Amor Verdadeiro (Ahistória Co...

By BeccaLoucaPorLivros

168K 3.2K 213

Clara é uma menina de classe média, tira notas boas, nunca arranja encrenca. E uma menina doce e inocente . E... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capitulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10

Capítulo 1

18.6K 462 19
By BeccaLoucaPorLivros

Clara

Clara

Tinha um telefone antigo amarelo que trouxemos para a casa nova, que depois de muita insistência conseguimos que funcionasse. A única pessoa que ligava para ele era meu irmão.

- Você está desligada hoje ou é impressão minha? – Do outro lado da linha os chiados chegaram aos meus ouvidos, fazendo minha mente e meus olhos saíssem da atenção do celular a minha frente e finalmente prestasse atenção na conversa.

- Como?

Usar essa palavra era simplesmente uma forma de válvula de escape. Eu não sou muito atenta, na maioria das vezes prefiro ficar calada ou ignorar o assunto do que acabar falando besteira.

- Como assim "Como?" Clara? – Meu irmão bravejou e eu já sabia que ele não estava feliz. – Você prestou atenção em alguma coisa que eu disse?

- É claro que eu ouvi. – Minha voz saiu estridente. – Eu tenho que ir na sua casa regar as plantas e ver se a moça está cuidando do Flipper direito. Me passou as consultas que serão desmarcadas e que se o gato incomodar a Sra. Fox preciso ir até a padaria para comprar donuts mesmo ela tendo diabetes...

- Clara! – Ele me interrompeu. – Não é sobre isso que eu estou falando, essas coisas eu deixei anotado.

Eu ignorei com muito respeito a mensagem que ele me mandou de manhã e queria muito poder ignorar agora, eu estava mais interessada em esperar a ligação que a qualquer momento apareceria no visor do meu celular.

- Eu não mexi muito no meu celular hoje. – Mentira deslavada. Minha mente apontou.

Ele bufou e pude imaginar seus olhos apertando. – Pedi ajuda com o casamento. Stefânia quer que eu confirme laços dos buques, flores, arranjos de mesa... Quer que tudo combine, eu não sei o que fazer.

O evento do ano. Fred John Anchers e Stefânia DelVeier, o casamento paparico da minha família. Aparentemente eu era a única que via que esse relacionamento não iria durar. Eles nem se gostavam, era sem dúvidas um casamento por interesse.

Eu pedia sempre que me lembrava para Nossa senhora das cunhadas mau amadas para que meu irmão parasse com essa bobagem. Eu já vi essa mulher dizer coisas horríveis sem nem piscar. Uma ruiva histérica e maluca por atenção não podia ter ligação direta com a nossa família.

- Você precisa me ajudar. Eu não sei nada sobre essas coisas, a única coisa que eu deveria escolher nesse casamento é o meu terno e sapatos.

- E a noiva. – Afirmei dando uma cutucada para ver se ele se tocava.

- A gente já teve essa conversa e eu não quero voltar nisso, okay? Já me basta a Mel me encher os ouvidos.

- Só estamos dizendo verdades.

- Nisso vocês concordam.

- É a única coisa. – Disse cortando meu vínculo com a megera.

Ele suspirou. – Teve notícias dela?

- Nada, como sempre. Nova York deve estar divertida demais para parar um minuto para conversar com a família e ela já grandinha o suficiente para rastejar com a própria pele.

- Não a chame de cobra. – Ele me falou antes que eu pudesse. – Nossa mãe pode estar por perto e você sabe como ela fica quando fala isso.

Melanie não era a princesa que a minha mãe sonhava como filha, mas ela fingia que sim. – Mas é a verdade. – Completei.

- Vocês que se entendam. – Por fim ele fez o de sempre e não tocou muito no assunto. Não era o tipo de irmão que apaziguava as coisas, ele só se preocupava com a nossa mãe. – Irmãzinha linda como sol, você me ajudar ou não?

- Ajudar você a colocar outra alma amarga na nossa família?

- Clara... – O interrompi.

- Você ainda vai se casar com a Devil?

- O nome dela não é esse. – Sua voz continha uma advertência que eu ignorei.

- Vai ou não? – A tossida de quando ele não queria falar sobre alguma coisa foi feita.

- Vou.

- Então, boa sorte com o seu casamento fantástico e não se esqueça como esses eventos matrimoniais são importantes para a nossa família. Beijo Fred.

- Não acredito...

Bati o telefone no gancho e meu sorriso foi de orelha a orelha. Ficaria irritado e com certeza com raiva de mim por um tempo, mas assistir tudo isso já era triste, imagina fazer parte desse carnaval que ele criou.

***

Nessa casa existiam muitos moveis e coisas antigas, mas era bem maior que a minha outra casa. Não que eu fosse rica, mas precisamos mudar por conta do emprego do meu pai e essa casa estava com um custo ótimo para o que oferecia.

Grande e bonita, mas por dentro a maioria das coisas continuaram as mesmas. Como a mesinha de centro que era esculpida com rosas e pássaros detalhados na madeira envernizada. Como isso era tão bem feito? Eu não sei, mas quando mais tempo passava mais eu percebia que minha esperança de que o celular tocasse ia se esvaindo. Afinal eu estava descrevendo a mesa para passar o tempo.

Minhas mãos não paravam de batucar no braço do sofá, estar inquieta era pouco naquele momento. Para não parecer uma boba decidi fazer um lanche na cozinha, esperar a noite toda estava fora de cogitação, mas eu não podia evitar verificar as mensagens então o celular foi comigo.

Assim que terminei e coloquei as coisas na pia a porta da frente abriu e em seguida fechou, me fazendo levar um susto pelo silencio de antes. O último filho da Dona Beth, meu irmão mais novo, passou pelo corredor da cozinha com cara de poucos amigos.

- Perdeu alguma coisa? – Disse quando não desviei o olhar.

- Não. – Revirei os olhos, nem ia perder meu tempo com esse moleque. – Babaca. – Soltei baixinho.

- Eu ouvi. – Ele gritou.

- Ainda bem, assim não preciso repetir. – Sorri indo até ele. – Porque você não vai dormir?

- Porque você não manda em mim.

- Eu só sugeri.

Peguei e abri as mensagens pensando em tomar a iniciativa de uma conversa, mas ele não gostava muito disso, então logo desconsiderei. Queria saber porque ele está demorando tanto. O voo poderia ter atrasado, mas já estava a um bom tempo sem notícias, era impossível não ficar preocupada.

E como se ele ouvisse minha agonia o toque começou.

- Oi

- Oi, acabei de chegar.

- Eu estava preocupada com a demora.

- Está tudo bem, meu amor. Estarei ai amanhã manhã para te buscar.

- Vou estar te esperando. – Sorri.

- Clara eu preciso desligar, meu carro chegou. – Ouvi uma buzina de fundo.

- Okay, até amanhã. Te amo.

Com a linha muda eu permaneci com o aparelho em meu ouvido por alguns segundos antes de ver a tela preta. Não vejo Pedro a mais de um mês, desde que decidiu passar as férias em NY. Fiquei triste quando disse que eu não poderia ir junto, mas no fim entendi.

Namoramos há dois anos e morávamos em cidades grudadas. No meu primeiro ano ele apareceu para jogar futebol contra o meu colégio e o conheci. Ele diz que gostou de mim assim que me viu, ficamos juntos menos de uma semana depois. Agora com a minha mudança estaríamos no mesmo colégio e isso ia ser ótimo.

***

A manhã de quinta-feira tinha o frio característico da cidade que iam se dissipando com o sol que começava a aparecer e a minha frente com seu Honda azul Pedro me esperava no fim das pedrinhas que enfeitavam a entrada do meu portão.

Ele me olhou por cima dos seus óculos de sol e sorriu, eu corri em sua direção e me joguei em seus braços abertos.

- Bom dia. – Ele riu e eu não o larguei. – Nossa, eu não esperava toda essa recepção.

- Eu estava com saudade.

- Eu também. – Ele pegou meu rosto com as mãos um pouco geladas e me beijou. O beijo que esperei as férias inteiras. Fiquei na pontas dos pés e segurei sua jaqueta, até que ele parou e olhou para frente da minha casa. – Acho melhor a gente não fazer isso aqui. – Ele acenou para trás de mim e vi meu pai encarando-nos pela janela. – Colégio, Clara. Nós precisamos ir. – Abriu a porta do carro para mim e entrou pelo outro lado logo em seguida.

- Nova York foi legal?

- Bonita como sempre, mas cheia demais.

Depois disso não houve muita comunicação, mas nós éramos assim mesmo. O rádio tocava música baixinho até chegarmos. Me separei dele depois de uns beijinhos para poder pegar minha grade de aulas, as primeiras eram complementares. Me inscrevi em artes e ele mecânica.

Estava na frente da porta da minha sala e vi que a professora já estava lá dentro. Vamos Clara, entra. Não seja uma medrosa. Estendi a mão até a maçaneta, mas travei.

- Você pretende entrar? – A voz feminina me assustou.

- Não sei.

- Você é nova, né? – Ela deu um passo a frente. – Te vi na reunião de apresentação.

- Sim. – Foi a única coisa que consegui dizer.

- Escuta, você é assim caladona mesmo ou...

- Não, eu... – A interrompi. – É que ela já começou a aula.

Mesmo com a expressão confusa ela abriu a porta para mim me dando passagem. Olhando em volta todos os olhos se direcionaram para nós duas.

- Amanda, decidiu participar da aula mais cedo hoje? – A professora disse olhando para a garota nas minhas costas.

Sem se preocupar ela deu de ombros. – Bom dia, Srta. Becker. – Ela apontou para mim. – Temos uma aluna nova.

- Oi querida, seja bem vinda. – Ela sorriu. – Qual é o seu nome?

- Clara. – Disse um tom mais baixo do que esperava.

- Tudo bem, entre e sente-se. Já vamos começar.

Amanda que já havia se sentado levantou a mão e me chamou. Não consegui recusar o convite, mesmo sem saber o porquê o tinha feito.

- Hoje eu preciso que façam uma arte que tenha elementos que vocês gostem. Como uma pintura livre, mas ela vai ser exposta na galeria do colégio, então façam direito. – Após explicar ela se sentou e abriu um caderno grande.

A mesma menina que me chamou ficou me olhando sentar na frente do cavalete ao seu lado, mas tentei ao máximo não encarar de volta. Em pouco tempo eu estava quase no fim do meu quadro, não era como se eu fosse uma ótima artista.

A música alta nos fones ao meu lado era familiar e virei meu rosto. A minha primeira impressão era, Amanda era uma menina estranha. Cabelos compridos e pretos que iam até sua cintura, do lado que eu tinha visão sua orelha tinha mais piercings que eu poderia contar e se destacando do rosto pálido seus olhos verdes brilhavam concentrados na tela a sua frente.

- Sabe, é muito estranho ser encarada desse jeito. – Sua voz terna me fez desviar os olhos.

- Me desculpa. – Voltei para a minha.

- Precisa de alguma coisa? – Ainda sem me olhar ela perguntou.

- Não, eu só estava olhando.

- Não olha muito que eu vou começar a pensar besteira. – Meus olhos se arregalaram instintivamente e eu senti meu rosto queimar. – Nossa, calma. Eu só estava brincando. – Ela riu. – Okay, eu gostei de você. Me fazer rir uma hora dessas é para poucos.

Seu sorriso parecia genuíno e como se saísse do oito para o oitenta sua atmosfera me fez relaxar um pouco. Talvez ela não seja tão ruim assim.

Mexendo em sua bolsa ela pegou o celular.

- Preciso do seu telefone.

- Porque?

Ela me estendeu o aparelho vermelho. – Porque agora você tem uma nova amiga.

Digitei meu número com um misto de dúvida e felicidade. Por que eu estava fazendo amizade mais rápido do que imaginei e ao mesmo tempo sentia como se minha privacidade tivesse sido invadida.

Ter amigos seria bom. Disse para mim mesma, então espantei a dúvida e imaginei o que de pior poderia acontecer?

Continue Reading

You'll Also Like

58.8K 4.4K 83
Fifth harmony o maior girl groups da atualidade, o que ninguém imagina é que por trás das câmeras elas escondem seu relacionamento poliamoroso. Será...
265K 22.7K 48
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...
11.6K 390 1
Alex Fox tem 17 anos e é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele, Ele acha que eles tem que apanhar se acaso algo es...
62.8K 5.1K 63
04 • C̳̳o̳̳m̳̳p̳̳l̳̳e̳̳t̳̳o̳ • ✓ ● 𝔸 𝔻 𝔸 ℙ 𝕋 𝔸 ℂ 𝔸 𝕆 ● ➪ ᴄʀᴇ́ᴅɪᴛᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀᴘɪsᴛᴀ ➪ CamzLolo S̾I̾N̾O̾P̾S̾E̾ Você já se imaginou ficar apaixon...