How to save a life ~ ABO ~ l.s

By lourrystt

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Amelia e Louis tiveram uma ligação instantânea, imediata. Ninguém saberia dizer porque, mas, o que importava... More

Meet Amelia
It feels like fate
Taking care of you
Home
The A Team
The Magic Song
Brotherhood
The death of the past and a new life
The Solution
Trip routine
Jealous
First touch, first kiss
Meet Baby Bear
Only Angel
Date night
For I can't help falling in love with you
Intensity
Heaven
The One
Changing
Arlo
Meet Richard Alexander Payne
Soulbond
Falling apart
Protection
He's gone
Finding Louis
Pain
Strong
Family love
Epílogo: Meet Violet, Aaron and Morgan
Agradecimentos, notas e rasgação de seda

Naked

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By lourrystt

N/A

Qualquer quote de músicas aleatórias água com açúcar, não é mera coincidência, foi proposital. Todos os créditos são dos donos das músicas, não meus. Não vou mostrar onde eles tão porque perde a graça, mas, quem conhecer as músicas vai sacar. Lá nas notas finais eu vou por a lista de músicas que eu usei, se alguém quiser ouvir e tal. :)

P.S.: Se vcs quiserem eu crio uma playlist no Spotify de todas as musicas que eu ouvi escrevendo os capítulos ><

Acho que não vai ter erro, revisei todinho e sem preguiça, porém, SE TIVER ALGUM ERRO CÊS PERDOA.

Enjoy <3

***

O que acontece quando a tua alma não está acostumada à felicidade? Ou no mínimo à calma, rotina e segurança de um lar acolhedor? Louis havia acordado no fim da madrugada passando absurdamente mal. Seu estômago estava embrulhado e ele precisava, em caráter de urgência, expelir qualquer que fosse aquele corpo estranho que fazia seu sistema digestivo funcionar errado.

Cambaleou até o banheiro, ajoelhou-se em frente ao vaso sanitário e pôs os bofes pra fora. Um medo irracional havia se apoderado completamente do ômega e ele não sabia como fazer sumir. Talvez vomitando melhorasse. E foi o que ele fez. A sensação de desamparo, desproteção, como se não fosse digno, como se nada daquilo fosse real.

Em poucos minutos o rapaz de olhos azuis chorava copiosamente, não sabia bem por qual motivo. O desespero fazia com que seu estômago piorasse a ponto de não permitir que ele parasse de vomitar, mesmo que não houvesse mais nada além da náusea e da ânsia.

O barulho despertou o alfa de sono leve que desceu as escadas com cuidado, assustando-se com a iluminação no corredor que dava para o quarto de Louis. Apressou o passo e alcançou o banheiro. Todo seu corpo entrou em alerta máximo ao encontrar o ômega agarrado a privada como se sua vida dependesse daquilo.

- Louis! - agachou-se ao lado do ômega segurando-o pelos ombros.

- O que você... tá fazendo... aqui? - Louis perguntou atordoado, tentando afastá-lo.

- Se você soubesse a barulheira que está fazendo, não me perguntaria isso.

- Me-Me desculpe... - as bochechas do ômega estavam coradas e seus lábios úmidos e inchados, a franja colava-se a testa suada e Harry sentiu o corpo aquecido, até mesmo um pouco febril.

- Não se desculpe, venha, levante. - agarrou-o com um pouco mais de força erguendo-o com cuidado.

De fato, os sons característicos haviam acordado não só o alfa, os passinhos apressados de Amelia - e mais alguns outros - tornaram-se perceptíveis nos degraus. Louis virou-se de costas rapidamente, impedindo que o filhote o visse naquele estado, ela e Robin haviam descido para ver o que estava acontecendo.

- Está tudo bem? - o alfa mais velho perguntou, segurando Amelia e impedindo suavemente que ela entrasse no banheiro.

- Parece uma intoxicação, não sei, tenho que dar uma olhada nele... - Harry ainda olhava o ômega, passeando os dedos calmamente sobre o rosto do rapaz que ainda se recusava a encara-lo de volta.

- Vocês beberam? - Robin perguntou preocupado.

- Não o suficiente pra chegar a isso.

- O LouLou tá dodói? - Amelia perguntou apreensiva, erguendo os olhos para encarar o avô.

- Não deixe a sua mãe saber que ele bebeu. - Robin deu de ombros. - Venha querida, o Lou só está enjoado, lembra que tem um filhote na barriga dele? - ela assentiu voltando a olhar para Louis. - Então, acontece, sua tia Gemma também ficava enjoada.

- O papai não precisa de ajuda então? - ela insistiu mais uma vez.

- Não, amor, eu vou cuidar do Louis, prometo. Vá com o vovô sim?

A garotinha soltou-se do avô e correu até eles, erguendo-se nas pontas dos pés para deixar um rápido beijo nas costas do ômega, aproximou-se do pai e o abraçou rapidamente, voltando até Robin e segurando sua mão. O alfa mais velho meneou a cabeça e voltou para o andar de cima com Amelia. Harry fez com que Louis se sentasse no vaso sanitário tampado, agachou-se na frente dele já que ele não o encarava e segurou seu rosto.

- Eu não devia ter bebido...

- Você se refere ao vinho ou às caipirinhas?

- Ambos, a gente secou aquela jarra de vinho...

- Louis, a gente não bebeu vinho de verdade - o ômega piscou os olhos sem entender - A jarra que ele trouxe pra mesa era suco de uva, daqueles concentrados, o único álcool no seu organismo veio das caipirinhas, que eu também não devia ter deixado você beber, mas, enfim...

- Mas, você estava... Eu achei que...

- Eu não preciso estar bêbado pra gostar da sua companhia.

O ômega fez uma longa pausa enquanto encarava o cacheado, Harry o olhava com atenção, estudando as expressões que se formavam no rosto de Louis, confusão e medo estavam definitivamente presentes ali, e, apesar de experiente, o alfa não sabia muito bem como lidar com aquilo. O rapaz de olhos azuis era mesmo uma espécie rara.

- E isso não pode prejudicar o filhote? - Tomlinson perguntou finalmente, quebrando o silêncio e chamando a atenção de Harry.

- A quantidade foi ínfima, Lou, tinha mais gelo e suco de limão do que álcool... Mesmo assim, existem os riscos... Claro que existem. - fez uma pausa - De qualquer forma, já está feito, mas, você não vai beber mais, certo? - Harry segurou o rosto do ômega com as duas mãos, acariciando as bochechas sem cor com as pontas dos dedos. - Vou te levar a outro médico, você vai fazer alguns exames e vamos ver como o seu filhote está, tudo bem? - o menor assentiu e o alfa se levantou rapidamente, fechando a porta do banheiro logo em seguida - Vem, você precisa de um banho.

Louis arregalou os olhos quando foi colocado de pé, abaixou os braços apressadamente e se segurou em seu pijama, evitando que o alfa, que havia acabado de tocar a barra de sua camisa, a tirasse de seu corpo. Harry juntou as sobrancelhas e forçou um pouco mais, tentando tirá-la, mas, o ômega continuou na mesma posição, impedindo-o de despi-lo.

- Então você vai de pijama mesmo, eu não me importo. - deu de ombros.

O alfa não entendia muito bem o motivo da relutância, naquele momento ele não olhava o ômega com olhos de luxúria, não se tratava disso, poderia dizer que o via como um paciente qualquer, mas, também não era isso. Harry sentia que devia protegê-lo a todo custo e era isso que queria fazer, seu raciocínio lógico não funcionava bem, ele nem imaginava que o rapaz pudesse estar assustado, só queria cuidar dele.

Passou por Louis e ligou o chuveiro, empurrando-o para baixo da água quente ainda vestido, foi tudo tão rápido que o de olhos azuis sequer se deu conta do que acontecia, percebendo só quando já estava completamente encharcado.

- Harry! - reclamou, estapeando o peito do alfa.

- Você estava nojento, Louis! - rosnou impaciente - Você pode por favor tirar o pijama agora?

- Eu posso tomar banho sozinho!

- Você mal se aguenta em pé... Me deixa cuidar de você.

Louis piscou os grandes olhos azuis e o encarou atônito. Me deixa cuidar de você. Ele sempre se cuidou sozinho, nunca teve quem cuidasse dele, ele não precisava de cuidados. Louis quem cuidava de tudo e de todos, sempre foi assim. A mesma sensação assustadora voltou com toda a força, travestida na vontade de se deixar cuidar, deixar-se ser protegido. A percepção de segurança que emanava do alfa o acalmava ao mesmo tempo em que o aterrorizava a ponto de fazê-lo tremer levemente. Um novo bolo se formou em sua gargante e o ômega irrompeu em lágrimas que não conseguiu controlar.

- Louis...? - o alfa arregalou os olhos ao vê-lo naquele estado de nervos.

Parte de Louis queria que Harry se afastasse de uma vez por todas, com excitação sexual ele sabia lidar, aquilo era novo e apavorante. Entretanto, ainda havia uma pequena parte que rezava internamente para que ele ficasse, tão internamente que era como um eco distante dentro da mente confusa do ômega, que acabou fazendo a única coisa que lhe pareceu lógica no momento.

- Sai daqui... - pediu baixinho.

Contrariando a reação óbvia, Harry acabou dentro do box com ele, sentado no chão sob a água do chuveiro. Envolveu Louis em um abraço apertado, fazendo com que ele se aninhasse em seu peito e praticamente se enrolasse em seu corpo: braços em volta da sua cintura, pernas sobre as suas, dedos entrelaçados para intensificar ainda mais o contato, quase fundidos em um só corpo.

Ali, dentro do aperto confortável do alfa, Louis permitiu-se, pela primeira vez em muito tempo, alguma espécie de afeição, sentia os dedos cumpridos de Harry em seus cabelos enquanto a outra mão repousava sobre suas costas. Ouviu a voz calma e melodiosa sobressair-se no meio do seu choro estrangulado ao passo que repetia baixinho "Tá tudo bem, não vou a lugar nenhum".

***

Harry e Louis não trocaram mais nenhuma palavra, o alfa cuidou para que ele terminasse o banho em segurança e assim que ele já estava enrolado na toalha, dentro do escritório, subiu para o próprio quarto, precisava trocar de roupa considerando que a sua estava encharcada. Dentro do cômodo, percebeu que Amelia ainda dormia calmamente, mesmo que os primeiros raios de sol daquela manhã já se fizessem presentes.

Escolheu qualquer roupa seca e quente, deixando um terno beijo sobre a testa da filha antes de descer novamente, encontrou o ômega no escritório, sentado sobre a cama improvisada, ainda enrolado na toalha, mas, quase completamente seco. Louis ergueu os olhos azuis e engoliu em seco.

- E então? - o alfa cruzou os braços e encarou Louis de volta, de modo firme.

Ele não queria intimidar o ômega, não se tratava disso. Era apenas... Ele precisava saber a verdade. Toda a verdade. Ele precisava disso, não porque fizesse algum sentido, mas, era o que ele era. Um maníaco pela verdade. Ele não admitiria ser enganado, não por Louis. O ômega se levantou e virou-se de costas, abraçando o próprio corpo como se estivesse congelando.

- Harry... - murmurou.

- Não. Olhando pra mim. - segurou o ômega pelos ombros e o fez se virar novamente - Nos meus olhos... - Harry prendeu o rosto de Louis entre as mãos, impedindo que ele olhasse para qualquer outro lugar.

- Eu meio que estou tentando fugir, você poderia colaborar comigo... - tentou se livrar das mãos e dos olhos de Styles, mas, foi impossível.

- Louis, tem claramente alguma coisa acontecendo aqui... Entre a gente... E eu... Eu estou decidido a parar de fugir disso... Queria que você parasse também.

O ômega suspirou incomodado. Tirar a situação do plano das ideias e colocar em palavras tornava real o que só habitava os confins da mente de Louis. Admitir em voz volta que poderia estar interessado em passar a vida ao lado de Harry não era algo que ele estava preparado para fazer. Não naquele momento. Talvez nunca estivesse.

- Quero que você seja meu, Louis. Oficialmente meu. Eventualmente vou querer que você carregue a minha marca, um filhote nosso na sua barriga, pode parecer precipitado, mas, eu não dou a mínima, eu não estou brincando com você. - Tomlinson se assustou com a pequena confissão do alfa.

- Eu não quis dizer isso... - apressou-se em emendar.

- Então o que é? - Harry rosnou impaciente.

- Você pode me soltar por favor? Você me deixa... Desconfortável. - suplicou, sentindo os dedos do alfa se afrouxarem um pouco.

Lentamente, Styles deixou que suas mãos se afastassem do rosto de Louis, deu dois ou mais passos para trás também afastando-se minimamente do corpo do ômega, mas, não deixou de encara-lo. Os olhos verdes fitavam os azuis de modo curioso e ao mesmo tempo preocupado.

- Preciso confiar em você e preciso que você confie em mim. - o alfa cruzou os braços.

- Por onde você quer que eu comece? - Louis perguntou impaciente - Eu tenho um começo de vida merda que vai fazer você e todo mundo aqui ter nojo de mim então, qual parte do meu lixo de vida você quer conhecer primeiro?

- Me conta o que aconteceu com você. - Harry insistiu.

O alfa não dava mostras de que desistiria e uma pequena parte de Louis tinha esperanças de que ele pudesse reagir inesperadamente bem quando conhecesse seu passado. Havia tanto para contar que ele sentia que uma noite poderia não ser suficiente. Entretanto, havia ainda uma grande parte dele que tinha certeza absoluta que seria enxotado daquela casa assim que terminassem aquela conversa.

- Eu sei que você não confia em mim, eu só preciso saber porque. E a gente pode tentar resolver isso juntos... Você não quer tentar?

Ele queria. De verdade. Os beijos trocados não serviram apenas para deixa-lo fisicamente entregue, havia algo a mais nas conversas, nos toques, nos olhares. E talvez, só talvez, ele também estivesse disposto a parar de fugir e tentar.

- Por onde você quer que eu comece? - repetiu a mesma pergunta, agora de modo um pouco mais calmo.

- Quem é o pai do seu filhote? - Louis não esperava que ele fosse tão direto, mas, Harry não estava disposto a enrolar.

- Eu não sei. - Styles o encarou confuso e de repente ele não estava despido apenas das roupas.

- Como assim?

- Eu não sei quem é o pai do meu filhote... Eu... Antes de trabalhar na sua casa eu... Eu era...

Harry se aproximou mais um pouco e tocou delicadamente os cotovelos do ômega, percebendo o quanto ele estava tenso.

- Você realmente acha que eu teria capacidade de te enxotar da minha vida agora, Louis?

- É muito grave...

- Não acho que exista alguma coisa que você me conte, que me faça abandonar você. Não é possível, não mais. Me desculpe por ser tão incisivo, você pode contar como você preferir, mas, eu preciso que me conte...

A manhã já havia começado, o que significava que em poucos minutos os dois seriam interrompidos. Louis sabia que se isso acontecesse, não conseguiria fazê-lo em outro momento. Desistiria de tudo e provavelmente fugiria como um cãozinho assustado.

Como se as mentes de ambos estivessem conectadas, Harry afastou-se do ômega apenas para trancar a porta do escritório, voltou até a cama improvisada puxando-o pela mão e fez com que ele se sentasse, repetindo o mesmo gesto ao lado dele.

Louis encarou Harry por vários minutos, memorizando o rosto dele, aquela poderia ser a última vez que eles se viam...

- Eu e a minha família morávamos do outro lado da cidade, aquele que você provavelmente não conhece, é como se fosse um universo paralelo, a metade esquecida... - sorriu triste - Meu pai era alcoólatra, viciado em jogo e a minha mãe... - fez uma pausa e baixou os olhos, encarando os próprios dedos como se fossem a coisa mais interessante do mundo - Bom, ela fez o melhor que pôde, com o que tinha... Era isso ou morar na rua... Enfim, o meu primeiro heat aconteceu no dia do meu aniversário de 14 anos, pra comemorar, meu pai saiu pra farra, afinal, um ômega é muito útil...

- Lou...

- Calma... Me deixa terminar e depois você decide o quer fazer... - Harry assentiu e se calou - Ele me apostou numa partida de pôquer e acabou me perdendo pra um dos caras que ele já devia muita grana... Eles combinaram, a dívida seria perdoada se eu fosse trabalhar com ele... Ele tinha... Tem... Um bordel. Um puteiro sabe? Vários ômegas trabalham lá, eu acho que é o estabelecimento mais conhecido daquele bairro... Arrisco dizer que é um portal entre a parte rica e a parte pobre da cidade, já que uma porção de alfas vai pra lá quando precisa... Você sabe... Se aliviar...

- Você começou a trabalhar lá como... Como...

- Sim. E, obviamente, a dívida nunca acabava... Chegou num ponto em que o meu trabalho era o que sustentava a nossa casa. Foram alguns anos assim até que a minha irmã mais nova, a Charlotte... Se descobriu como ômega, e o John, o meu chefe, disse que nós dois juntos daríamos o dobro de lucro. Meu pai surtou, queria que a Lottie fosse pra lá também... Eu não podia permitir que isso acontecesse com ela... Então eu briguei com ele. Foi ridículo porque o meu pai era um alfa e eu sou um ômega, era óbvio que eu não podia ganhar, mas, eu tentei mesmo assim...

Mais uma vez Louis se pegou recordando daquela história, um arrepio percorreu sua espinha porque a última pessoa que a ouviu, já estava morta. Seu corpo tremeu e ele mordeu o lábio inferior, prendendo-o entre os dentes. O alfa se manteve imóvel, encarando o ômega atentamente, sem desviar os olhos do menor.

- Ele cansou de me bater e saiu de casa, minha mãe trabalhava em um supermercado, ele deve ter ido buscá-la, no caminho eles sofreram um acidente de carro e morreram na hora. Não quero parecer sem coração, mas, eu confesso que fiquei aliviado, meu pai seria capaz de vender todos nós, só pra manter os vícios... Eu e os meus irmãos conseguimos nos virar por algum tempo, vivíamos escondidos na minha antiga casa, quando a minha mãe morreu, ela havia acabado de dar à luz dois filhotes gêmeos... Mas, a gente dava conta... Eu consegui convencer o Jhon a não levar a Lottie, mas, eu precisei trabalhar o dobro. Eventualmente o serviço social descobriu que nós éramos órfãos e os nossos pais passaram de indigentes para, você sabe, nossos pais. Então nós fugimos, nós fomos parar numa vã de um hippie viciado em maconha. Ficamos com esse cara durante 10 dias, até que eu conheci um dos clientes dele... Ele se chama Zayn e é, provavelmente, o único amigo que eu tive esse tempo todo... Nos ajudou como ele pôde, mas, não tinha muito a oferecer, os pais dele não podiam ficar com todos nós, éramos 7. Então eles colocaram os meus irmãos num programa de adoção, uma família irlandesa se interessou por eles, mas, eles precisariam de alguma ajuda financeira, se não fosse assim, nós acabaríamos separados...

- Você decidiu ficar...

- Sim... Todo o dinheiro que eu consigo vai pra eles... As coisas haviam se acalmado e tudo estava onde devia estar... Então uma nova ômega chegou, mas, ela fazia o tipo rebelde e o meu chefe não era do tipo que tolerava rebeldia... Eu descobri que estava esperando um filhote e ela acabou me convencendo a tentar fugir... Eu só... Queria tentar dar um futuro melhor pra ele... Ou ela... Mas, o Jhon descobriu, matou a garota e tentou me matar... A próxima coisa que eu me lembro... É de acordar no quarto do hospital...

O silêncio invadiu o cômodo, quando Louis se atreveu a erguer os olhos novamente, Harry já encarava o assoalho. O ômega não podia identificar o que aquela expressão queria dizer. Sentiu-se desamparado e sozinho, mas, aqueles eram sentimentos que o acompanhavam há tanto tempo, que não o assustavam mais. Ele estava acostumado.

- Essa é toda a verdade, foi isso que aconteceu comigo, por isso eu estava tão machucado quando cheguei ao hospital...

- Como... Como você conseguiu viver desse jeito? Por tanto tempo?

- Eu criei um personagem... Todos os dias quando eu acordava, eu colocava uma máscara, uma que fosse capaz de me fazer... Não sei... Passar por mais um dia? Não importava como eu me sentia realmente, desde que ninguém soubesse... - Tomlinson suspirou e desistiu de encarar o cacheado, já que ele não o encarava de volta. - Eu não planejava contar nada... Eu também não planejava ficar muito tempo, apenas o suficiente pra guardar algum dinheiro e então eu iria pra Irlanda encontrar os meus irmãos...

- Você planejava me enganar e ir embora?

- Não! Eu não planejei nada disso... Eu não queria... Eu nunca quis nada disso!

- Eu fiquei perto demais... - o alfa murmurou - Perigosamente perto. Eu não... Eu não entendia porque você fugia e me afastava, eu só... Eu insistia, eu estava invadindo, tentando descobrir esse seu "segredo"... Eu só... Eu sabia que estava prestes a descobrir alguma coisa grave, mas, eu não imaginava... Louis, eu não fazia ideia!

- Você não teve muito trabalho... - o ômega sorriu sem graça encarando as próprias mãos - Quer dizer, era só você aparecer que eu não sabia que máscara usar, era como se não existisse nada para me proteger dos meus medos... Eu me sinto... Desprotegido. Eu sou... Só isso... Você consegue ver agora? - Louis sentiu-se aquecer levemente quando os olhos do alfa voltaram a encara-lo. - Eu juro que tentei de tudo pra não te deixar ver a verdade...

Harry tocou o rosto de Louis com as pontas dos dedos assustando-o com o toque repentino, mas, não o suficiente para se afastar do calor que ele emanava, apenas para fazer com que ele o olhasse também. Encarando-se pela primeira vez depois de algum tempo.

- Você é incrível... - Tomlinson piscou os olhos algumas vezes de modo confuso, sem entender muito bem o que havia acabado de acontecer.

- O q... - Styles ignorou o começo da frase que serpenteou para fora dos lábios de Louis e o interrompeu.

- É como se eu tivesse acabado de te conhecer... - juntou as duas mãos no rosto de Louis - E você é tão incrível...

Tomlinson tombou a cabeça sobre a mão do alfa, movendo o rosto sobre a palma, deixando-se ser acariciado. Fechou os olhos unicamente para aproveitar ainda mais o contato.

- Eu estou fascinado.

Aproximou-se repentinamente e juntou os lábios. Num primeiro momento, Louis se assustou e retesou um pouco, não era essa a reação que ele esperava, manteve os olhos abertos a tempo de ver Styles fechar os dele e insistir naquele beijo desajeitado. Tomlinson entreabriu a boca para encaixar os lábios cheinhos do alfa entre os seus, erguendo suas mãos para tocar o maxilar desenhado.

De repente, tudo mais parecia insignificante, naquele momento, só existiam Harry e Louis, presos no próprio mundo, como numa outra realidade, uma onde eles não estavam na casa dos pais de Harry, onde o passado de Louis não existia, uma fenda no tempo onde só importavam os lábios encaixados no toque suave e íntimo.

E quando as línguas se tocaram, foi como uma primeira vez, havia o amargo das lembranças, o doce do beijo e o salgado das lágrimas. A paixão que os unia, transcendia os problemas humanos e os deixava em estado de completo êxtase. Tombaram os rostos para lados opostos aprofundando o carinho, era simétrico, sincronizado, como se tivessem sido moldados para se encaixarem daquele jeito.

Harry desejava segurar Louis e foi o que ele fez, puxando-o sem cuidado para sentar-se em seu colo, rapidamente o ômega afastou as pernas, cruzando-as novamente ao redor da cintura do alfa. O movimento afrouxou o nó da toalha, deixando-o quase completamente despido ali. Styles depositou uma das mãos no meio das costas dele, pressionando as pontas dos dedos sobre a pele macia, enquanto a outra apoderava-se dos curtos fios castanhos num agarre firme.

Céus. Louis sentia que havia acabado de adentrar as portas do paraíso - de novo - os braços enlaçados ao pescoço esguio, o algodão do moletom que Harry usava acariciava-lhe o peito e as coxas, os aromas de ambos se misturavam criando uma nova e deliciosa fragrância que dominava todo o ar daquele cômodo, e ambos davam o máximo de si naquele beijo. Como se fosse o primeiro. Como se fosse o último.

Não era grosseiro, mas, era intenso, tão intenso que a cada aperto, uma nova mancha vermelha era criada, fosse no pescoço do alfa ou nas costas do ômega. O céu já estava completamente claro, a manhã já havia tomado todo os espaço da casa e seus moradores já haviam despertado, ainda assim, ninguém se atreveu a bater naquela porta, por um momento, todos pareciam de comum acordo com o que acontecia ali dentro.

Interromperam abruptamente o contato e Harry mergulhou o rosto no pescoço de Louis, ao passo que o ômega apertou-o ainda mais em seu abraço, apoiando o queixo sobre os cachos embaraçados do alfa. As respirações estavam irregulares, os corações batiam descompassados e praticamente pulavam para fora dos tórax de ambos, as correntes sanguíneas bombeavam sangue para locais inapropriados, deixando-os afoitos.

- Você tá tremendo... - Louis murmurou sentindo o corpo tremelicar contra o seu.

- Eu sei, desculpa... - ergueu a cabeça a tempo de encontrar os lábios de Louis novamente.

Beijaram-se de olhos abertos, encarando-se como se nunca tivessem se visto, beijavam-se como se não precisassem de ar, abraçavam-se como se suas vidas dependessem daquilo. Embriagavam-se nos toques, a sensação era viciante para os dois.

- Você não vai me mandar embora? - Louis tremulou, sussurrando contra a boca do cacheado.

- Como eu poderia? Me diz, como eu poderia te deixar escapar? - fez o mesmo, nenhum dos dois desejava interromper o beijo, afastar-se da pele.

- Mas, tantos alfas já me tocaram, já tiveram o meu corpo, você não se importa?

- Ninguém nunca tocou você como eu toco. Ninguém jamais poderia ter você como eu tenho. Louis, você já era meu, sempre foi meu, sempre vai ser meu.

O ômega sentiu-se aquecer com aquelas palavras, apertou o alfa ainda mais em seu abraço, confirmando silenciosamente que sim, queria pertencer à ele. A ligação entre os dois foi rápida e intensa demais, mas, ambos a sentiam tão verdadeira que naquele momento não restava dúvidas, Louis estava totalmente despido, das roupas e das mentiras e ainda assim, Harry o queria. Ele o queria.

- A partir de hoje você dorme comigo. - sentenciou.

- E a Amelia?

- Não acho que ela vai se importar de dar o lugar dela pra você enquanto estivermos aqui. - Louis sorriu sem graça.

- Onde você esteve esse tempo todo?

- Esperando você.

***

- Então você e o meu pai são namorados agora? - Louis estava sentado no sofá com Amelia sentada sobre suas pernas.

- Acho que sim...

- Somos sim! - Harry gritou da cozinha e Amelia sorriu largo, exibindo as covinhas.

- Nós precisamos colocar o berço do seu filhote no meu quarto... - ela ponderou pensativa.

- Não seria melhor montar um quarto pra ele? Ou ela? - Harry curvou-se o suficiente para que apenas seu tronco surgisse no campo de visão dos dois.

- Como você é bobo papai, claro que não, e quem vai tomar conta dele se ele acordar no meio da noite? Eu, né? Claro. - rolou os olhos como se tivesse constatado algo óbvio.

- Faz sentido... - Gemma comentou.

- Você incentiva né? - o alfa rosnou para a irmã que exibiu, discretamente, o dedo do meio.

Harry e Louis haviam decidido não contar toda a história para o restante da família, o ômega havia acabado de passar por uma situação muito estressante e repeti-la não seria bom nem para ele, nem para o filhote. Contariam em outra oportunidade. Anne aceitou com desconfiança a nova situação, mesmo que agora seu coração estivesse um pouco mais tranquilo. Gemma, Robin e Amelia estavam radiantes com a notícia, tudo ia bem, no fim das contas.

Aos poucos Louis ia sendo inserido na família, não como babá, mas, como namorado de Harry. Tudo aquilo era extremamente novo, mas, os Styles faziam de tudo para que ele se sentisse confortável, o escritório foi reorganizado e as coisas de Louis foram promovidas ao quarto do alfa. Como previsto, Amelia estava mais do que de acordo em "mudar-se" para o quarto dos avós enquanto estivessem de férias.

Naquele dia, Harry fez algumas ligações, marcando diversos exames para o ômega, que agora era seu e Louis não se cansava de olhá-lo, admirar a figura concentrada enquanto conversava com outros médicos, o sorriso caloroso por estar tratando com amigos, as feições calmas e expressivas, o cacheado era transparente, uma característica que o rapaz de olhos azuis acabara de notar.

Agora que não havia mais o que esconder, os dois trocavam olhares carinhosos, toques suaves e pequenos flertes, toda a aura de um começo de namoro que pairava sobre eles e finalmente aliviava o peso da tensão naquela casa. Harry e Louis estavam apaixonados um pelo outro e não precisavam, nem queriam, esconder aquilo. Mas, ainda haviam três pessoas que precisavam saber da novidade.

- Você acordou o Bear, espero que seja importante. - a ômega atendeu a ligação e rosnou impaciente.

- Oi pra você também. - Harry deu uma risadinha quando percebeu que Cheryl havia acabado de atender o telefone de Liam.

- Você sabe como é difícil fazer um recém-nascido dormir, então não vem de oi pra cima de muá. O que você quer?

- Eu tenho novidades, o Liam tá aí perto?

- Tá, vou colocar no viva-voz. - ela pareceu subitamente interessada. - Pronto. Fala.

- Liam? - ele perguntou ouvindo o alfa murmurar um 'hmm...' baixinho, provavelmente estava com o filhote semi-adormecido nos braços. - Primeiro, desculpem acordar o ursinho, segundo, eu e o Louis estamos namorando.

Alguns segundos de silêncio foram interrompidos pela risada contida de Cheryl e se Harry conhecia bem o alfa que estava com ela, como ele achava que conhecia, Liam provavelmente não estava entendendo muita coisa, na realidade, nem ele estava entendendo.

- Eu sabia que em algum momento você ia ficar caidinho pelo Louis, só não imaginei que seria tão rápido.

- Ah você sabia... Você é vidente agora... Do nada...

- Não sou vidente, você que é previsível. - Harry ia responder, mas, foi interrompido - Agora voltem de uma vez e vamos fazer uma noite de casais memorável, com várias fraldas e reclamações, eu vou adorar. Beijoetchau.

Styles rolou os olhos quando ela interrompeu a ligação antes que ele pudesse se despedir. Louis estava sentado ao seu lado e o encarava com uma expressão curiosa. O alfa fez uma careta, roubando um selinho do ômega logo em seguida.

- Ela é sempre assim?

- Com o tempo você acostuma...

- Você vai ligar pra o Niall?

- Eu não sei, eu acho que pra ele é melhor contar pessoalmente...

- Ele não gosta muito de mim...

- Claro que gosta, é só preocupação de melhor amigo super protetor, quando ele conhecer você, vai se apaixonar como qualquer pessoa que conhece se apaixona...

Harry engoliu a vontade de perguntar se ele e Niall já se conheciam, o alfa irlandês costumava frequentar aquele tipo de lugar e os dois poderiam se encontrado em algum momento, mesmo que por acidente. Duvidava que ele pudesse ter sido um dos clientes de Louis, Horan não esconderia algo assim, principalmente se isso o fizesse mudar de ideia a respeito de levar o ômega para sua casa.

A reação dele o preocupava, previa alguma discussão e talvez, até mesmo, um pequeno afastamento, Niall olhara torto para aquela ideia desde o começo, o que faria quando soubesse que agora eram um casal? De repente tornou-se consciente de que dúvidas como aquela brotariam vez ou outra em sua cabeça, olharia para cada alfa da cidade e se perguntaria se havia passado pela cama de Louis.

- Você está bem? - Tomlinson chamou sua atenção.

- Claro, eu só estava pensando...

A resposta retórica incomodou um pouco o ômega, que sentiu vontade de perguntar o que havia acabado de cruzar a mente do alfa, mas, escondeu a vontade e tentou sorrir. O caminho da construção da confiança é longo, os dois sabiam que não seria fácil, mas, ainda assim queria tentar.

- Quero te levar num lugar... - Styles pediu.

- Outro encontro?

- Não um encontro, nós já somos namorados. É mais um programa de casal.

- Eu vou adorar fazer programas de casal com você.

***

N/A

Lista de músicas usadas:

Too close for comfort - McFly

Distance e Arms - Christina Perri

Naked - Avril Lavigne

Parece que nós temos um casalzinho por aqui :) Aproveitem enquanto podem.

Beijos de Luz e até a próxima crianças

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