Dois Lados | Negan

By secretbitchh

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Eu achei que estava sozinha, até o encontrar. O que eu não imaginava era que isso fosse mudar e que eu, que t... More

leia antes de começar
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
AVISO
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
PRECISAMOS FALAR SOBRE...
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
ESCLARECENDO
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
hello
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
SURPRESA
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
RECADINHO DO ❤
Capítulo 95
Dois Lados | Parte 2
Capítulo 1 | PARTE 2
Capítulo 2 | PARTE 2
Capítulo 3 | PARTE 2
Capítulo 4 | PARTE 2
Capítulo 5 | PARTE 2
Capítulo 6 | PARTE 2
Capítulo 7 | PARTE 2
Capítulo 8 | PARTE 2
NOVA FANFIC
Capítulo 9 | PARTE 2
Capítulo 10 | PARTE 2
Capítulo 11 | PARTE 2
Capítulo 12 | PARTE 2
Capítulo 13 | PARTE 2
Capítulo 14 | PARTE 2
Capítulo 15 | PARTE 2
Capítulo 16 | PARTE 2
Capítulo 17 | PARTE 2
Capítulo 18 | PARTE 2
Capítulo 19 | PARTE 2
Capítulo 20 | PARTE 2
Capítulo 21 | PARTE 2
Capítulo 22 | PARTE 2
Capítulo 23 | PARTE 2
Capítulo 24 | PARTE 2
Capítulo 25 | PARTE 2
Capítulo 26 | PARTE 2
Capítulo 27 | PARTE 2
Capítulo 28 | PARTE 2
Capítulo 29 | PARTE 2
Capítulo 30 | PARTE 2 | FINAL
AGRADECIMENTOS + NOVA FANFIC
NOVA FANFIC
vamos conversar

Capítulo 12

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By secretbitchh

|Flashback|

Semanas depois

- Ellie, certo? - ouvi alguém falar e se sentar a mesa na minha frente. Ele era uma das pessoas que vieram de Woodbury - Maggie disse que é você quem forma os grupos para fazer as corridas lá fora.

- Sou eu, sim. Você...? - esperei ele me dizer seu nome. Ele passou a mão no cabelo castanho e estendeu a mão magra para mim e eu a apertei.

- Caleb.

- Você quer ir em uma corrida? - perguntei. Ele não parecia alguém que se virava bem fora dessas cercas. As pessoas de lá não tinham experiência com armas ou em se defender.

- Sim.

- Você tem alguma experiência com armas? - perguntei já sabendo a resposta.

- Não. Mas eu sou muito rápido - disse animadamente.

- Às vezes correr não é o suficiente. Não posso levar você para fora se não sabe como se defender.

Já era difícil para quem sabia o que estava fazendo, levar um garoto que só sabia correr era envia-lo para a morte.

- Eu sei me defender. Não atiro bem, mas sei usar a faca - tentou e sua expressão mudou, quase para triste - Eu não quero só fazer peso. Quero ajudar.

Merda. Eu poderia estar fazendo algo que ia me arrepender depois.

- Tudo bem - assenti e me levantei - Pegue uma mochila grande e sua faca. Saímos em meia hora.

Eu esperava não estar fazendo merda..

- Você vai levar ele? - a voz rouca de Daryl me fez olhar por cima do ombro.

Caleb estava perto do portão junto com Anthony, um homem que iria comigo e com Daryl.

- Sim. Ele disse que é rápido e sabe usar a faca. Ele pode ser alguém em potencial - disse e Daryl bufou.

- Até um vento forte derruba esse garoto.

Eu ri. Ele era magro demais e parecia mesmo que cairia só com um vento.

- Eu vou ficar de olho nele.

Daryl assentiu e eu dei um beijo nele. Ele serpenteou um braço pela minha cintura, segurando a besta na outra mão. Passei meus braços por seus ombros, brincando com os cabelos da sua nuca.

- Vamos no mesmo carro - Daryl falou e eu franzi a testa.

- Você não ia de moto?

- Não.

- Acho melhor você ir com a moto e eu levo Caleb no carro comigo e Anthony vai em outro. É melhor caso um carro quebre ou a gente tenha que sair rápido.

- Você vai comigo. Da pra me obedecer pelo menos uma vez, mulher?

- Você sabe que eu odeio quando você me chama de mulher - eu fiz uma cara feia para ele - E quem tem que obedecer é você, sou eu quem cordena as corridas - eu disse, ganhando uma cara feia e um aperto nas costelas, me fazendo gargalhar e me afastar.

- É melhor você cuidar da sua boca, mulher - ele disse com a voz rouca, tentando me intimidar, mas a única coisa que eu pensava era como ele era sexy. Filho da puta.

- Ou o quê? - eu provoquei, passando os braços ao redor de seu pescoço novamente. Ele não me abraçou de volta, tentando parecer bravo.

Daryl estreitou os olhos, tentando parecer sério e compenetrado, mas um pequeno sorriso escapou dos seus lábios.

- Ou eu vou te ensinar a me respeitar.

- Tá pra nascer o homem que vai mandar em mim, urso - eu sorri, meu rosto próximo ao seu - Se você pedir com jeitinho, talvez eu vá com você.

- Nós vamos juntos - ele insistiu, não se abalando.

- Nós vamos juntos...? - eu fiz um gesto para que ele completasse. Daryl revirou os olhos.

- Por favor - Daryl disse com má vontade e eu mordi a boca para não rir.

- E o que eu ganho com isso? - perguntei. Ele apertou minha cintura no mesmo instante que a envolveu.

- Você vai descobrir quando a gente voltar - ele disse baixinho, e uma onda de calor percorreu meu corpo.

- Não imagino o que seja. Pode me dar uma dica? - perguntei, fingindo não entender a malícia daquela frase e me escorei mais ainda no corpo quente dele.

- Se você continuar com isso, vai ganhar uma surra.

Eu ri e quando fui responder, Daryl desviou o olhar de mim para algo ao nosso lado. Caleb.

- Você está com ciúmes? - minhas palavras saíram num tom suave, mas eu tive que me segurar para não rir.

- Não tenho ciúmes de você com uma criança - ele me repreendeu com o olhar. Reviro os olhos para ele, e ele me encara de volta, fazendo uma cara feia. Ele nunca assumiria que tem ciúmes.

- Menos mal. Então tudo bem eu ir com ele e você com Anthony? - provoquei. Achei que ele fosse fazer uma cara feia de novo, mas Daryl puxou meu queixo com os dedos e me beijou.

- Vamos juntos - sussurrou contra meus lábios, derrubando qualquer argumento que eu pensasse. Eu assenti, perdida em seus olhos azuis. Daryl deu um tapinha no meu quadril - Entra no carro - disse antes de me dar outro beijo.

Eu fui em direção a Anthony e Caleb, disse que eles iam em um carro e eu e Daryl em outro. Quando olhei em volta, vi Daryl falando com Beth e ela entregou um papel para ele, provavelmente uma lista com coisas que as pessoas precisavam. Eles tinham ficado... próximos nesse tempo que eu e Daryl estávamos separados e isso me irritava um pouquinho. Entrei no carro e logo Daryl voltou e nós seguimos.

Chegamos na área que íamos procurar. Havia alguns caminhantes e Daryl se livrou deles. O problema não eram os caminhantes do lado se fora, eram os que provavelmente estava do lado de dentro das casas e a gente não via, então não sabíamos quantos encontraríamos.

Nos dividimos e Daryl entrou com Anthony em uma das casas enquanto eu e Caleb entramos em outra.

- Leve o que conseguir. Remédios e comida são o principal - orientei depois que a gente varreu a casa e por sorte não havia nenhum caminhante.

- Beleza - ele disse antes de abrir o primeiro armário da cozinha. Eu achei um rolo de papel toalha e o enfiei na mochila.

- Você e o cara da besta são casados? - o garoto perguntou, sem deixar de procurar.

- Não.

- Mas estão juntos? - insistiu e eu virei para ele.

- Porque você faz uma pergunta quando já sabe a resposta? - arqueei a sobrancelha, esperando resposta.

- Não sei. Eu falo muito quando tô nervoso - ele riu sem graça - Você também é policial?

Ele emendava uma pergunta na outra, me deixando tonta.

- Não. Só Rick - eu disse enquanto mexia em outra gaveta.

- É difícil de acreditar, quer dizer... - ele fez uma pausa e eu levantei o olhar para ele - Eu nunca vi uma mulher como você - ele disse e arregalou os olhos quando eu fiz uma careta - Tipo... - ele limpou a garganta - Você sabe se defender e...

- Só porque sou uma mulher tenho que ser fraca e indefesa? - eu o cortei antes de ele terminar. Ele se enrolava cada vez mais, e eu me esforcei para não rir.

- Não. Mas não são todas que sabem tão bem - argumentou, colocando algumas latas na mochila - Você devia treinar algumas pessoas. Eu queria aprender a me defender bem como você.

Mentiria se dissesse que não pensei nisso. Todas aquelas pessoas na prisão deviam pelo menos saber se defender, assim poderiam defender uns aos outros. Era uma coisa que eu conversaria com Rick quando voltasse.

- Continue procurando aqui, vou ver lá em cima - avisei antes de sair da cozinha.

Nós varremos três quarteirões sem muito problema. Abarrotamos os dois carros com tudo que encontramos, e quando estávamos indo, Caleb falou.

- Esqueci um dos sacos na casa. Já volto - avisou e correu para dentro da casa que acabamos de sair.

- Ele não foi tão mal assim - eu cutuquei Daryl que estava ao meu lado, mexendo na crossbow.

- Sorte dele - Daryl resmungou e eu ri. Anthony caminhou até o outro carro, abrindo a porta do passageiro e mexendo em algo lá dentro. Me encostei no carro que eu e Daryl, o observando ainda entretido com a besta.

Daryl era sempre muito concentrado e focado quando saíamos para fora da prisão. Eu não era diferente, mas ele não relaxava nunca, sempre atento.

- Quando vai me ensinar a usar? - perguntei, correndo meu dedo indicador pelo desenho dos músculos do seu braço. Daryl olhou para minha mão agora pousada em seu braço e depois para mim.

- Não sabia que queria aprender - disse um pouco surpreso e eu dei os ombros, o puxando para ficar na minha frente.

- Não deve ser tão difícil - arrumei seus cabelos que começavam a cair sobre seus olhos - Fiz aulas de arco e flecha na escola - disse, lembrando que fui um fracasso nisso. A única coisa que eu era boa em mirar e atirar era com uma arma.

- Tem algo que você não fez?

- Ballet. Preferi futebol - eu sorri e Daryl também, balançando a cabeça.

- Isso não é uma surpresa - disse ele - Te ensino qualquer dia.

Eu sorri largo para ele.

- Eu vou cobrar.

Levei um susto quando Daryl me empurrou para o chão. Ele pressionou um dedo na minha boca para que eu fique em silêncio e ele não precisa me explicar porque. Com cuidado nos agachamos e olhamos pelo vidro do carro.

Um bando de caminhantes apareceu do nada, saindo de trás de uma das casas. Anthony apareceu ao lado de Daryl, agachado e se escondendo.

- Caleb ainda está lá dentro - eu disse, correndo os olhos por todos os lados, pensando num jeito de ir até lá. O garoto ia se desesperar e morrer.

- Temos que ir - Daryl disse, olhos arregalados olhando os caminhantes.

- Não sem ele. Eu o trouxe, não vou virar as costas e ir embora.

Meu coração batia em meus ouvidos, a adrenalina correndo em minhas veias.

- Entrem no carro, fiquem por perto. Vou tirar ele de lá - avisei. Uma janela do segundo andar dava para os fundos da casa. Conseguiríamos sair pelo telhado descer até o chão - Esperem com o carro na parte de trás da casa.

- Não - Daryl me segurou - Você vai se matar. Temos que ir embora.

- Eu não vou deixar ele pra morrer - me soltei de Daryl, segurei minha arma e corri para dentro da casa, empurrando alguns caminhantes que vieram para cima de mim.

- Estamos cercados - disse quando encontrei Caleb na sala, agachado e colocando alguma coisa na mochila. Ele arregalou os olhos e travou. Eu o puxei para que ficasse de pé e subimos as escadas o mais rápido que conseguimos.

- E agora? - e perguntou quando eu tranquei a porta de um dos quartos. Eu abri uma das janelas.

- Vamos descer pela janela. Eles estão nos esperando com o carro.

- É muito alto - Caleb disse, olhando para baixo - Não vou conseguir.

Ele estava duro, sem mexer um músculo. Ele tinha medo de altura? Puta que pariu, isso é uma piada?

Eu coloquei as mãos em seus ombros, fazendo ele me olhar enquanto eu falava.

- Você vai. Nós vamos sair daqui - eu disse firme e ele engoliu em seco, concordando. Parecia que ele ia desmaiar a qualquer momento - Você vai primeiro - eu disse, já ouvindo os caminhantes arranhando a porta do quarto que estávamos.

Eu tinha medo de que se eu pulasse primeiro, ele não pulasse depois. Caleb concordou, olhando para baixo pela janela.

- Eu atiro neles se chegarem muito perto - digo olhando um ou outro caminhante lá em baixo, a maioria estava dentro da casa, eles me seguiram quando eu entrei - Você pula e me espera. Eles já vão aparecer com o carro.

Caleb colocou uma perna para fora da janela, ficando sentado.

- Você consegue. Eu mato qualquer coisa que chegar perto. Você só tem que ser rápido e me esperar - avisei. Ele estava pálido e suando.

Caleb pulou e quando chegou ao chão, eu ouvi seu grito. Ele não levantou, segurando a perna esquerda. Merda.

Eu pulei logo atrás, atirando nos caminhantes e ajudando Caleb a ficar de pé. Ele tinha quebrado a perna.

- Segura em mim - eu avisei, o arrastando para o meio da rua para que Daryl ou Anthony nos visse. Ouvi a buzina de um carro, atraindo alguns caminhantes, era o carro que Caleb veio com Anthony e logo ouço um carro freiar em seco atrás de nós. Daryl.

Mais caminhantes se aproximavam enquanto eu arrastava Caleb para o carro. Atirei em alguns que estavam perto e consegui empurrá-lo para dentro do carro e entrar em seguida, com Daryl acelerando e saindo daquele inferno. Meu coração batia descompassado.

Daryl não falou nada o caminho inteiro, o único som era de Caleb murmurando de dor pela perna quebrada. Chegamos na prisão e o levamos para Hershel. Ele estava com a perna quebrada mas estava vivo.

- Você não vai comer? - perguntei quando entrei na cela e vi Daryl deitado, com um braço cobrindo os olhos. Ele não tinha falado comigo desde que estávamos no carro. Ele estava bravo, mas não tinha motivo para estar - Você não vai mais falar comigo, é isso?

Ele tirou o braço do rosto, me olhando com uma carranca.

- Você quase matou a gente por causa daquele garoto idiota - disse rude. Ultimamente nós vínhamos brigando por coisas idiotas, e isso já estava enchendo o saco.

- O que você queria que eu fizesse? Fosse embora e o deixassem para trás? - perguntei, já sem paciência. Eu estava cansada e única coisa que eu queria fazer era tomar um banho e dormir. Discutir não estava nos meus planos. Era um absurdo ele estar bravo por isso.

- Você se arriscou a toa - disse sem me olhar, levantando e pegando a besta.

- A toa? Nós não deixamos ninguém para trás - eu disse mais alto, odiando minha voz ter saído alterada.

- Você só pensou em você. Não era nem para aquele garoto ter ido junto - ele estalou no mesmo tom rude e áspero. Eu tomei uma respiração profunda.

- Deu tudo certo. Não vamos discutir - pedi com a voz mais suave, tentando dissipar a tensão - Onde vocês vai? - perguntei, colocando a mão em seu peito quando ele passou por mim.

- Vigiar - disse simplesmente, antes de passar por mim e ir embora.

Eu suspirei, passando a mão no rosto. Isso estava cada dia mais complicado. Às vezes eu não acreditava que Daryl era o maduro da relação.

Judith estava com Carol e eu a peguei para passar a noite comigo. Ela estava cada dia maior e mais engracadinha, balbuciando e gargalhando.

Eu a fiz dormir e a deitei no colchão, deitando ao lado dela. Passei a mão em seu rostinho adormecido. Sorte tinha ela de não saber o inferno que era lá fora. Eu e Rick não ficávamos muito com ela, mas nós garantirmos o principal: segurança e alimentação. Eu não via a hora de ela crescer e não ser tão frágil assim. Dei um beijo em sua testa e adormeci ao seu lado.

*

Acordei com Judith resmungando ao meu lado.

- Bom dia, meu amor - sorri, a colocando sentada na minha barriga - Gostou de dormir com a titia?

Ela tinha os mesmo olhos azuis de Rick a Carl. Eu sabia que ela não era de Rick, mas ela não precisava ter meu sangue para eu amá-la. Tudo o que eu queria era proteger ela e Carl. Ele era um bom menino, mas estava se corrompendo, vendo morte e violência por todos os lados. Ao mesmo tempo que eu queria que ele fosse duro e conseguisse se defender, eu temia por ele ser assim. Não queria que ele se tornasse alguém sem sentimentos.

Glenn disse que Daryl tinha saído para caçar e pelo que eu o conhecia, voltaria só a noite. Talvez um tempo fora o fizesse relaxar e não implicar tanto com tudo. Deixei Judith com Carol.

O dia passou tranquilo e eu, Glenn e Maggie saímos para por algumas estacas no entorno para barrar os caminhantes antes que chegassem as cercas.

- Daryl voltou? - perguntei quando vi sua besta em cima da mesa no refeitório. Rick assentiu.

- Trouxe uma caça. Está na cozinha.

- Você viu Beth? Ela disse que ficaria com Judith para eu tomar um banho - ouvi Carol falar para Rick enquanto eu caminhava para a cozinha.

Quando entrei, vi Daryl e Beth... abraçados. Ela estava o envolvendo pela cintura, e quando me viram, ela o soltou, com os olhos arregalados. Senti a raiva aquecendo meu rosto.

O baque foi tão grande que demoro a me recompor, a recobrar o senso de orientação. Com o pouco de controle que restou, consigo formar uma frase.

- Carol está chamando você para cuidar de Judith - disse olhando para ela. Eu nunca achei que fosse ficar sem reação.

Era a primeira vez que eu me sentia assim porque era a primeira vez que eu gostava de alguém e sentia ciúmes. Isso era doloroso demais.

- Claro. Estou indo agora - ela disse rápido e passou por mim como um foguete, sem me olhar. Eu a acompanhei com o olhar até que desaparecesse.

Daryl estava rígido da cabeça aos pés, e pela primeira vez eu tive vontade se socá-lo na cara.

- Ela deve ser muito especial mesmo para você deixar ela te abraçar - eu disse tentando esconder a amargura na minha voz. O silêncio que se seguiu parecia esmagar os pulmões de tão pesado.

- O que foi? - eu perguntei, forçando um sorriso - Você achou que eu ia gritar ou bater nela?

- A gente só tava conversando - ele disse, mas seu olhar não concordava. Era a primeira vez que eu via Daryl sem saber como agir.

- Se ela te abraçou ou te tocou foi porque você deu abertura para isso. Não precisa explicar nada.

Forcei meu cérebro e não pensar que tinha acontecido mais que um abraço. Nada que eu falasse ia mudar como me sintia. A única coisa que eu queria fazer era sair dali o mais rápido possível. Eu não queria ouvir nada porque eu não queria pensar que ele gostasse dela. Eu o amava e sabia que ele também gostava de mim, mas não sabia o quanto. Passei por Daryl para sair dali, sabendo que se ficasse, uma bomba ia explodir. Quando passei ele segurou meu braço, me puxando e quase me fazendo desequilibrar do solavanco que levei.

- Nunca mais me segura desse jeito - eu arranquei meu braço da sua mão, meus olhos queimando, meu peito subindo e descendo de raiva.

Senti meu coração quebrar. Ele nunca tinha sido estúpido assim ou qualquer coisa do tipo, mas eu não gostei disso. Ele estava sendo um babaca do jeito que nunca pensei que ele fosse. Eu não consegui dizer mais nada, o nó em minha garganta não permitia. Sai dali o mais rápido que pude, não entendendo como tudo tinha virado de cabeça para baixo.

*

Hoje era nossa noite de vigiar na torre mas eu não fui e Daryl também não voltou, e eu estava aliviada por isso. Eu estava com o estômago revirado da cena que vi. Isso foi a gota d'água. E se ele ficou com ela? Eu nunca desconfiei de Daryl, sempre achei que se ele não quisesse mais estar comigo, ele falaria. Mas depois de hoje eu não sei o que pensar. Eu nunca me senti insegura desse jeito. Sequei a lágrima que desceu pelo meu rosto, homem nenhum nunca me fez chorar e Daryl estava tornando isso um hábito.

Eu o amava. Todos esses anos ao seu lado eram a prova disso. Todos esses anos e eu perdi as contas de quantos eu te amo foram engolidos por mim. Nós nunca trocamos essas palavras, nunca nos aprofundamos, nunca demos nome ao que éramos. Nós estávamos juntos, ponto. Não era como Maggie e Glenn que eram casados, nós não éramos namorados, e isso nunca me incomodou até agora.

Talvez eu não fosse para ele o que ele é para mim e estava ok, ninguém é obrigado a amar ninguém, e por mais que doa pensar nisso, talvez Daryl não me amasse assim. Eu sempre fui durona, tanto por fora quando por dentro, mas meu coração estava gritando em desespero. Fechei os olhos tentando ignorar a imagem dos dois abraços na minha cabeça. Eu estava quase dormindo quando ouvi botas raspando no chão. Não abri os olhos e nem me mexi, sabendo quem era.

Ouvi o som de algo ser colocado no chão - provavelmente sua besta - e o som de suas roupas sendo tiradas. Logo o colchão ao meu lado afundou e eu senti Daryl ao meu lado, mas não me mexi e ele também não me abraçou como fazia todas as noites.

- Ellie? - Daryl chamou, a voz rouca familiar que sempre encheu meu coração de alegria, mas que agora refletia desespero - Ellie, está acordada?

Eu tinha certeza que ele podia ouvir meu coração martelando no peito, mas eu me mantive como estava.

- Baby - ele chamou de novo. Ele só me chamava por algum nome carinhoso quando sabia que tinha feito merda, e isso me entristecia mais ainda - Eu sei que você tá acordada. A gente devia conver...

- Dormir - eu o interrompi, sem abrir os olhos - Nós devíamos dormir.

Quando ele tocou minha cintura, meu corpo estremeceu e se contorceu em um movimento involuntário que eu preferia que Daryl não visse, então afundo ainda mais nos cobertores e esfrego as mãos nos braços, numa tentativa de impedir os arrepios e me viro para encará-lo. Ele estava à sentado próximo a mim, sem camisa.

- O que você quer, Daryl?

- Vamos conversar - pediu, controlado e sem nenhum vestígio daquela impaciência típica dele. Eu me sentei no colchão, de frente para Daryl. Ignorar esse assunto não faria tudo desaparecer. Isso teria que ser resolvido de um jeito ou de outro.

- Você pode começar me explicando porque estava abraçado nela - as palavras saíram pela minha boca mesmo eu não querendo dize-las - Você gosta dela?

- Ellie... - ele começou, mas eu o interrompi.

- Você quer transar com ela?

Prendo a respiração, permitindo-me soltar o ar só quando ele nega com
a cabeça.

- Não, Ellie.

- Então porque vocês estavam abraçados? - comprimo os lábios,
vendo a cena com tanta clareza que é como se estivesse imersa nela - Às coisas entre nós não são mais como antes. Você quer outra pessoa? Ou...

Antes que eu possa terminar, ele me olha com uma expressão tão obscura
e atormentada que não consigo deixar de me retrair. Sua boca se contorce em um movimento severo e ele encara fixamente meus olhos.

- Depois de tudo pelo que passamos,
você ainda faz essa pergunta?

Estou muito abalada, muito mais que estou preparada para deixar transparecer. Lá no fundo, um
instinto me diz que a cena que testemunhei significa muito mais
que ele quer admitir. E isso dói.

- Eu gosto de você Daryl - digo, engolindo mais uma vez o eu te amo - Mais do que gostei de qualquer homem. Mas eu não quero estar nisso sozinha. Ou estamos juntos, sem brigas e sem outras pessoas entre nós ou é melhor terminar aqui.

Daryl estremece, aparentemente sem palavras por causa do que acabei
de dizer. Mas modo como seu maxilar fica tenso, sei que ele não está sem palavras; está apenas tentando organizá-las e escolher as que vai usar.

- Eu não quero ficar longe de você.

Sua resposta é tão simples, tão direta, tão inesperada que me faz perder o fôlego. Eu também não o quero longe.

- Então pare de me afastar. Você está me empurrando para longe cada vez mais. Uma hora posso não voltar.

Seu olhar perplexo encontra o meu, e fica claro que ele já está sentindo minha perda, embora eu ainda esteja aqui, sentada diante dele. Sua emoção é tão visível e profunda que me tira o fôlego, levando-me a ficar muda, impotente, sem dúvida que ele gosta de mim como eu dele.

Minha garganta aperta e meus olhos começam a arder - sinais de que uma enxurrada de lágrimas está a caminho, mas paro bem a tempo. Não me permitirei chorar.

Daryl interrompe minha corrente de pensamentos ao pressionar a mão com delicadeza em meu rosto, seu polegar contra minha boca, logo substituindo-o por seus lábios e transformando o silêncio em um beijo profundo e emocionado.

- Você é tudo o que eu quero. Tudo de que eu preciso. Não preciso de mais nada - ele sussurrou contra meus lábios.

Ele me puxa para si, me segurando contra seu corpo e me deitando na cama. Ele me beija de forma gentil, sem pressa, esforçando-se para ser cuidadoso. Eu o abraço, sentindo as elevações sinuosas das suas cicatrizes, subindo até que meus dedos mergulham em seus cabelos.

Mesmo não sendo a primeira vez que
o toco, não consigo evitar que um suspiro escape de minha garganta. Não consigo me impedir de consumir a incrível sensação de seu toque.

Seus dedos se movem com destreza,
habilidade, tocando todas as partes do meu corpo até que não há mais nenhuma roupa entre nós. Sem barreira de nenhum tipo. Tudo dentro de mim vibra com o formigamento e o calor que ele me causa, enquanto ergo as pálpebras e encontro seu olhar queimando o meu. Ambos somos levados pelo embalo de nosso sentimento e não demora muito até que ele encaixe seu corpo no meu e nos tornamos um só. Por enquanto tudo estava bem. Por enquanto.

×××××××××××××××××××××

Quero explicar umas coisas para vcs que não sei se quem lê está conseguindo pescar.

A Ellie e o Daryl ficaram quase três anos juntos (já que eles se pegaram já na época do CDC)

Eles se separaram depois do Governador atacar a prisão. A Ellie ficou vagando por aí por mais ou menos um ano, até que o Negan a encontrou. Ela e o Negan estão juntos a uns oito meses. Não sei esse essa cronologia bate com a da série, por isso queria deixar explicado.

Sobre os flashbacks, eu não faço eles por ordem de acontecimento, então posso escrever um flashback laaaa do começo do relacionamento Ellie/Daryl e um que aconteceu poucos dias antes de eles se separarem.

Se algo está confuso ou vcs tem alguma perguntam, fiquem a vontade para perguntar.

Beijos e obrigada por lerem e esperar as atualizações. Tá tudo muito corrido. Amo vcs. ❤

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