A Casa das Hostesses SOLIDÃO...

By DehFelipe

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A Casa das Hostesses é um prédio antigo de Tóquio, que passa despercebido para aqueles que não o estão procur... More

Notas da Autora <3
Capítulo 1 - Promessa e Culpa
Capitulo 2 - Eu te amo para sempre
Capítulo 3 - Como se fosse um primeiro encontro
Capítulo 4 - Uma Briga e uma desaprovação
Agradecimento e Notas Finais

Capítulo 5 - Uma amizade perdida e um amor iniciado

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By DehFelipe

Yusuke entrou apressado pelas portas que ocultavam a entrada da boate nas sombras da rua. Apesar de ir até aquele lugar todas as noites já há muito tempo, sempre era pego de surpresa pela escuridão interior do lugar que o cegava momentaneamente, antes de conseguir se acostumar e voltar a enxergar o que crescia a sua volta.

Subiu as escadas em espiral que levava ao outro andar, pulando alguns degraus para chegar mais rápido. Mal colocou o pé no andar, sentiu um corpo se atirar em seus braços e ele retribuiu o abraço passando os braços pela cintura esguia que se colava ao seu peito com a mesma intensidade que os braços que envolviam o seu pescoço com carinho.

– Por que foi que você não me esperou hoje para nós dois virmos juntos pra cá, dona Marina? – o rapaz sussurrou no ouvido da loira num tom de voz ligeiramente magoado, mordeu o lóbulo da orelha dela em seguida e a garota gemeu, se apertando mais contra ele.

– Desculpe – ela disse chorosa e puxou o moreno pelo braço para se sentarem em seu sofá habitual.

A hostess retirou o paletó do namorado e abriu-lhe dois dos botões de sua camisa lentamente, como que para aproveitar o momento de contato. O moreno se sentou no sofá meio virado de lado para que ela pudesse se aconchegar em seus braços, debruçada sobre seu peito. Marina ficou brincando com os dedos das mãos dele fechados em seu ventre enquanto Yusuke afundava o rosto nos cheirosos fios dourados e ondulados dela.

– A Selina que te pediu pra chegar mais cedo de novo? – ele perguntou depois de um longo tempo de silêncio em que os dois ficaram apenas desfrutando da companhia e do calor um do outro. A garota sacudiu a cabeça negativamente ainda em silêncio e virou o rosto lentamente para encará-lo.

– Vim falar com a Mari-chan... – ela respondeu num sussurro doce e entristecido, assentindo ao que dissera com a cabeça minimamente. – Ela conheceu a mãe do Aki hoje, sabia? – a loira contou e o moreno fechou os olhos e gemeu.

– Ai... Ele tinha me dito alguma coisa sobre isso. E como foi? – ele perguntou preocupado. Ele conhecia bem a mãe do amigo, sabia que ela nunca fora uma pessoa fácil de lidar e, depois do acidente de carro que o pai dele sofrera no ano anterior, ela se tornara ainda mais amarga e incompreensível.

– Foi péssimo! – ela escondeu o rosto no peito dele, lamentando-se. – Nunca tinha visto Marissa com uma cara tão triste. Estava completamente arrasada. Disse que a mulher falou coisas horrorosas a respeito dela. Como alguém pode encontrar alguma coisa ruim nela? Qualquer um pode dizer que não há ninguém melhor no mundo!

– Eu sei... Eu sei... – ele confortou-a afagando seus cabelos e olhou de esguelha para o balcão onde estava a hostess preparadora de bebidas maravilhosas. Ela parecia um pouco melhor agora, não estava com uma expressão tão devastada quanto poderia estar no relato de Marina. Mas o moreno ia naquele lugar há tempo demais pra saber que todas aquelas garotas sabiam esconder bem seus sentimentos.

– Não imagina o que ela me disse – a loira ergueu o rosto para o namorado e disse num tom de voz baixo como quem confidencia um segredo muito obscuro. Yusuke aproximou o rosto para poder escutá–la melhor. – Disse que acha que a mãe do Aki pode estar certa, que talvez eles não devessem mesmo estar juntos. Que ela não é boa o bastante pra estar com ele. Eu não vou aguentar outro dos nossos amigos acreditando numa coisa dessas, Yusu–chan!

– Tem visto a Mila? – ele perguntou pegando a deixa do assunto. A garota assentiu. – Como ela está lidando com a... Separação? – ele diminuiu o volume da voz como se fosse alguma palavra proibida.

– Mila nunca foi uma pessoa que divide o que está sentindo ou o que está pensando. Desde que eu a conheci ela sempre foi assim. E, pelo que a Selina conta, desde que elas eram crianças Camila tem essa mesma postura. Selina acha que é por ser a mais nova... Não quer demonstrar fraqueza aos olhos da irmã mais velha... Quer ser batalhadora e forte... Tem ido à faculdade e mergulhado nos estudos mais do que em qualquer outra coisa. Não almoça ou janta sem o livro do lado, estudando. Mas não tem sorrido espontaneamente.

– Acreditaria se eu dissesse que ele está num estado pior? – o rapaz inspirou profundamente, fechando os olhos. – Não quer comer, ou dormir, tem acompanhado em silêncio todos os horários malucos que o Takeshi tem inventado por causa desse bendito novo sócio. Os dois são os primeiros a chegarem e os últimos a saírem. Parece até uma competição maluca. Mas o Souji tem se alimentado e dormido... Eu acho... – passou as mãos pelos fios negros do cabelo que lhe caiam aos olhos e jogou-os para trás.

– Mila tentou falar com ele... Tentou resolver esse mal entendido que o Ryouji inventou. Mas ele não quis atender aos telefonemas dela. Duvido que ela faça uma nova tentativa. Ela não é de correr atrás.

Yusuke assentiu.

– Só o que podemos esperar é que ele dê o primeiro passo. Mas estamos esperando um milagre grande demais: Ryouji deixar de ser idiota! – o mais velho bufou. – É um teimoso desde que éramos crianças. Um burro empacado! Como era o mais novo, se não fazíamos as coisas do jeito dele, se atirava no chão e chorava como um idiota!

– Seus amigos têm sido bastante idiotas ultimamente – Marina disse descontente e o moreno concordou com a cabeça, apertando-a mais com os braços.

– Ainda bem que eles têm sido e não eu – ele deu risada e mordeu a bochecha da namorada, fazendo com que a expressão enraivecida dela desse lugar a bela expressão de contentamento que ele tanto amava e pela qual se apaixonara.

– Souji não está com medo? – ela perguntou, afagando o rosto dele com os polegares em movimentos circulares.

– Medo de quê? – o rapaz perguntou confuso.

– Ora... Você não percebeu? – ela indicou com a cabeça Selina sentada no sofá do outro lado do cômodo, conversando animadamente com Yune. – O jeito como esse homem olha pra Selina. É apenas a segunda vez que ele vem aqui, mas... Eu teria medo de perder a Selina se fosse o Souji. Não vir aqui é mesmo um risco muito grande.

– Achei que eu estava sendo exagerado quando disse isso – ele rebateu e ela deu um sorrisinho, unindo os lábios dos dois.

– Você sabe que eu estava apenas testando você... Poderia muito bem ser eu naquele sofá – ela disse sombriamente e os braços em torno de si se apertaram mais, fazendo-a sorrir. – Mas não sou! – ela disse contente e distribuiu beijinhos pelo pescoço do namorado afetivamente. – Eu estou aqui! E aqui eu pretendo ficar!

– É bom mesmo – ele deslizou os dedos pela pele lisa dela e acariciou sua nuca, antes de puxá-la para um beijo.

– Será que tudo vai dar errado, Yusu–chan? – ela perguntou temerosa, deitando a cabeça no peito dele.

– Eu não sei. Acho que devemos ficar felizes por continuarmos juntos – ela assentiu e voltou a olhá-lo sorrindo.

– E que o Ryu e a Kelly estão finalmente se entendendo!

Kelly estava sentada de frente para Ryu no mesmo sofá de sempre e os dois seguravam firmemente um a mão do outro, jogando o jogo de tentar prender o polegar. O loiro já tinha ganhado cinco vezes e perdido duas. A morena gargalhava aflita tentando escapar dos movimentos rápidos que ele fazia para vencer cada vez mais depressa.

– Isso não vale, Ryu! – a hostess disse emburrada quando perdeu pela sexta vez.

– Sua má perdedora – o rapaz deu risada e passou o braço pela cintura dela, puxando-a mais para perto e acariciando seu rosto docemente.

A garota fez uma careta, mas não o afastou. Os dois ficaram em silêncio por um momento, enquanto ela olhava para os outros presentes no cômodo e ele sorvia de sua bebida muito gelada.

– Você não está preocupado? – Kelly rompeu o silêncio despreocupadamente, enrolando as pontas dos cabelos na mão distraída como sempre e virando–se no abraço de Ryu, que ainda permanecia segurando-a com muita força.

Ele ergueu as sobrancelhas sem entender o que ela realmente estava perguntando. Vendo que ele não entendera, a garota voltou a olhar pra as outras pessoas e indicou os amigos dele que ainda iam à boate.

– Não está preocupado com seus amigos? Eles parecem um pouco... Perdidos, sabe? – ela deu uma risadinha. – Pode apostar que eu fiquei mais do que surpresa quando a Mila e o Ryouji terminaram. Eu jurava que eles ficariam juntos para sempre. Não tenho mais certeza de nada...

– É... Ryouji está mesmo me preocupando – o loiro bebeu mais de seu copo. – Ele sempre foi explosivo, é claro. Mas está sendo masoquista dessa vez. Eu estava conversando com os outros e nós nunca o vimos fazer alguma coisa como essa. Parece que ele está se punindo ou alguma coisa assim... Não é normal...

– Não acha que podemos fazer alguma coisa?

Ryu jogou a cabeça pra trás e fechou os olhos reflexivo, a garota ficou apenas olhando-o em silêncio, admirando-o buscar por uma resposta. O rapaz coçou o queixo e escondeu o rosto na curva do pescoço da hostess, aspirando seu perfume e arrepiando-lhe a pele, fazendo-a fechar os olhos.

– Não. Eu acho que não – ele deitou a cabeça no ombro da garota. – Os muitos anos de amizade que eu tenho com esses quatro me ensinaram que não adianta nada lhes dizer a direção certa... Sempre vão fazer o que quiserem, estando certos ou muito errados. Não vão me dar ouvidos...

– É tão estranho quando você age dessa maneira, sabia? – ela disse assombrada, sem conseguir disfarçar o encanto em sua voz.

– De que maneira? – ele sorriu malicioso pela tonalidade rósea que as faces dela ganharam ao perceber como havia soado aos ouvidos dele.

– Dessa maneira tão protetora. Como se fosse um irmão mais velho protegendo os mais novos – ela sorriu e ele afagou–lhe o rosto. – É estranho pensar em você se preocupando de verdade com isso.

– Isso não é justo, sabia? – ele fez um bico emburrado. – Eu não sou uma pessoa insensível. Achei que já soubesse disso...

– Você esconde muito bem o que sente – a garota encolheu os ombros num mudo pedido de desculpas. – Algumas vezes eu consigo entender o que está pensando... Mas em outras... É tão difícil...

– Você é muito boa em interpretar meus pensamentos, Kel – o rapaz acariciou lentamente o rosto da garota, fazendo–a tornar a corar.

– Marissa é melhor nessa parte. Eu sei apenas interpretar aqueles a quem eu modifiquei – ela soltou uma gargalhada fraca, disfarçando.

– Espero que eu tenha sido um dos poucos – ele sussurrou no ouvido dela. – Gostaria de ser o único, mas não tenho tanta pretensão assim...

Kelly arregalou os olhos na direção dele, sentindo o sorriso dele se alargar e queimar em seu peito. Ryu dedilhou a nuca da garota numa carícia tímida e tranquila, quase temerosa e ele aproximou o rosto dela do seu e depositou um beijo na face pálida da hostess e ela fechou os olhos com um suspiro prolongado.

– Foram muitos, Kel? – ele perguntou e a garota sorriu ainda de olhos fechados.

– Não... Não foram não... – a garota acariciou o rosto dele com as pontas dos dedos e ele alargou o sorriso.

– Sou um cliente único então? – ele arranhou a bochecha dela com os dentes.

– Como se você precisasse que eu dissesse isso – as mãos da hostess seguraram a camisa dele com força.

– Eu sou, Kel? – ele tornou a perguntar.

– Desde que você começou a vir aqui, eu atendi outra pessoa? – ela abriu os olhos e sorriu lindamente.

– Talvez seja porque meus amigos estão namorando suas amigas. Não queria fazer uma desfeita.

– Mas você é mesmo um bobão, né Ryu? – ela deu um peteleco na testa dele.

– Isso doeu, Kel! – o rapaz massageou o local onde ela batera o dedo, choramingando.

A hostess balançou a cabeça negativamente dando risada. Aproximou o rosto do dele e depositou um beijo em sua testa. Os dois ficaram por um longo tempo apenas se olhando fixamente nos olhos, os dedos dele ainda perdidos nos fios cor de chumbo do cabelo dela, as mãos dela ainda segurando os panos da camisa impecável.

Num movimento rápido, os lábios dos dois jovens se encontraram apaixonadamente, uma luta pra ver quem aumentava mais aquele contato tão intenso e tão necessitado, ambos sem refrear as emoções avassaladoras que vinham à tona com aquele primeiro beijo. Num primeiro beijo único que nenhum dos dois tinha vontade de partir.

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