Capítulo dedicado a JessNunes007
Sam
Depois daquele café da manhã nós nos trocamos e optamos por ir todos para uma das praias da região, outra que fosse mais movimentada que a em que estávamos. Ficamos até o entardecer e almoçamos em um restaurante por lá mesmo.
Pegamos uma mesa do lado de fora, na areia e depois do almoço Pedro e Larissa levantaram dizendo que iam caminhar um pouco juntos.
Esses pombinhos apaixonados...
Bom... daí sobrou só eu e o grande Leo. Grande porque né... O cara é um monstro. O sósia dele que se cuide. Mas não foi por muito tempo que ele ficou.
-Sam. - estava sentado na cadeira de frente pra mim.
-Fala Léo Stronda! - respondi. Ele odiava quando eu o chamava assim. Mas fazer o que se ele se chamava Leo e era mais monstro que o próprio?
-Tô indo dar um mergulho no mar, tá afim de ir junto? - acho que ele resolveu ignorar o apelido, ou já se acostumou.
-Hum. Agora não, mas vai lá. Eu fico aqui sem problema... Sozinho. Deixado. Abandonado pelos meus próprios amigos. - falei em tom dramático. Leo apenas revirou os olhos.
-Tá, tá... Era só dizer não. E já já aparece uma pobre coitada encantada pelo teu charme pra te fazer companhia. Eu? Tô indo. - e saiu em direção a praia, que era enorme. Não estava disposto a caminhar tanto até o mar.
De certa forma ele estava certo e não pude deixar de sorrir. Fazia horas que umas garotas numa mesa ao lado lançavam olhares e sorrisos pra mim.
Mas claro que eu me fazia de difícil e retribuía friamente no estilo "cara sério e misterioso". Confesso que o óculos escuro ajudava, embora não precisasse muito esforço pro tio Sam arrasar corações por todo lugar onde passa.
Continuei alguns minutos sentado olhando pra imensidão do céu e mar azuis.... Que estavam me entediando.
"O que eu tô fazendo?", me repreendi mentalmente.
Pedro e Larissa estavam agora provavelmente em algum canto se agarrando ou fazendo essas coisas de casais estranhos, tendo uma tarde romântica na praia, sei lá. E Leo tava...bem... Sendo Leo. O lobo solitário.
Enfim, todos estavam se divertindo do seu jeito. Era minha hora de ter um pouco de diversão também.
Decidi levantar e fui até a mesa em direção aquelas garotas.
Eu estava de óculos escuros mas pude ver claramente a ansiedade das duas no momento em que viram que eu me aproximava.
Tentaram agir naturalmente aposto. Mas não conseguiram.
Agora mais perto eu podia ver as duas melhor e confesso que não eram nada mal.
-Oi. - falei.
-O...oii! - disseram as duas em uma só voz.
-Posso sentar? - perguntei já sentando.
-Claro! - responderam.
-O que essas duas jovens atraentes fazem desacompanhadas na praia uma hora dessa? Ainda mais hoje. - perguntei tirando o óculos, revelando minha arma mais poderosa, que eram meus olhos verdes.
-Ah! - a da direita sorriu. -A gente mora mais pra cima e sempre vem almoçar aqui. - disse olhando para a outra e sorrindo, como se eu não soubesse de algo.
-Ora, ora. Vocês moram juntas então? - perguntei.
-Sim! De fato. - a outra falou.
-Quem diria. Irmãs! Isso não é ótimo? - falei mais pra mim do que pra elas.
-Ótimo? - elas riram. -Se você acha que ter duas irmãs é ótimo... Então tá né.
-Duas? Espera aí, vocês são três? - e só ficava melhor.
-Isso, somos três. Eu sou a do meio e ela aqui é a caçula. - falou a da direita novamente.
"Vai ser uma escolha difícil", pensei.
-Huum. Interessante. E cadê a terceira de vocês? - perguntei totalmente curioso.
-Bem aqui! - exclamou uma voz bem atrás de mim me fazendo dar um salto da cadeira.
Virei para trás e... Merda.
-Naomi! Puxa, não sabia que você tinha irmãs! - falei constrangido.
-Pois é. - respondeu sorrindo. -Essas são Júlia e Yasmim, Júlia e Yasmim, esse é Sam. Ele e os amigos que alugaram a casa de papai.
-É um prazer Sam! - disse Júlia, a da direita e depois Yasmim da esquerda. Que confusão de rostos bonitos, admito, mas...
Voltei os olhos mais uma vez pra Naomi.
"Talvez a escolha tenha acabado de ficar fácil", pensei.
-Oi? - perguntou Naomi sem entender.
Droga! Será que falei alto?
-Nada, nada! - sorri. -Só pensando alto.
-Se você diz... - falou. E depois sentou onde eu estava colocando sua bolsa de praia sobre a mesa.
E agora eu podia vê-la melhor enquanto se movia delicada como um anjo. Naomi estava com um biquíni branco e com os cabelos ligeiramente presos. Ela...emanava paz. De certa forma.
-Onde estão os outros? - perguntou virando o rosto pra cima para me olhar.
-Ah, eles saíram por aí pela praia. Melhor eu ir também. Vou deixar vocês no seu almoço em família. - respondi ainda envergonhado diante de Naomi.
-Por que não senta com a gente ao invés de ficar sozinho? - sugeriu me surpreendendo.
Isso não vai dar certo. Não mesmo.
-Claro! - mas que... Tá louco Sam?
As palavras simplesmente brotaram por instinto e agora era tarde demais.
-Ótimo! - ela sorriu. -Bom, senta aí. - apontou pra cadeira ao seu lado. E a obedeci. Como um cachorrinho obedece ao dono.
Naomi chamou o garçom e as três pediram seu almoço. Ela me ofereceu educadamente mas falei que já tinha acabado de almoçar.
Fiquei apenas ali em silêncio na companhia daquelas três maravilhas enquanto comiam.
O tempo passou e nada de Pedro, Larissa ou Leo.
-Aff, mas onde será que eles se meteram? - pensei alto. Mas parece que Naomi ouviu.
-Onde você falou mesmo que eles foram? - perguntou em meio as garfadas.
-Ah, Pedro e Larissa foram caminhar e Leo foi dar um mergulho no mar. - falei.
-Nossa, seu amigo é corajoso. - respondeu Júlia.
-O que você quer dizer? - perguntei perdido no que ela estava falando.
-Ah, digo, as ondas quebram muito forte aqui e as correntes também... E geralmente por isso são os surfistas que mais vão pro mar. - ela respondeu explicando. -Seu amigo deve ser um baita nadador. - e levou o último garfo a boca.
-Que piada, Leo é o pior nadador que conheço! - sorri começando a ficar nervoso. Não estava querendo entender. As três me olharam em espanto.
Dei um salto da cadeira. Pisquei os olhos algumas vezes tentando processar as informações.
-Sam... - Naomi ia falar algo mas não dei tempo. Me pus a correr praia abaixo.
"Droga Stronda! Seu idiota!", pensava enquanto corria.
Droga, droga, droga...
Acelerei em desespero. Torcia pra que ele tivesse desistido ou encontrado com Pedro e Larissa, ou que ainda estivesse no caminho.
Afinal ele tinha ido andando calmamente e eu estava rápido como um leopardo.
O mar ficava mais perto e meu coração palpitava mais rápido.
Ainda estava demorando muito. Precisava ir mais rápido!
Me aproximei da maré e continuei a correr com os olhos vidrados na água. Em busca de algum sinal de Leo. Assim fui percorrendo toda a extremidade da maré. Desesperado.
Quando avistei de longe Pedro e Larissa andando de mãos dadas do outro lado. Gritei o nome dos dois mas eu estava muito longe pra conseguir ser ouvido. Desisti e foquei no mar. Em encontrar Leo.
O desespero começou a crescer e tomar conta de mim cada vez mais.
Parei e me apoiei com as mãos nos joelhos, ofegante. Tinha que continuar a correr.
"Vamos Sam, agora não é hora de parar!"
Continuei a correr quando pensei ter visto algo emergir em algum ponto distante no mar. Estava em tanta adrenalina que nem pensei, apenas corri mar adentro e mergulhei indo em direção ao que eu pensara ter visto.
Infelizmente eu não era um dos melhores nadadores também. Abrir os olhos embaixo d'água era uma artimanha que eu ainda não havia alcançado então fui as cegas.
Não fazia ideia se estava na direção certa ou se já passara, nem sabia quão profundo eu estava.
Decidi subir para ver onde eu estava e olhar ao redor.
Mas eu não via nada, estava tão perdido quanto um barata tonta.
Batia os braços desesperadamente e contorcia as pernas tentando encontrar a superfície, mas era em vão. Algo me puxava.
Eu devia estar fundo mesmo.
"Idiota, idiota, idiota... Veio salvar o amigo mas vai morrer com ele."
Eu não podia ter ido ali em vão.
O ar em meus pulmões estava se esgotando e eu não encontrava a superfície.
Tudo o que eu via era o preto das minhas pupilas fechadas.
Que imbecil não pode abrir os olhos em baixo da água? Eu mesmo.
Raciocinar começara a ficar difícil e sem mais aguentar, meus pulmões começaram a puxar água para compensar a falta de ar.
Aos poucos fui deixando de lutar.
Pensei em meus pais, em Pedro, Larissa, e...Leo. Só Deus sabia onde ele estava.
Esperava que Deus soubesse onde eu estou também.
Meus pensamentos foram interrompidos. E eu apaguei.
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Leo
Me aproximei da mesa e estranhei o fato de que estava vazia. Todas nossas coisas estavam ali, mas Sam, nem sinal. Olhei ao redor procurando-o e vi alguém familiar.
Mesmo de costas, era impossível não reconhecer aqueles cabelos ruivos.
Fui em sua direção. Havia outras duas jovens em sua mesa de frente pra mim que me notaram primeiro.
-Naomi? - falei já perto delas.
A mesma virou assustada e ao me ver ela congelou.
-Leo?
-Vem cá, você viu o Sam hein? - falei coçando a cabeça. -Esse idiota sumiu e deixou nossas coisas ali...
-Você não foi mergulhar!? - ela perguntou preocupada.
-Eu fui... Mas desisti no meio do caminho. Longe demais, além do que encontrei um lugar muito interessan...
Vi lágrimas começarem a inundar seus olhos e quando olhei para os mesmos, tudo que eu via era pavor.
-Meu Deus! Não! - ela exasperou em um tom cortante. -Sam. Leo, precisamos encontrar o Sam.
-Calma, como assim? - perguntei já começando a ser contagiado pelo seu medo.
-Ele foi atrás de você!
-Porque ele iria atrás de mim? - não estava entendendo nada.
-Porque falamos pra ele que o mar era perigoso... e ele pensou que você estava lá... e disse que você não sabia nadar muito bem... e... - ela se esforçava pra falar.
-Mas... ele também não é um bom nadador. - falei.
Naomi pôs as mãos sobre o rosto e começou a soluçar.
Não acreditava nisso. Quando ainda estava processando apenas a vi correr em disparada e sem pensar mais me juntei a ela e fomos assim os dois em direção ao mar.
Mas sabia que se Sam já estivesse no mar, não o alcançaríamos a tempo.
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Pedro
-Voce fica linda assim sabia? - falei encarando Larissa enquanto caminhávamos.
-Assim como? - ela riu.
-Assim. De biquíni, rabo de cavalo voando, e olhos que combinam com o mar. - falei sorrindo e pegando em sua mão.
Larissa parece ter ficado constrangida e olhou para baixo afastando os cabelos por trás da orelha.
Continuamos a andar de volta para onde estavam os garotos.
-O mar aqui é lindo não é? - disse Larissa voltando sua atenção para o mar a nossa direita.
-Sim, e como é lind... - falei olhando para o mar junto com ela. Quando vi algo estranho. -Ei. - chamei sua atenção. -Ali é um homem?
-Onde? - perguntou.
-Ali, agachado na maré. - falei apontando.
Larissa colocou uma mão sobre a testa tapando a luz do Sol e pôde ver o mesmo que eu.
-Sim, você tá certo, é um homem. - ela respondeu.
Continuamos andando e eu não tirava meus olhos daquele cara. O que estava fazendo ali? Estava longe e não dava pra ver quem era nem o que fazia.
Foi quando o vi se jogando ao mar. E sumindo por debaixo das águas. O perdera de vista.
Devia estar apenas tomando um banho. Resolvi ignorar e continuei seguindo em frente.
Mas não passou nem cinco minutos e a minha curiosidade foi maior. Algo me incomodava. Virei novamente pra direção onde o homem estava.
E...nada.
Não havia uma alma viva sequer.
E de uma coisa eu sabia. Aquele homem não poderia ter passado por nós sem vermos. Era impossível. E ele não estava em canto nenhum.
Começando a entender, larguei a mão de Larissa e corri em direção aonde ele estava há alguns minutos atrás.
-Pedro!!! - ouvi Larissa gritar atrás de mim. -O que você tá fazendo?
Mas a ignorei totalmente.
O sangue corria quente em minhas veias.
Quando vi eu já estava dentro do mar dando braçadas como um louco.
Onde aquele homem estava? Era um mistério, mas eu o acharia.