"(...) pequena impressão de que a conheço de algum lado (...)"
Desta eu não estava mesmo a espera. Como é que ele se lembrou. Foi tudo tão rápido.
Hmm não, não poder ter fixado a minha cara. Se calhar está-me confundir com alguém, e depois eu também lhe disse que era Portuguesa, prontos ...
Eu: Pois não sei. E de onde me conhece?
André: Eu agora não sei, mas sei que realmente a vi em algum sítio muito recentemente. Foi aqui em Itália, não foi em Portugal. Mas a Bianca disse-me que era Portuguesa certo?
Confirmei e fui sincera com o moreno: -Eu fui assistir ontem ao jogo do Milan e o André passou à minha frente e do meu colega, que hoje conduzia a ambulância, enquanto nós estávamos na fila do bar.
André: Ah pois foi, já me recordo. Penso imensa desculpa.
Eu: Não faz mal, o André já as pediu assim que se virou para trás e se dirigia para os balneários. Foi aí que nos vimos.
André: Sim foi, eu estava com alguma pressa, porque um colega nosso lesionou-se e não tínhamos gelo no balneário.
Eu: Claro André, eu compreendo perfeitamente. Só não sabia que os jogadores podiam andar por aí passear no intervalo-ri
André ficou embaraçado e sorriu também: -Pois geralmente não podemos. Aquilo foi uma excepção, mas ainda bem que tive de ir ao bar, caso contrário hoje não me recordaria da sua cara-riu.
Quem ficou agora embaraçada fui eu. Que haveria de dizer?
André: Bem e já que a vi no bar, aceita vir comigo ao bar para tomar um café, enfermeira Bianca?-riu em tom de brincadeira.
Não pude ficar séria, pelo que acabei por me rir, com tal coincidência e formalidade.
Eu: Podes me tratar por tu, além disso ninguém aqui me chama enfermeira-sorri.
André: Ok, só se TU também me tratares por tu- riu-se ao proferir "tu" duas vezes.
Eu: Então André, eu aceito o convite, mas tenho outra sugestão, que tal descermos para ir ao bar, mas não para tomar um café. São 20:45h, eu ainda não jantei, e tenho a certeza que o André..desculpa, TU também não. -sorri
André: Bem por acaso não. Então vou só avisar o meu irmão, está bem?
Eu: Claro.
Descemos até ao bar do hospital, e sentamos-nos numa mesa:
André: Bianca, tinhas-me dito que eras de Portugal. Nasceste no Porto?-perguntou encarando-me nos olhos.
Ri com tal pergunta e fiquei admirada, por ser tão direto na questão. Se eu era do Porto? Bem como é que ele percebeu logo? Ele também é do Porto, mas geralmente, quando falamos com outra pessoa do Porto, acaba por ser tão normal para nós, que nós nem nos apercebemos. Só notamos realmente a diferença, quando falamos com uma alfacinha, um alentejano, ou madeirense.
Eu: Bem eu nasci no Brasil, mais especificamente no Rio, mas mudei-me para o Porto com apenas 1 ano de vida. Por isso sim, pode-se considerar que sou do Porto. - sorri.
André: Bem me parecia. Então és Portista? Por favor diz-me que sim, se não eu choro-diz fazendo beicinho.
Eu: Não André. Eu sou só do melhor clube do Mundo. -fico séria.
André: Não me digas que és ...
Eu: Futebol Clube do Porto-rio
André suspirou e riu também. - Bem me parecia que tinhas bom gosto-sorriu.
Chegaram as nossas sopas e 2 sandes, tendo o resto do jantar decorrido em silêncio.
21:30h:
Eu: Bem espero, que o Afonso tenha alta amanhã. Se calhar é melhor ires lá ver se precisa de alguma coisa, a esta hora, já costumam desligar as luzes para que as pessoas possam começar a descansar.
André: Sim, eu vou lá agora. Uma vez mais obrigada Bianca. Amanhã trabalhas?
Eu: Sim, entro ás 08h. Se quiseres é melhor depois ir dormir a casa, e amanhã de manhã assim que eu entrar ao serviço, tento falar com algum médico para ver se o Afonso vai ter aula.
André: Se não te importares.
Eu: Não, não me importo.
André: Mas já não faz parte do teu trabalho. -ficou sério encarando-me
Eu: Pois não, mas eu gosto do que faço, e pelos meus pacientes faço qualquer coisa. -encaro-o também.
André: Como te posso agradecer?
Eu: Não podes, nem precisas. Eu gosto realmente do que faço. Agora tenho que ir descansar.
Diz boa noite ao Afonso, por mim. sorri
P.O.V André ON:
Cheguei ao quarto do Afonso, e Bianca tinha razão as luzes já estavam fracas, para permitir que as pessoas pudessem descansar, mas obviamente o meu irmão ainda estava acordado.
Eu: Então puto. Não devias já estar a descansar?
Afonso: Ainda é cedo.
Eu: Pois, mas precisas de descansar. Olha eu vou até casa, volto amanhã de manhã. A Bianca, que conheceste hoje deve passar por aqui amanhã de manhã, para ver se vais ter alta.-sorri
Afonso: Ah sim, aquela enfermeira. Se for para a ter a tratar de mim, posso ficar aqui mais uns dias-riu.
Eu: Não sejas parvo Afonso. Ela está a ser muito simpática. Já não faz parte do trabalho dela, acompanhar os pacientes depois de estes chegarem ao hospital.-falo sério
Afonso: Ui já estou a perceber tudo. Estás de olho na enfermeira. -riu-se
Eu: Nada disso, mas sabes que a conheço?
Afonso: Ah, conheces de onde? Já vi que ela sabe falar Português. É do Porto?
Eu: Amanhã conto-te tudo, agora precisas de descansar-pisquei-lhe o olho.
Afonso ficou sério, tendo ficado a protestar depois de eu o ter deixado para trás a falar sozinho. Ficou chateado por não lhe contar mais nada.
P.O.V André OFF