Quando os Pássaros Pousam e O...

By JulieteVasconcelos

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O vento sopra as folhas do milharal levando para longe o fedor da carne pútrida, enquanto alguns pássaros sob... More

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UM
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SETE
OITO
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QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
VINTE
VINTE E UM
Esclarecimentos e Agradecimentos

DEZ

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By JulieteVasconcelos

Segredos de Origami Guardados em Porcelana

Tóquio, Japão

Cara Valentine, escrevo-lhe essa carta com certo receio, eu confesso, mas espero que a mesma chegue até ti... o que imagino que não aconteceu com a anterior que enviei.

Bem, minha amiga, saiba que respondi sua carta anterior assim que a li, há mais de dois meses atrás, e como sua resposta tardou a chegar, considerei que talvez fossem reais os boatos sobre a greve nos serviços de entrega de correspondências no seu país.

Não sei dizer se a confirmação de tal greve me trouxe mais alívio ou pesar, pois a mesma extinguiu minha preocupação sobre o que poderia ter lhe acontecido, minha amiga... mas lamento que isso nos atrapalhe!

Não sei se irá receber a carta anterior, também não sei se esta que agora escrevo lhe será entregue, pois o que sei, segundo o que li na internet, a greve está para acabar... Espero que acabe logo!

Em meio às minhas preocupações, Valentine — tenho muitas, acredite! — está você! A falta de notícias me preocupa, sinto como se eu estivesse perdendo algo importante da sua vida, como se algo estivesse acontecendo agora e eu estou aqui de mãos atadas sem saber...

Bem sabes que me faz falta, Valentine...

Tenho tanto a confidenciar e anseio pelos últimos acontecimentos de sua vida!

Janet a tem perturbado? E a misteriosa Phoebe, tem ocupado sua mente nas noites de insônia? Tina tem feito muita falta?

São tantas perguntas, e espero ávido pela resposta de cada uma delas, Valentine!

Mas o que mais me intriga — me pergunto se você já saberia me dizer —, é quem está desafiando-a, quem ousou invadir sua casa, Valentine? E com que propósito tirou de você parte da sua encantadora coleção...

Quais as intenções desse ladrão infeliz? Sim, eu sei que não se trata de um mero ladrão, mas me faltaram melhores termos para me referir a esse indivíduo que tem lhe roubado a paz — e garantido ainda mais emoção na sua vida, eu sei!

Na carta anterior que enviei, contei-lhe mais sobre a garota do píer, minha linda Yoko, tão pequena, tão jovem e feminina...

Como já sabe... falhei!

Falhei porque já estive com ela duas vezes depois das que havia confidenciado a você, e não, não consegui jogá-la ao mar.

Yoko não é como minhas outras sereias, Valentine, como deve ter percebido pelo que relatei nas cartas anteriores. Minha pequena sereia acende em mim algo diferente, algo que ainda não sei explicar.

Sim, também a levei para outra pescaria...

Sei o que pensa e que não aprova, mas aquele olhar e aquele sorriso...

Os mesmos que vi naquela noite no píer... me fascinam!

Talvez a sensação de ter meus métodos aprovados e até aplaudidos...

Não sei ao certo!

Me desculpe, Valentine, acho que estou me prolongando sobre ela, imagino que esteja revirando os olhos em desaprovação, desculpe!

Deixe-me contar sobre a última vez em que fui pescar — foi depois que enviei a última carta, nessa noite não levei Yoko comigo.

Kira acabara de completar quinze anos — estava justamente comemorando o seu aniversário com cinco amigas quando a vi num pub que acabou de ser inaugurado próximo ao clube que trabalhei —, a cumprimentei sorrateiro sem que as outras meninas notassem, pois dentre elas, além de Kira, haviam outras duas que também foram minhas alunas de natação.

Sim, Valentine, tive dúvidas ao escolher uma delas para me saciar naquela noite.

Todas lindas e tão jovens... Levaria todas caso me fosse possível! Mas Kira estava irresistível, talvez pela felicidade estampada em seu olhar devido àquela singela comemoração.

Suas gargalhadas eram altas e gostosas de se ouvir, embora ninguém mais — além das amigas e de mim — lhe dessem qualquer atenção. Seus cabelos pretos, curtos, num corte que fazia um bico na frente, iam de um lado para outro, balançando a cada movimento seu. Seu corpo magro e de poucas curvas — as mais perfeitas de todas — estavam semicobertos por uma miniblusa cinza larga e um shorts verde apertado. O salto alto de cor prata elevava sua graciosa postura.

Eu a queria, queria tomá-la para mim ali mesmo a cada vez que a via morder os lábios finos e rosados praticamente ao fim de cada gargalhada.

Era excitante...

Enquanto bebia meu drink, vagarosamente, mentalmente buscava uma forma de atraí-la para mim. Esperar que elas aproveitassem a noite era uma opção, mas poderia demorar ou alguém poderia aparecer para levá-la embora.
Considerei minhas opções e concluí que eu teria que atrair sua atenção, para isso esperei pacientemente pelo melhor momento.

Foram quase duas horas sentado naquela mesa, atento àquela outra em que minha Kira e suas amigas estavam sentadas. Vi rapazes se aproximarem, sentarem ao lado delas e as paquerarem deliberadamente — para minha agonia, minha sereia foi alvo da atenção dá maioria deles —, as vi sair, uma a uma ou aos pares para irem ao toalete, mas Kira se manteve ali, sempre às gargalhadas.
Cheguei a pensar que Kira não sairia daquela mesa a não ser para partir, o que dificultaria tudo para mim.

Quando finalmente a vi se levantar, pedi minha conta e a paguei, indo em seguida na direção do toalete feminino, onde sabia que acabaria cruzando com Kira no caminho ou teria que esperar que ela saísse, que foi exatamente o que aconteceu.

Quando a vi, depois de quase cinco minutos de espera, agi naturalmente e passei por ela um tanto quanto cambaleante, deixei cair a minha carteira e segui na direção da saída do Pub.

— Senhor Kioshi? — Ouvi aquela voz doce me chamar, mas ignorei e continuei caminhando. — Ei, senhor Kioshi! — Ela gritou vindo atrás de mim, exatamente como eu esperava.

Quando saí do recinto, Kira vinha correndo com certa dificuldade atrás de mim, imagino que por ter bebido e ter agora que se equilibrar no salto prata.

— Senhor Kioshi! — chamou mais uma vez, ao que eu virei e lhe sorri.

— Oi... Kira? — indaguei parecendo surpreso.

— Eu te chamei várias vezes, mas o senhor não me ouviu! — explicou.

— Desculpe, bebi demais e estou com meus sentidos um pouco alterado, não te ouvi! — dissimulei.

— Não tem problema, senhor Kioshi! — A forma como me tratava, o respeito que me dedicava era um frenesi para meus ouvidos. — O senhor deixou cair sua carteira! — disse esticando a mão me entregando o objeto que a trouxera até ali.

— Oh, minha carteira! — falei levando uma das mãos ao bolso e mostrando surpresa por não a encontrar. — Obrigado por trazer ela para mim! — agradeci pegando a carteira da sua mão, ao que senti o seu toque macio, fazendo aumentar o desejo que nas últimas horas me consumia.

— Por nada! — disse sorrindo. — Agora vou entrar...

— Sim, desculpe-me ter atrapalhado a sua noite, Kira! Ouvi que está aniversariando, parabéns!

— Sim, hoje completo quinze! Obrigada, senhor Kioshi! — Sorriu.

— Kira, posso atrapalhar só um pouco mais a sua noite, é que estou com receio de cair antes de chegar até meu carro — falei envergonhado.

— Quer que eu te acompanhe? — perguntou solícita.

— Se não for pedir muito, é que não quero dar vexame aqui com tantos jovens que me conhecem! Não ia pegar bem, não é? — Ela riu divertida, sabia que isso era verdade.

— Eu te acompanho, senhor Kioshi! — falou se colocando ao meu lado.
Caminhamos devagar, enquanto eu agradecia a sua gentileza em me acompanhar.

Sempre me validei da confiança em que minhas alunas depositavam em mim. Confiança essa que conquistei por meu trabalho impecável e pela postura profissional que sempre demonstrei em ambiente de trabalho.

— É esse aqui — disse ao pararmos do lado da porta do meu carro, e ela sorriu.

— Tá bom, eu vou voltar pra lá então... — A interrompi ao cambalear e quase cair sobre ela, a prensando na porta do meu carro. — Senhor Kioshi! — falou com o susto.

— Kira! — falei antes de a surpreender com um beijo, que pela sua falta de reação, ela demorou para processar o que estava acontecendo.

— Senhor Kioshi! — disse aturdida, perplexa pela minha atitude ousada.

— Fiquei louco assim que a vi naquela mesa! Você está tão crescida, tão perfeita! — falei sincero e vi seu rosto ruborizar, e antes que ela dissesse algo, a beijei mais uma vez, mas dessa vez não parei até sentir seu corpo estremecer ao meu, enquanto sua língua tentava acompanhar o meu ritmo enlouquecido.

Ela estava entregue.

— Kira, quer dar uma volta comigo? — perguntei ainda com a boca colada na sua.

— Não posso, senhor Kioshi! Hoje é meu aniversário...

— Sim, eu sei, vamos comemorar seu aniversário juntos! — insisti.

— Minhas amigas estão me esperando... — falou arfando ao sentir minhas mãos escorregarem das suas costas para as suas nádegas, apertando-as.

— Te trago de volta antes que elas sintam sua falta! — falei mordiscando seus lábios.

— Não sei... — disse indecisa, sem coragem para se esquivar dos meus braços.

— Vamos, Kira, deixa eu dar seu presente... Quando você voltar, pensa no que terá pra contar às suas amigas! — provoquei, ao que ela riu. — Vamos? — A encarei.

— Tá bom, mas temos que voltar rápido! — Concordei com a cabeça e abri a porta do carro para ela entrar, o que Kira fez bastante sem graça.
Se tem algo que aprendi em todos esses anos trabalhando com jovens, é que eles não perdem uma oportunidade de contar vantagens nas loucuras que cometem. Kira não era virgem, provavelmente iniciou sua vida sexual anos antes, mas certamente, eu não lhe interessaria se não fosse a oportunidade de se vangloriar com as amigas sobre seus feitos, ainda mais se tratando de mim, um homem que qualquer colega do colégio julgaria inacessível. Não, não estou dizendo que Kira contaria a todos sobre nós, mas às suas amigas, isso sim.

Logo chegamos ao clube, que aliás estava bem próximo de onde foi inaugurado o pub do qual acabávamos de sair. Procurei entre minhas chaves e entramos. Kira mostrou-se extasiada ao se dar conta que teríamos todo aquele espaço apenas para nós! A convidei para um banho de piscina, o que ela instantaneamente aceitou. Seguimos debaixo da luz fraca até chegarmos ao local onde minha sereia me concederia a primeira parte do prazer que eu ansiava naquele momento.

"Senhor Kioshi, não trouxe roupas de banho!" — falou ela sem graça ao se aproximar da piscina, o que me fez rir da sua colocação ilógica.

"Não vamos precisar, Kira!" — respondi abraçando-a por trás e beijando o seu pescoço, ao que ela estremeceu. — Vamos entrar? — a convidei apontando a água calma cristalina, e ela assentiu com um sorriso.

Tirei-lhe a miniblusa deixando à mostra seus seios pequenos e delicados, levei minhas mãos à sua cintura enquanto depositava beijos por entre os seios até chegar ao seu umbigo, então abaixei seus shorts, deixando-a apenas com uma calcinha branca. Olhei-a da cabeça aos pés, e ela riu ao perceber o fascínio que naquele momento exercia sobre mim.

Ela era perfeita!

Tirei minha camisa, calça e cueca sem qualquer ajuda da sua parte, e também sem tirar os olhos dela.

Em seguida a abracei e a puxei para dentro da piscina, onde a possuí devagar, aproveitando ao máximo o tempo que passamos juntos...

Os únicos e os seus últimos...

A calmaria e o êxtase tomaram conta do meu ser ao ver Kira, que jazia na piscina, com parte de seu corpo submerso. Seus cabelos tão bem cuidados, que há pouco segurei para mantê-la debaixo d'água enquanto se debatia já quase sem ar, agora balançava devagar enquanto seu corpo parecia se mover minimamente... Seus pulmões cheios de água, e seu corpo sem vida!

Kira me concedera o auge do prazer!

Minha linda sereia foi fazer companhia às outras no fundo do mar. Saciou-me, cumpriu o seu propósito e agora irá descansar, enquanto eu me afogo cada vez mais em minhas preocupações!

Valentine, receio que não receba essa carta, e isso me faz parecer um imbecil por escrever algo que poderá nunca ser lido, mas a esperança — mesmo que mínima — de que ela chegue em suas mãos não me permite desistir!

Encerro por aqui, minha amiga, saudoso por sua resposta e ansioso por saber dos últimos acontecimentos de sua vida.

Kioshi.

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