— Vai ficar com a cara emburrada o dia todo? — Perguntou Michelle.
Estávamos na aula de educação física, vendo os meninos treinarem de novo. Bom, pelo menos Michelle estava olhando; eu só pensava no que tinha acontecido no corredor quando Mary Jane chegou e estragou tudo.
— Vou. E se reclamar faço isso com você também.
— Eu sei que foi difícil ouvir do Peter que você é como uma irmã pra ele, mas poxa... A vida continua! Têm tantos garotos legais nessa escola, que tal o Andrew? Ou o Max?
— Não.
— Você também não colabora.
Encostei minha cabeça no ombro de Michelle e fiquei observando Peter correr pela quadra.
— Como eu quis dar um soco nele naquele momento — Resmunguei.
Michelle riu.
— Sabe, Gwen, minha mãe sempre diz que quando temos vontade de bater naquela pessoa que a gente gosta, no seu caso o Peter, provavelmente ele é o amor da sua vida.
Sorri fraco.
Eu não iria desistir do que sinto só porque ele disse aquilo. Eu ainda iria dizer tudo, mesmo que isso estragasse nossa amizade.
De repente, senti alguém sentar do meu lado e quando olhei, vi que era Mary Jane. Quando percebeu que eu a encarava Mary me dirigiu um sorriso doce, mas sua expressão logo se tornou de alguém que estava preocupada com algo.
— Tudo bem? — Perguntei.
— Não muito.
— O que houve?
— Bom, eu tenho uma banda... Na verdade é só eu e um amigo meu, e precisamos de alguém na bateria. O problema é que eu não conheço ninguém que toque esse instrumento.
— Eu toco. — Digo fazendo Mary Jane e Michelle me olharem surpresas, simultaneamente.
— Sério? Nossa, seria muito bom se você entrasse para a banda! Por que você não vai lá em casa no sábado pra gente treinar um pouquinho?
— Claro. Sábado eu não trabalho.
— Legal.
Mary Jane pegou seu fone e celular e começou a escutar música. Já Michelle me olhava com uma expressão estranha.
— Primeiro a Ava e agora a Mary Jane? Qual é o seu problema comigo?
— Ciúmes, Michelle? Saiba que você sempre será minha melhor amiga. — Digo abraçando ela.
— Acho bom.
Depois do dia cheio na escola e das horas corridas que tive no trabalho, finalmente eu tinha um pouco de paz em minha casa.
Para ficar ainda mais confortável coloquei meu pijama, fiz pipoca e fiquei assistindo a alguns episódios de séries variadas. Até receber uma mensagem no celular e perceber que eu não tinha tocado nele a bastante tempo.
Tinha uma mensagem do Andrew, avisando que a festa seria amanhã a noite e outra do Danny informando que Fury queria me ver nesse exato momento.
Chateada por ter tido minha noite maravilhosa interrompida, fui até a base aérea encontrar com o Nick e saber o que ele tanto queria.
Ao chegar em sua sala, vi que este estava no meio de uma ligação por vídeo, então, entrei silenciosamente e esperei que ele terminasse.
— Está bem. Te manterei informado — Diz ele encerrando a ligação — Já não era sem tempo.
— Queria me ver?
— Sim, nós temos que ir até um lugar. Tem alguém que quer te ver.
— Tudo bem, contanto que eu volte a tempo de ir para o colégio.
— Não precisa se preocupar com a escola. Lembre-se que o Coulson é o diretor agora.
— Claro. — Respondi sem animação.
Nick me olhou de cima para baixo, parecendo que estava me analisando.
— Que é?
— Eu espero que esteja com uma roupa boa por debaixo.
— Roupa boa? Eu 'tô com meu pijama, serve? — Pergunto cruzando meus braços.
— Terá que servir.
Fiquei me perguntando quem seria a pessoa que queria me ver e o porquê de Fury ter cismado com minha roupa. Nós dois fomos até o pequeno “hangar” da base aérea e pegamos um jatinho pequeno, com espaço suficiente para duas pessoas, e decolamos rumo ao centro da cidade.