A Guardiã do Gelo - Livro 1

By Kashinabi-Chan

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[Trilogia Os Guardiões - Livro 1] "Estar no último ano do ensino médio pode ser tanto uma benção como uma por... More

Capítulo 1 - Nunca queira ser Natália Winter
Capítulo 2 - Conheça Utae, Imma e Malek, uns "amores" de pessoas
Capítulo 3 - Apenas uma nível 1 com uma faca na perna
Capítulo 4 - O sabor da liberdade
Capítulo 5 - O desaparecimento de Utae e... CORRE!
Capítulo 6 - Nunca confie numa cobra
Capítulo 7 - O resgate e o estranho
Capítulo 8 - Alguém aqui sabe persuadir
Capítulo 9 - Meu passeio na Quarta Dimensão
Capítulo 10 - Kameel é... gay?
Capítulo 11 - Malek... acabou... de... salvar... minha... vida... QUÊ?
Capítulo 12 - Estou montada num Pégaso!
Capítulo 13 - O gatinho e a prisioneira
Capítulo 14 - Meu plano que deu errado
Capítulo 15 - Fui obrigada a saltar de uma prancha!
Capítulo 16 - Nunca deixe Tritão te oferecer uma música
Capítulo 17 - Nos encontramos novamente, Xander
Capítulo 18 - Aquela que Habita na Escuridão
Capítulo 19 - Recebi um strip-tease
Capítulo 20 - Vote em Benigna para vice-líder
Capítulo 21 - A declaração de Malek
Capítulo 22 - Aquilo que chamamos de vingança
Capítulo 23 - Ele sempre vai ser o retardado de sempre
Capítulo 24 - Ganhei uma espada finalmente!
Capítulo 25 - Apresento a vocês "idiotas-babando-por-uma-garota"
Capítulo 26 - É crime dar um soco na bochecha de uma deusa?
Capítulo 27 - O mesmo lugar que não era o mesmo lugar
Capítulo 28 - Meu irmãozinho antipático e o ressurgimento de Olivia
Capítulo 29 - Preparar, apontar, CORRER!
Capítulo 30 - Meu contrato de morte
Capítulo 31 - Não é justo, usaram minha raiva contra mim!
Capítulo 32 - Fui eu que matei você Tanay?
Capítulo 33 - O dia que eu conheci minha mãe
Capítulo 34 - Por algum milagre do universo, Tanay está apaixonado
Capítulo 35 - Eu dando uma de conselheira amorosa
Capítulo 36 - Sou uma loba albina!
Capítulo 37 - Prata vs gelo
Capítulo 38 - Alecto, Megera e Tisífone
Capítulo 39 - Consegui dominar Tanay, finalmente!
Capítulo 41 - A visão do Minotauro
Capítulo 42 - Juro que nunca me senti tão poderosa
Capítulo 43 - O sonho e o começo do ataque
Capítulo 44 - Descobri finalmente a diferença entre as equipes
Capítulo 45 - As marcas da esperança
Capítulo 46 - A Branca de Neve ruiva
Capítulo 47 - À espera deles
Capítulo 48 - O monstro feito de sonhos
Capítulo 49 - À vitória e avante!
Capítulo 50 - A dor de Utae e o início da caçada
Capítulo 51 - Os longos dias e... será que o jogo...?
Capítulo 52 - Boréades, os deuses mais frios que já conheci
Capítulo 53 - É a última vez, mãe?
Capítulo 54 - Imma, o cavalo falante e as coisas voadoras
Capítulo 55 - É com desprazer que eu apresento os ventos de Éolo
Capítulo 56 - Meu escorregador de gelo gigante
Capítulo 57 - Ignorei seus avisos mesmo, seu monstrengo!
Capítulo 58 - Não, não, não... Eles não podem ter caído...
Capítulo 59 - Cuidado, as pedras Elementais podem enfeitiçar você
Capítulo 60 - Malek tinha mesmo que sobreviver?
Capítulo 61 - De repente somos a Guarda Real de Poseidon
Capítulo 62 - Malek, "sinto" dizer que os hipocampos te odeiam
Capítulo 63 - A rainha Olivia, o rei Odd e as súditas Nereidas
Capítulo 64 - Ei, dá pra dar uma ajudinha aqui?
Capítulo 65 - A batalha entre irmãos
Capítulo 66 - Três idiotas e uma cama
Capítulo 67 - Aquilo realmente aconteceu?
Capítulo 68 - Ninguém acredita em mim
Capítulo 69 - Salvem-se quem puder!
Capítulo 70 - Malek querendo dar uma de herói
Capítulo 71 - Meu carregador particular
Capítulo 72 - Três cabeças infernais contra uma humana
Capítulo 73 - Alguém roubou a deusa do fogo
Capítulo 74 - Encontrei um herói onde menos esperava
Capítulo 75 - Nossa primeira grande briga
Capítulo 76 - Os malucos da floresta amaldiçoada
Capítulo 77 - Bem-vindos ao inferno, Ctónicos
Capítulo 78 - Ganhei um dragão de estimação
Capítulo 79 - Kame, volta aqui! Tem um leão gigante tentando nos devorar!
Capítulo 80 - Entenda, Kary. Aquele não era o Kameel
Capítulo 81 - Quase que você matou a gente, Malek!
Capítulo 82 - Última pedra conquistada com sucesso
Capítulo 83 - Duelos mortais - Parte 1
Capítulo 84 - Duelos mortais - Parte 2 e o choque da realidade
Capítulo 85 - (In) felizmente descobri quem são eles na vida real
Capítulo 86 - Natália Winter, a Guardiã do Gelo

Capítulo 40 - Ele... me deu um beijo

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By Kashinabi-Chan

De primeira eu fiquei sem reação. Eu não sabia que ele faria aquilo comigo, então o resultado foram minhas bochechas ficando cada vez mais quentes e meu coração cada vez mais acelerado. Meus olhos estavam arregalados em surpresa e minhas mãos haviam travado na sua nuca. Uma coisa que nunca podemos esperar é um beijo de um... amigo. Menos ainda de um irmão. Confesso que era bom e ao mesmo tempo estranho. Era como se... estivesse beijando eu mesma.

Bem, o pior não era isso. O pior era que eu estava tão surpresa — e travada — que mal consegui correspondê-lo decentemente.

A primeira coisa que fiz foi tirar as mãos da sua nuca — decididamente, nunca mais brinco com a tatuagem dele —, depois devagar fui afastando nossos rostos, embora estivesse morta de vergonha de encara-lo agora — senti até minhas bochechas corarem de novo! Pelo menos, quando olhei pra ele, percebi que não era a única envergonhada pelo que tinha acabado de acontecer.

Percebendo que eu ainda estava desengonçada no gelo — e ainda em cima dele de uma maneira constrangedora —, ele acabou refazendo as lâminas na sola das minhas botas de metal e por sorte, também me ajudou a equilibrar.

É, bem, aquela cena poderia ser romântica entre nós — e eu confesso que até era — só que o que aconteceu em seguida, acabou completamente com o clima:

— Vocês estão em lago sagrado — uma vez como um sussurro de mil vozes correu por nós. — O lago para nosso irmão, Fáeton.

Foi aí que eu vi da onde que vinham. Da única — e magnífica — árvore de choupo, localizada bem perto do lago, com alguns galhos passando por cima de algumas partes. As três irmãs estavam talhadas na árvore. Uma num galho mais a esquerda, outra num galho mais a direita e por fim uma no tronco, ficando mais elevada que as outras duas. Todas mantinho expressões chorosas, como se chorassem eternamente.

— As Helíades — murmurei mais pra mim.

Eram três irmãs que perderam o irmão Fáeton e desde então choraram tanto que foram transformadas na árvore — dizem até que suas lágrimas foram transformadas num rio. Pelo jeito no jogo é um lago.

Antes que eu pudesse ter um raciocínio rápido — a cena com o Tanay tinha feito uma bagunça no meu cérebro —, senti algo prendendo meus pés. Quando olhei pros mesmos, vi galhos se apoderando deles.

— Tanay! — gritar foi meu primeiro instinto.

Não adiantou muito porque ele também estava sendo capturado pela árvore.

— Congele as raízes — foi a primeira ordem dele.

Fiz o que pediu, pra ver se adiantava alguma coisa. Não serviu de muita ajuda. A árvore criava outro jeito de me prender. Começou a ficar tão forte que acabei escorregando. Elas estavam me arrastando em direção à árvore. Meu coração começou a acelerar em desespero. Não fazia ideia do que poderia fazer pra impedir. Meus treinamentos não incluíam ser capturada por uma árvore.

Não demorou muito até os galhos me cobrirem até a barriga, continuando a me puxar em direção à árvore. Olhei pro lado, querendo ver se Tanay tinha tido alguma ideia, mas o mesmo havia sumido. Foi aí que fiquei mais nervosa sobre o que quer que estivesse acontecendo.

Assim que fui arrastada até perto da árvore, o galho me ergueu até eu ficar da altura da helíade do meio, no tronco.

— Eu Egle e minhas irmãs Egialeia, a da esquerda e Etéria, a da direta, condenamos você e o seu...

Quando a árvore ergueu o outro galho, não havia nada. Nem sequer um resquício de Tanay. Como os rostos na árvore nem sequer tinham expressões mutáveis, não dava pra saber se havia sido proposital ou acidental o sumiço de Tanay.

— Condenamos você por ter ousado tocar no nosso lago em homenagem ao nosso irmão.

O galho que me prendia foi subindo, agora cobrindo os seios — só não pegou meus braços porque eu os erguei, mas sabia que isso só adiaria a prisão dos mesmos. Quando chegou ao busto, fiquei novamente preocupada. Então num ato desesperado, tentei congelar a árvore. Teria sido uma ótima ideia se não tivesse acelerado o processo de enjaulamento-galhau — foi o melhor nome que encontrei pra isso.

Mesmo com meus braços erguidos, os galhos foram tomando conta. O pescoço já estava todo coberto, agora dificultando minha respiração. Então percebi que elas também estavam me apertando, como uma cobra faria com sua presa. Logo, logo eu viraria jantar das Helíades.

Tanay, onde está você? Algum plano seu viria a calhar agora, me vi pensando, enquanto sentia meus braços sendo tomados e agora aos poucos meus rosto também era. Minha boca foi sendo coberta aos poucos, já diminuindo o ar que chegava aos meus pulmões. Minha primeira reação foi fechar os olhos, decidida a me entregar a morte — coisa que já havia adiado fazia tempo.

Até que ouço um barulho de algo se quebrando — minha cabeça já havia sido coberta tinha um tempo — e logo meu corpo atinge algo duro. Segundos depois o casulo começa a se encher de água, mas como não podia me mexer — e o ar nos meus pulmões estava acabando —, decidi que aceitaria o que tiver que vier.

Não sei o que acontece depois. Só sei que quando meu pulmão encontrou o ar mais uma vez, Tanay estava lá, cortando os galhos de mim com uma adaga de gelo. Enquanto ele tentava me livrar daquelas coisas, eu respirava ofegante, ansiosa pelo ar que ficara sem por alguns instantes.

Quando meu corpo estava completamente liberto, percebi que estávamos ainda em cima do lago congelado.

— Melhor... sairmos daqui — falei, só então percebendo minha voz rouca.

Tanay assentiu e me ajudou a pôr de pé, embora sentisse meu corpo molenga. Era como se os galhos tivessem sugado toda minha energia para si. Tive que me apoiar no meu irmão porque mal conseguia andar direito! Ele entendeu o recado e me ajudou a dar alguns passos.

Bem, a sensação de estar livre não durou muito porque mais galhos se agarraram em mim — dessa vez nos meus cabelos —, rapidamente tomando conta do meu rosto agora, cortando meu ar mais uma vez.

Entrei em desespero.

Felizmente Tanay deve ter agido mais rápido dessa vez, cortando os galhos antes que eles sequer chegassem no meu pescoço — eu só sabia disso porque eles pararam de crescer. Senti meu corpo sendo erguido e não demorou muito até eu estar sendo deitada num lugar gramado. Ele havia ao menos me tirado do lago, embora tenha me colocado ao lado dele.

Meu irmão novamente começou a me livrar dos galhos, cuidadosamente com uma adaga de gelo. Aos poucos eu agradecia mentalmente de novo por estar respirando novamente.

Até que eu ouvi um xingamento vindo dele

— O que foi?

Tanay suspirou antes de dizer:

— Dessa vez embolou muito no seu cabelo.

— Hein? — não sabia bem onde ele queria chegar.

— Vou ter que cortar.

Foi aí que a ficha caiu.

— Como é? — grunhi.

— Vou ter que cortar seu cabelo.

Por um momento fiquei sem saber o que responder. Era óbvio que eu não queria que ele cortasse meu cabelo — até cogitei uma possibilidade de ficar o resto do jogo com os galhos na cabeça.

— Tudo bem?

— Pode... cortar — falei, bastante à contragosto.

Senti ele segurando meu cabelo com força, esticando os fios, até que não senti mais sua força puxando meu cabelo. Ele tinha cortado mesmo. Engoli em seco, não querendo acreditar naquilo, mas acabei levando uma mão ao mesmo, só pra ter a confirmação. Meu cabelo que antes batia pouco mais abaixo dos ombros, agora estava na bochecha. Não sabia que ele cortaria tanto assim.

Fui me levantando do chão devagar e observei meu cabelo nas mãos dele — cabelos esses que foram mudando da cor azul ao branco, até simplesmente desaparecerem. Respirei fundo, agradecendo por não ter nenhum espelho por perto porque eu sabia que surtaria se me visse de cabelo curto agora.

— Melhor voltarmos — anunciou ele.

Embora o caminho tenha sido desconfortável pro causa do beijo que acontecera — acho que na verdade o caminho foi mais desconfortável pra mim —, não demoramos muito pra chegar pela noite como de costume.

Henrietta e Quant cuidavam da fogueira e ela assava a comida enquanto ele esperava ansiosamente pra comer. Permiti me sentar perto de Henri e Tanay acabou se acomodando ao lado de Quant. Agradeci mentalmente por estarmos sentados paralelamente.

— Precisamos planejar nosso plano de ataque — anunciou Tanay.

— São quatro contra pelo menos vinte — disse Henri. — Não acho que teríamos sucesso.

— Quantidade não é nada comparado a estratégia — contra-argumentou o líder.

— Então o que sugere?

— A primeira coisa é contar com máquinas feitas por esse cara — ele disse, dando tapinhas nas costas de Quant. — O resto vai ser feito por nós mesmos.

— Já tem um plano ou você acabou de pensar nisso?

— Eu tenho um plano. — Eu conhecia aquele seu sorriso destemido. — Mas vamos precisar de tempo. Tudo bem pra vocês?

Quant foi o primeiro a assentir. Percebi que a expressão de Henrietta não estava muito passiva — acho que ela ainda tinha trauma do que acontecera à Daniela —, só que não demorou muito até ela assentir levemente com a cabeça. Quando vi, a decisão final havia ficado comigo. Os três olhares se dirigiram à mim, mas quem eu quis encarar naquele momento foi Tanay.

Ele me olhava com atenção, esperando minha resposta, entretanto, eu sabia que tinha muito mais coisas escondidas dentro dos gélidos olhos azuis. Os mesmos que me encararam quando nos beijamos. E como "curiosidade" é algo que faz parte da minha vida...

Acabei assentindo.

— Boa escolha, vice-líder. — E aquele pequeno sorriso voltou ao seu rosto, me chamando para um desafio silencioso.

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