Las Vegas
Residencial Pallace - Las Vegas Center
25 de setembro, 11:37 pm
Os olhos de Suga se arregalaram de repente, ao ouvir o tom autoritário da minha mãe que vinha da sala. Mas então um sorriso surgiu nos seus lábios. Um sorriso tranquilo, mas não debochado como ele costumava dar, o que chamou minha atenção imediatamente.
Eu já tinha me afastado, meus lábios já não estavam tão próximos como antes, mas ainda sim meu coração martelava o suficiente para me deixar alarmada.
-Vamos ter que adiar o momento.- disse sem emoção.- Preciso resolver mais um problema que vocês me causaram.
Revirei os olhos, estressada com a discussão que estava por vir e depois sai do banheiro com cautela. Me sentia estranha, não poderia negar, mas aquela sensação de estar caindo de um prédio muito alto não era nada comparado ao nervosismo de ver minha mãe gritando comigo, como em tantas outras vezes.
Mas não tive chance de dar mais um passo, nem mesmo de prever o que Suga faria em seguida. Apenas fui pega de surpresa quando ele segurou meu braço, me puxando em sua direção, para então pressionar seus lábios nos meus. Não foi um beijo audacioso, nem cheio de todas as malicias que ele sempre expressava.
Os lábios dele estavam sobre os meus de forma delicada, como se ele já tivesse feito aquilo inúmeras vezes antes comigo.
Fiquei imóvel durante todo o tempo, encarando seu rosto perfeito de olhos fechados, como se aquilo fosse me ajudar a entender o que estava acontecendo. Sim, o tempo já estava paralisado outra vez, e meu coração estava indeciso entre parar e saltar pela minha boca.
E os segundos em que nossas bocas estiveram unidas pareceu uma eternidade, mesmo que nem chegasse perto disso.
-Deixa que eu cuido disso.- disse ele, assim que se separou de mim com tanta naturalidade. Depois piscou na minha direção, e sorriu pela forma estagnada em que eu estava.
Suga saiu pela porta do quarto no mesmo momento em que eu lembrei que precisava respirar outra vez. Meus ombros despencaram, pisquei os olhos ganhando foco outra vez, ao mesmo tempo em que meus dedos seguiram até meus lábios, os acariciando.
Eu não conseguia entender a forma desequilibrada com que me sentia, nem a audácia que ele tinha para fazer aquilo de uma maneira tão natural.
E mesmo que eu estivesse tentada a agir naturalmente, uma ruga surgiu entre minhas sobrancelhas, quando me senti na obrigação de questionar o que Suga achava que estava fazendo.
Foi só então que eu ouvi sua voz, que berrou a distancia.
-Sogrinha, você finalmente chegou!- disse ele debochado, me fazendo arregalar os olhos completamente.
Minha mãe estava com os braços cruzados na altura do peito, encarando os três garotos sentados no sofá. Jimin enrolado em uma toalha, como se fosse adequado se vestir daquela forma, Jungkook e Jhope com os rostos ganhando um tom vibrante de roxo, e Suga sentado na poltrona vermelha, de pernas cruzadas, com um sorriso ladino nos lábios. Não ouvi o que ele disse a ela antes de sentar, mas sabia que não tinha sido nada bom, já que minha mãe parecia soltar fogo pelas ventas quando me juntei ao grupo na sala.
Mas assim que ela me viu, e percebeu que eu nem estava usando peruca, arregalou os olhos na minha direção e apontou para o corredor com os dedos, sem dizer uma palavra sequer. E quando tive coragem de aceitar o pedido silencioso da minha mãe, para acompanha-la até seu quarto, tive que me segurar ao passar por Suga e ver o sorriso debochado que ele continha.
Como sempre ele tinha me metido em encrenca.
E foi só então que eu vi, que havia mais alguém na sala, bem atrás de Suga, ao lado da porta do elevador, que levava a garagem.
Taehyung me encarava como se não me conhecesse. Ele estava acompanhando minha mãe, quando ela chegou ao apartamento nos pegando no flagra. O que não fazia sentindo nenhum para mim, já que a muito tempo tinha deixado de ser o segurança dela.
O capanga de Brad me estudava, com cautela, à medida que mordia os lábios sem perceber. Ele parecia preocupado, ainda que completamente confuso. O encarei por um breve momento, antes de desviar o olhar e ir atrás da minha mãe.
Segui a mulher que caminhou vagarosamente até seu quarto. E tudo que eu conseguia ouvir era seus saltos batendo no chão, conforme ela se afastava de mim, até que parou ao abrir a porta, o que me fez erguer os olhos do chão outra vez.
Entramos no seu quarto, que estava exatamente como eu me lembrava. Fazia muito tempo que eu não entrava ali, que evitava aquele cômodo da casa, por não suportar as lembranças que ele me trazia.
E como em um filme, no segundo que passei pela porta, pude ver as imagens se desenrolarem na minha mente. Os gritos eram ouvidos ao longe, eu tinha chego a pouco em casa, de um dos maiores torneios que participei em Nova York. Entrei as pressas, ao ouvir ela gritar para que alguém a deixasse em paz.
E quando abri a porta, encontrei ela vestida apenas com uma calcinha de renda. Seus olhos estavam apavorados, e ela tentava defender o rosto de alguma maneira, à medida que um homem se aproximava dela. Meu sangue subiu ao ver aquilo, minha respiração ficou pesada, e tudo que consegui fazer foi pegar o abajur e correr na direção do homem.
-Não!- gritou minha mãe, fazendo o homem virar na minha direção e eu parar imediatamente. Eu não o conhecia na época, nunca tinha visto aquele olhar antes, que me devorava com raiva.
-Quem é essa?- perguntou ele, me encarando, e depois correndo os olhos até o objeto que eu segurava com força.
Fiquei estagnada na sua frente, olhando para os dois, completamente confusa com o que estava acontecendo.
-Saia daqui Destiny, esta tudo bem.- disse minha mãe em suplica, mesmo que o momento parecesse tudo, menos bem.- Ele é apenas um cliente.
Fiquei olhando para ela sem entender, como ela podia se rebaixar daquela forma? Como ela podia deixar um homem bater nela por dinheiro? Aquilo era inadmissível para mim, tanto que nem pensei, apenas quebrei o abajur na parede e avancei na direção do homem outra vez.
-Saia da minha casa agora!- gritei com ele, que riu de maneira debochada, fazendo o sangue ferver ainda mais nas minhas veias. -Não vou avisar outra vez!
Quando ameacei me aproximar ele se afastou, entendendo finalmente que eu não estava brincando. Então levantou as mãos, como se estivesse se rendendo, e colocou a camisa rapidamente, que antes estava jogada sobre a cama.
Depois saiu me encarando, enquanto eu mantinha meu rosto erguido, o enfrentando como um animal feroz. Ele deixou o quarto, ao mesmo tempo em que a minha mãe recolocou o roupão de seda vermelha, que estava jogado no chão.
Ela se aproximou de mim, e quando enfim respirei fundo, aliviada por não vê-la mais apanhando, ela se aproximou ainda mais e acertou um tapa no meu rosto.
Imediatamente pressionei o lugar atingido, ao mesmo tempo em que uma ruga de confusão se instalou na minha testa.
-Nunca mais se envolva nos meus assuntos.- disse ela.- Não pedi a sua ajuda, da próxima vez em que eu te mandar sair, você sai.
Ela parecia furiosa, como eu nunca tinha visto antes. E quando ela se apressou para sair do quarto, e ir atrás do homem que a pouco tinha lhe batido, eu me enchi de ódio.
Caminhei até meu quarto, abri a bolsa que tinha trazido comigo e apanhei uma porção de notas de cem dólares, ates de ir atrás dela na sala.
O homem já tinha ido embora, e como naquela mesma noite, Taehyung estava parado ao lado da porta. Aguardando pelas ordens que minha mão parecia prestes a dar. Ele foi o primeiro a me ver, e seu olhar preocupado avisou a minha mãe sobre minha presença.
Ela virou na minha direção, bem a tempo de receber as notas que eu joguei na sua cara com força.
-É isso que você quer? É por essa merda que você deixa qualquer um fazer o que quiser com você?- ela me encarava com os olhos exprimidos, enquanto Taehyung queria visivelmente estar em qualquer lugar, menos ali.- Toma, pega todo esse dinheiro. Ele não vale a minha dignidade!
Passei por ela, indo até a porta. Meu corpo agia mecanicamente, como se meu cérebro tivesse se desligado completamente. Eu parecia uma bomba prestes a explodir, e tudo que eu queria era me livrar daquela sensação horrorosa que me consumia.
Minha mãe me segurou pelo braço, quando coloquei a mão no botão que acionava o elevador, mas era tarde de mais. Eu já estava fora de mim.
Segurei a sua mão, e a joguei no chão, enquanto a minha respiração ficava cada vez mais pesada. Os olhos dela se arregalaram, assim que ela caiu.
-Nunca mais toque em mim outra vez.- disse com ódio, fazendo tanto com que os olhos dela, quanto os de Taehyung se arregalassem surpresos.- Eu tenho vergonha de você.
E sai, sem ser mais interrompida. Apenas fui acompanhada pelo olhar triste dela em mim, e a incredulidade no rosto do seu segurança particular.
Fui arremessada para fora daquela lembrança, onde tinha me tornado tão cruel com ela, exatamente no momento em que ela estalou os dedos na minha cara. Tentando me acordar do meu estado de transe.
-Destiny?- perguntou minha mãe.
Pisquei os olhos, depois balancei a cabeça afastando qualquer coisa que pudesse me tirar o foco.
-O quê?- perguntei irritada.
Ela olhou para mim, sem entender minha reação. Eu não gostava de entrar ali, muito menos de levar sermão dela. E ela sabia daquilo, tanto que logo tratou de se acalmar, mas quando fez menção de me tocar recuei bruscamente do seu toque.
-O que você pensa que esta fazendo?- disse dando alguns passos para trás, ao mesmo tempo em que a mão dela caiu no ar.
-Eu só estou feliz por saber que você esta bem, fiquei preocupada quando você sumiu.- disse ela de maneira tão dissimulada, que quase acreditei.
Ri com a atitude dela, e depois caminhei até a sua cômoda, onde me escorei e cruzei os braços na altura do peito. Fiquei encarando ela, que suspirou e depois sentou na cama, para iniciar a conversa.
-Onde você estava?- ela começou.
-Não te devo satisfações.- disse decidida.
Ela alisou os próprios cabelos, frustrada por ter que ter aquela conversa comigo.
-Eu não posso ficar sem você aqui.- disse ela, com olhar suplicante na minha direção, olhar esse que fiz questão de desviar com rapidez, antes que ele acabasse me convencendo.- Primeiro você some, agora você traz esses caras para a nossa casa. Você lembra que eles são os inimigos, não é?
Ergui meu rosto outra vez, estreitando meus olhos ao analisá-la.
-Eles não seriam nossos inimigos se você não tivesse colocado tudo a perder.- minha expressão era séria e concisa. Odiava a forma como ela colocava a culpa em mim, quando na verdade eu só estava tentando resolver seus problemas mais uma vez.
-Aquele japonês me chamou de sogra, e tentou me convencer de que eu devia me acostumar com a presença dele!- ela gritou.- Você esta louca? O que você tem na cabeça para se envolver com ele? Você esqueceu que vai ter que derrota-lo, caso queira continuar viva?- ela se levantou outra vez, depois esfregou a testa, tentando entender minhas atitudes.
Respirei fundo, tentando me acalmar.
-Eu sei o que estou fazendo, não se meta nos meus assuntos.- disse calmamente, ganhando o seu olhar na minha direção.
Chama todas as amiguinhas ARMYS para ler, e não esquece da minha estrelinha né ;)