido conversado, e que tudo era real, até que ele começou a rir.
_ Disse algo errado? _ o olhei ainda sem entender.
_ Eu achei que você nunca concordaria comigo.
_ Sério?
_ Sim! Você é a Audrey. Cheia de magoas guardadas esperando o momento certo para fazer a sua vingança.
_ Nossa... _ por mais que tenha parecido ser dito de má fé, as palavras de Eddye era uma brincadeira, só que era a verdade. _ Ainda bem que você sabe, não é _ comecei a rir e ele me acompanhou.
_ Senti saudade disso.
_ Eu também _tudo estava fluindo até que eu fiz uma pergunta que se pudesse voltar no tempo não teria feito.
_ Então, está namorando?
_ Não, namorando não.
_ E você e o Dylan? eu soube que vão se casar _ ouvi uma estranha tristeza em sua voz.
E foi ai que eu quis voltar no tempo. Ninguém tinha contado para ele o que tinha acontecido, e como ele nunca gostou do Dylan, provavelmente ficaria feliz por isso.
_ Não somos mais noivos _ ele ficou assustado.
_ Como assim?
_ Nós terminamos.
_ Eu sinto muito, Audy _ via em seus olhos algo confuso
_ Tudo bem. Não ia dar certo mesmo, tínhamos muitos fatores que não eram favorável _ ele ainda estava assustado.
_ Eddye, tudo bem, já acabou _ ri.
_ Eu estou processando ainda _ me olhou e não segurou o riso.
Passamos um bom tempo ali conversando e rindo. Foi muito bom rever ele e colocar os assuntos em dia. Finalmente o nosso caso havia acabado, e os dois lados estavam de bem, o que não podia ser melhor.
_ Foi ótimo conversar com você Eddye.
_ Para mim também, Audy _ me deu um abraço.
_ Pode ligar quando quiser.
_ Você também. Tem mesmo que ir hoje?
_ Tenho, infelizmente _ murmurei.
_ Tudo bem. Podíamos combinar um dia de você vir... ou ir para onde eu estiver.
_ Podíamos mesmo _ sorri. _ Bom, tenho que ir, obrigada pela tarde.
_ Obrigado também _ eu entrei no táxi e ele fechou a porta.
_Tchau _ acenou e eu o vi desaparecer assim que o táxi virou a esquina.
Cheguei no hotel super atrasada pelo transito que havia pego no caminho. Ao entrar no quarto vi que Chris já tinha arrumado tudo, até as minhas mala.
_ Você arrumou tudo?
_ Sim. Vi que não chegava.
_ Obrigada.
_ De nada. Depois você me paga um drink, agora vamos.
No caminho para casa contei para Chris como havia sido a tarde com Eddye.
_Tudo voltou ao normal?
_Sim.
_ Perai..._ me olhou curiosa.
_ Não, não é esse normal.
_ Então sobre o que falaram ?
_ Sobre tudo. Sobre a vida, Framlingham, amizades, família.
_ Ele está namorando?
_ Não, mas também não está sozinho, sabe como é, homens.
_ Falou sobre o Dylan?
_ Sim, infelizmente.
_ Infelizmente? _disse confusa.
_ Não achei que seria um momento bom para falar dele, mas a culpa é minha, eu que perguntei sobre ele. O engraçado foi que ele ficou tão estranho.
_ Ah, não _ a fitei. _ Audrey, ele pode ter visto que tem outra chance com você, por isso se embaraçou. Vocês dois estão solteiros e estão bem, é perfeito.
_ Chris, você deve estar louca.
_Audrey vamos ser sinceras, você ainda sente algo por ele mas evita pelo tudo o que aconteceu, eu sei disso _ Chris queria sinceridade mas como eu seria se nem eu mesma sabia o que era tudo?
_ Eu não sei. Eu comecei a pensar nele no começo da semana e tudo isso virou uma bola de neve.
_ Audrey, você pensava no Ed, só não admitia, e então a saudade bateu _ Chris podia estar certa. Desde todo o ocorrido eu pensava nele, porém tentava evitar ao máximo.
_ Talvez seja isso _ murmurei confusa.
_ Olha, mesmo que eu diga que gostaria de ver vocês juntos, quem decide é você. Eu adoro aquele ruivo, ele é uma ótima pessoa e sei que você fica bem com ele, só que essa decisão é sua _ Chris podia ser louca e imprevisível mas sabia o que falar nas horas que eu precisava.
_ Obrigada _ a abracei.
Mais um tempo depois eu estava de volta em Framlingham.
_ Theo _ bati na porta.
_ Oi Audrey _ Marie, irmã de Theo atendeu a porta.
_ Desculpa chegar tarde. Vim buscar o Ian.
_ Não se preocupe. Só um minuto que vou pegar ele _ uns instantes depois ela me trouxe ele.
_ Aqui está.
_ Oi lindinho, como vai? _ o peguei já fazendo carinho.
_ Obrigada. E agradeça o Theo por mim.
_ Agradeço sim.
_ Tchau.
_ Tchau.
Entrei em casa e coloquei Ian e suas coisas no chão. As malas eu levei para o quarto e ia retirar tudo mais tarde. Em seguida fui para um banho quente que estava precisando.
Novamente com o meu famoso traje de dormir, fui procurar qualquer coisa para comer. Logo em seguida me sentei no sofá enrolada na coberta para assistir qualquer coisa. Tempo depois eu já estava morrendo de sono e na tv não passará nada de interessante, então resolvi ir para a cama. Já estava dormindo quando o meu celular tocou. Com a visão turva ainda pelo sono, nem enxerguei o contato e simplesmente atendi.
_ Alô?
_ Audy?
_ Quem? _ eu não estava completamente acordada ainda.
_ Audrey?
_ Eddye?
_ Sim, eu te acordei?
_ Sim _ disse bocejando.
_ Desculpe, eu ligo depois.
_ Não, tudo bem, pode falar. Aconteceu alguma coisa?
_ Não. Eu só queria saber se chegou bem.
_ Cheguei sim, obrigada por se importar.
_ Sempre _ senti minhas bochechas corarem. No fundo da voz do Eddye pude ouvir:
"Chamada para o Vôo 2507 para Los Angeles."
_Você está indo para Los Angeles?
_ Estou _ sua voz soou triste de alguma maneira.
_ Legal.
_ É... _ ficamos em quietos por um alguns instantes.
_ Bom, eu tenho que ir.
_ Tudo bem.
_ Manda um abraço para os seus pais e seu irmão. Sinto falta deles.
_ Mando sim.
_ Foi bom te encontrar.
_ Para mim também _ ouvi a voz do aeroporto novamente.
_ Nos falamos mais tarde.
_ Sim.
_ Até lá.
_ Até.
_ Boa viagem.
_ Bons sonhos _ sorri.
Desliguei e percebi que ainda sorria. Sorria? Talvez eu estivesse com esperança. Que sentimentos eram aqueles? Eu não estava entendendo. Isso no meu peito... Não! Eu devia estar louca. Volte para o sono, Audrey, pare de recriar mentiras para si mesma.
No domingo meus pais resolveram fazer um almoço em família, e obvio que a casa estava cheia. Eu estava conversando com alguns parentes na cozinha, jogando conversa fora e rindo quando senti alguém colocar a mão em meus ombros .
_ Audrey!
_ Oi Imogen! _ nos abraçamos.
_ Não sabia que viria.
_ Cheguei um pouquinho atrasada.
_ Entendi.
_ E como foi a viagem?
_ Foi bem _ ela me olhou esperando continuar._ Eu sei da sua conversa com o Edward.
_ Me desculpe por se intrometer, mas já se passou tanto tempo. Eu só queria ver os velhos... _ por um momento ela ficou sem palavras. _ Ver vocês de bem novamente.
_ E funcionou, obrigada.
_ Que bom. Não quero mais ver vocês assim.
_ Nem eu.
_Que bom que está tudo bem _ sorriu.
Realmente Imogen, como era bom estar tudo bem.