Meu lugar no paraíso

By VanessaLopes9

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+18 anos JÁ A VENDA PELA AMAZON A vida me ensinou a ser forte, determinado, frio e calculista. Tive uma infân... More

Meu lugar no paraíso
Prólogo
Capítulo 2 Lizzy
Capítulo 3 Valentin
Capítulo 4 Lizzy
Capítulo 5 Valentin
Capítulo 6 Theodoro
Capítulo 7 Valentin
Capítulo 8 Lizzy
Capítulo 9 Valentin
Capítulo 10 Valentin
Capítulo 11 Valentin
Capítulo 12 Lizzy e Valentin
Capítulo 13 Valentin
Capítulo 14 Lizzy
Capítulo 15 Valentin
Capítulo 16 Lizzy e Valentin
Capítulo 17 Valentin e Lizzy
Capítulo 18 Lizzy
Capítulo 19 Valentin
Capítulo 20 Lizzy / Valentin
Capítulo 21 Lizzy
Capítulo 22 - Valentin
Capítulo 23 Valentin
Capítulo 24 Valentin
Capítulo 25 Lizzy
Capítulo 26 Valentin
Capítulo 27 Valentin
Capítulo 28 Valentin e Lizzy
Capítulo 29 - Lizzy e Valentin
Capítulo 30 Valentin e Lizzy
Capítulo 31 Valentin
Capítulo 32 Valentim
Capítulo 33 Valentin - LIVRO COMPLETO JÁ A VENDA
SÓ AGRADECIMENTOS!!!!
Capítulo 34 FINAL Valentin e Lizzy
Retirada do livro
Livro Ebook
PROMOÇÃO!!!!
GRÁTIS

Capítulo 1 Valentin

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By VanessaLopes9

Capítulo 1

 

- Porra Valentin, onde vou encontrar um veterinário hoje a essa hora? – Disse Theodoro do outro lado da linha.

- Não sei Theodoro, mas tenho certeza que dará um jeito.

Eu sabia que era quase impossível ele achar um veterinário disponível em plena véspera de Réveillon ás nove horas da noite, mas minha égua Tormenta estava estranha há dias. O veterinário do meu haras, o Haras Vega, a examinou, mas não encontrou nada, então ficou de fazer alguns exames para ver o que estava acontecendo, mas com a correria e tanto trabalho dos últimos dias, acabamos esquecendo, e justamente hoje ela estava pior.

A reunião que fazia todos os anos para “comemorarmos” o fim de um ano e o começo de outro, já tinha começado. Na verdade eu odiava essas datas comemorativas e só fazia mesmo essa “festa” para recompensar meus funcionários, pois eles trabalhavam demais o ano todo e mereciam essa comemoração. E também porque Theodoro me enchia o saco, me atormentava mesmo, para que fizesse essa festa. Ele era um baladeiro de primeira, e não perdia uma oportunidade de cair na farra.

Para mim não fazia a menor diferença, afinal, era apenas mais um ano terminando e outro começando. Nada na minha vida iria mudar. Um novo ano começaria, mas tudo continuaria a mesma coisa. Muito trabalho, muita chateação, muitos problemas etc. Nada de diferente. A mesma vidinha corrida e cheia de preocupações. Só isso e mais nada. 2014 se iniciaria e com certeza seria como todos os anteriores.

Ai que eu estava enganado. Muito enganado.

Alguns funcionários já estavam aproveitando a festa. Theodoro meu amigo e braço direito estava a caminho, e era o único que eu sabia que poderia me ajudar naquela situação.

Eu estava tomando meu Whisky e pensando nas minhas obrigações do dia seguinte, quando senti uma vontade enorme de montar minha Tormenta.

Tormenta era minha égua amada. O único ser vivo do planeta que eu me importava além da minha mãe, meu irmão e Theodoro.

Eu adorava trotar e galopar com ela pelos campos do haras.

Tormenta é uma égua Quarto de Milha lindíssima. Grande, musculosa, toda caramelo com sua crina e rabo negros. Muito veloz adora correr pelos campos e me encanta com sua doçura, porém é dócil apenas comigo, surpreendendo a todos com sua fúria e agressividade. Normalmente cavalos de sua raça são bem dóceis e fáceis de lidar, porém ela é diferente. Desde quando era um potrinho sempre foi muito brava e quase ninguém conseguia doma-la. Na verdade apenas eu conseguia. Tormenta sempre foi arisca e era um desafio cuidar dela, pois ninguém conseguia chegar perto. Todos os veterinários que passaram pelo haras ficavam muito receosos de se aproximarem, e não era pra menos. Muitas vezes eu mesmo que tinha que vacina-la e cuidar de todo o resto que envolvesse minha Tormenta, pois ela não permitia que ninguém chegasse perto.

Esse nome me veio à cabeça assim que ela nasceu e já saiu brava dando coices adoidado. Agora estava eu ali desesperado, pois nem a minha presença a animou.

Fazia dias que ela estava desanimada. Não comia direito, tinha emagrecido e até seu olhar estava triste e desanimado. Até febre ela teve, e isso aconteceu justamente na semana que o veterinário estava de férias. Já tinha que ter contratado outro para ficar no seu lugar, mas confesso que fui irresponsável e acabei me esquecendo devido outras preocupações.

Ela me amava, assim como eu a ela, mas nem minhas caricias e minhas palavras de carinho a fizeram se animar e me olhar nos olhos como fazia todos os dias. Nós tínhamos uma cumplicidade que não era decifrável, que jamais pensei que poderia existir entre uma pessoa e um animal, mas ela me entendia mais do que qualquer ser humano e eu a entendia também, e via que naquele momento ela não estava nada bem.

- E aí Theodoro conseguiu? – Eu perguntei furioso.

- E o que você me pede que eu não consigo Valentin? – Ele disse orgulhoso.

- Ótimo. Então não perca mais tempo e voe pra cá.

- Já estou chegando.

Encerrei a ligação e coloquei novamente ao lado da minha Tormenta, acariciava sua crina enquanto ela respirava desanimada.

A noite estava bem quente e pelo visto logo mais iria cair um pé d’água.

Todos os outros cavalos estavam calmos e tranquilos em suas baias enquanto minha Tormenta permanecia triste, desanimada.

Olhei para o relógio umas dez vezes e nada de Teodoro chegar com aquele maldito veterinário. Devido à demora, com certeza deve ter ido busca-lo em outra cidade.

Trinta minutos depois ouvi o som do seu carro se aproximando. Finalmente, pensei irritado.

Acariciei a crina da Tormenta e lhe dei um doce beijo em seu focinho.

- Pronto, já vamos cuidar de você.

Estava de pé em frente a minha Tormenta acariciando-a quando ouvi o carro se aproximar. Respirei aliviado, mas minha angustia ainda permanecia enorme.

Theodoro sabia o quanto eu estava preocupado, mas mesmo assim demorou muito até trazer esse bendito veterinário. Ele ia escutar poucas e boas.

Ouvi seus passos quando entrou no estabulo e fui logo ao seu encontro.

- Porra Theodoro, por que demorou tanto? – Eu esbravejei.

- Por que acha Valentin? Hoje é véspera de ano novo meu amigo. Você acha que uma hora dessas todos os veterinários de São Paulo estariam a sua disposição. – Ele disse se aproximando de Tormenta que assim que o viu ficou mais agitada.

- E cadê esse bendito veterinário? – Eu perguntei olhando ao redor e não vendo ninguém.

- Já está vindo. Esqueceu seu material no carro e voltou para pegar.

Eu me aproximei dele que estava muito perto de Tormenta e a deixando muito agitada e nervosa. Ela não gostava que ninguém chegasse perto além de mim. Estava só pensando como o veterinário faria para examina-la.

- Vai pra lá. Não esta vendo que ela não gosta que chegue perto.

Tormenta estava fraca, mas mesmo assim já estava nervosa e relinchava e dava vários coices no ar.

- Vá buscar esse maldito veterinário Theodoro. – Eu esbravejei.

- Já estou aqui.

Ouvi aquela voz fina, porém firme e me irritei. Teodoro sabia que eu não gostava de trabalhar com mulheres e quando me virei para soltar toda a minha fúria em cima dele fui golpeado por aqueles lindos olhos cor de avelã.

Minha vontade era de gritar com Teodoro e enxotar os dois dali, mas aquele olhar me deixou petrificado e não consegui fazer mais nada além de me perder naquela imensidão.

Seu olhar era doce e ao mesmo tempo duro. Seu semblante sério me deixou ainda mais intrigado. O loiro do seu cabelo fazia um contraste perfeito com o castanho dos seus olhos e foi quando ela sorriu pra mim que me perdi completamente.

Foi um sorriso doce e sincero que mostrou a perfeição dos seus lábios carnudos e levemente rosados junto com dentes brancos que davam um brilho a mais para aquele sorriso deslumbrante.

Automaticamente desci meus olhos por seu corpo e puta que pariu, foi o meu maior erro.

Seu corpo pequeno e magro estava coberto por um vestido branco com pedras douradas. Um decote discreto, porém, imediatamente chamou minha atenção e deu margem para minha mente pensar em como seria tocar aqueles seios pequenos e redondinhos. As pernas bem torneadas e a barriga lisa fizeram minha mente ir longe, muito além do que o normal e senti meu pau crescer dentro da calça. Olhei para seus pés que estavam completamente perfeitos dentro de um sapato de salto altíssimo que deixava apenas as pontas dos dedos de fora mostrando um esmalte vermelho sangue que me fez arrepiar só de olhar.

Senti meu coração acelerar e me irritei com aquilo. “Que merda é essa?”. Eu pensei indignado comigo mesmo e com a reação que meu corpo teve totalmente descontrolado.

Voltei a subir o olhar por todo o seu corpo e me deparei com ela me observando com aquele olhar penetrante e um debochado sorriso nos lábios.

- Aprovada? – Ela perguntou ironicamente.

Eu me senti um completo idiota. Muito mais do que aqueles adolescentes virgens que ficam perto de uma mulher gostosa pela primeira vez e quase babam em cima delas.

Olhei para Teodoro o fuzilando com olhar e por sua reação eu sabia que ele entendeu que eu estava puto de raiva.

- Caim, essa é a Lizzy. É uma amiga minha. Não achei nenhum veterinário e como você disse que era urgente achei melhor traze-la.

Pelo menos ele não me chamou pelo nome. Theodoro sabia das regras. Nunca me chamar pelo nome na frente de qualquer pessoa.

Eu não olhei pra ela, pois se o fizesse acho que ela teria certeza do meu estado de excitação e da vergonha de mim mesmo. Seria patético.

Cheguei perto de Theodoro e falei furioso.

- E você acha que ela vai conseguir ao menos chegar perto da Tormenta?

- Ninguém consegue Caim. Ela vai tentar assim como qualquer outro que eu trouxesse tentaria.

Tormenta estava cada vez mais agitada e nervosa e eu só queria saber o que ela tinha e faze-la melhorar.

Respirei fundo tentando controlar a minha fúria e me virei para falar com a garota. Sim, era uma garota de no máximo vinte e três anos, mas uma garota que mexeu com meus mais sórdidos desejos, muito mais do que muita mulher já fez um dia.

- Você sabe o que vai fazer? – Eu perguntei a encarando. E assim que a olhei aquele lindo sorriso já não estava mais em seu rosto.

- Se não soubesse não estaria aqui. – Disse irritada.

- A Tormenta é uma égua muito arisca. Acho que você não vai nem conseguir chegar perto.

- Não vamos saber se eu não tentar. – Falou já indo em direção à baia.

Tormenta estava muito agitada. Relinchava e dava coices sem parar.

Senti um receio em deixar aquela garota se aproximar. Era tão pequena e parecia tão frágil que com o menor movimento de Tormenta ela a machucaria feio.

- Acho melhor não. – Eu disse me colocando em sua frente. – A Tormenta não aceita que ninguém cuide dela além de mim.

Ela me olhou de cima a baixo e olhando dentro dos meus olhos falou com Theodoro.

- Acho que você se enganou Theo. Se fosse tão urgente como me falou seu amigo não estaria me impedindo de fazer o meu trabalho.

Olhei para a cara de Teodoro intrigado.

- Theo? – Eu perguntei sem acreditar. Ele odiava que o chamasse assim.

Ele não respondeu. Apenas deu um sorriso sem graça e levantou os ombros.

Lizzy ainda me olhava à espera de uma resposta minha ou dele e como não falamos nada ela continuou.

- Sou formada em veterinária e pós-graduada. Já trabalhei com todo tipo de animal que você pode imaginar. Já lidei com urso bravo, elefante, leão, tigre e muito mais. Acabei de chegar ao Brasil depois de ter ficado um ano trabalhando no Zoologischer Garten em Berlim, na Alemanha. Pode ter certeza que eu não estaria aqui se não soubesse o que devo fazer. – Ela disse de cabeça erguida me encarando.

“Completamente abusada essa garota” eu pensei irritado. Mas confesso que acabou me passando certa confiança.

- Posso? – Ela perguntou apontando para a baia.

Eu não respondi, apenas saí da sua frente liberando a passagem.

Olhei para Teodoro que continha um sorriso no rosto. Ele estava achando graça naquela situação. Ah, mas logo aquele risinho ia desaparecer dos seus lábios.

Lizzy se aproximou com cuidado. Quando encostou na baia Tormenta estava saltitando e dando coices no ar. Eu me aproximei para tentar acalma-la e Lizzy me repreendeu.

- Fique longe. Se ela te ver vai ficar ainda mais difícil.

- Mas você não vai...

- Será que você pode me deixar fazer o meu trabalho? Se não quiser posso ir embora, afinal estou perdendo uma puta festa pra estar aqui e cuidar dela.

- Você é muito petulante garota. – Eu disse irritado com sua audácia.

- E você é um chato. Quer ou não que eu cuide dela? – Ela disse se virando pra mim já um tanto irritada.

- Caim, deixa a Lizzy cuidar disso. Ela sabe o que esta fazendo. – Theodoro se aproximou de mim e segurando meu braço me levou para um canto afastado.

Eu encostei na parede e fiquei a observando.

Lizzy era pequena. Tormenta era um mostro perto dela. Mas uma coisa me chamou atenção. Lizzy era segura e confiante. Dava pra ver que realmente sabia o que estava fazendo e que faria com segurança.

Eu e Theodoro ficamos de longe apenas observando e confesso que me surpreendi.

Ela parou novamente em frente à baia e por alguns minutos ficou apenas observando Tormenta. Depois de um tempo sem me olhar ela perguntou.

- Quais os sintomas que ela apresentou?

- Faz alguns dias que percebi que ela esta muito desanimada e sem apetite. Ontem não quis sair como fazemos diariamente. Perdeu peso nesses últimos dias e teve tosse e febre.

- Quantos dias exatamente?

- Uns três dias.

- E quantos dias com febre?

- Desde ontem de manhã. Meu veterinário deu uma olhada nela e não achou nada. Ele ia fazer alguns exames, mas saiu de férias antes de fazê-los.

- Que veterinário meia boca esse seu. – Ela disse ainda olhando para Tormenta.

- Menina mais abusada. Como ousa criticar meu veterinário? – Disse irritado para Theodoro que nem se deu ao trabalho de me responder e apenas sorriu debochado.

Lizzy se calou e voltou a se concentrar em Tormenta.

Ela esticou a mão para dentro da baia e começou a falar baixinho com a égua. Falava tão baixo que da onde estávamos não conseguíamos ouvir o que ela dizia.

Para nossa surpresa Tormenta foi se acalmando e se aproximando de Lizzy que continuava a conversar com ela docemente até que Tormenta se acalmou completamente e se aproximou dela. Lizzy colocou ainda mais o braço para dentro e Tormenta chegou perto e a cheirou. Lizzy sorriu contente e começou a acariciar seu focinho e sua franja.

Olhei para Teodoro completamente abismado e ele sorriu como se dissesse “eu disse que ela era boa nisso”.

Lizzy se afastou um pouco e pegou sua maleta que estava no chão e de lá retirou um termômetro e um estetoscópio. Tormenta a observava totalmente mansa.

Lizzy se afastou e abriu a portinha para que entrasse na baia e sempre falando suavemente com a égua. Ela se posicionou na frente dela e examinou seus olhos e seus dentes e Tormenta nem se mexeu.

Ela se posicionou ao lado esquerdo de tormenta e pegou o estetoscópio. O colocou contra a axila e ouviu os batimentos cardíacos de Tormenta que estava estranhamente calma.

Eu estava cada vez mais impressionado.

Lizzy terminou ali e me olhou bem séria.

- Você pode vir aqui, por favor?

Eu fui sem tirar meus olhos dela e ela me encarava medindo forças, mas logo desistiu e foi novamente para frente da tormenta acariciar sua testa.

- Boa menina. Já estamos quase acabando. – Ela disse sorrindo.

Eu me aproximei e ela disse:

- O batimento cardíaco dela está quarenta e quatro por minuto. Um pouco fora do normal. Ela deve estar com dor ou febre, então vou medir a temperatura dela. Normalmente eles não gostam desse procedimento. Tente distrai-la enquanto faço isso.

- Ok.

Eu tomei seu lugar na frente da minha Tormenta e comecei a acaricia-la. Lissy foi para trás dela acariciou sua crina e passou um pouco de vaselina no termômetro. Com a maior delicadeza levantou seu rabo e com cuidado colocou o termômetro no canal rectal. Tormenta se mexeu incomodada, mas logo ficou tranquila novamente. Alguns minutos passaram e Lizzy veio até a mim.

- Quarenta graus. – Ela disse me mostrando o termômetro. – Nada muito exorbitante, mas fora do normal.

- O que ela tem? – Eu perguntei impaciente.

- Influenza Equina, mais especificadamente: Gripe dos cavalos. – Ela disse acariciando a Tormenta. – Não é nada grave. Deve ter ficado assim por conta da mudança do tempo ou teve contato com outro cavalo com o mesmo problema, ou com cochos ou bebedouros em comum. – Ela tirou os olhos de Tormenta e me olhou. – As vacinas estão em dia?

- Sempre. – Eu disse sem olha-la.

- Ok. – Disse sem tirar os olhos de mim. – Não a deixe ter contato com qualquer outro animal.  Ela vai ter que fazer repouso até a recuperação total. Terá que ficar em um local totalmente isolado do vento e frio. – Ela pegou um bloquinho da sua maleta e escrevendo continuou a falar. – Vou passar para ela a Novalgina de duas a quatro vezes ao dia pela via intramuscular, para manter a temperatura abaixo dos 40ºC. Paralelamente para prevenir infecções bacterianas secundárias vamos aplicar Tetraciclinas, duas vezes ao dia pela via intramuscular por 10 dias. - Eu a ouvia atento. – A temperatura deve ser monitorada diariamente e todas as recomendações devem ser seguidas á risca.

Assim que acabou de anotar tudo me encarou me entregando a receita.

- Assim será feito. – Eu disse pegando o papel sem tirar os olhos dos dela.

- Ótimo. – Ela desviou o olhar do meu e voltou a acariciar a Tormenta. – Boa menina. – Ela acariciou sua franja e deu um beijo em seu focinho.

- Como você fez isso? - Perguntei completamente intrigado.

- Fez o que?

- Como conseguiu amansa-la assim? Ela nunca deixa ninguém chegar perto dela além de mim.

- Você já ouviu falar em amor? – Ela disse me encarando novamente. – Os animais sentem a nossa energia, o nosso amor por eles. Só é preciso conseguir mostrar isso a eles. Tormenta é arisca porque deve viver cercada de pessoas que não dão a mínima pra ela, e só te trata diferente porque deve ser o único que a trata com amor.

Eu a olhava admirado. Realmente fazia sentido o que ela falava.

- Pode ser. – Eu disse sem desviar o olhar.

- Pode ser não. É.

- O que você falou pra ela que a acalmou?

- Nada demais. Apenas conversei com ela, como conversaria com uma pessoa. Disse que ia cuidar dela e que só faria coisas para que ela melhorasse logo.

Eu não estava acreditando. Pensava que eu era o único maluco que conversava com uma égua como se fosse gente.

- Bom é isso. – Ela disse guardando suas coisas na maleta. – Siga todas as recomendações. Dê o remédio e logo ela estará cem por cento.

- Farei tudo como disse.

Ela acariciou mais uma vez Tormenta se despediu e saiu da baia.

Theodoro nos observava de longe e só saiu do lugar onde estava quando Lizzy foi até ele.

- Acabamos por aqui. Pode me levar agora Theo?

- Claro.

Antes que eles saíssem fui até Teodoro e falei com ele.

- Acerte tudo com ela e dê uma gorjeta por ter vindo hoje a essa hora.

- Não vim pelo dinheiro. – Ela disse irritada. – E Theo já sabia disso.

Eu olhei para ele e não precisei falar nada.

- Ela não quer receber Caim. Não posso fazer nada.

- Não quero que trabalhe de graça pra mim. – Falei me aproximando dela.

- Não se preocupe, esse é o meu trabalho. Faço por amor e não pelo dinheiro.

- Mas veio até aqui e pelo que falou está perdendo uma festa e não...

- Eu já disse que não quero seu dinheiro. - Me encarou furiosa. - Podemos ir Theo? – Ela disse me ignorando agora.

Teodoro me olhou sem saber o que fazer.

- Você não vai chegar a lugar algum com esse orgulho todo. – Eu disse irritado.

- Eu já cheguei aonde queria chegar. – Ela chegou bem perto de mim. – E não é orgulho, é amor e dedicação pelo meu trabalho. Será que você sabe o significado disso?

Petulante. Ousada e arrogante.

Bufei de raiva e ficamos os dois ali nos encarando. Ela não desviava os olhos de mim e nem eu.

- Vamos nessa Lizzy. – Theodoro segurou sua mão e a afastou de mim. – Pode deixar que eu resolvo isso Caim. – Ele disse já saindo do estabulo e antes que se afastassem totalmente Lizzy olhou pra trás me encarou e disse:

- De nada.

“Que garota atrevida”. Pensei completamente furioso com a audácia dela de bater de frente comigo.

Atrevida, arrogante e ousada, mas completamente linda.

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