Pela Honra do Meu Pai

Par AllanaCPrado

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Kim presenciou o pai se matar por um crime que até hoje ele duvida da veracidade dos fatos. Em busca de vinga... Plus

PRÓLOGO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10 - [Último Capítulo]
EPÍLOGO

Capítulo 9 - [Penúltimo Capítulo]

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Par AllanaCPrado

"Tomei a decisão de fingir que todas as coisas que até então haviam entrado na minha mente, não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos."

Eu estava completamente fodido.

Percebi isso enquanto via o Ferrugem falar em mil maneiras e planos pra pelo menos não sairmos no prejuízo com tudo isso, porque, pra ele, era praticamente burrice desistir de tudo assim sem que ao menos fizéssemos algo.

-Kim, pensa que demais. Você já tem acesso naquela casa, o velho vive viajando, imagina quantas coisas a gente pode conseguir de lá!? E isso já seria meio que uma vingança, né. Depois você pode meter o pé e sair disso, não é isso que você queria?... Se a gente for esperto, ficamos ricos com isso.

Ele falava animado, mas algo dentro de mim, algo que eu nem sabia direito o que era, gritou de repente pra que eu falasse não e recusasse aquela maluquice. Porque, alem do plano ser completamente arriscado e sem noção, eu de fato não queria participar daquilo. Demorou, eu tive que lutar contra mim mesmo, mas por fim acabei chegando naquela conclusão. Eu queria sair daquele personagem que inventei por causa da maldita vingança, talvez nem tanto quanto antes, mas ao mesmo tempo eu já tinha me acostumado e agora já não era tão difícil encenar como antes. Eu até que estava gostando.

De repente me bateu medo, o que estava acontecendo comigo pra conseguir admitir uma coisa como aquelas e não me sentir mal por aquilo? Eu só podia estar louco ou com um problema muito grave na cabeça. Desde sempre meu plano inicial era me aproximar daquela família, conseguir o suficiente pra me vigar deles pelo que aconteceu com meu pai e sair o mais rápido disso, não desejar entrar pra família e viver feliz com eles. Algo estava muito errado em tudo aquilo, eu só não sabia o que.

Sabendo que de forma alguma eu poderia dar mais na cara ainda o que estava acontecendo comigo e com medo que o Ferrugem desconfiasse caso eu desistisse das suas ideias, eu deixei que ele continuasse falando e planejando seus esquemas. Seria melhor assim, né, pus na minha cabeça que faria tudo que ele tivesse decidido e depois me afastaria de vez daquela família, assim tudo voltaria a ser como antes.

Não falei com o Théo pelo resto daquele dia e no outro acabei por também não ir ao colégio pela manhã. Não teria mais que ficar bancando o bom moço se logo tudo aquilo iria por água a baixo, mas meu sumiço não foi muito bem recebido, percebi isso quando acordei e dei de cara com sete mensagens que foram mandadas durante toda manhã:

"Baby, tá aí?" - 07:15

"Kim, onde você tá?" - 07:47

"Eu não acredito que você vai sumir assim, e as suas aulas?" - 08:19

"Kim???" - 09:30

"JO-A-QUIM, ONDE VOCÊ SE METEU??" - 09:37

"Tudo bem! Se quiser sumir que suma, também não vou te procurar mais" - 10:01

E a ultima de poucos segundos atrás:

"Kim, o que tá acontecendo?" - 12:50

Visualizei aquelas mensagens desesperadas e segurei a vontade de dar risada daquilo, meu estado de espírito não tava pra isso, mas, decidi que era hora de parar de me esconder e dar pelo menos um sinal de vida, por isso respondi:

"Tô indo te buscar, me espera."

O horário de saída do colégio já se aproximava então eu resolvi passar por lá e buscar ele, já que teria que dar explicações do que tinha acontecido. No caminho pensava na desculpa que iria dar e sabia que teria que ser bem convincente e, conhecendo o pouco que conhecia dele, ainda não seria suficiente. Chegando em frente ao colégio com alguns minutos atrasados, vi que a maioria do pessoal já tinha ido embora, então isso facilitou eu ver duas figuras paradas na frente do portão conversando alegremente. Arranquei meu capacete pra ver melhor e quando tive a certeza, buzinei duas vezes para que o meu namoro e o ex dele vissem que eu estava ali olhando aquela palhaçada. Quando me viu, Théo se despediu do cara lá e veio em minha direção já com a cara fechada.

-O que ele queria? O que ele estava fazendo ali com você? - Perguntei assim que ele chegou perto de mim.

-Não acha que sou eu que tenho que começar a fazer as perguntas aqui? - Ele rebateu emburrado. - Me leva pra casa.

Sem me deixar falar mais nada, ele tomou o capacete da minha mão, colocou e subiu na moto sem dar mais nenhuma palavra. Sendo assim, achei melhor não insistir ali e fazer o que ele falou.

Chegamos a sua casa do mesmo jeito que fomos o caminho todo, ele em silencio e de cara feia, nem se segurar em mim ele quis. A raiva dele era maior do que imaginava.

Na boa? Eu não tinha que ficar aturando aquela crise de frescura, tinha? Ainda mais por causa de um sumiço de nada, eu tinha minhas coisas pra fazer, poxa! Mas, ao invés de dar as costas pra ele e só aparecer quando sua raiva passasse, eu fiquei ali até que ele resolvesse falar comigo. Isso demorou algum tempo, primeiro ele subiu, se trocou, foi comer algo e só depois se sentou do meu lado ali na sala.

-Tô cansado dos seus sumiços sem mais nem menos. - Falou ainda bem bravo.

-É, eu percebi.

-Poxa, Kim, é do nada e sem dar nenhuma explicação. Eu fico que nem bobo atrás de ti e você nem pra dizer onde tá.

-Fui ver minha mãe e hoje não consegui acordar a tempo.

De novo, eu estava dando explicações que em outra época eu nem faria questão de dar, só daria as costas e deixaria quem quer que fosse falando sozinho. Eu não nasci pra isso, nunca gostei de alguém em cima de mim me cobrando algo, mas ali estava eu aturando tudo isso.

-Ligação, mensagem, até um recado, custava? - Ele perguntou, mas acho que não esperava minha resposta. - Às vezes eu acho que esse nosso namoro não é nada pra você, que eu tô fazendo papel de trouxa e que você não tá tão envolvido assim...

Mas só faltava mais essa! Ele agora passou a desconfiar disso, porque agora e porque logo essa suspeita? Isso me fez parar pra pensar: Qual me grau de envolvimento nessa história toda e nesse namoro? Nem eu sabia direito, e pra falar a verdade nem queria saber. Eu tinha medo de uma coisa tão problemática como aquelas. Por sorte, e se o plano do Ferrugem desse certo, eu não precisaria mais me perguntar mais essas coisas que já estavam me deixando grilado.

-Não, eu sei, desculpa. Vou tentar mudar isso, tá.

Tentei fazer a cara que dava certo na maioria das vezes que eu queria conseguir algo de alguém. Ele pareceu ficar mais de boa depois disso, até deu um sorriso meio forçado.

-É difícil me acostumar com seu jeito. Olha, se eu não gostasse tanto de você...

Não terminou, se aproximou de mim já com uma cara melhor e com um sorriso no rosto. Jogou seus braços em volta do meu pescoço e me abraçou forte, enquanto eu começar a fazer carinho nos seus cabelos.

...

-O que você acha da gente pegar esse fim de semana e viajar?

-Viajar Kim? Tá doido. Um cara de 18 anos quebrado e outro de 17 que depende do pai pra tudo vão viajar pra onde? No mínimo eu vou precisar de autorização.

-Como você é insuportável, credo! Vamos acampar então.

Insisti porque eu não queria mesmo ficar o fim de semana em casa entediado, já não bastava os últimos dias terem sido tão chatos que me fez ter vontade de levar um tiro na testa. Mas, se ele não topasse, eu ia sozinho mesmo.

-E voltar todo comido de pernilongo? Deus é mais. - Respondeu com cara de nojo. - Alem do que, meu pai viajou e me deu ordens expressas pra ficar em cada.

Acabou de vez com minhas ofertas e pareceu bem contente com isso, mostrando seu sorriso enquanto colocava de volta sua roupa e voltava pra cama. Passou uma perna pelo me corpo e veio se sentar de frente pra mim na cama, envolvendo meu pescoço e me mordendo naquela área. Já era noite e eu precisava voltar pro meu barraco, mas que disse que ele tinha deixado?

-Aiii, no pescoço não. - Briguei com ele. - Seu pai viajou, é?

-Uhuum. - Resmungou ainda se divertindo enquanto eu tentava afastar ele de mim. - Pra que ir pro meio do nada acampar se a gente pode...

Continuou a frase no meu ouvido, mordendo minha orelha em seguida e me arrepiando. Esse garoto só pode ter feito alguma macumba pra mim, só pode. Porque, quem eu sã consciência, estaria tão confortável assim na casa da família que odiava a meses atrás? Isso tudo estava começando a ficar estranho demais.

-Hum. Deixa eu te contar, fui na empresa do meu pai e peguei alguns papéis que podem ser uteis pra gente descobrir o caso do seu pai. Lembra que eu te prometi!?

Como adivinhando o que eu estava pensando, ele voltou ao assunto que a gente tinha falado a um tempo atrás, achei que já tivesse esquecido, pelo visto não. Mas aquela noticia já não fazia mais sentido pra mim e eu já nem precisava mais dela, já que estava disposto a deixar tudo pra trás, então falei:

-Esquece isso.

-Desistiu de procurar saber? Ninguém te entende.

Bufou, me deixando de lado e se deitando na cama do meu lado.

-Tô seguindo seu conselho de deixar o passado no passado. Isso é bom, né?

Ele me encarou por uns segundos, tentando ver se aquilo que eu falava era realmente verdade ou não e eu permaneci calado.

-Ual! Que bom, você vai ver como tudo vai melhorar depois disso... é libertador. Sabe... - Começou e eu logo imaginei que viria mais daqueles seus discursos de paz mundial e o caralho a quatro, mas me surpreendi com o que veio depois. - Eu consigo ver uma mudança em você desde que te conheci, talvez nem você perceba isso, mas aquela nuvem negra que pairava na sua cabeça sumiu. Você tá se tornando um novo Joaquim, tá até sorrindo mais.

Por reflexo, eu acabei sorrindo ao ouvir isso, enquanto ele envolvia suas duas mãos no meu rosto e parava um minuto pra me encarar sem desviar os olhos dos meus. Se eu falasse que não notei a leve mudança em mim mesmo, eu estaria mentindo, mas ainda não sabia como definir aquilo e nem como e porque aconteceu. Eu só estava me sentindo... diferente!

-E eu amo esse Joaquim.

Sussurrou, ainda me olhando e me deixando meio surpreso, chocado, sei lá. O garoto tinha acabado de falar que me amava, assim, sem mais nem menos e sem que eu esperasse. Ter alguém falando que te ama é meio estranho, ainda mais esquisito por não saber o que falar no momento. Minha mãe costumava me dizer sempre que me amava, meu pai, quando vivo, acho que me disse algumas vezes, mas nunca alguém sem qualquer de parentesco havia me dito aquilo.

Mas, antes que eu pudesse parar pra pensar naquelas suas palavras ou até mesmo pensar no que responder, o som de uma notificação me chamou a atenção e eu desviei meus olhos pra ver. Era uma mensagem do Ferrugem e ele me lembrava de algo que naquele momento eu já tinha me esquecido.

"Tá sozinho com o garoto aí, né. É essa a hora Kim"

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